Em uma manhã de fevereiro de 2013, tendo partido na noite anterior do Aeroporto de Lima, no Peru, cheguei à Ilha de Páscoa, ou Rapa Nui, como é chamada pelos nativos. Junto de minha equipe, passaria ali os próximos quatro dias explorando os mistérios do inusitado local. Não era nossa primeira viagem ao desolado arquipélago, apenas mais uma em que pretendíamos continuar a decifrar alguns mistérios pungentes que ali residem. O grande interesse decorre do fato, compartilhado por inúmeros ufoarqueólogos, de que a Ilha de Páscoa realmente é um dos pontos mais misteriosos do planeta.
Conforme informado pelo site da Unesco, “Rapa Nui tem um dos mais marcantes fenômenos culturais do mundo. Uma tradição arquitetônica e artística de grande imaginação e poder foi desenvolvida por uma sociedade completamente isolada de quaisquer influências culturais externas por mais de um milênio. Os remanescentes desta cultura misturaram-se com o ambiente ao redor para criar um panorama cultural sem igual”. Também se sabe que o local foi colonizado por volta do ano 300 da Era Cristã por polinésios, provavelmente vindos das Ilhas Marquesas, que trouxeram consigo uma sociedade da Idade da Pedra.
Todos os elementos culturais de Rapa Nui anteriores à chegada dos europeus indicam que nunca houve outros grupos no local. E continua o site da Unesco: “Entre os séculos X e XVI, a população da ilha se expandiu com assentamentos estabelecidos por praticamente toda a costa. O alto nível cultural daquela sociedade é mais bem conhecido por suas monumentais figuras de pedra, os moais, e também por uma forma de escrita pictográfica até agora não decifrada, conhecida como Rongorongo”.
Em tempos recentes, descobriu-se que o lugar enfrentou uma crise econômica e social no século XVI, devido à superpopulação e à deterioração ambiental. Isso resultou na divisão da população em dois clãs, envolvidos em lutas constantes. A classe guerreira que evoluiu dessa situação, com base nas pequenas ilhas no Mar de Orongo, deu origem ao chamado Culto Birdman, o qual suplantou a religião anterior e derrubou a maioria dos moais. O nome Ilha de Páscoa se deve ao fato de o lugar ter sido descoberto no domingo de Páscoa de 1722, por Jacob Roggeveen, da Companhia das Índias Ocidentais, que chegou por acaso ao local e lhe deu seu nome europeu. Rapa Nui foi anexada ao Chile em 1888.
Caprichos cerimoniais
Os aspectos arqueológicos mais importantes de Rapa Nui são certamente os já citados moais, que, acredita-se, sejam a representação de ancestrais sagrados que vigiavam os vilarejos e áreas cerimoniais — as esculturas variam entre 2 e 20 m de altura e a maioria foi feita de rocha vulcânica, por meio de picaretas simples de basalto conhecidas como tolis, que posteriormente foram baixadas pelas encostas em valas previamente cavadas. Alguns moais ainda estão incompletos nas pedreiras, fornecendo informações valiosas sobre o seu método de fabricação. Alguns têm grandes peças cilíndricas de pedra vermelha que lembram cocares, conhecidas como pukao, extraídas do pequeno Vulcão Punapao. Acredita-se que as peças cilíndricas denotem um status ritualístico especial. Há uma clara evolução estilística na forma e no tamanho dos moais, antes pequenos, de olhos e cabeça arredondados, para as mais conhecidas figuras, que são maiores e mais alongadas, têm dedos e narinas cuidadosamente esculpidos, orelhas longas etc.
Os santuários de Rapa Nui, conhecidos como ahu, variam consideravelmente em forma e tamanho, mas há algumas características constantes, como uma plataforma elevada e retangular feita de grandes pedras trabalhadas e preenchidas com cascalho, uma área nivelada em frente a ela e uma rampa frequentemente pavimentada com seixos redondos. Em alguns santuários há moais e em vários há tumbas, onde foram descobertos restos de esqueletos. Os ahu geralmente se localizam na costa, orientando-se de maneira paralela ao litoral. Embora se saiba que a Ilha de Páscoa foi primeiramente descoberta e habitada por volta do ano 300, os arqueólogos geralmente cogitam que a época de escavação e movimentação das estátuas ocorreu entre os anos de 1100 e 1680. Isso porque se baseiam na datação feita por carbono 14 na madeira, ossos e conchas que foram encontrados enterrados junto às estátuas e no interior das mesmas, na pedreira de Rano Raraku.
Atualmente, 887 estátuas de vários tamanhos — algumas gigantescas — foram inventariadas na ilha e a maioria permanece nos arredores da citada pedreira. Muitas estão inclinadas e outras caídas. Com frequência, estão enterradas a dezenas de metros em um solo movediço. Aqui, a grande questão é de onde veio esse solo, visto que as estátuas estão posicionadas contra as paredes de falésia da pedreira, que são desprovidas de solo. Quando um grande moai foi completamente escavado por arqueólogos, em 2011, muitas pessoas se espantaram, pois, a estátua era imensamente maior do que se supunha — tinha um corpo ainda maior sob o solo. Naturalmente, isso fez com que muitos especulassem sobre qual seria a idade daquelas estruturas. Teriam somente 400 anos ou seriam mesmo milenares?
Quando olhei minhas anotações e pensei sobre essa importante questão, pareceu-me possível que elas tivessem sido esculpidas pelos sumérios, que trouxeram a Taça de Fuente Magna para Tiawanaku, aproximadamente em 3000 a.C. Isso faria com que as estátuas tivessem impressionantes cinco mil anos de idade. Embora há cinco séculos existam pessoas vivendo próximo aos moais, deixando toda sorte de materiais datáveis para análises posteriores, isso não quer dizer que necessariamente as tenham feito — os moais poderiam já estar ali, tão enigmáticos àquela época quanto o são hoje.
Chegada dos holandeses
O citado Jacob Roggeveen, descobridor oficial da ilha, disse em seus livros de bordo que desembarcou em um local habitado por polinésios e que alguns deles tinham a pele clara e cabelos avermelhados, semelhantes aos europeus. Segundo sua avaliação, a população total girava em torno de cinco mil habitantes que se vestiam com simplicidade e viviam em cabanas de junco. Seriam os habitantes de Rapa Nui ruivos naturais? Muitos moais vistos por ele tinham uma espécie de topete vermelho, que simboliza seus longos cabelos amarrados no topo da cabeça com um nó. Esse penteado ainda é utilizado por mulheres do mundo todo e por homens santos da China e da Índia, onde são chamados de sadhus. Também é dito que os vikings arrumavam seus cabelos dessa forma.
Infelizmente, o primeiro contato com os recém-chegados foi marcado por um incidente sangrento. Roggeveen, no comando de 150 homens, ficou alarmado com a grande curiosidade dos ilhéus e com sua aberta propensão ao roubo. Assim que os habitantes da ilha se aproximaram de seus homens — aparentemente por curiosidade, e não para causar danos — o capitão ordenou que atirassem na multidão, matando alguns nativos. Eles se dispersaram, muito assustados com o barulho, e mais tarde voltaram com presentes, à guisa de recompensa. Também ofereceram suas mulheres e filhas para sexo. Os habitantes de Rapa Nui já conheciam o valor de tal oferta e tornou-se comum nos contatos anteriores que as mulheres nadassem até os navios e subissem a bordo para dançar e fazer sexo com os marujos — os homens deveriam esperar na costa para roubar o que pudessem quando os estrangeiros chegassem à ilha para visitas.
Após o encontro inicial, foi permitido ao holandês que andasse livremente pela ilha. Foi quando ele viu pela primeira vez as estátuas gigantes, as quais aparentemente já estavam caídas e jaziam no chão. Algumas delas, na citada pedreira de Rano Raraku, porém, permaneciam em pé. Roggeveen não pôde acreditar que aquelas grandes figuras pudessem ter sido esculpidas em rochas e pensou que fossem feitas de barro e preenchidas com pedras. Mesmo intrigado com o que viu, o holandês partiu de Rapa Nui e não foram realizadas outras expedições ao local por quase 50 anos. Em 1770, a Ilha de Páscoa foi visitada por dois navios espanhóis e, três anos depois, pelo Capitão Cook, que escreveu compassivamente sobre o arquipélago. Ele também ficou maravilhado com enormes estátuas e impressionado com as implicações sobre a civilização que as havia construído.
A escrita Rongorongo
Outro mistério da ilha é o estranho manuscrito de Rongorongo. Pouco é conhecido sobre o texto, que inclui formas pictográficas e geométricas. Também há nele figuras de um homem-pássaro com os braços e pernas em várias posições. O manuscrito foi feito no padrão bustrofédon de escrita, no qual as linhas são lidas sucessivamente, como um arado de boi, ou seja, alternando-se da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. De acordo com estudiosos, algumas formas de grego antigo, como o dórico, eram escritas nesse padrão, assim como os idiomas etrusco, sabino, safaítico, hitita e possivelmente a escrita do Vale do Indo, como os de Harrapa e Mohenjo Daro.
O texto foi reportado primeiramente por Eugene Eyraud, um missionário francês que esteve no local em 1864 e mandou algumas amostras ao arcebispo do Taiti, pois reconhecia a significância de uma linguagem escrita em desenvolvimento em uma pequena e remota ilha do Pacífico Sul, o que era contra todas as teorias aceitas na época. O que se pensava, de maneira geral, era que somente povos que tivessem contatos com diferentes culturas poderiam dar origem a uma civilização de alto nível, que incluísse comunicação escrita. Supôs-se que na Ilha de Páscoa havia uma cultura que, independentemente do resto do mundo, desenvolveu a escrita, a arte e a construção megalítica. A percepção de que poucas centenas de pessoas poderiam criar tudo isto sem a ajuda do mundo exterior foi, e ainda é, perturbadora.
Os aspectos arqueológicos mais importantes de Rapa Nui são os moais, que são a representação de ancestrais sagrados que vigiavam os vilarejos e áreas cerimoniais. As esculturas variam entre 2 e 20 m de altura e a maioria é de rocha vulcânica
O escritor e pesquisador polonês Igor Witkowski fez uma avaliação da escrita Rongorongo em seu livro Axis of the World [Eixo do Mundo, Adventures Press, 2008]. Ele descreve que Rapa Nui é um dos locais mais isolados e remotos do mundo e que se trata de uma ilha muito pequena, do tamanho de um bairro, quase desprovida de recursos — não obstante, seus habitantes teriam criado um sofisticado sistema de escrita. “É um marco indiscutível para o desenvolvimento humano que, por exemplo, isso não tenha acontecido na América do Norte, mesmo que o povoamento daquele continente tenha ocorrido há muito tempo. Não há algo errado com este cenário?”, questiona Witkowski.
Existem aproximadamente 25 artefatos genuínos conhecidos que possuem símbolos Rongorongo e sabe-se que existem cerca de 14.000 grifos individuais em todo o corpo da escrita. No início dos anos 60, foram percebidas algumas semelhanças da escrita Rongorongo com a do Vale do Indo. O fato extraordinário é que ela é muito semelhante, senão idêntica, àquela antiga linguagem não decifrada. O que mais chama a atenção é que a distância entre os dois locais é a maior possível.
Um mistério que se intensifica
Atualmente, acredita-se que a escrita de Mohenjo Daro esteja relacionada ao antigo Período Dravidiano, sendo que fragmentos desse idioma ainda existem no sul da Índia, no idioma Tamil. Um artigo na revista Scientific American, de março de 1983, escrito por Walter Fairservis Júnior e intitulado The Scripts of the Indu Valley Civilization [Os Escritos da Civilização do Vale do Indo], descreve as tentativas do autor para decifrar o texto. Significativamente, Fairservis alega que existem 419 sinais diferentes e que a escrita não é nem alfabética como o sânscrito ou o inglês e tampouco logográfica como a língua chinesa, mas sim logossilábica — alguns sinais representam palavras e outros possuem valor simbólico ou representam sons. O autor diz que outros exemplos de tal escrita são representados pelos hieróglifos egípcios, pelos ideógrafos sumérios e pelo japonês moderno. Além disso, notou-se que alguns símbolos da antiga Dinastia Shang, de 1600 a 1046 d.C., encontrados em um “oráculo de osso” da China central, também são similares ao Rongorongo.
Outro objeto curioso que apresenta inscrições é a Taça de Fuente Magna, que atualmente se encontra no Museu do Ouro e Metais Preciosos, em La Paz, na Bolívia. A taça foi encontrada próximo à Tiawanaku e apresenta escritos cuneiformes sumérios, bem como hieróglifos sumérios antigos, que eram utilizados antes da escrita cuneiforme. Aparentemente, o objeto data de 3000 a. C. Teriam os navegantes sumérios e do Vale do Indo começado a realizar viagens através do Oceano Pacífico por volta de 5 mil anos atrás? Teriam trazido com eles uma complicada forma de escrita, que permaneceu ao longo da história em uma pequena ilha, nas placas de Rongorongo? E por que não voltaram?
Os habitantes esperaram pacientemente, ano após ano, o retorno dos grandes navios, mas eles não vieram — ou, talvez, alguns o tenham feito. Os polinésios, em suas grandes viagens épicas, como aquelas para o Havaí, podem ter conseguido chegar à Ilha de Páscoa. A Ilha de Pitcairn, a mais próxima de Rapa Nui, ao norte, não era habitada quando os amotinados de Bounty ali se estabelec
eram, porém havia evidências de estátuas também em Pitcairn. O lugar pode ter servido como um ponto de parada entre o Taiti e a Ilha de Páscoa. Mas a grande questão é se houve contato com a América do Sul. As principais correntes de estudo dizem que não, embora alguns estudiosos, como Thor Heyerdahl, afirmam que sim.
Continente submerso?
A Ilha de Páscoa pode ter sido descoberta há cinco mil anos, ainda que a datação de carbono mais antiga seja do ano 300 de nossa era. A maioria dos sítios está próxima ao oceano e pode ter sido banhada ou destruída pelas ondas, ao longo dos milhares de anos em que os homens estiveram na ilha. Poderia um cataclismo marítimo ter enterrado as estátuas na lama e na sujeira por volta do ano 300? Sabe-se que a Polinésia foi habitada muitos milhares de anos antes — há evidências humanas em Tonga desde antes do ano 1000 a.C., de acordo com a datação da cerâmica Lapita, encontrada no local.
Em seu fascinante livro Fantástica Ilha de Páscoa [Bertrand, 1965], Francis Maziere explora as lendas sobre as estátuas e a Terra Perdida de Hiva. Maziere conseguiu conversar com um portador de hanseníase moribundo, chamado Gabriel Veriveri, que supostamente foi o último iniciado nos segredos da Ilha de Páscoa. Veriveri disse a Maziere que “o Rei Hotu-Matua veio à Rapa Nui em duas canoas. Ele desembarcou em Hangaroa, mas deu à baía o nome de Anakena, porque era o mês de julho”. Ele fez notar que os ventos sopram da Polinésia para a Ilha de Páscoa nos meses de julho e agosto. Contou Gabriel Veriveri:
“O país do rei Hotu-Matua era chamado de Maori, que, no dialeto da Nova Zelândia, significa ‘povo comum’, e ficava no continente de Hiva. O local onde ele vivia se chamava Marae-Rena, e o rei percebeu que o local estava lentamente afundando no mar. Então, chamou toda a sua gente, homens, mulheres, crianças e velhos, e os colocou em duas grandes canoas. O rei viu que o desastre estava perto e quando as duas canoas alcançaram o horizonte, ele observou que toda a terra havia afundado, exceto uma pequena parte chamada Maori”.
Em seu livro, Maziere ainda diz: “A tradição é clara em citar que houve um cataclismo. Parece que o continente ficava no vasto território que se estendia até o Arquipélago de Tuamotu, no que hoje é, em sua maioria, a Polinésia Francesa, até o noroeste da Ilha de Páscoa. Outra lenda, registrada por Aure Aviri Porotu, o último homem instruído do local, diz que “a Ilha de Páscoa era um país muito maior, mas por causa dos pecados de seu povo, Uoke a derrubou e a partiu com um cajado”. Nesse caso, também temos um cataclismo descrito.
Sinais do cataclismo
Um aspecto mais importante é que, de acordo com a tradição, Sala-y-Gomez, que é uma pequena ilha a algumas centenas de quilômetros de Páscoa, fez parte dela anteriormente, e seu nome Motu, que é Motiro Hiva, significa “pequena ilha perto de Hiva”. Assim, temos três sinais que apontam para o cataclismo — mas a geologia atual ainda não reconhece quaisquer grandes perturbações naquela parte do mundo, pelo menos não durante o período da existência humana.
Maziere prossegue dizendo que dois fatos descobertos recentemente fazem a possibilidade de um continente submerso parecer justificável. “Quando o submarino norte-americano Nautilus fez sua viagem ao redor do mundo, chamou atenção a presença de um pico muito elevado, ainda não identificado, embaixo d’água, próximo à Ilha de Páscoa”, escreveu Maziere. Além disso, durante seus estudos recentes para o Instituto de Recursos Marinhos e para a Universidade da Califórnia, o professor H. W. Mesnard não somente falou sobre uma zona de ruptura importante nas vizinhanças da Ilha de Páscoa, paralela ao Arquipélago das Marquesas, como também sobre a descoberta de um banco ou monte de sedimento.
O livro de Maziere foi lançado quatro anos antes da teoria revolucionária das placas tectônicas mudar a geologia para sempre. Era claro, na época, e também parece ser hoje, que os geólogos não aceitam uma perturbação cataclísmica naquela parte do mundo. Os antropólogos tradicionais simplesmente ignoraram as lendas dos nativos, declarando que eles vieram do Taiti, possivelmente após uma guerra algumas centenas de anos antes de os europeus os visitarem. Mistérios como a escrita Rongorongo e a incrível plataforma de pedra de Vinapu também são ignorados.
Estátuas que andam
Maziere, então, discute a lenda dos sete exploradores que foram enviados para encontrar “o umbigo do mundo”, como a ilha também é conhecida, e que deveriam retornar e guiar as duas canoas gigantes em segurança para Rapa Nui. Estranhamente, ele observou que nas Marquesas, onde algumas ilhas realmente têm o nome de Hiva, não há nenhuma lenda sobre um continente submerso. Ele cita, então, que o velho Veriveri contou a ele a lenda de que a Ilha de Páscoa já era habitada “por homens muito grandes, mas não gigantes, que viviam ali muito antes da vinda de Hotu-Matua”. Seriam extraterrestres?
Parece muito claro que tudo isso se trata de uma lenda baseada em analogias e em mitos. Mas, de fato, também parece ter algum fundamento. Há a concepção de Hiva como uma alegoria para um mundo espiritual, para onde vão indivíduos em transição. Por outro lado, a lenda parece denotar um lugar físico, uma terra ancestral submersa por uma catástrofe — seria esse evento, então, o real afundamento de alguma ilha há milhares de anos? Ou melhor, seria o afundamento final, talvez há poucos milhares de anos, da última parte de uma grande área que tenha permanecido acima da superfície? Maziere pensa que os últimos remanescentes da ilha chamada de Terra de Davis foram submersos por volta de 1600. Em seu livro, ele propõe a Terra de Davis como uma grande massa de terra, estendendo-se da Ilha de Páscoa até a Península de Baja California, no México.
Outro intrigante mistério da ilha é o estranho manuscrito de Rongorongo. Pouco é conhecido sobre o texto, que inclui formas pictográficas e geométricas. Também há nele figuras de um homem-pássaro com os braços e pernas em várias posições
Outra intrigante questão envolvendo a Ilha de Páscoa diz respeito ao transporte dos moais desde a pedreira onde foram esculpidos até sua localização final. Há todo o tipo de teorias envolvendo o assunto e aqui vamos ex
plorar algumas delas, vendo quais fazem sentido e quais explicam apenas parte do mistério. Lembrando ao leitor que as estátuas pesam, em sua maioria, mais de 20 toneladas.
A tese que diz que as estátuas foram roladas sobre troncos ou carregadas por trenós encontra um problema sério em relação ao local — a ilha é tão pedregosa que seria impossível rolar qualquer coisa pelo terreno, com ou sem estátuas. O autor Jean-Michel Schwartz relatou em seu livro The Secrets of Easter Island [Os Segredos da Ilha de Páscoa, Avon Paperback, 1975] acreditar que as estátuas não foram movidas por rolamentos de madeira ou trenós, mas sim utilizando-se cordas ao redor delas, o que faria com que as estátuas “andassem”, da mesma forma que alguém poderia mover uma geladeira inclinando-a por um lado, movendo a porção levantada para frente, baixando-a novamente etc. Por este método, as estátuas poderiam realmente andar pela ilha com certo balanço.
Posteriormente, um engenheiro mecânico tchecoslovaco chamado Rimbaud Pavel recriou esse método, em conjunto com Thor Heyerdahl. Com auxílio de 20 homens, eles amarraram cordas ao redor de uma estátua e a inclinaram de um lado para outro, enquanto a impeliam para frente com a corda, em uma pequena variação do método de Schwartz. Funcionou, mas de maneira extremamente lenta. Foi uma teoria muito engenhosa, que levou em consideração as lendas das estátuas andantes, mas teria realmente sido esse o método utilizado?
“Geladeira”
Recentemente, a revista National Geographic colocou a teoria da “geladeira andante” como a matéria principal do volume de julho de 2012. A publicação dá a seguinte sequência de teorias sobre como as estátuas foram movidas. Primeiro, Heyerdahl e sua equipe movem uma estátua em um trenó de madeira rústico, puxado por uma corda. Em segundo lugar, há a teoria de William Mulloy de balançar a estátua para frente em um movimento montado com cordas. Em terceiro está a teoria de virar e girar com cordas em pé, de Pavel. Em quarto, a ideia dos rolamentos de madeira e de trenó de Charles Love. Em quinto, o trenó sobre a escada-matriz de madeira de Jo Anne Von Tilburg. Finalmente, sexto, a demonstração de Terry Hunt e Carl Lippo de uma nova versão da teoria da “geladeira andante”.
Podemos colocar as explicações dos arqueólogos modernos para a movimentação das estátuas em duas categorias essenciais. A primeira seria mover as estátuas de costas ou de frente em trenós. E a segunda seria movê-las em pé, como uma geladeira. Todas as propostas se baseiam claramente nessas duas maneiras de pensar e Heyerdahl é líder em ambas, tendo pulado para a teoria de Schwartz-Pavel no início dos anos 80.
Porém, fica claro que os investigadores, quando confrontados com o problema de movimentar estátuas de 20 toneladas por toda a extensão da ilha, viram que movê-las em algum tipo de trenó, de costas ou de frente, seria a forma mais fácil de fazê-lo, quando considerados os métodos rudimentares que supomos terem sido utilizados. Assim sendo, arrastá-las morro abaixo e pelos campos em um aprazível dia de chuva, em trenós, parece algo que pode ter sido realizado com alguns homens capacitados e um bocado de força para dar energia ao projeto. Como a ilha é muito pedregosa, estradas e vias limpas deveriam ser providenciadas.
Algumas questões surgem naturalmente. Por exemplo, por que aquelas pessoas estavam tentando mover estátuas gigantes, pesando até mais de 40 toneladas? Seriam eles engenheiros e arquitetos magníficos que, após construírem todo o tipo de monumentos, talvez em outras ilhas, simplesmente pensaram que deveriam esculpir uma cratera vulcânica em centenas de estátuas gigantes e então mover um terço delas pela ilha, para protegê-la de alguma catástrofe vindoura, talvez semelhante a outra, ocorrida anteriormente?
E, claro, há ainda a tese defendida com certa determinação por adeptos da Teoria dos Antigos Astronautas, a mesma teoria que, segundo eles, explicaria muitas outras misteriosas e gigantescas construções megalíticas em outras partes do mundo. Para estes estudiosos, os anunnaki, ou “aqueles que do céu vieram à Terra”, que se fizeram presentes em tantos pontos do planeta, sendo vistos e adorados como deuses, são os responsáveis se não pela construção, pelo menos pela concessão da ideia e das ferramentas para se erigir os moais. Sim, seres extraterrestres e suas máquinas esplendorosas teriam estado presentes no processo.
Perguntas sem respostas
Continuando nossa aventura pelo local, seguimos uma trilha na encosta do vulcão com uma dúzia de moais de 6 m de altura ao redor, enterrados até a cintura ou o peito — um dos moais escavados por Heyerdahl, em 1956, tinha um navio mastreado talhado em seu estômago. Ele acreditou que se tratava de uma embarcação antiga, utilizada por exploradores vindos do Peru. Outros dizem que se trata de um antigo entalhe de um navio europeu que visitou a ilha. O único problema com essa explicação é que o entalhe só foi descoberto após Heyerdahl escavar o solo ao redor. Parece que os vários metros cúbicos de terra que foram depositados sobre o desenho levaram centenas de anos para se acumular.
A impressão que se tem é a de que as estátuas parecem ter se situado originalmente na encosta, da mesma maneira que se encontram atualmente, e têm de 12 a 15 m de altura. De fato, algumas se erguem a uma altura equivalente a um prédio de sete andares e, as maiores, ainda nas pedreiras, têm mais de 21 m de altura. Assim sendo, o entalhe do navio na barriga de uma delas poderia ser bem mais antigo que a descoberta da ilha, em 1722. A estátua, em si, parece ser séculos mais velha.
Chama a atenção o fato de que a cratera e as estátuas ao redor dela são muito diferentes dos moais e das ruínas que cercam o restante da ilha. Enquanto os moais erguidos em plataformas, nos limites da ilha, foram colocados lá para protegê-la, o propósito das estátuas ao redor da cratera foi outro. Muitos pesquisadores acreditam que as imagens ali estavam esperando para serem movidas, para “andar” para sua plataforma ahu, em algum outro lugar da ilha.
Manchas de líquen
Também chama a atenção as grandes manchas de líquen em todas elas — ele se alimenta da pedra viva e cresce muito lentamente. São fragmentos de polegada em centenas de anos. A idade das pedras algumas vezes é estimada por meio do tamanho de seus fragmentos de líquen. Um fragmento grande poderia sugerir que estas estátuas possuem milhares de anos. Em uma tentativa de checar isso, mediu-se o lí
;quen de uma rocha virgem, não esculpida, e ele era apenas ligeiramente maior do que os encontrados nas estátuas.
A Ilha de Páscoa pode ter sido descoberta há cinco mil anos, ainda que a datação de carbono mais antiga seja do ano 300 de nossa era. A maioria dos sítios está próxima ao oceano e pode ter sido destruída pelas ondas ao longo dos milhares de anos
Em Orongo procurei pelas estátuas de Rikiriki, que significa “muito pequeno” no dialeto Rapa Nui, e seu respectivo ahu nos penhascos ao sul, ao longo de Rano Kau. Em 1889, William Judah Thomson visitou a Ilha de Páscoa a serviço do Instituto Smithsonian e escreveu em seu artigo Te Pito Te Henua, The Easter Island [Te Pito Te Henua, A Ilha de Páscoa], que Rikiriki Ahu era uma estátua no extremo sudoeste da ilha, colocada no meio do caminho entre o mar e o topo, na face de um penhasco com mais de 300 m de altura. Thomson declara que havia 16 estátuas menores na plataforma e que elas pareciam estar em excelente condição. Diz também que não foi encontrado qualquer caminho que levasse a elas.
Parece impossível que as estátuas tenham “andado” ou até mesmo rolado até aquela posição. Muito mais intrigante é que nenhum sinal dessa plataforma ou das imagens foi encontrado desde então, embora a viajante britânica Katherine Routledge tenha reportado, em 1919, que elas se encontravam no fundo do penhasco, possivelmente na água. Muitos pesquisadores, entretanto, se questionam agora se este ahu existiu algum dia.
A muralha de Vinapu
Quando o explorador francês Jacques Cousteau foi à Ilha de Páscoa, realizou várias investigações importantes. Uma delas foi mergulhar no local, à procura de estátuas e outros artefatos no oceano — ele acreditava que a presença de estátuas no mar poderia provar a teoria de que as gigantescas figuras foram movidas utilizando-se balsas. Não encontrou nenhuma. A única coisa fora do comum que descobriu foram túneis embaixo d’água, os quais teorizou serem de origem vulcânica.
Cousteau menciona que a datação de carbono mais antiga na ilha é do ano 690, em um local bem desenvolvido, o que indica que o estabelecimento da habitação pode ser ainda mais remoto. Também notou que as canções da ilha eram remanescentes das canções épicas da China e da Índia, e que os ilhéus praticaram a cremação dos mortos até a madeira se tornar escassa. Outras culturas ancestrais, como os hindus, os atonistas [Adoradores de Aton] do Egito e os cristãos nestorianos, também faziam a cremação dos mortos. Os nestorianos formavam um braço do Cristianismo nascido no século V, segundo o qual há em Jesus Cristo duas pessoas distintas, uma humana e outra divina, completas de tal forma que constituem dois entes independentes. A doutrina surgiu em Antioquia e manteve forte influência na Síria. É sustentada ainda hoje pela Ordem Rosacruz e outras doutrinas ligadas à Gnose.
Nosso grupo foi para as famosas ruínas de pedra de Vinapu, no final da grande pista do aeroporto — longa o bastante para pousos e decolagens e para muito vai e vem em caso de emergência. Vinapu é um local-chave para se desvendar os mistérios da Ilha de Páscoa. O lugar consiste em uma muralha parcialmente destruída de construção megalítica, que é única na ilha, mas não no mundo. A parede principal é formada por enormes lajes colocadas de maneira habilidosa. Parei em frente à muralha, genuinamente maravilhado pela construção, que não é apenas similar, mas idêntica às de Cuzco, Machu Picchu, Sacsayhuaman e Ollantaytambo, nos Andes do Peru.
Pedras fundamentais
Assim como as construções citadas, a Muralha de Vinapu é perfeitamente moldada pelo encaixe de pedras de formato irregular, tem beiradas arredondadas e espaços preenchidos por pequenas pedras triangulares. A construção nos Andes também pode ser descrita da mesma maneira, com blocos poligonais que foram arredondados e polidos, perfeitamente cortados e assentados, com pequenas pedras fundamentais colocadas na muralha para torná-la à prova de terremotos. Trata-se da mais sofisticada técnica de construção do mundo, não reproduzida até hoje.
Frequentemente se alega que a construção de Vinapu é idêntica a de Tiawanaku, embora esta não apresente as paredes empilhadas, as quais são encontradas principalmente em Cuzco. Porém, muralhas arredondadas ou feitas por empilhamento podem ser encontradas nas ruínas de Sillustani e Cutimbo, ambas em mesas — montanhas de topo plano — próximas ao Lago Titicaca, sobre as quais é geralmente dito serem de origem Tiawanaku.
Provavelmente, a confusão começa a partir do consenso geral de que Tiawanaku é uma construção do período pré-inca e tem milhares de anos. Geralmente, os acadêmicos alegam que as grandes ruínas encontradas no Peru, muitas na vizinhança de Cuzco, uma cidade ainda viva, foram construídas pelos incas há poucas centenas de anos. Como a construção das ruínas de Vinapu é idêntica, surge a improvável ideia de que os incas tenham construído a plataforma.
A resposta é mais simples do que parece. De fato, os incas construíram grandes cidades e foram excelentes artífices em pedra e suas construções são feitas com pequenos blocos retangulares, assentados perfeitamente juntos. Esse tipo de parede pode ser visto em Cuzco e em outros locais no topo dos antigos e grandes prédios poligonais. A construção da qual estou falando, encontrada na Ilha de Páscoa e nos Andes peruanos perto de Cuzco, ambos os lugares chamados de “umbigo do mundo”, aparentemente foram erguidas pelo mesmo misterioso povo pré-inca. Levando-se em consideração o crescimento do líquen na muralha de Vinapu, me aventuraria a dizer que eles viveram há milhares de anos.
Cidades no alto dos Andes
Não há dúvida de que os incas moraram em antigas cidades no alto dos Andes. Elas ainda são habitadas atualmente, mas não pelos incas. Esse tipo de construção é tão sólido que facilmente permanecerá ao longo da civilização. Quando culturas errantes descobrem as gigantescas muralhas remanescentes de uma cidade desabitada, parece natural que as ocupem, que coloquem um teto sobre as estruturas e que passem a chamá-la de lar. Segundo muitos arqueólogos, especialmente os peruanos, foi isso o que aconteceu com os incas. As diferentes fases da construção são aparentes, sendo que a mais refinada é a mais antiga.
Andei ao redor da muralha e examinei sua construção. E foi quando olhei cuidadosamente para cada bloco que percebi algo que confirmou minhas suspeitas sobre os construtores daquela maravilhosa estrutura antiga. Em Ollantaytambo, Sillustani, Cuzco e em outros locais nos Andes, muitos dos grandes blocos poligonais possuem estranhos puxadores, cuja função nunca foi esclarecida. E ali, no canto sudoeste da muralha, também encontrei um puxador como aqueles dos Andes — aquele canto também era arredondado e, de fato, assim o era toda a face da muralha, novamente como nos Andes.
E, claro, há ainda a tese defendida com certa determinação por adeptos da Teoria dos Antigos Astronautas, a mesma teoria que, segundo eles, explicaria muitas outras misteriosas e gigantescas construções megalíticas em outras partes do mundo
Os níveis superiores da plataforma e uma parte do centro desabaram. É óbvio que a estrutura foi utilizada como plataforma e que um moai coroava seu topo. As pedras ao redor da estátua são de construção rústica, idênticas às do restante da ilha. Pode-se concluir que aquela era muito mais velha do que as outras plataformas do local e que não fora construída originalmente para ser um ahu para um moai. Qual seria sua finalidade, então?
Presume-se que Vinapu foi parte do propósito original da Ilha de Páscoa, juntamente com as estátuas gigantes em Rano Raraku e seu local cerimonial. Os outros moais e plataformas foram construídos mais tarde, talvez em um esforço para convocar os ancestrais que abandonaram a ilha ou para protegê-la, como diz a lenda. Relembremo-nos das lendas de Atlântida e do Império Rama. A escrita Rongorongo mostrou-se idêntica à escrita do Vale do Indo, encontrada nas antigas cidades do Império Rama, como Mohenjo Daro, Harappa e Lothal. As lendas de Rapa Nui compartilham com o sânscrito a mesma palavra de poder mental, mana.
Entrementes, na Índia temos contos de fantásticas batalhas, máquinas voadoras e uma tecnologia e cultura que, em vários aspectos, supera a nossa. Tal como fazemos atualmente, aquelas pessoas tinham a capacidade de viajar pelo mundo, pela terra e pelo ar. E parece, de fato, que elas o fizeram. Conta-se que os vimanas eram capazes de subir e pousar verticalmente, como um helicóptero, um dirigível ou um disco voador. Porém, a ideia de uma rede mundial de pistas de pouso de vimanas, estendendo-se da Índia Antiga até a grande plataforma de Baalbek, no Líbano; de Ábidos, no Egito, até Sacsayhuaman; do Peru até, ouso dizer, a Ilha de Páscoa, é tentadora. Poderia a plataforma de Vinapu ser o que resta de uma antiga pista de pouso de um disco voador? A ideia parece incrível.
O Museu de Hanga Roa
A última parada foi no Museu Arqueológico de Hanga Roa. O grupo caminhou até o museu, na parte final da cidade. Lá percebe-se que a área de forte perturbação magnética em Rano Aroi era uma formação basáltica, em um mapa geológico da ilha. Faz sentido, pois o basalto torna-se permanentemente magnetizado pelo campo magnético da Terra, quando se resfria. Também se vê ali uma esfera de pedra perfeitamente redonda, com o tamanho de uma bola de softball, em uma vitrine de vidro com outros artefatos de pedra. A descrição diz que não se sabe qual é sua serventia. Seria a representação de uma sonda ufológica?
Também se vê lá uma cabeça negroide, encontrada em 1973 em Rano Raraku, chamada de Moais Maea — é muito menor do que a maioria dos moais e suas características são muito diferentes da aparência africana. Cabeças similares foram encontradas no México. Também há uma estátua incomum de uma mulher, com seios e um crânio muito alongado, como os encontrados em Paracas, no Peru, e em certos locais da Bolívia. Idem, também há uma cabeça de alienígena, com olhos arredondados e apenas dois buracos servindo como nariz, que foi escavada em algum lugar da ilha em 1960. Porém, que não havia sido exposta pelo museu até cinco anos atrás.
As estátuas kava kava também são interessantes. São pequenos entalhes de madeira de centenas de anos, que aparentam ser de um homem magro, um esqueleto vivo. Segundo as lendas, o rei caminhava pela ilha uma noite e teve a visão de dois homens kava kava deitados no chão — eles apareceram para o rei tal como estão retratados atualmente e geralmente é dito que um kava kava é um espírito. Olhando para aquela imagem diminuta, quase mutante, poderia se dizer que possui uma grande semelhança com pessoas que estão morrendo por ação de radiação.
Isso remete aos chocantes contos da guerra nuclear do Mahabharata, o antigo texto dravidiano da Índia pré-ariana. Com as possíveis ligações do Império Rama com a escrita Rongorongo, a plataforma de Vinapu e mesmo com palavras indo-dravidianas como mana, seria possível que aquelas imagens fossem uma bizarra lembrança das vítimas de radiação em uma guerra global na pré-história? Seguindo a linha de raciocínio de Heyerdahl sobre as culturas transoceânicas que realizavam viagens frequentes e perigosas através dos oceanos Pacífico e Índico, seria a imagem de algum marinheiro faminto vindo do Peru ou do Taiti, que tenha passado meses sem avistar nenhuma ilha?
Mais perguntas sem resposta
Alguém deveria ter mapeado aquele continente na pré-história, como evidenciado pelo mapa de Piri Reis, no Museu de Topkapi, em Istambul. Quem eram os gigantes altos e de cabelos avermelhados em Rapa Nui, que prendiam seus longos cabelos no alto de suas cabeças barbadas? Defensores da Teoria dos Antigos Astronautas acreditam que eram descendentes de seres extraterrestres.
Como se sabe, a Ilha de Páscoa já era uma cultura em declínio na época da chegada europeia ao local. Quando os primeiros exploradores foram à ilha, a população vivia em cabanas de junco. Mesmo assim, alguém construíra os blocos de pedra megalíticos de incrível perfeição que estão em Vinapu. Seria a precisão dos trabalhos em pedra de Vinapu o resultado do uso de poderosas ferramentas, como presumimos serem as que foram utilizadas em Tiawanaku e Puma Punku? Seria a escrita Rongorongo a mesma linguagem escrita do Império Rama? Obter estas respostas seria fantástico e demandaria reescrever a história.
É possível que Rapa Nui fizesse parte de um continente afundado no Pacífico e que as estátuas estejam, hoje, no que já foi o topo de uma montanha que tenha sobrevivido a um cataclismo ocorrido há aproximadamente dez mil anos ou mais. Outra possibilidade é a de que a ilha já tenha sido maior e que fosse usada como base por navegadores dos impérios Rama e Sumério, por volta do ano 3000 a.C. Um cataclismo teria destruído a ilha e, talvez, também Tiawanaku entre 2000 a.C. e 1000 a.C. Mas as viagens através do Pacífico continuaram depois do cataclismo e, por volta do ano 300, os polinésios que chegaram para colonizar o local começaram a reerguer as estátuas e a construir alguns locais pós-megalíticos, como Orongo e muitos dos ahu menores.
Por fim, há a possibilidade de os polinésios terem chegado por volta do ano 300 e terem começado as muitas construções megalíticas em uma ilha não habitada anteriormente — presume-se que um tsunami atingiu o local entre os anos 900 e 1200 e enterrou as estátuas. Algumas foram reerguidas nos limites da ilha, com faces voltadas para o interior, para proteger seus habitantes contra outros desastres.
Quando se está em Rapa Nui, tem-se a sensação de que tudo é incrivelmente antigo. A estranha escrita Rongorongo e sua ligação com a Índia faz pensar que o cenário mais provável seja o segundo — alguma terrível catástrofe atingiu a Ilha de Páscoa há muitos milhares de anos, talvez em 900 a.C. Posteriormente, chegaram os polinésios e outros desastres ocorreram, alguns induzidos pela ação humana. Outros, porém, produzidos pela Mãe Natureza e seu incrível poder. A Ilha de Páscoa também pode ter sido atingida por vários tufões e tsunamis ao longo de seus milhares de anos. A pergunta é: quantos cataclismos destrutivos aquelas estátuas viram? Talvez mais de um. Enfim, Rapa Nui é um grande tesouro arqueológico mundial, cujos segredos talvez pertençam apenas ao futuro. Ou se escondem no seio da Ufologia…