Cientistas ligados à Agência Espacial Européia (ESA) dizem que o dia em que será possível cultivar plantas na Lua está agora mais próximo. Uma equipe da Academia Nacional de Ciências de Kiev, na Ucrânia, conseguiu cultivar calêndulas em um solo formado por arnotositas quebradas. A arnotosita é um tipo de rocha encontrada na Terra, mas muito parecido com a superfície lunar. Os pesquisadores não precisaram usar fertilizantes, mas adicionaram diferentes tipos de bactérias à mistura. Aparentemente, as bactérias retiraram das rochas substâncias necessárias às plantas, como potássio. A nova pesquisa foi apresentada em um encontro da União Européia de Geociência realizada em Viena, na Áustria, o maior evento anual reunindo cientistas que estudam a Terra, seu clima e seus vizinhos no espaço.
O cientista Bernard Foing, do Centro Europeu de Pesquisa e Tecnologia Espacial, com sede na Holanda, foi quem apresentou o estudo em Viena. Para ele, em princípio, não há porque essa pesquisa não poderia funcionar na Lua. Seria necessário apenas quebrar as rochas e adicionar bactérias e sementes. Foing acredita mesmo que cientistas poderiam ir além, selecionando plantas e bactérias que podem se adaptar mais facilmente às condições lunares ou até mesmo criando geneticamente outros tipos de plantas. Uma das dificuldades de se cultivar plantas na Lua é que elas estariam fora do campo magnético protetor da Terra e estariam sujeitas a níveis altos de radiação.
Mas a proposta de cultivar plantas na Lua não é um objetivo oficial da Agência Espacial Européia. Um alto funcionário do órgão, presente no encontro em Viena, disse ser improvável que a plantação de calêndulas ou qualquer outro tipo de planta faça parte de uma futura missão da ESA à Lua e disse que a idéia é “ficção científica”. Mas Foing, que também é diretor do Grupo Internacional de Trabalho para a Exploração Lunar, acredita que cultivar plantas na Lua poderia servir como uma ferramenta para aprender como espécies vivas se adaptam às condições lunares. “Seria um tipo de base tecnológica sobre como manter uma forma simples de vida em um ambiente extremo”, afirmou.