Ele é professor universitário, mestre em educação, produtor de vídeos, conferencista e autor. O ufólogo paranaense Carlos Alberto Machado, consultor da Revista Ufo há mais de 10 anos, é um dos mais produtivos integrantes da Comunidade Ufológica Brasileira. Como autor, escreveu Olhos de Dragão: Reflexões Para Uma Nova Realidade [Editora Aramis Chain, 2001], a única obra nacional sobre o assunto e uma das mais importantes de todo o mundo. Como produtor de vídeos, lançou a série Fenômeno, da qual fazem parte o Dossiê Chupacabras e outros títulos. Esta, aliás, é sua maior especialidade: foi ele quem popularizou o estudo do misterioso chupacabras em nosso país, fazendo uma pesquisa científica sobre sua manifestação quando a imprensa ainda via o assunto como bizarro.
Fundador e atual presidente do Centro de Investigação e Pesquisa Exobiológica (CIPEX), Machado se dedica ao Fenômeno UFO há mais de 30 anos, concentrando suas atividades na Região Sul, onde realiza vigílias, pesquisas de campo e trabalhos teóricos. Tamanha dedicação resultou num vultoso conhecimento das evidências consideradas as mais concretas da manifestação ufológica, os pousos de naves. Em novembro do ano passado, Machado publicou o texto Ninhos de UFOs, em nossa edição 93. No ano anterior, o ufólogo foi agraciado com o prêmio Cindacta, oferecido pelo Grupo de Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS), por ter apresentado a melhor conferência ufológica do período, com o tema “Verdades que se Escondem”.
Participante ativo de congressos nacionais e internacionais, seu vídeo Discos Voadores Imprevisíveis e Polêmicos (Parte 1) foi vencedor do prêmio Melhor Documentário de Pesquisa Ufológica, em Viña Del Mar, Chile. “Mas meu interesse não está apenas na Ufologia. Também sou entusiasta da ficção científica”, declara o pesquisador. Quanto à segunda disciplina, Machado considera que professores de qualquer área do conhecimento humano podem utilizá-la como ferramenta pedagógica. Sua tese de mestrado teve justamente o título Contribuições da Ficção Científica para o Conhecimento e a Aprendizagem.
Os filmes que retratam os ETs, que estão cada vez mais convincentes, colaboram para que a humanidade esteja cada dia mais preparada para algum tipo de contato ou mesmo convívio com eles
Sua área de investigação principal é o Paraná. Como está posicionado o Estado no cenário ufológico nacional? O Brasil, de uma maneira geral, é muito visitado por esse estranho fenômeno, e o Paraná não é uma exceção. A região da Serra do Mar é uma das mais visitadas pelo Fenômeno UFO. O centro-oeste do Estado também apresenta um bom índice de avistamentos, apesar de até hoje não terem sido realizadas estatísticas nesse sentido. As instituições de pesquisa e de Ufologia vêm e vão, e por isso fica difícil afirmar que elas sejam um indicador considerável. Contudo, existem grupos estabelecidos em Curitiba, Maringá, Apucarana, Cascavel etc.
Curitiba é uma cidade onde se registram muitos casos ufológicos? Naturalmente, o fato de aqui residirmos aumentam as chances de conhecermos mais pessoas que avistaram esses objetos no município. Tenho realizado pesquisas em toda a região de Curitiba desde 1981, e de lá para cá acompanhei muitas observações interessantes. Cheguei a realizar estatísticas em determinadas épocas, pois as aparições eram muitas e variadas. Os anos de 1982, 1986, 1996 e 1998 foram os que mais apresentaram casos de avistamentos de UFOs. Esses momentos de grande incidência são denominados “ondas” pela Ufologia. Na década de 80, pesquisei um caso que realmente chamou a atenção devido à proximidade do fenômeno com a população curitibana. Uma senhora foi buscar suas filhas no colégio e, retornando à sua residência, em momento de pico de tráfego, foi perseguida por um objeto que descreveu como tendo a forma de um disco voador. A princípio, ela não o percebeu, pois estava dirigindo seu automóvel em frente à Estação Rodoferroviária. Porém, notava que os carros que vinham na direção contrária assustavam-se com alguma coisa e paravam quase que imediatamente, olhando sempre para cima e em sua direção. Assustada, pediu às suas filhas que olhassem e descrevessem o que viam. Elas começaram a gritar, dizendo que estavam sendo perseguidas por um disco voador. Isso estava ocorrendo em plena luz do dia e em uma avenida muito movimentada na época. O objeto era um pouco maior que o carro delas.
O seu centro de pesquisas leva o nome “exobiológica”. Como você diferencia esse termo de Ufologia? A Ufologia estuda os objetos voadores não identificados e tudo que se relaciona a eles, incluindo extraterrestres, caso eles realmente existam. Já a exobiologia é uma ciência atualmente reconhecida e estudada nos meios acadêmicos estrangeiros, dedicada especificamente ao conhecimento da vida fora da Terra, ou seja, das manifestações de quaisquer formas de vida alienígena, como microorganismos, que podem ser encontrados em meteoros ou em sondas terrestres que viajam em nosso próprio Sistema Solar e depois retornam à Terra. Por outro lado, a Ufologia ainda não é considerada uma ciência e nem sempre estuda a vida fora do planeta, visto que até o presente momento ainda não se provou que os possíveis tripulantes dos UFOs sejam de fato extraterrestres. Ela é considerada por alguns como uma paraciência e, por outros, como um tipo de movimento social. Eu a considero, como muitos, uma pesquisa interdisciplinar. Já o termo alienígena, muito utilizado pelos ufólogos, refere-se a grupos diferentes. Do ponto de vista antropológico, um punk pode ser um alienígena em nosso meio, pelo fato de ser diferente da maioria. Como não podemos afirmar ainda a procedência dos tripulantes dos objetos voadores não identificados, utilizamos o termo alienígena, pois ele compreende uma enorme gama de variações como intraterrestres, extraterrestres, seres dimensionais, temporais etc.
Como explicar para a sociedade a existência de vida extraterrena? Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que o Centro de Investigação e Pesquisa Exobiológica (CIPEX) não costuma afirmar que os tripulantes dos UFOs sejam extraterrestres. Preferimos usar o termo alienígena, que achamos mais adequado. Agora, quanto a acreditar na existência de vida fora de nosso planeta, essa é uma questão lógica. A maioria dos cientistas de hoje aceita a vida extra ou exoterrestre, pois a imensidão do universo cala qualquer cético. O que falta ao ser humano, no entanto, é conhecimento sobre o assunto. Pesquisar e estudar os fenômenos ditos desconhecidos é nossa principal tarefa. O homem sempre foi e sempre será curioso, e sua curiosidade o leva a desvendar aos poucos o Sistema Solar. Eu diria que é questão de tempo para nossa sociedade aceitar a existência de vida fora da Terra, apesar de que devemos também acolher a diversidade de opiniões.
Você já teve alguma experiência com um objeto voador não identificado? Em 1983, em Brasília, presenciei um UFO a cerca de 50 m. Era uma esfera de luz sem ruído que passou sobre minha cabeça e a de alguns outros colegas – entre eles os ufólogos José Victor Soares e Ernesto Bono – bem devagar e por duas vezes, tanto na ida quanto na volta de sua trajetória. Numa outra oportunidade, no ano de 1997, tive a sorte de filmar um desses objetos com uma câmera VHS em duas noites consecutivas, na região de Campina Grande do Sul (PR), quando pesquisava outro assunto polêmico, o popularmente conhecido chupacabras. E numa terceira oportunidade avistei um disco alaranjado que emitia luzes alternadas, porém não consegui filmar, por não ter tido tempo de montar o equipamento. Por isso, dou uma dica para quem quer observar o fenômeno: sempre carregue consigo uma pequena câmera fotográfica. Existe uma campanha de marketing muito boa que ilustra bem o que digo: “Não jure que viu, fotografe e envie!” Dessa forma, minhas experiências não passaram do primeiro grau…
O que você pensa das abduções? Podemos confiar em tantos milhares de pessoas em todo o mundo que afirmam já terem sido abduzidas? Os casos de abduções são os mais polêmicos da Ufologia, pois até hoje ninguém trouxe absolutamente qualquer prova física de ter estado dentro desses objetos. O interessante é que, na maioria dos casos, as testemunhas não se recordam do que ocorreu com elas. Nem todas as pessoas que acreditam terem sido abduzidas foram de fato, pois acabam inventando ou simplesmente acham que isso ocorreu. As que realmente passaram por esse processo costumam ter o que chamamos de missing time, ou sensação de tempo perdido. Cabe ao grupo ufológico que investigar o caso buscar auxílio de um perito em hipnose. Este profissional fará com que o subconsciente do suposto abduzido aflore, trazendo memórias que estavam ocultas, possivelmente provenientes do choque da experiência ou mesmo por uma ordem hipnótica feita pelos raptores. Claro que a hipnose não é levada em consideração como a última palavra, mas ela é um poderoso instrumento de auxílio à pesquisa ufológica, como também vem sendo para a polícia curitibana. A pesquisadora e também hipnóloga Gilda Moura [Autora de Transformadores de Consciência, Editora Nova Era, 1992] descobriu em suas pesquisas com abduzidos que, utilizando um eletroencefalógrafo devidamente calibrado para ondas mentais mais baixas, pode-se confirmar quando o suposto abduzido sofreu de fato uma abdução. O resultado desse teste se diferencia dos que não o foram, ou que foram induzidos a pensarem que sim. Dessa forma, Gilda descobriu uma espécie de detector de mentiras para os abduzidos, estejam eles hipnotizados ou não. É de pesquisadores sérios como ela que necessitamos, mostrando à população interessada no fenômeno que o trabalho do ufólogo ainda trará muitos frutos algum dia, como já vem trazendo aos poucos.
Por que a Ufologia ainda é tratada sem a necessária relevância pela sociedade e, principalmente, pelos governos? Eles teriam temor em ver o assunto difundido? Para quem pesquisa e estuda o Fenômeno UFO, e principalmente para quem já presenciou um evento dessa natureza, não existem dúvidas sobre sua existência. Na década de 70, na França, para acabar com esse mistério, a população foi convidada pelo próprio governo a realizar uma vigília nacional e fotografar ou filmar todo tipo de objetos voadores não identificados que avistasse. Depois de devidamente selecionadas, as fotografias foram exibidas num programa de tevê em rede nacional. Para a população francesa, naquela época, o mistério começava a ser desvelado. A partir de então, a própria polícia auxiliava nas pesquisas, aumentando em muito as evidências sobre o assunto. Mas para que isso ocorresse na França, certamente teve que haver vontade política por parte das autoridades locais, que agiram de maneira inédita em todo o mundo. E para que algo semelhante pudesse ocorrer em nosso país, sem dúvida alguma, teria que haver também uma bela dose de discernimento de nosso Governo – especialmente lembrando que não estamos no Primeiro Mundo. Naturalmente que problemas sociais podem advir dessa conduta, e isso divide os pesquisadores sobre o assunto. Por um lado, uns temem que a população religiosa em sua maioria não consiga absorver a existência de ETs. Mas a grande parte dos ufólogos pensa ser esse o momento de mudarmos nossos conceitos e nossas crenças. Ora, até o Vaticano já aceitou a existência de vida inteligente fora da Terra, visto que chegou a investir milhões de dólares em um observatório radioastronômico para obter mensagens alienígenas!
Se o Brasil é realmente o segundo país do mundo em eventos de contatos de primeiro e segundo graus, como os ufólogos alegam, por que não se dá mais atenção ao tema aqui? Na verdade, o Brasil é considerado pela comunidade ufológica estrangeira como o segundo também em contatos imediatos de terceiro grau, ou seja, somos constantemente visitados pelos tripulantes desses veículos. Mas, infelizmente, o mercado editorial brasileiro não prestigia autores nacionais da área, e perdem um filão de vendas considerável. O mesmo podemos dizer a respeito dos programas de tevê. Quantos leitores já viram programas específicos sobre o assunto em nosso país? Existem apenas alguns, em nível nacional, que vez ou outra abordam o tema de maneira sensacionalista, e é curioso observar que o ibope pula alto quando o fazem. Sendo assim, é intrigante o porquê de não se produzirem programas desse tipo, já que é enorme a curiosidade nacional sobre a Ufologia. Noutros países a situação é diferente, como se vê no Canal Infinito, produzido na Argentina e nos Estados Unidos, que têm inúmeros programas sobre o assunto [O Canal Infinito está disponível pelo sistema DirecTV].
Na sua opinião, o que os extraterrestres querem na Terra? Têm algum objetivo ou sua passagem por aqui é ocasional? Para sabermos exatamente o que desejam, seria necessário que houvesse uma comunicação bilateral entre nós e eles. Oficialmente, até onde sabemos, isso ainda não ocorreu. Portanto, não temos como responder corretamente tal pergunta. O mesmo vale para intenções e origens desses nossos visitantes. O que podemos afirmar, baseando-nos em observações casuísticas, é que eles podem ter alguma relação íntima com a humanidade, daí seu aparente interesse em nossa sociedade, modo de vida, pessoas, costumes etc. Alguns pesquisadores – e não são poucos – acreditam que nós, humanos, sejamos cobaias de ETs. Há aqueles que crêem que os extraterrestres estejam buscando algum tipo de salvação para sua própria espécie, alguma coisa específica em relação a sentimentos humanos ou coisa parecida. Outros ainda crêem que eles sejam totalmente neutros em relação a nós e que estariam aqui apenas para analisar, pesquisar e continuar seu caminho. Existem também os que especulam que os UFOs e seus tripulantes poderiam ser um fenômeno natural desconhecido pertencente ao nosso próprio planeta. De uma forma ou de outra, os filmes que retratam o assunto, que estão cada vez mais convincentes, colaboram para que a humanidade esteja cada dia mais preparada para algum tipo de contato ou mesmo convívio com os seres alienígenas.
O chupacabras é um fato concreto, não uma lenda ou uma superstição. Eu investiguei pessoalmente dezenas de ocorrências e documentei os danos que seus ataques causaram a rebanhos em todo o Brasil. Não se pode mais ignorar esse fenômeno
Há ufólogos que sustentam várias origens para eles. Uns dizem que seriam naves alienígenas, outros que seriam veículos interdimensionais, de universos paralelos e até da própria Terra, porém vindos do futuro. Como você vê essa multiplicidade de origens e qual a porcentagem que daria a cada uma delas? Tendo em vista minhas pesquisas até o momento e analisando muitos dos casos pesquisados por outros grupos e livros especializados – como Confrontos, de Jacques Vallée [Editora Best Seller, 1988] –, tenho forte tendência a aceitar a hipótese de mundos ou universos paralelos como origem para os UFOs. Mas como pesquisador não descarto as outras possibilidades. Para mim, 24,5 % dos objetos voadores não identificados que vemos seriam de fato naves alienígenas; e 75 % deles seriam veículos interdimensionais ou de universos paralelos. Máquinas capazes de viajar através do tempo não seriam mais do que uma fração dos acontecimentos ou 0,5 %.
Sua especialidade na Ufologia é o fenômeno chupacabras. O que você nos diz a respeito dele? Prefiro chamá-lo de Intruso Esporádico Agressivo (IEA), nome científico dado pelo colega e pesquisador espanhol Ramón Navia Ozório, que também estuda o fenômeno. O IEA, sem dúvida alguma, existe e ronda nossas paragens. Evidencio isso em meu livro Olhos de Dragão – Reflexões Para Uma Nova Realidade. Aqui no Brasil ele atacou apenas em meados de 1996, em 1997 e no início de 1998, mas, mesmo assim, definir sua procedência seria mera especulação. Trabalhamos com hipóteses que, como para os UFOs, são várias. Desde que o IEA seja proveniente de outros planetas até que sejam experiências genéticas que fugiram ao controle de cientistas, ou ainda animais não catalogados por nossa biologia.
Temos visto relatos de chupacabras até mesmo na Ásia e Oceania. Como se explica a distribuição dos casos desse fenômeno pelo mundo? Em 1996 o Intruso Esporádico Agressivo atacou na ilha de Porto Rico, posteriormente no México, Estados Unidos, Portugal e Espanha. Apenas no período citado tivemos ataques no Brasil. Gostemos ou não, na verdade, muitos países das Américas, da Europa e da Ásia tiveram ou ainda estão tendo a visita dessa inusitada criatura. São muitos animais atacados, ocasionando um enorme prejuízo para os criadores. Recentemente, o IEA vem atacando em grande quantidade no Chile, e isso já perdura por seis anos. Foram cerca de 60 mil animais agredidos sem uma explicação plausível. O governo chileno já não sabe mais a quem acusar como responsável por tais ataques, pois nem mesmo animais selvagens poderiam consumir tamanha quantidade de alimento – e por tanto tempo – sem serem capturados. As vítimas do IEA são facilmente detectáveis, já que apresentam falta de sangue e perfurações características, que nem de longe se parecem com perfurações de dentes de predadores comuns. As vítimas que sobrevivem, depois de devidamente analisadas, acabam revelando-se portadoras de anemia aguda, o que evidencia falta drástica de sangue em seus organismos e não maus tratos de seus proprietários, como pensam alguns estudiosos.
Após tantos anos de pesquisa sobre o chupacabras e um livro editado, o que você conclui hoje sobre esse animal? O que posso dizer é que ele realmente existe e esteve nos visitando. As evidências disso não são poucas e estão no livro, qualquer um pode conferir. Para aqueles que preferem acreditar que sejam ataques de cães, suçuaranas ou algum outro tipo de animal selvagem, caso não queiram consultar nosso trabalho, deixo a seguinte pergunta para reflexão: o que aconteceu com os animais selvagens que atacaram nosso país, chacinando mais de mil animais domésticos, entre eles cães, gatos, vacas, bois, ovelhas, cabras, galinhas, e outros bichos, levando apenas seu sangue? O que aconteceu com sua fome? Pergunto isso porque a imprensa não informou, mas os ataques continuam a ocorrer em países vizinhos, como a Argentina e Chile.
Você é um veterano ufólogo, mas certamente alguma experiência o marcou de forma mais intensa. Conte qual foi ela? Certa vez, soube de um caso de poltergeist próximo à minha residência. Como sabia que se tratava de um fenômeno raro e estando tão próximo, procurei pesquisá-lo. Passei uma noite praticamente sem nada acontecer e sem dormir, mas voltei noutra oportunidade para mais uma vez registrar qualquer eventualidade paranormal. Como não consegui entrar na casa afetada, fiquei do lado de fora conversando com conhecidos da área sobre o incidente. No meio de nossa conversa, e enquanto eu olhava para a casa, vi quando a veneziana fechada abriu-se repentinamente, ocasionando um barulho ensurdecedor. Pensamos que alguém do lado de dentro a havia empurrado, mas um arrepio subiu na minha espinha quando verificamos uma mão abrindo a janela para fechar a persiana. Como a veneziana havia sido aberta se as janelas estavam fechadas? Nunca obtive uma resposta racional para esse incidente que testemunhei e o considero uma prova do insólito. Foi uma experiência louca, com certeza. Outra que me ocorreu mais recentemente foi uma verdadeira caçada a um chupacabras, que descrevo em detalhes no meu livro Olhos de Dragão.
Carlos, qual é seu mais recente projeto na área da pesquisa ufológica? Atualmente estou realizando o projeto Resgate da Memória Ufológica Brasileira, pois notei que pesquisadores e novos grupos de estudos, em sua maioria, conhecem nada ou muito pouco sobre o passado de nossa trajetória ufológica. Dessa maneira, preocupado com a preservação desse acervo, que considero primordial para o desenvolvimento e transformação de nossas pesquisas – assim como faz a Revista Ufo com a seção Memórias da Ufologia, assinada por Marcos Malvezzi Leal –, decidi iniciar o projeto com o escaneamento de todos os boletins da extinta Sociedade Brasileira para o Estudo dos Discos Voadores (SBEDV), que era dirigida pelo falecido ufólogo e médico Walter Karl Bühler, no Rio de Janeiro. São 63 boletins que totalizam aproximadamente 1.300 páginas de informações ufológicas, alojadas em dois CDs, em formato PDF. Esse trabalho de pesquisa também contou com a colaboração dos colegas Victor Soares, do Grupo de Estudos das Naves Extraterrestres (GENA), de Gravataí (RS), ufólogos do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG) e de Rodolpho Gauthier, de Araraquara (SP). Agora que a primeira etapa está pronta, pretendemos distribuir os CDs também para as principais bibliotecas do país, para que todos possam ter a seu alcance essas pérolas da nossa histótia.
Adeus Comendador
Com muita tristeza informamos o falecimento de um dos pilares da Ufologia Brasileira, um grande pensador e hábil investigador. O espanhol naturalizado brasileiro Rafael Sempere Durá – também conhecido como Comendador Durá – deixou-nos em 03 de setembro, vítima de complicações originadas de uma pneumonia nos dois pulmões e derrame na pleura. O Comendador foi o primeiro assinante da Revista Ufo, quando ela ainda era chamada de Ufologia Nacional & Internacional, e atuou como seu consultor por todos os 20 anos de sua existência. Incansável incentivador dos pesquisadores, sua perda deixa um vazio enorme em sua família, amigos e companheiros da Ufologia. Adeus, Comendador.
Ufologia com Olhos de Dragão
Diz-se em ciência que uma pergunta respondida cria muitas outras que permanecem sem respostas. E trata-se de uma influência positiva, na medida em que conduz a descobertas futuras. Esse talvez seja o maior mérito da obra Olhos de Dragão — Reflexões Para Uma Nova Realidade, do mestre em educação Carlos Machado, lançado em 2001 através da Editora Aramis Chain. Machado se aventura por um caminho obscuro: a trilha do predador supostamente desconhecido, ao qual se atribui ataques e mortes de rebanhos inteiros em diversos pontos do planeta — o chupacabras ou Intruso Esporádico Agressivo (IEA), como prefere o autor.
Minucioso como deve ser o diário de um investigador, Olhos de Dragão relata dezenas de casos de ataques pesquisados in loco pelo autor no Paraná, São Paulo e Minas Gerais, nos anos de 1997 e 1998, e traça paralelos com episódios ocorridos em várias outras partes do Brasil e do exterior, notadamente no México e Porto Rico, onde teria nascido a crença no misterioso animal. Depois de ler Olhos de Dragão, o leitor certamente colocará em dúvida seus conceitos a respeito dos ataques, sobretudo se antes tinha apenas assimilado a impressão deixada pela mídia, que invocara a ação de onças e cães selvagens para justificar a matança inusitada de uma grande quantidade de animais.
Com a ajuda de veterinários inicialmente céticos, biólogos e laudos laboratoriais, Machado mostra que algo realmente insólito ocorrera com ovelhas, cavalos, patos, gansos e uma infinidade de outras espécies, animais misteriosamente encontrados mortos num padrão assustador. Na grande maioria eram fêmeas, amontoadas às dezenas da noite para o dia, com perfurações feitas por garras de precisão impressionante e sem marcas de sangue em qualquer parte — muito menos nas próprias feridas desses animais. Os interessados poderão obter a obra através de contato direto com seu autor, no endereço citado na entrevista.