Não se pode mais negar o fenômeno ufológico de nossos dias e nem rotulá-lo como mais um dos muitos mitos da Humanidade, uma espécie de válvula de escape psicossocial perante os inúmeros problemas que assolam o mundo inteiro.
A pesquisa ufológica, conhecida por “casuística ufológica”, já reuniu provas mais do que suficientes para fugirmos de conceitos que classificam o Fenômeno UFO como ilusão coletiva, aliás uma explicação que é muito conveniente às Forças Armadas de todos os países. Sabedores de uma parte da realidade que envolve os discos voadores, preferem trabalhar no mais completo silêncio e mistério, cada uma delas como firme propósito de resolver o enigma e capitalizar o máximo de proveito estratégico que for possível, em seu benefício!
No mundo inteiro, centenas de organizações privadas tentam, isoladamente, achar a resposta para o problema. Entretanto, agindo de forma diferente da dos militares, que definem seus objetivos em termos práticos e estratégicos, os integrantes de tais organizações não possuem metas plenamente estabelecidas. Essa premissa, que deveria ser bastante clara em qualquer trabalho de pesquisa, reduz-se, na maioria dos casos, ao mero acompanhamento do fenômeno.
É verdade que não se pode prescindir de uma pesquisa básica, mesmo porque, se assim ocorresse, o próprio castelo da Ufologia estaria assentado em alicerces fraquíssimos e não resistiriam a menor oposição.
Quando falamos no estabelecimento de objetivos perfeitamente definidos e concretos, devemos pensar em um horizonte bem mais amplo e cujos contornos indiquem possíveis acontecimentos em futuro próximo. Apenas provar a realidade do fenômeno não basta, podendo, nessa hipótese, até ser mais interessante desconhecê-lo por completo, pois determinadas preocupações, se não estivermos preparados para enfrentá-las positivamente, melhor Ficariam situadas nas sombras da ignorância.
A GLÓRIA DA CONQUISTA – Perseguirmos a verdade até alcançá-la, sem sabermos o que fazer após rasgado o véu do mistério, poderá ser traumático para a humanidade como um todo. Inicialmente seria quebrado um egocentrismo coletivo milenar, uma espécie de ilusão psicológica que possibilita ao ser humano sentir-se muito à vontade na condição de “obra-prima da criação”, um conceito que foi muito utilizado – e ainda continua dessa forma – por inúmeras religiões. Necessário se faz esclarecer que tal ilusão, dentro do estágio social em que vivemos, ainda tem sua validade, muito embora perca a sua força a partir de determinado ponto evolutivo. Seria possível manter a máquina social funcionando perfeitamente após o momento em que soubéssemos que uma civilização muito mais poderosa do que a nossa espreita o planeta e com intenções de conquistá-lo totalmente? Lembremo-nos que os astecas, que formavam uma das mais esplêndidas e numerosas civilizações pré-colombianas, foram dizimados por um punhado de espanhóis que desejavam apenas a gloriada conquista e a satisfação de abarrotar os porões de seus navios com todo o ouro que fosse possível encontrar. Vemos nesse lamentável episódio histórico um equívoco cometido por todos os integrantes de uma nação: o de julgar que os estrangeiros fossem enviados dos deuses. Houve, portanto, a quebra do egocentrismo grupal devido ao reconhecimento de um poder muito maior, que hoje, de uma perspectiva diferente, sabemos que não era real.
Atribuir aos alienígenas o papel de inimigos da Humanidade, antes que conheçamos suas reais intenções para conosco, seria tão perigoso quanto julgar que, vindo das estrelas, receberíamos os redentores deste planeta. Essa noção faz muito sentido quando vemos o homem ainda à procura de um sentido real para a sua existência, uma justificativa para a sua passagem pela Terra. Na ausência de um porque para a pesquisa ufológica, a Psicologia humana poderia, facilmente, ser desviada para objetivos místicos completamente diferente de tudo o que já se viu nesse controvertido campo até hoje.
Na verdade, com os fatos concretos de que já dispomos, que não são poucos, já se pode estabelecer uma perfeita definição de objetivos. Deverá, contudo, imperar uma pergunta: até que ponto desejamos a verdade plena, as conseqüências que certamente advirão, sejam elas boas ou más? Muitos dos ufólogos pesquisam apenas por uma questão pessoal, pela satisfação de poder confirmara realidade do fenômeno. Isso é equivalente a segurarmos o rabo de um leão sem sabermos como poderíamos largá-lo em segurança. Poucos estão preparados para rasgar o véu do mistério, vindo à tona o fato de que um poder muito maior do que o de toda a humanidade reunida ronda o planeta.
LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA – A questão ufológica tem espaço aberto para todas e quaisquer correntes de pensamentos, sejam eles políticos, sociais, místicos, estratégicos ou meramente técnicos. A melhor idéia, entretanto, é a que condiciona uma tomada de consciência, objeto principal de uma obra do pesquisador Jaime Lauda. Tal posicionamento é muito mais importante que o simples desenvolvimento de pesquisas que podem tornar-se infrutíferas devido ao justificável descaso das autoridades governamentais – nenhum poder, se desejar manter a sua integridade, pode reconhecer a existência de outro mais forte – e da maioria absoluta da população, que, voltada prioritariamente às suas atividades do cotidiano, a luta pela sobrevivência, só consegue visualizar o que acontece no plano imediato e horizontal. Qual foi o pesquisador que não foi objeto de tentativas que visassem a ridicularizá-lo, a expô-lo as chacotas públicas e ao inteiro descrédito de suas pesquisas?
Somente quando estivermos dispostos a encarar a verdade de frente é que poderemos estabelecer objetivos e sair no seu encalço. Mas a busca da verdade deverá ser acompanhada por um respaldo social muito grande, pois poderá ser o maior desafio de toda a História. E os grandes desafios históricos sempre foram decisivos para as nações que os enfrentaram, seja avançando no sentido evolucionário ou fenecendo completamente. Cada um deverá refletir profundamente sobre essa questão e analisar-se quanto ao que deseja referentemente ao problema ufológico. Apenas uma satisfação pessoal desligada de maiores compromissos? Um modismo moderno? Uma espécie de passatempo, como se, desistindo da Ufologia, fosse possível dedicar-se à filatelia? Uma fé no poder místico dos viajantes espaciais, ao qual poderia entregar-se sem quaisquer espécies de questionamentos racionais? Ou a captura de um UFO, visando a aquisição de conhecimentos que possibilitassem um salto tecnológico e que poderia posicionar o seu autor séculos à frente dos demais?
Ainda há tempo para buscarmos uma consciência social muito
sólida a respeito, antes que os próprios problemas criados pelo homem sejam tão intensos que o impossibilitem ver uma ameaça muito maior. A guerra nuclear é um claro exemplo do que afirmamos. Se ocorrer – e é uma possibilidade real – poderá haver sobreviventes ao seu final, embora a vida não mais venha a ser atraente para os que restarem. Mas sempre existirá a esperança de reconstrução, de uma Nova Era. Porém, se acontecer um violento choque cultural, em virtude da chegada ao planeta de grupos sociais mais adiantados, poderemos recair nos mesmos mistérios que envolvem inúmeras civilizações antigas. Todos vêem seus restos arqueológicos, mas ninguém sabe de onde vieram e muito menos para onde foram.
BRINCADEIRA PERIGOSA – Nós, os seres humanos, não estamos brincando com aeromodelos que fazem bonitas evoluções nos céus. Estamos lidando com forças poderosas que desconhecemos completamente. Nunca devemos esquecer que o nosso planeta poderá ser considerado, por civilizações alienígenas, um verdadeiro oásis cósmico, principalmente quando uma ciência voltada para o armamentismo teima em criar um meio de destruí-lo por inteiro. Talvez essa seja uma das grandes preocupações dos viajantes espaciais. Quem sabe se, para conservar intacto o oásis cósmico, não seria melhor destruir os seres daninhos? Diante de uma alternativa como essa, teríamos de reconhecer uma espécie de direito natural cósmico. Não foi pela espada que os europeus fizeram suas conquistas em solo americano? Foram contestadas, à época, por outras civilizações que não as próprias agredidas?
Talvez eu esteja me afastando muito da linha de pensamento ufológico tradicional. Porém, é necessária uma boa dose de reflexão, uma parada para auto-análise, sob pena de segurarmos o rabo de leão e ficarmos presos, inexoravelmente, às conseqüências de atitudes impensadas.