É muito provável que nas próximas semanas seja anunciada a descoberta do planeta extrassolar de número 500. O recente anúncio de Gliese 581g, possivelmente um mundo habitável, é apenas um aspecto de um setor da astronomia em franco crescimento, e onde novos avanços permitem antecipar que as descobertas devem ser anunciadas mais rapidamente do que os cientistas podem verificar.
Atualmente os astrônomos podem medir a órbita, a massa e o raio desses mundos alienígenas, e também determinar a presença de certas moléculas em suas atmosferas. Até evidência de ventos já podem ser obtidas, em um campo de estudo que está se tornando o mais importante da ciência, por evidentes motivos.
Levou 15 anos, de 1995 para cá, para nos aproximarmos da marca de 500 exoplanetas. Mas a velocidade da busca está acelerando, como comprova o anúncio feito em junho pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA), de que o telescópio Kepler encontrou evidências de mais de 750 candidatos a novos mundos, detectadas apenas nos primeiros 43 dias de operação do instrumento. Sara Seager, cientista planetária no Instituto de Tecnologia de Massachussets, diz: “Estamos enfrentando uma mudança de paradigma, descobrimos tantos candidatos e não estamos sendo capazes de validar todos eles. Antes passávamos muito tempo estudando cada caso individualmente, pois eram poucos, mas agora podemos estudá-los de forma estatística, pois são muitos“.
Os cientistas já produzem dados com os tipos mais comuns de planetas. Mundos do tamanho de Netuno, por exemplo, parecem mais comuns que do tamanho de Júpiter ou maiores. E novos mistérios estão surgindo, como o mecanismo de migração de planetas para regiões mais próximas ou mais distantes de suas estrelas, e que ainda é muito pouco entendido. Seager comenta: “Os pesquisadores elaboram modelos da distribuição de planetas ao redor de suas estrelas, e modelos da migração, mas estes não batem com as observações“.
Recentemente o próprio Gliese 581g, possivelmente o primeiro planeta habitável encontrado, teve sua existência posta em dúvida por um estudo de astrônomos do Observatório de Genebra. Contudo, os descobridores desse mundo reafirmam sua conclusão, atribuindo o resultado dos suíços a diferenças na análise e interpretação dos dados.
Relembrando, as técnicas utilizadas atualmente para caçar exoplanetas são:
-método da velocidade radial, analisando o afastamento ou aproximação da estrela em relação a Terra, e mais efetivo para encontrar mundos gigantes gasosos;
-método do trânsito, visando detectar a diminuição do brilho de uma estrela pela passagem entre esta e a Terra de um planeta em órbita, técnica que é a especialidade dos telescópios espaciais Corot e Kepler;
-método da microlente gravitacional, onde é medida a distorção na luz provocada pelo campo gravitacional da estrela;
-método da imagem direta, por enquanto com resultados obtidos apenas pelo telescópio espacial Hubble e pelo Telescópio Muito Grande (VLT).
Nas próximas duas décadas novos instrumentos devem entrar em operação. Um seria o coronógrafo, grande telescópio espacial capaz de bloquear a luz direta de uma estrela distante e procurar por planetas em seus arredores, podendo inclusive encontrar planetas similares a Terra. O segundo tipo poderá analisar a luz refletida dos exoplanetas, permitindo, talvez, imagens diretas desses mundos e análises de suas atmosferas, procurando os traços químicos que são as assinaturas de vida. Dentro de 25 anos o primeiro planeta habitável poderá ser encontrado.