Grãos que giram em torno de uma estrela anã vermelha têm consistência semelhante à de neve pulverizada, de acordo com uma equipe de astrônomos. Durante a análise da poeira que gira em torno de uma estrela anã vermelha, astrônomos descobriram que esses grãos têm consistência semelhante à de neve pulverizada. Esta é a primeira avaliação definitiva da porosidade de poeira encontrada fora do Sistema Solar, e é quase como olhar para o passado, há quatro bilhões de anos, nos primórdios do nosso sistema, dizem pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley. “Acreditamos que essa porosidade é primordial, e reflete o processo de aglomeração pelo qual grãos interestelares se juntaram inicialmente, para dar origem a objetos macroscópicos”, disse o astrônomo James Graham.
Esses grãos provavelmente são bolas de neve sujas, uma mistura de gelo e rocha.”A diferença entre um floco de neve e uma pedra de granizo – ambos são gelo, mas têm diferentes porosidades – acontece porque se formam de modos muito diferentes”, acrescentou o cientista. “Granizo cresce em tempestades violentas; neve, sob condições bem mais calmas. De modo semelhante, concluímos que os grãos de poeira no disco (da estrela) AU Mic formaram-se por meio de uma aglomeração suave”. Objetos no Sistema Solar também são porosos – grãos de cometa que perderam o gelo são furados como um ninho de passarinho, e alguns asteróides não passam de pilhas frouxas de entulho – mas nada é tão cheio de vácuo quanto a poeira de AU Mic, composta por mais de 90% de espaço vazio.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores valeram-se de imagens feitas por instrumentos do Telescópio Espacial Hubble. A estrela AU Mic (abreviação para AU Microscopii) fica a 32 anos-luz da Terra, na constelação do Microscópio. Os resultados estão publicados na edição de 1º de janeiro do Astrophysical Journal.