A liberação do filme da autópsia em março deste ano causou um frenesi mundial. E autenticidade é a palavra chave de tudo isso. Por enquanto, ninguém pode ter certeza da veracidade do filme. Segundo os laboratórios da Kodak, a filmagem teria sido realizada em 1947. O polêmico material já era conhecido 18 meses antes de ser anunciado pela imprensa e hoje, apesar da grande divulgação, nenhum material digno foi publicado. Até mesmo Stanton Friedman, o primeiro pesquisador do Caso Roswell, não sabia da existência dos filmes até janeiro, quando a TV britânica os anunciou.
Muitos outros especialistas em Ufologia também não foram informados. Nesse caso, era impossível haver sobriedade sem a presença de experts em Ufologia. Dessa forma, o filme de Santilli gerou sérias suspeitas entre os pesquisadores.
Em 31 de março deste ano, numa terça-feira, Friedman foi convidado a participar de um programa da TV de Birminghan, West Midlands, na Inglaterra. O tema central da entrevista era, obviamente, o filme da autópsia e o Caso Roswell. Philip Mantle também estava presente na ocasião e foi responsável pela exibição de parte do filme, mas não permitiu a Friedman o acesso ao videotape de 15 minutos. Quanto a Santilli, não apareceu no programa, se contentando em mandar seus recadinhos através de Mantle.
A partir deste programa, toda a imprensa inglesa começou a lançar inúmeras informações sobre o caso. O jornal Sunday People, de 5 de março, reproduz uma declaração de Mantle sobre o assunto: “O filme exibe o evento inteiro, desde a queda do UFO até a cena em que estão 3 ou 5 alienígenas no chão, sendo que alguns estão mutilados. O desastre foi descoberto uma semana depois, alguns dos seres já estavam decompostos e parcialmente comidos por predadores. Eram de aparência humana e tinham sangue”.
E Mantle também afirma que “… possuíam crânios enormes, sem cabelos. Suas narinas e lábios eram finos, pequenos e olhos grandes e negros. Pareciam gente”. Um oficial da Força Aérea dos EUA, em Washington, filmou tudo e ocultou esses rolos durante décadas, vendendo-os a Ray Santilli porque precisava de dinheiro, disse Mantle. Ao ser entrevistado pelo Daily Mirror em março, Mantle continuou com suas revelações: “Tivemos o filme analisado pela Kodak, que estimou a idade da película em 50 anos. Planejamos enviá-lo para novos exames, feitos por especialistas da Universidade de Sheffield”.
Já o Times de 28 de março publica a seguinte declaração de Mantle: “Sou cético por natureza, mas fiquei confuso com o conteúdo do filme. Sei que é a melhor prova de que caíram alienígenas em Roswell no verão de 1947”. Somente alguns meses após o início da polêmica sobre a autópsia, alguns detalhes começaram a ser esclarecidos. Descobriu-se, por exemplo, que o homem que havia filmado o acontecimento era Jack Barnett, um cinegrafista que hoje tem mais de 80 anos de idade. Ele vendeu os 30 rolos que possuía para Santilli, o material era totalmente inédito e não estava registrado nos arquivos do Exército norte-americano.
Os repórteres da revista UFO Magazine [Editor: representada no Brasil pela UFO] seguiram os passos de Barnett para tentar saber mais detalhes sobre o caso. Descobriram que ele havia morado em Cleveland, Ohio, e depois em Cincinnati. Algumas pessoas informaram que seu atual paradeiro agora era Orlando, na Flórida. Após ser encontrado pelos jornalistas, Barnett confirmou que o presidente Truman, supostamente filmado no Texas durante o exercício de acobertamento da queda, não visitou o local em julho. Tentou-se obter maiores informações de Santilli, mas ele permaneceu reticente até escrever a Tonny Dodd, também um dos diretores da UFO Magazine, uma história que, segundo ele, se baseia em informação não autorizada (e que ninguém ainda sabe ao certo qual o seu conteúdo). Isso só acrescentou mais confusão ao caso. Outros detalhes perturbaram os pesquisadores, que ficaram mais céticos na medida em que o filme passou a ser mostrado pela imprensa.
Aos poucos, foram sendo percebidas muitas falhas na produção do material. O filme, em preto e branco, mostra uma autópsia realizada por dois cirurgiões, que removem amostras dos tecidos de um ET. Alguns desses tecidos, vistos em close, foram analisados por um enfermeiro que teve acesso a uma cópia da fita. Suas análises revelaram que não se tratava de amostras cadavéricas, mas talvez pedaços de pano. O ufólogo Tonny Dodd, que foi oficial de polícia por mais de 25 anos, assistiu a centenas de necrópsias em toda sua vida e afirma que o filme de Santilli não é autêntico.
Alguns pesquisadores também afirmam que o filme não tem 50 anos, como teria alegado a Kodak. Contudo, o presidente da empresa, Peter Milson, diz não ter tomado conhecimento da existência do filme: “Ninguém da Kodak assistiu ao filme ou mesmo ouviu falar dele”, completa.
SANTILLI NA BERLINDA – A autópsia do suposto ET ainda tem causado muita polêmica em todos os meios, principalmente nos científicos. Stanton Friedman, por exemplo, faz uma contundente crítica a respeito de seu primeiro encontro com Santilli: “Ele admitiu desejar apenas dinheiro… Não consigo acreditar em uma só palavra que ele diz. Na primeira vez que nos vimos, ele tirou-me de seu escritório para tomarmos um cafezinho. Tive problemas para acreditar no que ele estava falando”.
A autópsia do suposto ET ainda tem causado muita polêmica em todos os meios, principalmente nos científicos. Stanton Friedman, expert em Roswell, faz uma contundente crítica a respeito do filme e da maneira como Ray Santilli o está utilizando unicamente para ganhar dinheiro – e muito dinheiro!
O cientista salienta mais detalhes de sua conversa com Santilli: “Ah, e os boatos da Internet, dizendo que vi o documentário e comentei que Truman estava em Dallas enquanto acontecia a autópsia. Nunca! Jamais dei data alguma, somente sei que ele não esteve no local naquele período”. Friedman também afirma que “… na época da queda do UFO em Roswell, muita gente foi vítima da mais suja desinformação. As seqüências de 15 minutos do videotape, pretensamente baseado no desastre de Roswell, foram feitas em preto e branco numa época em que já existiam filmes coloridos”. O material foi produzido por um cameraman que ninguém sabe quem é, onde vive e se existe realmente.
Para Friedman, “… as únicas pessoas que parecem saber algo sobre o cinegrafista são Santilli, Mantle e alguns outros da turma, como Reg Presley, Busty Taylor e Colin Andrews, mais conhecidos como animadores circenses
do que como profissionais sérios. A clara ausência de qualquer análise técnica quanto à sua natureza, pareceu pouco profissional”, concluiu.
Philip Mantle se ofereceu, em dezembro de 94, para promover o filme na Inglaterra pela Polygram. Embora a empresa negasse qualquer envolvimento com o caso, a publicidade resultante do filme não abalou sua diretoria. Certa vez, perguntaram a Mantle se era próprio de uma organização ufológica como a British UFO Research Association (BUFORA) [Editor: uma das mais antigas organizações ufológicas da Grã Bretanha] promover filmes provavelmente falsos e com finalidades comerciais. Ele respondeu: “Não me incomodo com isso…”
Quanto às dúvidas a respeito da autenticidade do filme, não deixam de ser menos polêmicas. Um americano que conversou com Mantle disse que nas margens do negativo do filme, a palavra Kodak apareceu alternadamente, acompanhada de um quadrado e um triângulo e, segundo a empresa, esses símbolos são colocados nas películas a cada 20 anos.
Os registros indicam que esse código foi utilizado em 1967 e anteriormente em 1947. Entretanto, uma importante informação dada pela Kodak – e não suficientemente publicada – é que seus símbolos são complementados por uma série de códigos semelhantes aos atuais códigos de barra, que podem indicar com precisão a data em que um filme foi feito. Infelizmente, Santilli ainda não permitiu que a empresa fizesse um exame nesse sentido.
EXIBIÇÃO – Santilli e Mantle foram ao Museu Britânico em 5 de maio para exibirem o filme e fazer um esclarecimento a um grupo de mais ou menos 40 pessoas sobre o filme. O ufólogo Mathew Williams, que esteve presente na ocasião, fez o seguinte relato do que viu: “O Merlin Group, empresa de Santilli, se encarregou de oferecer um generoso buffet aos convidados. Eles também estavam distribuindo cópias dos documentos Majestic 12 acompanhados de um anúncio da International Exploitation Management”.
Um dos trechos do anúncio dizia: “Depoimento Roswell: após a corrida armamentista nuclear, aparições de UFOs se tornaram rotineiras nas bases militares americanas. Isso chegou ao cúmulo quando, no verão de 1947, próximo a um agrupamento militar nuclear no Novo México, um objeto caiu”.
Um outro trecho fazia a seguinte revelação: “Mais tarde, encontrou-se um documentário nos arquivos nacionais da América, alegando-se ser uma documentação preparada para o futuro presidente Dwigth Eisenhower pelo então presidente Truman. Os verdadeiros fatos que cercam o Caso Roswell talvez não sejam jamais revelados, embora novas evidências continuem surgindo de tempos em tempos. Para qualquer informação a respeito do documentário que você está prestes a assistir, por favor, contate-nos na International Exploitation Management”.
Para Williams, um aspecto absolutamente duvidoso em todo o caso dos filmes diz respeito ao cinegrafista da autópsia. Não se sabe muita coisa sobre ele pois, segundo Santilli, ele desejou permanecer anônimo com medo de represálias. Algumas fontes da Internet revelaram que seu nome era Jack Barnett, provavelmente de Ohio ou da Flórida. Isso veio à luz quando um grupo de pesquisadores tentava realizar um documentário sobre Elvis Presley.
Eles precisavam de rolos de filmes antigos e souberam que Barnett tinha alguns inéditos sobre o assunto. Foi então que Santilli correu para comprar os rolos e viu que algo mais surpreendente o esperava: um ET autopsiado. A partir daí tudo se transformou. Também estavam presentes na exibição do filme no Museu Britânico produtores como Bob Kiviat, da Fox Network, dos Estados Unidos. Bob pretendia estudar as possibilidades de comercialização do filme e direitos autorais de exibição para o Ocidente. De fato, um filme tão polêmico como aquele poderia render muitos dólares aos empreendedores, não só norte-americanos mas do mundo inteiro.
Após algumas horas de espera, o filme foi mostrado para todos os presentes no Museu Britânico. As luzes ainda estavam baixas e o palco era grande demais para a sala. Num dos cantos havia uma estante e um microfone, mas não foram utilizados durante a exibição, que aconteceu exatamente às 13h11. As luzes diminuíram e os convidados ficaram em silêncio, ansiosos pelo filme.
Logo de início, apareceu na tela a seguinte mensagem: “O filme que você está prestes a ver é o resultado da reunião de vários rolos de filme 16 mm, com 3 minutos cada um. Durante 50 anos, essas películas pertenceram à pessoa que realizou as filmagens. Hoje, todos os direitos pertencem à Merlin Communications”.
A primeira cena do filme mostrava uma sala branca. Logo em seguida aparecia um estranho humanóide deitado numa mesa cirúrgica. O ser não era um típico gray, como todos esperavam. Isso fez com que muitos pensassem que talvez tenha sido criado por Santilli. A cabeça do ser parecia ser 50% maior que a de um humano, a boca estava parcialmente aberta, mas não se viam dentes, seu nariz era muito pequeno, mas não obedecia à descrição de qualquer tipologia extraterrestre já conhecida.
As pernas do ET eram grossas e, vistas de cima para baixo, pareciam humanas. A coxa direita apresentava um sério ferimento, que poderia tanto ser causado por fogo como por predadores. Era profundo o bastante para expor o fêmur mas, ao que se pôde ver, não havia nenhum osso.
Nos primeiros 3 minutos do filme, a câmera passava por todo o corpo, tentando buscar melhores ângulos, mas infelizmente a imagem era muito ruim, principalmente nos closes. O filme não era nada parecido com um trabalho cinematográfico profissional.
Na sala de cirurgia havia duas pessoas vestindo trajes que pareciam ser roupas contra radiação, que cobriam inclusive suas cabeças. Era praticamente impossível de se olhar para o rosto dos legistas devido a essas máscaras. Embora a câmera seguisse o movimento dos médicos, isso acontecia apenas em plano geral, não operando closes corretos. Talvez isso seja um índice de inexperiência ou então de nervosismo, o que deixaria o cinegrafista chocado demais para executar a gravação satisfatoriamente.
Em um dos movimentos de câmera foi possível ver na parede um telefone cujo fio tinha formato de espiral. Esse detalhe, segundo algumas pessoas que assistiram ao filme, é um índice de fraude, pois naquela época ainda não havia este tipo de aparelho. No centro da sala havia um microfone pendurado no teto. Era do tipo de 360 graus, talvez com válvulas. O cadáver sobre a mesa apresentava uma reentrância aparentemente vaginal, mas o patologista não explora essa área. As pernas pareciam poder se dobrar, mas não era possível perceber qualquer tipo de junta.
Um corte de bisturi que ia do pescoço ao peito, fez com que saísse um pouco de sangue, que caía lentamente. Uma nova incisão foi feita do peito ao estômago. Um crescente invertido foi efetuado ao redor do abdômen e a pele foi recuada para que se pudesse ver os órgãos internos. Algumas partes do corpo expostas não eram
reconhecíveis ou familiares. Não havia caixa torácica aparentemente, embora o peito permanecesse rígido durante a operação. Um dos órgãos retirados foi reconhecido como coração e guardado num recipiente de vidro, pousado na mesa de onde se via um relógio marcando 11h30. Pela rapidez com que o suposto coração foi removido, percebeu-se que não possuía grandes artérias.
O legista tinha uma forma sanguinolenta e selvagem de executar a autópsia. Não se importava em realizar cortes bem feitos ou mesmo catalogar as partes removidas do suposto ET. Ao analisarem a cabeça, iniciaram pelos olhos, retirando uma estranha membrana ocular que não parecia natural. Era de um material que lembrava mais um tipo de lente de contato gelatinosa ou redutora de luminosidade. Notou-se que por trás da membrana, o humanóide possuía íris como os humanos. Isso significa que eles são mais semelhantes aos homens do que se pode imaginar.
REMOÇÃO DE ÓRGÃOS — Quanto ao crânio do ser, foi cortado de forma longitudinal na parte de trás. A pele foi retirada até exibir o osso, que foi serrado para ser retirado o suposto cérebro. O legista começou a remover o órgão, que parecia ser muito leve. O cérebro não era cinza e apresentava tons mesclados escuros. Sua consistência era diferente. Na verdade, aquele órgão não parecia ser um cérebro, sem falar na forma irregular com que foi retirado do crânio.
Na cena seguinte, o filme mostrou novamente o aspecto geral do corpo. Era a última imagem. A tela escureceu e as luzes acenderam. O silêncio reinou por alguns minutos, mas logo surgiram as indagações. O público ficou agitado, todos queriam dar sua opinião, dizer se o ET era ou não verdadeiro. Contudo, havia também aqueles que não se importavam com o conteúdo do filme, e sim com o dinheiro que ele poderia render.
O produtor Bob Kiviat, por exemplo, disse que não gostaria que ninguém comprasse o filme antes que fosse lançado ao público. Segundo seus planos, criaria um programa especial para a TV, com umas duas horas de duração. A produção deveria causar um grande impacto, criar um clima de conspiração e segredo para atrair o espectador. É claro que, para Kiviat, isso ainda era apenas uma especulação.
O filme pode ser verdadeiro, mas também pode ser uma fraude muito bem feita. Imagina-se que algumas partes são corretas, assim como aspectos da autópsia. Mesmo assim, poderia tratar-se de uma fraude. Não cremos nas coisas apenas porque estão em embalagens bonitas. É preciso ter em mente que algumas informações foram escondidas a respeito do filme, de forma que ele se tornou vulnerável
Logo após a apresentação do filme, Santilli e seu agente publicitário responderam algumas perguntas da platéia. Quando disse que não podia revelar a identidade do cinegrafista, alguns jornalistas lançaram uma enxurrada de perguntas do tipo: “Quer dizer que o senhor não irá nos dizer quem filmou?”, ou então, “… já que não sabemos quem é o cinegrafista, tudo isso pode ser uma grande farsa, não pode?”.
Santilli não respondeu às perguntas mais simples e deixou que seu agente falasse a maior parte do tempo. Talvez essa tenha sido uma saída teatral usada para manter a situação sob controle. Quando tudo terminou via-se que o público estava inquieto: Jeffrey, por exemplo, duvidou da veracidade do documentário devido ao tipo de fio do telefone. Já outros, acharam o filme de boa qualidade, mas sentiam que algo não encaixava bem… Porém, temiam ser ridicularizados se o filme fosse uma fraude.
INTUIÇÃO – Sentiu-se que o filme poderia ser verdadeiro, mas também poderia ser uma fraude muito bem feita. Imagina-se que algumas partes sejam corretas, assim como aspectos da autópsia. Mesmo assim, poderia tratar-se de uma fraude. Se tudo for uma questão de fé, não cremos nas coisas apenas porque estão em embalagens bonitas. É preciso ter em mente que algumas informações foram escondidas a respeito do filme, de forma que ele se tornou vulnerável. É importante tornar o filme acessível a todos, o que causaria uma celeuma ainda maior do que a que aconteceu até agora. As pessoas costumam ter uma idéia vaga a respeito da Ufologia, portanto, necessitam de provas. Qualquer novidade importante deveria ser publicada imediatamente pelos meios de comunicação.
O que fez Santilli? Estava a par de que não haveria análise alguma antes e depois de entrar no Museu Britânico para a apresentação do material? Se Mantle desconfiava disso, por que não compartilhou sua opinião com os ufólogos? É muito intrigante imaginar o que pode acontecer nos próximos meses, em situações em que o filme passará a ser exibido por inteiro.
DESCONFIANÇAS – Quanto à necrópsia, irregularidades encontradas na filmagem, como o fio de telefone espiralado, foram notadas por vários pesquisadores. Kevin Randle, dos Estados Unidos, afirmou ter descoberto que tais fios já eram fabricados desde 1939, embora ainda não fossem muito utilizados. Contudo, há também os pesquisadores que não abrem mão de seu ceticismo. Kent Jeffrey, da International Roswell Initiative é um deles.
Jeffrey faz a seguinte crítica a respeito do filme: “Devido à dúbia natureza do material e o modo questionável de como foi manipulado por seus atuais proprietários, toda esta polêmica pode ser prejudicial para a Ufologia. E muito mais: pode também prejudicar a credibilidade do Caso Roswell. Não tenho dúvidas de que este filme é uma fraude”.
A International Roswell Initiative recolheu 17 mil assinaturas como adendo ao seu apelo para o governo americano. O objetivo da instituição era conseguir que o governo publicasse oficialmente o material de arquivo sobre o Caso Roswell. De fato, as assinaturas deram grande força ao trabalho de Jeffrey, desencadeando um movimento em favor do caso.
Um importante detalhe que depõe contra a veracidade da filmagem é o relógio na parede da sala de cirurgia. O fato do objeto parecer moderno demais para a época é de pouca relevância diante de uma outra sutileza da filmagem: quando a autópsia começa, o relógio marca 10h10. Para a maioria dos espectadores isso pode não significar nada, mas para o mundo cinematográfico e fotográfico isso é um detalhe muito importante.
Colocar o relógio marcando 10h10 é uma técnica muito usada em campanhas promocionais e filmes. Isso já é uma convenção entre fotógrafos e produtores. Segundo esses profissionais, quando os ponteiros de um relógio ficam nesta posição significa que estão “sorrindo” para quem os olha.
Ou seja, não passa de técnica subliminar para atrair a simpatia do público. Hipoteticamente, se o relógio foi ajustado manualmente durante as filmagens, isso prova um grande ato de falsidade. Para os que acreditam que o filme é verdadeiro, esse detalhe pode não significar nada, mas para os mais céticos, pode ser uma grande pista. Como disse Nick Pope, embora não seja possível provar que o filme é genuíno, pode-se chegar à comprovação de sua falsidade.
SUMÁRIO DE ACHADOS – Os numerosos furos detectados nesse infeliz evento são suficientes para colocar a comunidade ufológica em guarda. Infelizmente, alguns ufólogos decidiram apoiar as pretensões de Santilli sem pensar nas conseqüências. Para eles é muito comprometedor apoiar algo do qual não se conhece a origem ou veracidade. Porém, pode ser mais perigoso ainda ir contra a vontade de Santilli…
Apesar de sua carta aberta, distribuída através do MUFON Journal, Philip Mantle se encontrou com a dupla Santilli e Cary em San Marino, Itália, entre os dias 20 e 21 de maio. Lá os filmes e slides foram exibidos e promovidos para uma platéia de ufólogos e militares. Como se vê, o trabalho de marketing desenvolvido por Santilli já começava a render seus frutos.
Um dos pesquisadores que se posicionaram veementemente contra o filme foi Stanton Friedman, que recebeu a seguinte resposta do grupo Merlin: “Por mais que respeitemos a história do senhor Friedman e seu trabalho em prol da comunidade ufológica, cremos que o material será melhor apreciado por pesquisadores independentes que não possuam interesses pessoais”.
Contudo, há ainda outras evidências que a cada dia deixam os ufólogos mais confusos. Durante uma visita a San Marino, o pesquisador Corso Vittorio Emanuele falou com alguns membros do Merlin Group, que lhe fizeram algumas revelações: Mantle teria descoberto dois nomes visíveis na papeleta usada durante a autópsia. Eram Detlev Bronk, um conhecido ufólogo e membro do MJ 12, e um médico, o Dr. Willies.
Bronk é mostrado como tendo auxiliado a autópsia. Seu currículo revela que ele é um expert em Biologia e Física, mas não possui diploma de Medicina. Por esse motivo, ele não poderia ter realizado a autópsia sozinho e contou com o Dr. Willies. Apesar dessas evidências, Mantle não se responsabiliza por tudo o que diz e certa vez chegou a exclamar que “… a BUFORA jamais declarou que o filme era autêntico”.
INTERESSES GLOBAIS — Não há dúvidas de que a liberação do filme envolve interesses globais, gerando uma série de depoimentos, afirmações, reportagens, programas na TV e uma grande polêmica mundial. Agora resta uma pergunta: o que poderá acontecer se os ufólogos começarem a observar os erros de toda essa trama? Santilli, por enquanto, se recusa a discutir o assunto.
Philip Mantle, como diretor de investigações da BUFORA e representante inglês da MUFON, teve a oportunidade de fazer as mesmas indagações. De forma privilegiada, ele soube do filme bem antes que qualquer outro pesquisador. Por quê? Será ele um protegido de Santilli? Até agora ninguém sabe responder a essa pergunta.
Por enquanto, há mais dúvidas do que certezas envolvendo o filme de Santilli. É com imenso pesar que vemos tudo isso se transformar num drama teatral. As pessoas precisam saber o que está acontecendo. As investigações não descartarão a hipótese da fraude – o nervo exposto foi tocado e as aspirações de milhões de simpatizantes da Ufologia não podem ser frustradas.
O filme é uma farsa para desacreditar o Caso Roswell
“Acredito que o filme seja uma fraude montado pelo governo americano para desacreditar mais uma vez o Caso Roswell. Atualmente, o caso tem crescido em popularidade e credibilidade, pois foram feitos livros e filmes. Vejo que o governo dos Estados Unidos e os militares estão preocupados com essa popularidade que o caso vem tomando. Acho que é por isso que eles criaram o filme da autópsia e jogaram na mão do Ray Santilli para que fosse vendido. Naturalmente, os produtores colocaram falhas propositais na filmagem. A intenção era deixar clara a fraude. Sendo assim, o público leigo que assiste ao filme tende a associá-lo ao que aconteceu em Roswell, pensando que o caso é também uma fraude”.
Edison Boaventura Júnior,
presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG), de Guarujá (SP)
O que pensam os contatados sobre os filmes da autópsia
A Revista UFO consultou também, durante o 13° Congresso Brasileiro de Ufologia Científica, em Curitiba (PR), de 7 a 10 de setembro passado, os mais destacados contatados e abduzidos por extraterrestres, para saber o que pensam dos filmes de Ray Santilli. Suas opiniões foram as mais variadas. Confira a seguir. — Editor
Elias Seixas,
contatado do Rio de Janeiro (RJ)
“Não dá para entender como um fato tão inusitado na história demorou tanto tempo para vir à tona. Depois, os filmes não têm nenhuma comprovação científica ou moral, apesar de ser um caso rodeado de pessoas influentes dos Estados Unidos. Eu não acredito que seja real, principalmente por causa da tipologia do suposto alienígena. Acho que agora a Ufologia deve se empenhar cada vez mais para descobrir e tornar claras as idéias, porque, por enquanto, eu não posso conceber isso como um fato real”.
Sixto Paz Wells,
contatado de Lima, Peru
“Considero que o filme é uma fraude. Primeiramente, não corresponde ao caso Roswell, pois os corpos encontrados depois de vários dias expostos a 43 graus no deserto, já estariam se decompondo. Aí surgiram afirmações de que a autópsia não teria ocorrido em Roswell, imediatamente após o resgate e sim cerca de 15 ou 20 anos mais tarde, em outra base, sobre corpos mantidos congelados. Na minha opinião, quando se lança uma mentira, para se poder sustentá-la, torna-se necessário lançar muitas outras. É o que está acontecendo.
A propósito, penso que certos detalhes foram plantados para gerar, desde o princípio, dúvidas, fazendo com que, d
e tudo isso, o Fenômeno UFO saísse desacreditado. Considero ser uma montagem, por trás da qual está o governo dos EUA, com sua política de intoxicação informativa, o que não deve surpreender aqueles que já conhecem tantas outras manobras semelhantes.
No Peru, por exemplo, o filme foi mostrado na TV e produziu primeiramente confusão e depois, ceticismo. Aumentou a dúvida dos incrédulos e os crédulos tornaram-se confundidos. É o que pensa o público e fica a imaginar que por trás do Fenômeno UFO não há ninguém sério, somente engodo e comércio”.
Giorgio Bongiovanni,
estigmatizado da Itália
“Eu conheci Ray Santilli, em 5 de maio de 1995, em Londres, na primeira exibição mundial da autópsia. Tenho o filme autêntico desde então. Creio ser uma criatura biológica extraterrestre porque todas as análises que foram feitas não puderam provar o contrário. Michael Hesemann, um investigador muito crítico, foi ao local falar com as testemunhas e me parece que até com o cameraman, que confirmaram a veracidade. O que me parece duvidoso é que seja um extraterrestre de Roswell. A filmagem pode ser proveniente de um outro acidente, dos muitos que se tem notícia. Deveriam então dizer: temos um filme de uma autópsia, não sabemos ainda de qual caso.
Não estou de acordo com essa história, é que houve tanta especulação com esse filme, que chegou a comprometer sua credibilidade. Santilli abusou de um assunto que pertence à Humanidade e deveria ser tratado mais seriamente. Isto é grave!”
Carta aberta a Ray Santilli e ao Grupo Merlin
Para aceitarmos totalmente os filmes das autópsias como reais, é necessário que se faça uma análise dos originais. Para tanto, pedimos um número de itens para efetivarmos o exame do material supostamente de Roswell, na seguinte ordem:
1. Cópia completa de todo o filme, sem exceção, a ser visto por um historiador que cheque os detalhes representativos do ano de 1947.
2. Os números de todos os rolos, de 1 a 14, preferencialmente checados por Mantle na presença de Ray Santilli ou de outro membro do Merlin Group.
3. Cópia de toda a documentação a respeito do filme, sem exceções, e sua análise por peritos.
4. Verdadeira análise de todo o documentário. Duas companhias concordaram em estudar o conteúdo. São a Kodak e a Hasan Shah Filmes, de Londres. A análise pela Kodak será supervisionada por John Parsons Smith, diretor de imagens de TV e filmes, que realizará o teste.
5. A análise consistirá no seguinte processo: os rolos do filme serão analisados sem qualquer destruição da película ou de sua sensibilidade. Pode-se usar todos os recursos possíveis para se obter a idade do filme, como análises por computador, testes do nível de nitrato, código numérico do filme etc.
6. Os rolos de filme serão analisados sem qualquer destruição da película e de sua sensibilidade. Sugerimos que seja manipulado exclusivamente pela Kodak e entregue após o estudo. O Merlin Group poderá fazer seus próprios arranjos no tocante à entrega do filme.
7. A análise da Hasan Shah deverá seguir os mesmos procedimentos, com a determinação de que o próprio Hasan examinará os rolos. Reafirmamos que não poderão ocorrer danos à película, com exceção de arranhões causados pela abertura das caixas de filme.
8. Não menos importante, ressaltamos que o filme é apenas metade da história. Queremos saber também sobre a outra parte, ou seja, o cinegrafista. Gostaríamos que Jack Barnett se apresentasse e fizesse uma fria análise do caso. Somente a mútua cooperação entre todas as partes poderá ajudar a desvendar o Caso Roswell.
Philip Mantle e Stanton Friedman