O primeiro período da década de 70, época obscura da política brasileira, quando a ditadura militar implementava suas maiores atrocidades contra aqueles que teimavam em seguir caminhos contrários aos rumos determinados pelo então presidente Médici e seus políticos colaboradores, coincidiu com a conturbada adolescência da Ufologia Brasileira. As práticas religiosas ditadas pela Igreja Católica Apostólica Romana eram rigidamente cumpridas no maior país católico do mundo, sendo o catolicismo oficialmente reconhecido como a religião do Brasil, a única a ser ministrada no ensino religioso das escolas públicas. Quem colocasse esses pressupostos divinos em questão seria queimado vivo na inquisitória fogueira da ignorância pública e condenado ao ostracismo.
Nesse contexto, surgem no país as primeiras obras de impacto que levantariam graves suspeitas sobre o que estava estampado nas escrituras sagradas do cristianismo. Como uma adolescente indócil e rebelde, em plena produção hormonal, a Ufologia Brasileira, através do ufólogo Fernando Cleto Nunes Pereira, em seu livro A Bíblia e os Discos Voadores, atingira em cheio os principais alicerces da igreja, repetidos e pregados exaustivamente séculos a fio por seus evangelistas. Tal qual um vendedor de balas que oferece uma guloseima nova a uma criança ávida por novidades, Pereira ousara chamar-nos à leitura de novos pontos de vista sobre o que realmente dizia a Bíblia, com uma frase que, neste momento, a roubaremos para finalizar a introdução de nossas espinhosas e ousadas afirmações a respeito das relações entre os Evangelhos e a Ufologia: “Aqueles que seguirem com muito afinco uma religião de cunho cristão, não deverão ler esta obra”.
Hoje, assistimos a calorosas discussões na mídia sobre o que alguns novos teólogos expressam em suas obras literárias, as quais causaram grande furor nos meios religiosos. Essas obras estão, curiosamente, apenas no final do século passado e início desse terceiro milênio, remexendo e questionando o que sempre foi dito em missas e cultos cristãos durante esses dois mil anos. Principalmente no que se refere aos Evangelhos apócrifos, as discussões estão se acirrando. Entretanto, ao que nos parece, esse reaquecimento filosófico curiosamente ainda não chegou, pelo menos publicamente, às raias da Ufologia, que é o que pleiteamos agora. Talvez o rumo das pesquisas seja estrategicamente guiado para passar à margem de conceitos considerados indesejáveis à luz dos auto-intitulados escolhidos de Cristo, mas não é essa questão que queremos levantar no momento.
Algumas dessas novas discussões giram em torno de afirmações levantadas sobre a impossibilidade de Ana, mãe de Maria, ter filhos, sobre a virgindade ou não de Maria, das posses nada modestas de Joaquim, avô de Jesus, das visitas freqüentes dos anjos em determinadas épocas a esses escolhidos, sobre os pequenos milagres de Cristo quando ainda era criança, ou pela rispidez desse no trato com sua família. Tal atitude está descrita nas obras Jesus, um Retrato do Homem, do jornalista A. N. Wilson [Ediouro], Cristo, uma Crise na Vida de Deus, do ex-jesuíta Jack Miles [Companhia das Letras], e em Mãe, A História de Maria, de Júlia Bárány [Editora Mercuryo]. Todas essas obras estão baseadas nos Evangelhos apócrifos. Contudo, nenhuma delas toca na espinhosa questão dos verdadeiros causadores de fatos tão incomuns nas vidas desses ícones do cristianismo.
Onipotência Divina — Tudo é simplesmente atribuído a Deus e a seus anjos, arcanjos, querubins e serafins. Provavelmente, pelos termos que geraram a contenda, não era a intenção dos autores das citadas obras adentrar nessa área, mas qualquer discussão nesse sentido, mais cedo ou mais tarde, acabaria resvalando na questão dos UFOs na Bíblia – até porque uma coisa é inerente à outra. Para a Ufologia, a questão está exatamente aí: quem é Deus e quem são esses auxiliares que tanto influenciaram nos protagonistas da Bíblia? Considerando-se que nela mesmo, em Gênesis, os evangelistas se referem a Deus em hebraico, por meio da palavra elohim, que significa deuses, no plural, e não Eloah, no singular, como seria o correto, podemos ter uma idéia da variedade de líderes e suas falanges celestes que nos visitaram no passado. Entre os ufólogos, alguns religiosos, e também em reservados círculos científicos, não é novidade nenhuma que tanto a Bíblia e seus apócrifos, quanto os livros sagrados de outras religiões, como o hinduísmo e o budismo, estão repletos de relatos sobre esses seres e suas máquinas voadoras, e que seus feitos são, em sua maioria, provas incontestáveis de uma origem alienígena. Outra questão a se levantar é o fato de que tanto essas escrituras, quanto às conclusões de estudiosos que ousaram tocar no tema ufológico-religioso, serem constantemente evitados por exegetas clericais.
E então apareceram dois homens extraordinariamente grandes, como eu nunca vira antes na Terra. E eles disseram: \’Tu deves subir aos céus conosco\’. Não demorei em obedecê-los. Mostraram-me 200 anjos que dirigiam as estrelas e suas fundações nos céus. Voavam com suas asas e pareciam que navagavam – Profeta Enoque
Divindades Africanas — O filósofo e teólogo Roberto dos Santos Miranda, padre excardinado da Diocese de Brasília, autor de três livros sobre divindades africanas, acha perfeitamente viável que essas teorias ufológicas tenham seu fundo de verdade. Contudo, pensa que jamais o Vaticano abordará o assunto do ponto de vista desejado pelos ufólogos, simplesmente por dois motivos. Primeiramente, porque as provas disponíveis, concernentes à Bíblia e aos apócrifos, quando não são tidas como manifestações metafóricas exageradas de seus autores, sendo esse um dos motivos que levaram os apócrifos a serem proscritos dos textos sagrados, são então encaradas como milagres, tendo, portanto, origem divina.
E, se existem provas que não são públicas, estas estão muito bem guardadas nos andares e longos corredores da Biblioteca do Vaticano, reconhecido baluarte milenar da história das civilizações que se instalaram na Ásia Ocidental, Oriente Médio, Europa e Norte da África. Padre Miranda nos lembra que o Vaticano tem inúmeros volumes da Biblioteca de Alexandria, milagrosamente salvos por antigos sacerdotes, que, antes de ser destruída pela invasão romana, continha toda a história das primeiras civilizações terrestres. Sabemos também que revelações provenientes de uma discussão dessa importância colocariam em cheque, imediatamente, toda a teologia católica e seus dogmas. Contra isso, existe uma poderosa corrente dentro do Vaticano, que, detectado algum foco de perigo estrutural na igreja, prontamente entra em ação, expressando suas palavras através do papa.
A última manifestação dessa equipe conserva
dora, provavelmente motivada por esses novos questionamentos teológicos, foi comunicada no mês de abril, quando João Paulo II determinou que aquele que se considerar católico, de preferência praticante, estará terminantemente proibido de participar de qualquer outro culto religioso. Ora, uma atitude dessa, vinda do pontífice que ficou reconhecido como o papa que pregava o ecumenismo, é uma incongruência.
O primeiro ufólogo a questionar exclusivamente os Evangelhos apócrifos, bem antes das atuais e limitadas conclusões levantadas pelos novos teólogos, foi o espanhol J. J. Benítez, em sua obra Os Astronautas de Yaveh, em 1980 [Editora Mercuryo]. Nessa obra, o autor chama diversas vezes a atenção do leitor sobre a constante presença dos anjos e seus feitos, e sobre os talentos dos protagonistas do Antigo e do Novo Testamento, que são ainda mais surpreendentes nos apócrifos. Conclusivamente, assim como Fernando Cleto Nunes Pereira, Benítez afirma que só um plano muito bem elaborado por criaturas que realmente não eram desse planeta estaria por trás dos acontecimentos relatados nas escrituras.
Ufologia e Evangelhos — No intuito de chegar a conclusões livres de preconceitos religiosos e de visões dogmáticas que governam o cristianismo há séculos, gostaríamos de convidar os leitores a desfazerem-se dessas amarras e buscarem, sob novos aspectos, a velha máxima de Jesus Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Para tal, precisarão apenas transportar sua ótica dos remotos tempos bíblicos para nossa era. O tipo de postura que aqui propomos é o que faz o estudo ufológico há pelo menos 30 anos, promovendo uma modificação conceitual sobre os relatos bíblicos, encarando-os do ponto de vista atual, baseando-se nas tecnologias que já estão ao nosso alcance, também na rica casuística ufológica e nos incontáveis relatos acumulados e publicados em livros neste meio século de estudo científico da matéria. Tudo isso está acessível para aquele que “…tiver olhos para ver e ouvidos para ouvir”, como Cristo colocou.
Primeiramente, é necessário ter em mente o que representam os Evangelhos e outros livros apócrifos para as diversas igrejas e suas doutrinas cristãs, bem como para os demais seguidores independentes dos ensinamentos bíblicos. Conforme o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra apócrifo significa “…obra ou fato sem autenticidade, ou cuja autenticidade não se provou. Diz-se, entre os católicos, dos escritos de assunto sagrado não incluídos pela igreja no Cânon das escrituras autênticas e divinamente inspiradas”. Entre os cristãos esotéricos, o conceito mais usado vem do grego apocrypha, que, como coloca o Glossário Teosófico, é “…erroneamente traduzido e adotado como ‘duvidoso’ ou ‘espúrio’. A palavra significa simplesmente secreto, oculto ou esotérico”.
Antes do surgimento do cristianismo, esse último conceito era usado para identificar algumas obras, sobretudo, pelos sumos sacerdotes e seus iniciados nas escolas secretas, das quais, as mais conhecidas encontravam-se na Antiga Grécia, Egito, Índia e nas montanhas do Himalaia. É comum nesses meios a afirmação de que, num período ocultado pela Bíblia, o próprio Jesus Cristo freqüentou uma dessas escolas durante sua infância ou adolescência, a dos essênios, tendo acesso a vários desses apócrifos e trocando alguns de seus conhecimentos com mestres dessa escola. Mais tarde, seus conceitos seriam utilizados em sermões e confrontos nos templos sagrados dos judeus.
Cabe aqui ressaltar que os essênios constituíam uma seita misteriosa de judeus de cunho espírita, que, segundo o historiador Plínio, viveu próxima ao Mar Morto por millia soecolorum, milhares de séculos. Após a chegada do profetizado Enviado, muitos desses essênios passaram a compor os cristãos gnósticos, uma seita basicamente esotérica, dentre várias novas que passariam a compor o catolicismo. A realidade é que os Evangelhos apócrifos, conforme os conhecemos hoje, começaram a surgir após o Concílio de Nicéia, no ano de 325 d.C., quando alguns foram separados dos 73 livros canônicos [Lista dos livros sagrados admitidos pela Igreja Católica]. Os motivos para sua separação e, em alguns casos, reinserção, através dos diversos concílios, é questão de caloroso debate entre os estudiosos. Não deverão ser aqui expostos, pois tomariam demasiado tempo.
Mas vale adicionar que algumas dessas razões apresentam tamanho absurdo e ignorância, que deixariam quaisquer padres ou pastores protestantes, suficientemente coerentes, rubros ao expô-las em seminários ou pregações. Tais comportamentos de exceção, característicos de seitas dominantes no cristianismo nascente, podem ser comparados com aquele que encontramos na suposta predicação final de Cristo no Evangelho de Bartolomeu, onde Ele fala da Igreja Católica, que não tem nenhum fundamento, e “representa um anacronismo ridículo”, segundo as palavras de Maria de Oliveira Tricca, compiladora da obra Apócrifos, Os Proscritos da Bíblia [Editora Mercuryo].
Iluminatis — Entre os ufólogos, essa discussão sobre interferências nocivas à lógica cristã vai além do que propõem os intelectuais religiosos. Entra no campo dos constantes monitoramentos de grupos secretos que, segundo alguns, são identificados como os iluminatis da igreja, os quais possuem conhecimento suficiente para identificar a presença de seres extraterrestres entre anjos e deuses. Ainda segundo essa corrente ufológica, os iluminatis sabiam muito bem o que estavam fazendo ao interferirem, por exemplo, nas investigações sobre as aparições da Virgem de Fátima, um fenômeno que, pelos relatos, desenhou nitidamente seu caráter ufológico, ocorrido em Portugal, séculos depois da morte de Maria.
Isso demonstra a constante presença desse grupo e o grande poder de influência que possui na direção do Vaticano. Outro grupo, talvez ligado aos primeiros iluminatis, que na época do Concílio de Nicéia teria como função a escolha dos rumos que deveria seguir o cristianismo, discriminando o canônico do apócrifo, jamais pensaria que o seu filtro não seria tão seletivo, a ponto de passar apenas as escrituras que não gerassem interpretações dúbias, ridículas, ou perigosas ao credo, em outras instâncias do conhecimento histórico-religioso e científico. De fato, o intuito de esconder informações não surtiu o efeito desejado, uma vez que muitos dos livros canônicos também contêm confirmações sobre alguns fatos supostamente ligados à Ufologia. Devido ao grande número de textos e passagens da Bíblia canônica e da apócrifa, impossíveis de compilação numa revista, escolhemos apenas trechos de alguns desses livros, em distintas épocas, e retiramos deles os aspectos
mais contundentes em relação à Ufologia.
Enoque, Um Enviado — O primeiro versículo do relato atribuído a Enoque refere-se nitidamente à aparição de dois seres de enorme estatura, que realmente deveriam ser muito estranhos, tal foi o terror demonstrado pelo contactado ao notar as características físicas incomuns. Ante seu espanto, os seres informaram-lhe que dentro em pouco ele “subiria aos céus”, e que pelo tempo que deveria permanecer fora, teria que passar instruções à sua família sobre o que fazer durante sua ausência. Literalmente, Enoque seria abduzido por dois seres bem diferentes dos humanos que, conforme sua descrição, tinham faces resplandecentes, olhos como chama e uma voz que soava como um canto. Eles possuíam também algum tipo de instrumento nas costas, identificado por Enoque como “asas mais brilhantes que o ouro e as mãos mais brancas que a neve”.
Essas criaturas podem ser enquadradas como seres humanóides do tipo 03, variação 03, conforme classificação de Jader Pereira, ou algo entre o tipo beta e o gama, segundo a classificação de Claudeir Covo [Ambas publicadas em Ufo 86]. As asas douradas poderiam representar algum tipo de instrumento metálico localizado nas costas, talvez para função comunicativa, respiratória ou locomotiva. Esses dois seres que acompanhariam Enoque na maior parte da viagem, até seu retorno, são identificados como os anjos Samuil e Raguil. A jornada do abduzido deveria, no mínimo, chegar aos limites da Via Láctea e durar muitos anos para quem estivesse na Terra, uma vez que, assim como vários lugares, ou céus foram descritos e algumas estrelas além do Sol também parecem ter sido visitadas.
De acordo com a Teoria da Relatividade de Einstein, para uma pessoa que viaje randes distâncias a velocidades muito altas, o tempo passará mais vagarosamente em relação à outra que permaneça em repouso num ponto estacionário. No caso, quem permaneceria em repouso seria sua família, por isso as instruções durante um tempo que, à vista de Enoque [Em movimento], seria muito menor que o de sua família [Em repouso]. A jornada deve ter durado no mínimo 30 dias, tempo em que escreveu seus 366 livros, de acordo com o que coloca o 23º capítulo do apócrifo, e mais o período de observação dos céus. Entretanto, segundo a Bíblia, em Gênesis, capítulo 05, versículos 21 a 24, Enoque gerou Matusalém aos 65 anos e gerou outros filhos e filhas antes da viagem. Retornou, repassou tudo o que vira em mais 30 dias na Terra e partiu novamente aos céus, vivendo ao todo 365 anos terrestres. No entanto, no apócrifo, Enoque afirma que foram 165 anos de vida antes do nascimento de Matusalém, e não 65. Na menor das hipóteses, teria a viagem de Enoque durado mais ou menos 100 anos terrestres e, na maior, 200. Conforme cálculos baseados nos estudos de Einstein, uma viagem de ida e volta ao limite de nossa galáxia, a velocidades próximas à da luz, duraria quase 200 anos para quem estivesse no planeta, enquanto que, para o viajante, esse tempo quase pararia.
O terceiro capítulo do livro de Enoque, apesar de pequeno, com apenas um versículo, mostra claramente que ele foi levado ao lugar ao qual se refere como “primeiro céu”, através das asas dos anjos, e depois elevado às nuvens. O que nos parece com um verdadeiro traslado antigravitacional, causado provavelmente por alguma força que provinha do que estava nas costas dos dois seres, suas asas, levando-o do chão à nave. Essa, por sua vez, içou vôo em direção ao espaço, a exemplo do que ocorreu com Elias [II Reis, capítulo 02, versículo 11], levado por uma carruagem de fogo aos céus.
Grande Mar — Durante o vôo, Enoque tem, acima, a visão do espaço sideral [Éter] e ao olhar o horizonte e abaixo, os seres mostram o que mais lhe parecia com um grande mar, “maior que o mar da Terra”. Enoque, neste momento, possivelmente teve a mesma impressão que Yuri Gagarin teve, em 1961, ao dar a primeira volta ao redor do planeta, na nave Vostok 1, quando exclamou a famosa frase: “A Terra é azul”. Para Enoque, pode ser que o grande horizonte azul do planeta, quando se chega às últimas camadas da atmosfera, lhe parecera o maior dos mares. Após alguns lances de admiração, o quarto e quinto capítulos descrevem como Enoque entrou em contato com outros seres que provavelmente ocupavam maiores postos na hierarquia divina, já que foram reconhecidos como “anciãos e os dirigentes das ordens estelares”, bem como seus subordinados.
Deve-se considerar que, frente àquelas novidades, o contactado poderia muito bem confundir os locais que visitava, já que sua cultura não possuía palavras para expressar exatamente o que presenciava. O que ele entendia como céu, estrelas, planetas e cidades, poderiam ser veículos que transportavam a ele e aqueles exércitos de homens, provavelmente naves que compunham uma frota estelar, dada a riqueza de detalhes de sua descrição. Aqui percorremos o perigoso terreno das suposições, mas sabemos que sem ele a ciência não caminha.
Os seres mostraram a Enoque um grande mar, \’maior que o mar da Terra\’. O profeta teve, possivelmente, a mesma impressão que Yuri Gagarin, em 1961, ao dar a primeira volta ao redor do planeta, quando exclamou: \’A Terra é azul\’
No primeiro céu, Enoque retrata aquilo que lhe parecia neve e os anjos que “mantêm seus terríveis depósitos”, talvez pela cor branca ou claridade que de lá emanava. Segundo descrições, seria um local onde anjos controlavam uma “tesouraria” e de onde partiam “nuvens” para vários locais. Analisando-se essas palavras sob o ponto de vista da tradução ao pé da letra, vamos ver que tesouraria, neste caso, refere-se a um local cheio de tesouros, com uma forte iluminação interna. Isso nos induz a comparações bem interessantes com cabines de aviões ou torres de controle de aeroportos.
Como um habitante da Antigüidade interpretaria o conjunto de luzes coloridas, botões, alavancas, painéis, gráficos luminosos, telas de radar ou de computadores e toda espécie de equipamento para navegação aérea e espacial, dentro de uma cabine de avião ou numa sala de controle da NASA, por exemplo? Naquela época, tesouraria seria uma boa forma de comparação. Quanto às nuvens dirigidas e seus terríveis depósitos? O que seriam? Certamente, não se tratava de vapor d’água armado. Seriam astronautas militares os anjos diretores de estrelas que voavam em suas asas, navegavam e possuíam suas funções no céu?
Nos capítulos
11 e 12, o viajante visita e identifica o que nos parece ser a rota da Terra, no Sistema Solar, ou pelo menos segue a órbita de um planeta com vida, em torno de uma estrela. Acompanhado de vários aparelhos voadores alados, Enoque nomeia dois principais: Fênix, o mitológico pássaro grego que era único, não se reproduzia e ressurgia de suas próprias cinzas, e Chalkydri, termo que parece vir da união de duas palavras do sânscrito, Chakchur [O olho do mundo ou Sol] e Kîrti [Luz, esplendor]. Ambas possuíam pés em formas que lembravam a cauda de um leão, corpo cônico achatado e com formato de cabeça de crocodilo, com grandes dimensões. Qualquer semelhança entre essas e um ônibus espacial Discovery, flutuando por meio de jatos estabilizadores, como várias asas laterais, sapatas de aterrissagem dotadas de sistema propulsor, bem como na parte traseira da nave, que podem lembrar caudas de leão, seria coincidência?
Armas Terríveis — O relato esquenta quando, nos versículos 07, 10 e 18, Enoque relata o que lhe parecia o inferno. Nos dois primeiros, ele apenas identifica os seres sofredores, vigiados por anjos de pele escura, que descreve como “impiedosos que portavam armas terríveis”, mas no versículo 18 observa e fala aos soldados chamados “grigori”, seres com aparência humana que “eram maiores que os maiores gigantes”. Estes possuíam rostos sem viços e bocas que apresentavam “silêncio perpétuo”. Segundo um dos seres que acompanhavam Enoque em sua jornada, os grigori, ao que parece, são parentes dos gigantes que visitaram e fecundaram mulheres terrenas, conforme relato bíblico no Gênesis, capítulo 06, versículos 01 a 04, em passado remoto, dando origem a homens que impressionavam pela altura e pelas inimizades.
Neste versículo, percebe-se uma grande semelhança entre os fatos do Gênesis e os relatos de mulheres abduzidas da época contemporânea, submetidas a processos de fecundação após o rapto, geralmente praticados por seres alfa cinzentos, os famosos grays. Seriam os tais anjos escuros? Alguns deles chegavam a atingir grandes estaturas. Será que o termo grigori, pronunciado naquela época para identificar esses humanóides, tem alguma correlação com a identificação gray adotada atualmente? Tanto uns quanto os outros, excetuando-se alguns casos, são mencionados com envolvimento no lado mau da história de Enoque e nos raptos acompanhados de experiências reprodutivas, os quais atualmente deixam sérias conseqüências psicológicas.
Finalizando, Enoque escreveu 366 livros resumindo tudo o que lera nos chamados “livros do Senhor”, e retornou à Terra. Mas não sem antes passar por uma experiência comum em relatos de abdução. No dito “décimo céu”, citado no 22º capítulo de seu livro, ele identifica a face do Senhor como “…ferro que arde em fogo e que, ao sair, emite faíscas e queima”. Seguindo as ordens do mesmo Senhor, um outro anjo chamado Micael ungiu Enoque com uma substância e o vestiu com uma roupa luminescente que o fez assemelhar-se aos seres, e dotou-o com uma “pena de escrita rápida”, mostrando-lhe vários livros para escolha de alguns a serem copiados. Enoque gastou 30 dias e 30 noites para concluir sua tarefa. Retornou à Terra, passou tudo a seus filhos em mais 30 dias e partiu novamente, em definitivo, aos céus. Em alguns casos de abduções investigados por psicólogos, os abduzidos atuais relatam, sob hipnose, ter passado por experiências semelhantes à dele, quando foram untados, submetidos a intervenções médicas e, em muitos casos, receberam informações sobre a vida na Terra e em outros planetas.
A Gravidez de Maria — Sabe-se que Ana e Joaquim não podiam ter filhos. Afinal, ao que tudo indica, Ana era estéril, mas mesmo assim Maria nasceu. Seria um milagre da divina providência ou o anjo que apareceu a operou e proporcionou-lhe a fecundidade? Segundo posições religiosas, isso não deve ser discutido, pois a Deus tudo é possível. Entretanto, a ciência não vê os fatos dessa forma e, a menos que questionemos a veracidade dos vários Evangelhos, devemos seguir em frente. Sem nos deter, prosseguindo o ingrato caminho do cientificismo, se tomarmos como premissa que um ser especial como Jesus deveria possuir características genéticas especialíssimas para se tornar um Homem-Deus, devemos considerar também que não só o seu Pai Celestial, mas também sua mãe terrena, deveriam ser especiais.
Hoje em dia, verificamos em publicações médicas e na própria mídia a possibilidade de operações cirúrgicas que utilizam computadores ligados às câmeras, bisturis a laser e cauterizadores de alta tecnologia e precisão. Incluem-se aí procedimentos como fecundação artificial in vitro, neurocirurgias, cateterismos etc. Algumas operações dessas são, inclusive, executadas por médicos que estão a milhares de quilômetros do paciente, através de câmeras e vídeos remotos [Videoconferência], ligados via satélite. Assim é possível controlar os movimentos cirúrgicos dos aparelhos executores, enquanto que, no local da operação, estão presentes apenas alguns médicos assistentes e enfermeiros, além do paciente anestesiado.
Entretanto, isso seria fruto de uma imaginação lunática de autores de ficção científica, se transposto para a época de nascimento de Maria e de Jesus. A não ser que consideremos a possibilidade de que a Terra seja visitada por seres de outros orbes celestes há milênios, como afirmam grandes ufólogos. O filme Intruders [1992], baseado na obra de Budd Hopkins, expressa com muita propriedade as cirurgias de implantes e fecundações ocorridas em naves alienígenas, sofridas por abduzidos investigados pelo autor via hipnose. Chegamos a ponto de existirem cirurgiões especializados na retirada de chips implantados nas vítimas, como é o caso do norte-americano doutor Roger Leir [Autor do livro Implantes Alienígenas, Somos Cobaias de ETs?, código LV-11 da biblioteca Ufo]. Neste caso, é possível até a afirmação de que a tecnologia acima citada é obsoleta, se comparada à capacidade tecnológica que teriam esses seres superiores de viajar pelas infinitas galáxias do universo.
Proscritos da Bíblia — Supondo a possibilidade dessa teoria, levantamos uma séria dúvida sobre quem teria fecundado Ana, se Joaquim encontrava-se longe de casa. No Evangelho de Tiago, parte integrante do livro Apócrifo, Os Proscritos da Bíblia, já mencionado, percebemos que “…Joaquim ficou muito atormentado e não procurou sua mulher, e se retirou para o deserto. Ali armou sua tenda e je
juou por 40 dias e 40 noites”. Some-se a isso o fato de que teriam andado 30 dias consecutivos na viagem de retorno, totalizando mais de dois meses fora de casa. Teria também Joaquim tido um contato de 4º grau, já que o anjo de Deus apareceu-lhe rodeado de um imenso esplendor, conversou e após isso se elevou aos céus em meio à fumaça? O que teria causado tamanho choque a um homem como Joaquim, que o teria deixado prostrado ao chão durante horas, levandotambém grande dificuldade aos seus servos para levantá-lo?
O que queria o anjo dizer com a frase “Minha comida é invisível e minha bebida não pode ser captada por olhos humanos”, quando estes itens foram oferecidas por Joaquim? Parece que esse mesmo anjo também apareceu para Mateus e Tiago, pois os apócrifos de ambos, de forma semelhante, ditam a mesma história. As semelhanças continuam durante os relatos sobre os primeiros anos da vida de Maria no templo, quando ela era vista freqüentemente sendo assistida e alimentada por anjos, enquanto que os alimentos que a ela eram oferecidos pelos sacerdotes “eram divididos com os mais pobres”. Que tipo de alimentação especial só Maria deveria ingerir? Seria essa a mesma razão que levou o anjo a rejeitar o alimento que lhe fora oferecido por Joaquim? O que quis Mateus dizer quando se referia à face resplandecente como “a neve de Maria”, e por isto “apenas se podia olhá-la com dificuldade?” A característica luminosa de Maria parece ser uma constante entre os anjos bíblicos, assim como em casos de avistamentos contemporâneos de tripulantes de UFOs. Estas, assim como outras questões, compõem o campo ufológico, e dele não devemos abrir mão.
Como não estamos discutindo a questão religiosa, mas sim a científica, as afirmações contidas nesses textos nos remetem à nublada região das suposições sem base concreta de afirmação, uma vez que elas provêm de interpretações teológicas. Entretanto, da mesma forma, elas nos revestem com a dúvida da simples e veemente negação cética, posto que o grande número de relatos semelhantes, com referência a uma mesma ocorrência, nos conduz à afirmação de que a história realmente tenha sido dessa forma. Neste caso, a abordagem científica nos faz navegar numa relativa margem de suposições factuais que, guardadas as devidas proporções interpretativas, podem ser comparadas com as ocorrências ufológicas da atualidade.
Estranhos Enviados — Até hoje, em alguns meios científicos, questiona-se a real existência, num passado remoto, de avatares e ícones religiosos como Krishna, Sidarta Gautama [Buda], Maomé, Moisés e Jesus Cristo. Em outros meios, não se questionam suas existências, mas seus feitos extraordinários, fora dos padrões humanos, com reflexos tanto em pessoas quanto em fenômenos da natureza. Na Ufologia esses questionamentos também não passam despercebidos. Muitos são os ufólogos que, na falta de uma base científica palpável, cartesiana, erguida em pilares conceitualmente aceitáveis nos meios acadêmicos, preferem deixar o assunto à margem de discussões, aguardando mais provas. Mas não sem antes tecerem seus comentários, alguns até pejorativos, o que causa desavenças metodológicas entre esses estudiosos. Uma vez que a história, como uma ciência, inclui em suas várias áreas de estudo um espaço destinado a muitos desses seres tidos como anormais, assim como a filosofia, a teologia e outras disciplinas, a fuga destas abordagens e a espera por novas provas nos parece sem sentido.
Já alguns ramos da psicologia, por sua vez, discorrem sobre o perigo do efeito produzido por impactos populares conseguidos por meio de técnicas de oratória, como a programação neurolingüística, bem utilizada em doutrinamento religioso, manutenção e controle sobre a mente humana pelo convencimento em massa, fazendo com que determinadas pessoas se sobressaiam ante a maioria. Neste caso, grandes verdades do presente podem muito bem ter sido baseadas em mentiras ainda maiores no passado, talentosamente inseridas num longo contexto. Por conta disso, aos mais ousados ficam os louros da descoberta ou o ônus do fracasso.
Seguindo o nosso assunto nesta tênue corda bamba entre os crentes e os descrentes da história bíblica, surge aquela velha dúvida sobre o nascimento de Jesus, bem como sobre os estranhos fatos ocorridos no período inicial e durante toda sua vida. Como aqui resolvemos analisar o assunto a partir dos Evangelhos, basearemos esses argumentos na afirmativa de que, pelo menos em parte, esses escritos dizem a verdade. Não bastasse a já discutida influência desses anjos na vida de Ana, Joaquim e Maria, além de diversos outros personagens do cristianismo, dando continuidade desse projeto divino surgem a fecundação de Maria e o surpreendente nascimento de Jesus.
Com Ana ainda paira a dúvida se esta foi fecundada por Joaquim ou pelo anjo. Contudo, com Maria esta tarefa coube ao Espírito Santo, como cita a Bíblia nos quatro Evangelhos canônicos, causando grandes transtornos a José. Não é, portanto, necessário tecermos mais comentários e novas conclusões sobre o que realmente ocorrera neste caso. O que mais nos interessa é a conclusão de todo aquele processo, que teve início com a retirada dos judeus do Egito, guiados pelo não menos suspeito Moisés e seus companheiros divinos, que dirigiam nuvens luminosas, fulminavam os inimigos, falavam do alto das montanhas, abriam mares e faziam chover comida no deserto, tendo seu desfecho com a crucificação de Jesus, 400 anos depois da chegada daquele povo à prometida Nova Canaã.
Estrela de Belém — Comecemos pelo surgimento da intrigante Estrela de Belém. Teorizando sobre o que seria essa estrela, vamos, através de método exclusivo da disciplina, verificar as possibilidades meteorológicas envolvidas no fenômeno. Em primeiro lugar, sabemos que nenhum tipo de estrela, por menor que fosse, chegaria tão perto da Terra, a ponto de indicar um local específico e parando sobre este. Numa suposição absurda dessas, o planeta seria completamente torrado e nem o Filho de Deus sobraria para contar a história. Tampouco sabemos que asteróide luminoso algum execute movimentos tais, que seriam capazes de guiar pessoas a um determinado local e depois levá-las de volta à sua origem, por outro caminho, fazendo com que, no caso, os reis magos seguissem a sua luz até que estivessem de volta &ag
rave; sua pátria, como descrevem o Evangelho de Tiago e o Evangelho Árabe da Infância [Parte integrante do já mencionado livro Apócrifo, Os Proscritos da Bíblia].
Segundo o ufólogo Roberto Affonso Beck, reconhecidamente um dos maiores caçadores de sondas ufológicas do Brasil, estes objetos de pequenas dimensões e das mais variadas formas, muito mais comuns que naves tripuladas, são provavelmente uma espécie de artefato alienígena voador proveniente de veículos maiores. Desempenham diversas funções junto à superfície do planeta ou a pessoas, tais como prospecção mineral, análise de solo, colheita de material biológico, espionagem, rastreamento de áreas, reconhecimento de regiões. Enfim, funções práticas e discretas que não podem ser executadas por grandes naves, pois chamariam muita atenção.
Textualmente, afirma o ufólogo que outros tipos de sondas costumam atacar pessoas, notadamente na região Nordeste do Brasil, onde são conhecidas como Chupa-Chupa ou simplesmente Chupa, retirando deles sangue, a exemplo do que ocorreu no norte do Pará, motivando a famosa Operação Prato, comandada pelo coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Uyrangê Hollanda, em 1977. Algumas são pequenas, comparadas a bolas de gude. Adentram residências, atravessam paredes e andam pelo interior das casas como se estivessem bisbilhotando nossas vidas. Vários são os relatos em que sondas são observadas executando diversos tipos de movimentos. Tudo indica que estamos sendo monitorados por meio de tecnologia que foge aos padrões terrestres conhecidos.
Vendo por esse lado, é possível supor que a Estrela de Belém nada mais seria que uma sonda de orientação, incumbida exclusivamente de guiar os reis magos ao local de nascimento de Jesus. Depois, deveriam levar os portadores da notícia para o Oriente, sem que estes encontrassem Herodes. Mas outro intrigante fato é revelado por Tiago: durante o parto, quando José sai em busca de uma parteira, percebe que o tempo e os movimentos tornam-se estáticos, por conseqüência de um estranho estremecimento do ar. As pessoas, os pássaros, os animais estavam todos estáticos, como se uma força invisível os estivesse paralisando. Ao retornar, o pai depara-se com a gruta sombreada por uma nuvem luminosa, que, ao se afastar, deixa uma luz irresistível no interior da gruta. Essa, pouco a pouco se desfaz e revela o menino Jesus.
Lembramos aos leitores que Jesus não é o primeiro bebê a ser considerado diferente logo ao nascer, quanto a sua resplandecência luminosa em comparação com a de outras crianças da Bíblia. Além de Maria, Noé, que também vivia recebendo mensagens angelicais, inclusive um projeto para construção da famosa Arca, por exemplo, ao nascer era completamente diferente das crianças da época. Lamec, pai de Noé, descreve no capítulo 104 do apócrifo livro de Enoque, que foi em busca do seu pai, Matusalém, filho de Enoque e avô de Noé, para descobrir o que ocorrera com seu filho, pois este não se parecia em nada com as outras crianças. Sua pele era extremamente branca, como também seus cabelos. Seus olhos apresentavam um brilho incomum.
Outra Espécie de Ser — Em suas observações, o desconfiado Lamec laconicamente diz a Matusalém que Noé “com certeza não é de nossa espécie”, tamanha era sua diferença. Isso só vem confirmar as características especiais dessa família patriarca antediluviana, descendente direta de Adão, principalmente no que se refere a longevidade. Qual a constituição celular desses homens? A Bíblia, em Gênesis, capítulo 05, versículo 01, afirma que Adão, Set, Enos, Cainã, Malael, Jared, Matusalém, Lamec e, finalmente, Noé, viveram por quase mil anos cada um, à exceção de Enoque, que viveu 365 anos antes que “Deus o arrebatasse”.
Conclusões Não Convencionais — Mediante essas análises, surge uma velha pergunta que muitos tentam evitar, por ser demasiadamente perigosa, rechaçada entre religiosos, impensável em alguns meios e, às vezes, tachada como absurda, mas que já foi feita por muitos estudiosos: Jesus foi um ser extraterrestre? Não é de hoje que se cogita como uma possibilidade viável nos meios ufológicos as ligações entre Jesus e uma civilização extremamente desenvolvida tecnológica e espiritualmente, para nossos padrões, que certamente não é originária do nosso planeta. Desde que, é claro, o que esteja na Bíblia realmente tenha ocorrido.
Atualmente é mais viável para a comunidade científica, diante da infinidade de provas recolhidas nos últimos anos, entre documentos oficiais, filmes, relatos, artefatos, pinturas e desenhos arqueológicos, acreditar em naves tripuladas por seres de origem desconhecida do que continuar acreditando em anjos, querubins, serafins, nuvens luminosas, carruagens de fogo, baleias que engolem e cospem homens na praia e todos os outros tipos de referência bíblica a fatos nitidamente anormais. Devemos deixar claro que as formas descritivas e dissertativas contidas no livro sagrado dos cristãos não representam necessariamente erros ou exageros interpretativos dos fatos, como querem os exegetas do Vaticano. Nem tampouco pensar que esses anjos provenientes da glória do Senhor não tenham realmente existido, caso contrário não estariam lá representados. O problema está basicamente no ponto de vista do observador, que, despido de preconceitos historicamente enraizados no conhecimento humano e da visão de pessoas que não tinham, à época, nenhum conhecimento de artefatos tecnologicamente avançados, acabará por analisar a questão de outra forma.
Apesar das constantes afirmações do Salvador de que seu reino não era deste mundo e que na casa de seu Pai existiam várias moradas, nunca se contestou a divindade de sua alma, assim como a origem terrena de sua carne. Logicamente, nem Maria nem Jesus foram seres extraterrestres em sua passagem carnal pela Terra, pois, segundo a Bíblia, nasceram de mães supostamente humanas e neste planeta. Mas quanto as suas constituições genéticas não podemos afirmar o mesmo. Levando-se em consideração os pressupostos da genética de Mendel – que foi um padre –, podemos levantar três possibilidades básicas, com pequenas variações e subdivisões entre elas, para a composição genealógica de Jesus e de Maria, embora nenhuma das três conclua que essa composição, pelo menos no caso de Cristo, seja totalmente de origem terrestre. Vejamos:
Na primeira suposição que apresentamos, consideremos a difícil possibilidade de que Joaquim tenha fecundado Ana antes de partir para o pastoreio, e não o
anjo do Senhor, que avisou ambos sobre a gravidez. Aqui, o anjo apenas teve participação na cura da infertilidade de Ana. Então, neste caso, Maria teve sua composição genética totalmente humana. O óvulo de Maria, por sua vez, foi inseminado artificialmente pela ação do Espírito Santo com o sêmen divino. Logo, Jesus possuiu 50% de sua constituição proveniente de Deus e os outros 50% dos genes humanos terrestres, provenientes de Maria.
Na segunda suposição, vamos considerar que a avó de Jesus tenha sido operada e inseminada artificialmente pelo anjo do Senhor. Maria seria neste caso 50% divina. Da mesma forma, com Maria inseminada artificialmente, Jesus possuiria então 75% de sua constituição divina, e os 25% restantes humanos, provenientes de Ana, a Ele passados por Maria.
Numa terceira suposição, tanto Ana como Maria serviram apenas como meio de cultura biológica, em termos médicos, ou mãe de aluguel, em termos vulgares, para os embriões nelas inseridos pelo anjo e pelo Espírito Santo, respectivamente. Assim, tanto Maria como Jesus teriam 100% de sua constituição genética com origem em pais biológicos divinos. Ainda nesse terceiro caso devemos levar em conta também a possibilidade de um dos dois, ou ambos, terem sido clonados, resultando também numa constituição genética totalmente desconhecida.
Absurdo? Dentro do encadeamento de suposições baseadas em provas documentais, não. Desde a Idade Média são encontradas pinturas, algumas encomendadas pelas igrejas, provavelmente baseadas em relatos ou documentos mais antigos ainda, que descrevem cenas bíblicas mostrando a presença de estranhos objetos voadores não identificados e os famosos discos voadores [Veja box]. Os artefatos aparecem principalmente quando essas pinturas se referem a momentos da vida de Maria e de Jesus, mostrando que, além da Bíblia e dos livros que compõem os Evangelhos apócrifos, a arqueo-logia e a arte também servem como provas cabais da íntima relação entre os dois principais personagens do cristianismo e os UFOs. Portanto, concluímos que a visão do Evangelho segundo a Ufologia não está muito longe da verdade. E talvez estejamos mais perto dela do que imaginamos.
UFOs nas escrituras, um tema polêmico, mas necessário
por A. J. Gevaerd
Falar sobre a presença de extraterrestres no passado da Terra é algo delicado, porque é um assunto que atravessa diretamente o âmago das principais religiões estabelecidas e, como resultado, fere sentimentos e dogmas diversos. Mas não é, em hipótese alguma, um assunto do qual devemos nos abster de discutir. Pelo contrário, analisando as evidências históricas das visitas de alienígenas em suas maravilhosas máquinas voadoras na Antigüidade é que temos alguma chance de compreender a complexidade do Fenômeno UFO.
Por textos sagrados, evidentemente, não queremos nos referir exclusivamente à Bíblia. Há outros textos tão ou mais antigos quanto ela, tradições estabelecidas de muitas outras religiões, que também contêm abundantes descrições de fenômenos ufológicos. O mais explícito é, talvez, o Mahabarata, hindu, que descreve os UFOs como vimanas resplandecentes e traz relatos extraordinários destas naves em suas evoluções sobre os céus da Índia, há nada menos do que quatro mil anos!
Esta edição da Revista Ufo traz um apanhado de artigos exclusivos que nossa equipe colheu junto a vários renomados autores brasileiros, todos com suas teorias e estudos sobre a passagem de ETs nos tempos bíblicos e, especificamente, citados nas escrituras sagradas. Os relatos são inúmeros e vê-se, já por aí, que a Bíblia pode ser considerada, com positiva certeza, um dos mais abundantes registros da existência de civilizações extraterrestres que temos hoje à disposição na literatura.
“A casa de meu Pai tem muitas moradas” é uma das passagens bíblicas que mais diretamente mostra o quão populoso é o universo – e mostra também que Deus é o Pai de outras civilizações igualmente humanas e espalhadas pela imensidão cósmica. Por outro lado, estudiosos da Bíblia apontam, logo em suas primeiras linhas, algo surpreendente. Segundo eles, na passagem em que se narra que “…no princípio criou Deus o céu e a Terra”, há um grave equívoco de tradução, que apontaria para uma interpretação totalmente diferente da que aparece em 99% das versões existentes nas escrituras.
Garantem os estudiosos que a palavra Deus é mencionada no idioma original em que foi escrita tal parte da Bíblia como sendo elohim. E elohim significa deuses, no plural, e não um único ser onipotente, o Deus Pai. Se isso é verdade, desde o início dos tempos já há evidências de que criaturas consideradas sobre-humanas intercederam na criação da Terra. Daí até o fim dos textos bíblicos, essas narrativas se sucedem sem fim.
A questão é, sem dúvida, polêmica. Sobre religião não se discute, dizem os bons costumes! Mas esta edição de Ufo não teria como abordar tão delicado assunto se não fosse através da discussão de passagens e dogmas bíblicos. Alguns leitores poderão se sentir ultrajados, se forem religiosos fervorosos. Mas queremos deixar claro que, por mais polêmica que seja, tal discussão é de uma riqueza incontestável e não pode ficar de fora de nossa agenda de compromissos para com a Ufologia Brasileira.
O desafio de estudar religião à luz da Ufologia
por Fabrina Martinez
O autor desta matéria especial desde cedo nutre grande interesse pela Ufologia, principalmente depois 1977, quando viu um objeto não identificado na cidade de Samambaia, satélite de Brasília (DF), onde reside. Pernambucano de Olinda, 40 anos, Fernando de Aragão Ramalho viu uma grande luz rasgar o céu e pousar nas imediações da chácara, no meio do cerrado. O fenômeno foi observado a grande distância por outras testemunhas e o caso ficou famoso na região como uma estrela cadente ou um meteoro. Para o autor, representou o primeiro passo em suas pesquisas ufológicas. Esta reportagem é sua primeira participação na Revista Ufo na condição de consultor. Desde então se dedica ao estudo da relação entre a religião e a Ufologia, aproveitando seu vasto conhecimento na primeira área. Começou a estudar religião através do catolicismo, mas logo passou para o protestantismo, sem muito sucesso.
Entre uma coisa e outra, procurou novas opções, entre as quais o espiritismo kardecista, Seicho-no-Ie, umbanda, budismo, hinduísmo e o candomblé. Cursou geografia na Universidade de Brasília (UnB) e hoje trabalha na C&ac
irc;mara dos Deputados. Com o sensível aumento de suas experiências pessoais com o Fenômeno UFO, resolveu se dedicar à pesquisa prática, ingressando na Entidade Brasileira de Estudos Extraterrestres (EBE-ET).
Fernando Ramalho tem experiências interessantes e um vasto conhecimento do tema. Em seus mais de 20 anos de estudos e pesquisa, destaca duas outras observações ufológicas. Em 2001, ele e a esposa viram uma sonda luminosa do tamanho e forma de uma bola de futebol, a cerca de 50 m, no parque da cidade. Ela desceu lentamente sobre a grama, parou por alguns instantes e, aumentando sua luminosidade, desapareceu sem fazer barulho. “Nessa ocasião, houve a suspeita de se tratar de um relâmpago ou raio circular, mas normalmente estes fazem barulho, são rápidos e bem maiores”, disse. Quando ocorreu sua outra observação, estava com a esposa e o afilhado no centro de Brasília. Às 17h00, em janeiro do ano passado, viram uma luz que brilhava como um farol de avião, que fez um trajeto de quase 180º pelo horizonte em altíssima velocidade e, sem variar seu brilho, desapareceu atrás dos prédios.