Um vídeo que supostamente mostraria jatos da Marinha dos Estados Unidos perseguindo um UFO começa a ser contestado por pilotos profissionais. Onde está a verdade?
Duas das maiores controvérsias na descoberta do sigiloso Programa de Identificação de Ameaças Aéreas Avançadas (AATIP) pelo jornal norte-americano The New York Times são as imagens em vídeo da perseguição de dois caças FA-18F da Marinha norte-americana a um UFO descrito como tendo o tamanho de uma aeronave comercial. Os pilotos afirmaram que “havia uma frota deles e que o objeto viajava em alta velocidade e girava sobre si mesmo, parecendo rodeado por algo como uma aura”.
Mas há ainda mais discussão sobre o assunto. John Lear [Foto] é uma figura conhecida, respeitada e controversa dentro da Ufologia. Piloto profissional, ele já voou mais de 160 aeronaves diferentes em cerca de 50 países. Possui 17 recordes mundiais de velocidade com um modelo Lear Jet e é o único piloto comercial a ter um certificado de seus recordes cedido pela Administração Federal de Aviação (FAA). Lear, que também já voou pelo mundo em missões para a CIA e outras agências, foi o designer do Lear Jet. Ele defende que os vídeos divulgados são falsos — e se baseia em sua experiência, contatos e a análise científica que fez da gravação divulgada pela mídia.
FONTE: THE NEW YORK TIMES
Segundo Lear, a primeira coisa que notou de estranho foi o ruído na gravação, supostamente soando como o vento correndo contra a aeronave, como se alguém sem conhecimentos sobre ruídos em um avião de combate estivesse tentando imitar o som de vento. “Não se ouve nenhum ruído do vento em um jato porque o microfone está dentro da máscara de oxigênio e ela se junta ao redor do seu rosto, não deixando entrar nenhum som. Quando um piloto está falando, deve haver um som muito fraco de sua respiração. Mas no caso da filmagem não há qualquer som de respiração”.
Outra coisa que chamou sua atenção foram os áudios dos pilotos. Segundo Leir, houve várias interrupções na conversação, que, se estivesse sendo gravada no sistema de áudio de aeronaves, não poderiam existir. “Além disso, a conversa dos pilotos usando as gírias como ‘cara’ e ‘irmão’ não são jargões da Marinha. Pilotos de caça falam em frases breves e não há comentários estranhos”, acrescentou.
“Não convence”
Outro ponto interessante levantado por John Lear diz respeito às informações sobre o vento. Diz ele: “Um piloto na gravação diz algo como ‘vento a 120 graus e a 20 nós’. Por que ele se incomodaria em dizer isso a outro piloto? O outro piloto também tem essa informação em seu painel. Não convence”. Em seguida temos a referência de atitude apresentada no painel do caça, que permite ao piloto ver, além dela, a velocidade e outras informações vitais, enquanto simultaneamente olha diretamente para fora, mostrando-lhe um ponto de referência para onde apontar. “Na gravação isso parece completamente inconsistente com o que se esperaria encontrar no painel de um caça daqueles”, contestou. Igualmente, objeto não identificado teria que combinar a taxa de rotação exata dos jatos para permanecer no centro do painel.
Nuvens erradas
A análise de John Lear também questionou as nuvens na gravação. Elas eram um tipo de estrato-cúmulos e sua forma é uniforme durante toda filmagem. “A menos que haja uma tempestade, o que não havia, as nuvens deveriam ser do tipo estrato simplesmente, porque o mar subjacente não possui diferentes graus de temperatura para fazer um estrato-cúmulos como mostrado no vídeo”.
E o piloto é assertivo em finalizar sua análise: “Se esse vídeo falso custou algum dinheiro ao Pentágono, alguém foi roubado. O suposto UFO parece que foi desenhado, entalhado ou duplicado. O autor deve ter usado a mais recente tecnologia de Hollywood e fazer parecer uma espaçonave extraterrestre verdadeira, só que não”, decretou.