A pergunta é incômoda, recorrente e está estampada na capa das nossas revistas. “O que querem e o que pretendem eles?” Nossa natureza curiosa e inquieta conduz nosso raciocínio dedutivo por extremos que vão do óbvio ao folclórico. Na opinião deste autor, não devemos alimentar grandes expectativas de poder solucionar estas impactantes questões no intervalo de muitas gerações. Em nosso atual estágio evolutivo, ainda engatinhamos na compreensão da gênese da vida em nosso próprio planeta. Tentar compreender e entender como isto se processa em uma entidade biológica extraterrestre é domínio da ficção científica.
Os seres que nos visitam há milênios dominam a matéria, o espaço e o tempo. Sua ancestralidade é atestada por sua evidente condição de superioridade tecnológica — e estas talvez sejam nossas únicas certezas. A partir deste pressuposto, penso que pouco irão lhes interessar nossos recursos naturais, pois estes existem em abundância no universo. Nossos sítios arqueológicos, com sua utópica “concentração energética”, não justificam uma viagem tão longa. E quem pensa que eles vieram nos livrar de nossas dores nas costas ou nos proteger da nossa natureza agressiva se esquece de que a fome e as ditaduras sanguinárias ainda existem na África e que o mundo ainda assiste a guerras, sem que nada seja minimamente alterado.
Ainda que assumam nomes pomposos, que seus cabelos sejam lisos e loiros ou sua estrela de origem possa ser vista aqui da Terra, aquele que se atreve a estabelecer um propósito específico — ou audaciosamente propor uma data limite para o contato —, subverte a própria razão, especulando sem nenhuma base científica e criando uma aura de messianismo em torno de si, pois sua opinião, não tendo força de lei, é apenas mais um artigo de fé. É compreensível, pois, que nossa sociedade dedique pouca atenção ao tema. Além de improdutivo aos olhos da maioria, nossa atual condição é insuficiente para compreender a natureza e os propósitos destas criaturas — se é que existe algum. Como consequência, o assunto “discos voadores” e “ETs” é ridicularizado e facilmente descartado.
No entanto, no dia em que a aceitação da sua existência estiver consolidada, ainda que esteja bem distante, isso deverá ser suficiente para que possamos reconhecer a grandiosidade da Criação, nossa irrelevância cósmica e a estupidez das nossas diferenças.