O mundo gasoso por excelência e o mais distante do Sistema Solar completou nesta terça-feira (12) a primeira órbita desde que foi descoberto há 165 anos. Para comemorar, a Agência Espacial Norte-Americana (NASA) publicou fotografias captadas com o telescópio espacial Hubble nas quais se pode observar os tons azulados deste planeta, que foi encontrado quase por acaso.
Foram as pesquisas sobre Urano no século XVIII – sétimo planeta do Sistema Solar, até então considerado o último – que levaram a pensar que poderia haver outro ainda mais distante no sistema planetário. O astrônomo britânico William Herschel e sua irmã Caroline descobriram Urano em 1781, ampliando as fronteiras do Sistema Solar, mas pouco depois se deram conta que sua órbita não se comportava tal como prediziam as leis de Kepler e de Newton.
Em 1821, o astrônomo francês Alexis Bouvard, estudando Urano, considerou que talvez outro planeta poderia estar exercendo algum tipo de atração e alterando seu movimento, mas tardaram 20 anos para que fossem feitos os primeiros cálculos. O francês Urbain Le Verrier e o britânico John Couch Adams, ambos matemáticos e astrônomos, predisseram de forma independente o local onde supostamente estaria esse “misterioso” planeta calculando como a gravidade de um hipotético objeto poderia afetar o campo de Urano.
Le Verrier, que era o diretor do Observatório de Paris, enviou uma nota ao astrônomo alemão Johann Gottfried Galle na qual descrevia a possível localização do objeto. Após dois dias de observação, em 23 de setembro de 1846, finalmente Galle identificou Netuno como um planeta, a menos de um grau da posição calculada por Adams e Le Verrier.
A NASA considera a descoberta uma das maiores façanhas astronômicas desde a teoria da gravidade de Newton, tendo contribuído para entender melhor o universo. No entanto, Galle não foi o primeiro a ver Netuno. Já em dezembro de 1612, o astrônomo Galileu Galilei teve o privilégio de vê-lo enquanto observava Júpiter e suas luas. No entanto, tal como revelam suas notas – nas quais apontou exatamente a posição de Netuno -, o cientista italiano confundiu-o com uma estrela.
A descoberta de Netuno dobrou o tamanho do Sistema Solar conhecido, já que o planeta encontra-se a 4,5 bilhões de quilômetros do Sol, 30 vezes mais longe que a Terra. A nomenclatura do novo planeta também foi alvo de disputa entre os cientistas, que queriam batizá-lo com seus próprios nomes. A comunidade científica optou por Netuno, deus romano do mar, um nome mitológico em consonância com os demais planetas.