As grandes e misteriosas figuras que surgem literalmente da noite para o dia em plantações de grãos são um dos mais fascinantes e misteriosos fenômenos da Ufologia Moderna. Porém, as formações não são recentes. Na verdade, o registro das imagens vem acontecendo há pelo menos três séculos e meio, e é provável que elas já se manifestassem antes disso. Há muitas lendas e histórias ao redor desses desenhos, hoje conhecidos como agroglifos, algumas envolvendo uma suposta ação demoníaca e outras falando sobre luzes que são vistas sobre os campos, noites antes de as imagens se formarem.
Esse é um assunto realmente intrigante, porque, à parte as imagens que são feitas por fraudadores — os circlemakers —, com intuitos comerciais e até como hobby, há muitas formações que ninguém consegue explicar. Nós podemos estar vendo um fenômeno natural, uma tentativa de comunicação extraterrestre ou simplesmente o registro de que não estamos sós, como se alguém de outro lugar estivesse escrevendo, por meio dos desenhos, um bem claro “nós existimos e estivemos aqui”.
O que a maioria das pessoas que descartam todos os agroglifos como fraudes desconhece é que há pesquisas sérias sendo feitas sobre o fenômeno, que hoje é global e chegou ao Brasil, visando entender o que são tais manifestações e de que forma são geradas. Aqui em nosso país temos pesquisadores buscando confirmar a ação das formações sobre a vida microbiana do solo, e o resultado desta investigação poderá abrir mais frentes de estudo.
Uma pesquisa consequente
O primeiro cientista a levar o assunto a sério foi o biofísico, biocientista, físico e matemático Willian C. Levengood, cujo currículo não deixa margem para especulações. Antes de se interessar pelos agroglifos, Levengood — ou Lefty, como era conhecido — construiu uma carreira acadêmica sólida, trabalhou como consultor para diversas empresas e teve mais 50 patentes registradas na área de sementes, germinação e hibridização de plantas. E foi o trabalho pioneiro do cientista que chamou a atenção de nossa presente entrevistada.
Produtora musical com formação em pesquisa pela Universidade Maryland, Nancy Talbott é, hoje, a presidente da BLT Research Team [Equipe de Pesquisa BLT], uma organização sem fins lucrativos que há mais de 20 anos está na liderança das pesquisas científicas sobre o fenômeno dos agroglifos. A equipe documentou múltiplas anomalias sobre plantas e solo sob as figuras, inclusive alterações massivas na germinação e crescimento das sementes dentro delas, em comparação com as sementes fora delas. A organização também descobriu uma alteração significativa na estrutura de cristalização de alguns minerais no solo onde surgem os círculos. A BLT teve três artigos publicados em jornais científicos famosos.
Um trabalho recente inclui análises feitas em um pó muito fino e branco encontrado nas formações que ocorrem nas proximidades do médium holandês Robbert van den Broeke, sobre quem falaremos mais durante a entrevista. Os pesquisadores também documentaram uma grande variedade de eventos bizarros diretamente relacionados a Broeke e a aparição de agroglifos ao redor de onde mora.
Apesar de não saber exatamente em que ponto de sua vida começou a se interessar pelos agroglifos, Nancy lembra-se de que viu uma revista sobre círculos em uma banca em Cambridge, Inglaterra, em 1989, e se sentiu intrigada ao ver as fotos das figuras, algo sobre o que nunca ouvira falar. Mais tarde, com calma, Nancy leu os artigos e ficou interessada em saber mais sobre o assunto. “A informação ficou na minha cabeça. Eu estava realmente muito curiosa sobre as formações”, disse em uma entrevista de rádio.
O começo das investigações
Uma das coisas que mais chamou a atenção da pesquisadora foi o trabalho que estava sendo feito por um biofísico do estado norte-americano de Michigan em amostras enviadas por pesquisadores ingleses para análise. Era Levengood. Assim que voltou aos Estados Unidos, Nancy foi procurá-lo para conhecer seu trabalho e, como nossa entrevistada tinha experiência como assistente de pesquisas e analista em universidades, entre elas Harvard e Maryland, queria avaliar a investigação de Levengood para saber se o que estava sendo feito fazia sentido.
Após começar a trabalhar no laboratório com Levengood, ela confirmou que a pesquisa estava sendo feita corretamente. Com suas investigações, Nancy percebeu protuberâncias nos talos e alterações incomuns nos nódulos dos caules de várias plantas onde se manifestaram agroglifos foram notadas, como em trigo, milho etc. Ela teve oportunidade de auxiliar Levengood na padronização da pesquisa, com requisitos e metodologia que são usados até hoje por vários pesquisadores do fenômeno. John Burke, também pesquisador, descobriu outras mudanças nas plantas. A pesquisa cresceu e Nancy ficou encarregada de organizar os protocolos e processar as amostras dos círculos.
Investigações por todo o mundo
Até hoje ela é uma das maiores autoridades no mundo nos agroglifos, mantendo um grande banco de dados de investigações e estudos feitos pela BLT Research — aqui vale ressaltar que a sigla BLT é formada pelas iniciais dos sobrenomes dos três pesquisadores pioneiros, John Burke, Willian Levengood e Nancy Talbott. Embora o número de voluntários tenha caído muito após o falecimento de Levengood — a organização já chegou a ter 200 voluntários —, eles ainda promovem investigações por todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos.
Na entrevista a seguir, conheceremos mais sobre o incrível trabalho desenvolvido pela BLT, sobre como se deve proceder na colheita de amostras de plantas dentro de agroglifos e sobre porque a aplicação de metodologia correta é a grande chave para se separar os genuínos daqueles feitos por humanos, os circlemakers. Além disso, Nancy Talbott nos conta sobre as mais recentes hipóteses para explicar o aparecimento das formações e suas incríveis descobertas.
A senhora já disse em repetidas entrevistas que a primeira vez que ouviu falar sobre os agroglifos foi por meio de uma revista, por acaso. Mas como foi sua aproximação com o doutor William Levengood?
Bem, quando eu li o artigo, soube que havia um pesquisador nos Estados Unidos que analisava as amostras enviadas por pesquisadores ingleses e fiquei muito interessada em conhecer como as pesquisas eram feitas e também como os dados eram classificados e depurados. Quando voltei para o país, procurei pelo doutor Levengood — ele me recebeu com grande tranquilidade, me mostrou seu trabalho e o resultado dele. É importante frisar que Lefty tinha um laboratório em sua casa e era nele que trabalhávamos. Nós três fazíamos tudo de maneira o mais correta possível, mas éramos muito informais. Na verdade, estávamos muito mais interessados em compreender o fenômeno do que em ficar famosos.
Algo esquentou as plantas de dentro para fora, e como elas não podem se expandir rapidamente, isso acaba por causar pequenas explosões e, consequentemente, buracos em seus caules. Essas explosões foram causadas por exposição a micro-ondas.
A senhora poderia nos falar sobre as alterações que foram notadas nas plantas colhidas dentro dos agroglifos?
Claro. Todas as plantas têm naturalmente um líquido para transferência de nutrientes. Nós podemos esquentar esses líquidos em um micro-ondas e, se deixados por muito tempo, explodi-los. Podemos ver o mesmo comportamento nas plantas colhidas dentro dos agroglifos. Algo as esquentou, e como as plantas não podem se expandir rapidamente, isso acaba por causar pequenas explosões e, consequentemente, buracos em seus caules. Essas explosões foram causadas por exposição a micro-ondas durante alguns microssegundos. Não foram exposições longas e, por isso, as plantas não são queimadas, como se esperaria ver em vegetais expostos a temperaturas altas e por alguns segundos. Alguns céticos alegam que o as manchas pretas nas plantas são evidência de carbonização. Mas, esse preto nas plantas é quase sempre um fungo oportunista que se aproveita da umidade que sai delas. Não é carbono.
Se as emissões de micro-ondas sobre as plantas durassem mais tempo, iriam queimá-las?
Sim. Veja, a parte de cima dos caules é mais jovem e mais elástica, então quando o micro-ondas a atinge, faz com que a umidade vire vapor. E esta parte de cima das plantas consegue se esticar e expandir. Assim, quando o vapor some, aparece uma parte superior esticada, algumas vezes entre 35% a 45% de alongamento. Em algumas raras ocasiões encontramos de 150% a 175% de alongamento nas partes superiores dos caules.
Por que ocorrem essas anomalias?
As mudanças nas plantas são resultado de grandes quantidades de energia — e uma parte dela é de micro-ondas. Como já expliquei, a exposição a micro-ondas, dependendo do tipo e a idade da plantação, causa alongamentos nos nódulos mais jovens e superiores, e explosões e cavidades nos nódulos mais velhos e inferiores. Essas cavidades, quando examinadas, sem auxílio de microscópio, são claramente visíveis. Assim, temos dois sinais visuais — o alongamento e as cavidades — que provam que determinado agroglifo é genuíno e não feito mecanicamente por fraudadores. Vale ressaltar que alongamentos e cavidades não estão sempre presentes em todos os agroglifos genuínos, mas na maioria. A energia de micro-ondas pode variar e não é a mesma em todos os círculos e nem sempre igual em toda a extensão do círculo.
Além da variação no micro-ondas há também a influência da idade da plantação?
Exatamente. Quando as plantas estão maduras, as sementes estão crescendo e ficando amarelas, há pouca umidade nelas e vemos menos explosões nos caules no final do verão. Já o alongamento dos caules mais jovens ocorre independentemente da época do ano e da idade da plantação.
Falando um pouco sobre o processo investigativo dos agroglifos, como ele é feito?
Depois que recebo a permissão do fazendeiro para investigar uma formação, corto vários caules de plantas que estão fora do círculo e levo comigo para dentro. Uso essas plantas como referência e controle e coloco lado a lado os nódulos dos caules que vieram de fora e aqueles que recolhi dentro, e sem nenhum trabalho de medição ou estatística podemos ver que os nódulos das plantas de dentro são maiores que os de fora. Os céticos alegam que os círculos são feitos com cordas e tábuas, mas amassar plantas com madeira não causa buracos nem alongamentos.
Pesquisar o fenômeno dos agroglifos demanda muito trabalho, tempo e esforço, não é?
Sim, muito. Após todas as amostras serem recolhidas levará alguns meses para completar a avaliação de uma formação porque são milhares de amostras internas e pelo menos 500 amostras de referência e controles para cada agroglifo. Todos os nódulos têm que ser medidos, contados e registrados. As cavidades de que estamos falando têm que ser contadas e registradas. Também fazemos estudos de germinação nas sementes de controle e nas sementes das plantas de dentro dos círculos. Os estudos descobriram que, dependendo da idade da colheita, a planta para totalmente de crescer ou se torna completamente esterilizada. Ou seja, se círculos acontecessem em todo o mundo de uma só vez, não haveria mais trigo, por exemplo, porque todas as plantas se tornariam estéreis. Isso é uma constatação.
O fenômeno ocorre somente em plantações naturais?
Hoje em dia a maioria das plantações são híbridas, mas ainda existem fazendeiros que plantam sementes naturais ou orgânicas. Nas orgânicas, as plantas crescem em ritmos diferentes. Já as plantações híbridas são alteradas geneticamente e, por isso, crescem de forma homogênea. Mas, nos agroglifos de colheitas orgânicas todas as plantas começam a crescer de forma igual e homogênea, similar às plantações híbridas.
Qual foi a descoberta mais importante que a senhora fez nesse campo de estudo?
Talvez a maior descoberta, e que foi bastante útil, é que quando os círculos acontecem em plantações maduras, entre julho e agosto no Hemisfério Norte, as sementes, quando germinadas, crescem até cinco vezes mais do que o normal. Produzem mais e não têm necessidade de água ou luz em quantidades especiais. Fomos capazes de repetir esse resultado em plantas normais, expondo as sementes a pulsos elétricos, usando equipamento especial dentro de câmaras de germinação. Micro-ondas fazem parte do sistema, assim como pulsos elétricos. Outro componente importante é que o campo magnético é forte dentro dos círculos.
Após todas as amostras de um agroglifo serem recolhidas, levará alguns meses para completar a avaliação porque são milhares de amostras internas e pelo menos 500 de referência para cada agroglifo. Todos os nódulos têm que ser medidos e contados.
A senhora poderia explicar melhor?
Sim. Para exemplificar o que ocorre, menciono a descoberta de 1993, em Church Hill, Inglaterra, durante uma chuva de meteoros Perseides. A todo momento, pequenas partículas de meteoros entram na Terra e se espalham por toda sua extensão, mas, em uma chuva, cai mais material do que o normal. Nesse círculo de 1993 havia acúmulo de metal derretido amontoado sobre as plantas de dentro dos círculos, principalmente no centro das formações. Quando analisado, notamos que aquilo era ferro quase puro, ou seja, resultado do pó de meteoros que foi capturado pela energia que criou o círculo. Isso significa que o sistema de energia é algo que emite micro-ondas, pulsos elétricos e magnéticos. A única coisa que causa esse tipo de efeito são descargas de plasma em espiral. Um exemplo de descarga de plasma em espiral é um raio climático, desses que vemos em tempestades. Outro exemplo de descarga muito menor são as luzes do norte ou aurora boreal.
E a senhora tem alguma ideia do que possa ser esse sistema de energia que forma as figuras?
O doutor Levengood acreditava que se tratava de algum fenômeno desconhecido, muito menor do que um raio, que causava uma descarga em vórtice, que interagia e impactava a crosta terrestre, geralmente entre 02h00 e 04h00 — horário em que o campo magnético do planeta é muito mais permeável. Nessas amostras de solo nós encontramos esferas microscópicas perfeitas de ferro, que estão distribuídas precisamente nos centros dos componentes redondos dos agroglifos ou nos extremos dos perímetros. Depois de 1993, começamos a testar também o solo, comparando com a área de referência e controle, fora do agroglifo. Notamos que no exterior essas esferas não estão presentes ou estão espalhadas de forma aleatória. Não testamos radiação, então não temos dados sobre isso nos círculos.
Mas que tipo de energia causaria esse fenômeno tão incomum?
Vários tipos de descargas atmosféricas de plasma vêm sendo confirmados pela ciência, e acontecem um pouco acima da atmosfera. A hipótese de Levengood é a de que algum tipo ainda desconhecido de descarga de plasma está causando a formação de círculos. Se ele está correto, e muitos dos fatos científicos indicam que sim, as plantas e solo foram expostos a uma descarga de plasma. Somente nos últimos 15 ou 20 anos se descobriram os sprite, os jatos azuis etc. Há uma grande chance de que ele esteja certo. A pergunta que permanece é se, sendo algum tipo de fenômeno natural, ocorre espontaneamente, como a aurora boreal, ou se é uma energia direcionada e manipulada por algo ou alguém?
Extraterrestres poderiam ser considerados autores dos círculos?
Nenhum humano, hoje, tem tecnologia para provocar o fenômeno dos agroglifos que acontece por todo o mundo. Não sei se existem extraterrestres, não conheço nenhum pessoalmente, mas pessoas afirmam que inteligências além de nós existem e que são seres conscientes e físicos que interagem com a Terra e com os seres humanos. Esse conceito, que esteve até agora relacionado principalmente às abduções, não parece ser uma possibilidade realista. Talvez, falando dos agroglifos genuínos, se eles não forem um fenômeno natural, o que eu duvido, acho que sejam fruto da ação de consciências desconhecidas ou de aspectos de consciências cósmicas ou interdimensionais.
Consciências cósmicas ou interdimensionais? Como assim?
Bem, extraterrestres “normais” também encaixam no fenômeno. Os desenhos não estão associados a nada ameaçador ou agressivo e provoca uma reação de paz. Não há evidência de que alguém tenha passado mal devido a qualquer efeito residual dos agroglifos — não há nada que sugira que as formações sejam qualquer coisa além de um gentil “empurrão” na humanidade, acordando-a para a possibilidade ou realidade de outras consciências, que também são parte do que chamamos de realidade, mas que a maioria não conhece.
Eu gostaria de abrir um parêntese aqui, para perguntar à senhora sobre Robbert van den Broeke e sua relação com os agroglifos. O que pode nos dizer sobre ele?
Bem, o que sabemos é que Robbert van den Broeke, um jovem holandês que vive na aldeia de Hoeven, no sul dos Países Baixos, tem a capacidade de prever consistentemente e com precisão o aparecimento de novas formações em colheitas, geralmente em sua vizinhança. Broeke tem desde o início de sua adolescência visões que contêm a localização e o desenho de um novo agroglifo, sabendo distinguir se ele está ocorrendo naquele preciso momento ou se ocorrerá em breve. Nos dias imediatamente anteriores a essas experiências, ele geralmente sente um acúmulo de angústia física ou mental, com nervosismo e tensão, que se dissipa uma vez que o círculo se forma.
Mas isso é extraordinário. O que mais pode nos falar sobre ele?
O assunto é bem extenso e eu aconselho que as pessoas interessadas entrem no site da BLT e vejam todo o material que temos [Endereço: www.bltresearch.com]. Mas o que posso adiantar é que, ao longo dos anos, Broeke também testemunhou muitos agroglifos se formando “ao vivo”, muitas vezes acompanhados por intensos fenômenos de luz. Vale ressaltar que a luz não era a mesma em todos os casos. Tanto durante o dia quanto durante a noite, ele observou esferas simples ou múltiplas de luz branca ou amarelada, geralmente brilhantes, pairando sobre o campo logo atrás da casa de seus pais, sob a qual as plantas, de repente, se achatam criando um novo círculo — ele relata que às vezes vê apenas um ou vários flashes de luz, após o que um novo círculo ou uma nova formação mais complexa é encontrada no campo.
Tudo isso é realmente excitante, mas vocês chegaram a pesquisar esses agroglifos para ter certeza de que eram reais?
Claro! Novamente eu recomendo que visitem a página da BLT na internet para poderem ter mais informações e também verem algumas fotos. Eu passei vários verões na casa de Broeke e tive minhas próprias experiências. Há realmente algo de estranho acontecendo ali. Eu acredito que tudo tenha a ver com algum tipo de manifestação energética cuja origem ainda não descobrimos, mas que em algum momento descobriremos.
Os estudos descobriram que, dependendo da idade da colheita, a planta para totalmente de crescer ou se torna completamente esterilizada. Ou seja, se círculos acontecessem em todo o mundo de uma só vez, não haveria mais trigo. Todo ele estaria estéril.
De que tipo de experiências pessoais a senhora está falando?
Estou falando sobre manifestações que podem parecer isoladas, mas que eu acredito que estejam todas interligadas. Estou falando sobre encontros com UFOs e extraterrestres, fantasmas, experiências fora do corpo, poltergeists etc.
Qual é a mensagem que os agroglifos estão transmitindo?
Interpretar as formações não tem sido meu foco. E tentar interpretar é inútil até descobrirmos se um agroglifo é genuíno ou falso, até termos evidências suficientes para validá-lo. Caso seja falso, estaríamos interpretando aquilo que o humano que criou queria que pensássemos. Até que se saiba se uma formação é real, é desperdício tentar explicar o significado, mas é razoável se tentar interpretar após a confirmação. Porém, em meu trabalho de anos, eu não vi nenhum significado específico para qualquer agroglifo. Imagino que eles sejam fruto do esforço de algo ou de alguém para induzir, seduzir ou dar um impulso à humanidade, levando as pessoas a pensarem sobre uma realidade maior. Não há uma mensagem específica.
Mas há pessoas que alegam conseguir decifrar as formações. O que a senhora pensa disso?
Geralmente as pessoas que tentam interpretar ou dizem que conseguem interpretar as imagens nos agroglifos ou têm um ego muito grande ou estão amedrontadas por não entenderem o fenômeno. Talvez conseguir explicar os desenhos lhes dê alguma sensação de segurança, os faça sentir que conseguem controlar alguma coisa. Por outro lado, fazer parte de algo que é mais evoluído do que nós é assustador. Então, algumas pessoas têm uma grande necessidade de sentir que controlam, ainda que um pouquinho, algo sobre o qual não temos controle algum.
Qual é o grau de dificuldade na validação de um agroglifo?
Para validar uma formação, basta compararmos as plantas de referência e controle de fora com plantas de dentro dos desenhos. Qualquer um pode chegar a essas conclusões contando os orifícios e alongamento das plantas. Para testar o solo, é necessário que se tenha um microscópio e que se tire amostras, começando em um extremo e pegando mais solo a cada metro, em diagonais, completando 30 ou 40 amostras. Depois sair um metro da formação, pega-se amostras a cada 10 m, até se ter amostras suficientes para comparação. Com isso, é possível colocar o solo no microscópio para testar e avaliar as amostras. Dentro do agroglifo vemos que, quando o plasma espirala em direção à terra, puxa as partículas por meio do magnetismo e as micro-ondas derretem o metal, mudando sua forma.
Até quanto tempo depois de surgirem os agroglifos podem ser testados?
É possível testar as formações até serem colhidas pelos donos da plantação. Mas se muitas pessoas souberem sobre a imagem e pisarem nas plantas, muito se perde das evidências, dificultando sua validação. E, contanto que o solo ainda esteja intacto, ou seja, que não tenha havido novo plantio, ainda é possível tirar amostras.
Como é a distribuição geográfica do fenômeno dos agroglifos pelo mundo?
O fenômeno tem ocorrido por todo mundo nos últimos anos, e a Inglaterra é o centro. Como cientistas, nos questionamos a razão dessa centralização. Mas, em realidade, não sabemos quantos acontecem todos os anos porque muitos não são relatados. Mas, pelo menos entre os países que falam inglês, nos últimos 30 anos, o sul da Inglaterra tem recebido a maior concentração de agroglifos. E também tem havido muitos casos falsos. Pessoalmente, acredito que faz tempo que não há um agroglifo genuíno por lá. Há relatos de círculos há centenas de anos, mas antigamente não havia ninguém a quem relatar estes fatos. E mesmo hoje, muitos fazendeiros dizem que faz muitos anos que as figuras acontecem e que achavam que fossem resultado da ação de animais.
Muitos agroglifos não chegam ao conhecimento dos pesquisadores…
Eu sei de círculos que nunca foram relatados, como no sul dos Estados Unidos, por medo de que fossem obra do demônio. Nesses casos as plantações eram cortadas imediatamente. Em outras partes do mundo, muitas pessoas do campo não querem atenção da mídia, então não falam sobre as formações que surgem em suas propriedades. Também há o fato de que é difícil enxergar círculos em campos de milho e as vezes os fazendeiros só os descobrem na hora da colheita, depois que o trator já passou por cima de uma formação — e como esses fazendeiros não estão preocupados com coisas ufológicas ou esotéricas, como pensam que são, continuam seu trabalho. Assim, não sabemos quantos ocorrem e como estão distribuídos.
Há alguma ideia para as formações em plantações ocorrerem em maior número na Inglaterra?
O solo no sul do país é bastante argiloso, portanto, extremamente poroso. E quando a água da superfície permeia os veios fluviais, temos mudanças elétricas e as correntes se alteram. O plasma, como também tem eletricidade, provoca um raio que é atraído pela eletricidade no solo. Assim, podemos explicar porque ocorrem em maior quantidade.
O solo seria, então, um fator determinante?
É uma hipótese. Também há relatos de círculos ocorridos em área de calcário, mais do que em qualquer outro tipo de solo. Esse tipo de terreno é comum nos Estados Unidos e na Alemanha. Nós apuramos que o fenômeno parece estar relacionado com a presença de água do solo e com o tipo de relevo. Mas a Holanda, por exemplo, não tem muito terreno rochoso, apenas muita água. Então é possível que essa teoria esteja incorreta.
Talvez a maior descoberta, e que foi bastante útil, é que quando os círculos acontecem em plantações maduras, entre julho e agosto no Hemisfério Norte, as sementes das plantas, quando germinadas, crescem até cinco vezes mais do que o normal.
A senhora disse que os agroglifos são relatados há centenas de anos. Então este é um fenômeno ancestral?
Em nosso site temos casos registrados desde 1500. Em literatura científica, há registros feitos no século XV, como o relato do professor Robert Plot, que, além de químico, foi curador do Museu de Oxford. Em sua obra A Natural History of Staffordshire [Uma História Natural de Staffordshire], Plot descreve não apenas agroglifos, mas áreas que foram achatadas “formando três partes de um círculo, semicírculos e quadrantes”. Ainda segundo o professor, as formações foram encontradas “não apenas em campos aráveis, mas também em pastos abertos”. E as formações não eram apenas círculos simples, mas às vezes “círculos duplos e até triplos, um dentro do outro”.
Muito interessante. Por favor, prossiga.
Sim, e os desenhos que ilustram o relatório de Plot são de anéis, espirais e até mesmo quadrados dentro de anéis — formas geométricas que estão aparecendo no campo de hoje. E as medidas do professor das áreas achatadas bem como os diâmetros gerais das formações também são típicos de muitas figuras que encontramos hoje. Em 1880, a revista Nature publicou o relato de um cientista que viu um círculo em sua própria fazenda.
O que dizia o relato deste cientista?
Bem, o que sabemos é que, em julho de 1880, a Nature, em seu volume 22, publicou uma carta do espectroscopista britânico J. Rand Capron na qual o homem descreveu a descoberta, e posterior exame, de várias áreas circulares de trigo achatado em uma fazenda no sul da Inglaterra. Ele descreve as plantações com “pontos circulares com alguns talos em pé, como um centro, alguns talos prostrados com a cabeça disposta muito uniformemente em uma direção, formando um círculo ao redor do centro. E fora deles, uma parede circular de talos que nada sofreram”. Capron sugeriu que esses círculos achatados fossem o resultado de alguma ação do vento ciclônico e incluiu um esboço do mais perfeito daqueles círculos, que, infelizmente, a Nature não publicou.
São registros bem mais antigos do que pensamos e muito intrigantes.
Sim. Aparentemente, o fenômeno é cíclico e vem ocorrendo há centenas de anos em fazendas nos Estados Unidos, Canadá e Europa. Pais e avós viam agroglifos com regularidade muito antes de as pessoas saberem o que eles eram. Temos um relato de um círculo em Edmonton, Canadá, que surgiu em 1999. E até a Fundação Rockefeller investiu em uma pesquisa geológica relacionada aos fenômenos, mais especificamente esse de Edmonton. Os cientistas contratados não sabiam nada sobre o assunto e sua meta era provar que micro-ondas estavam envolvidas na formação dos desenhos e das esferas de ferro encontradas em seu interior. O fazendeiro de Edmonton disse que havia anos que os círculos vinham ocorrendo e achava que eram “camas de cervos”, seus ninhos.
A senhora poderia nos falar mais sobre a pesquisa de Edmonton? Participou dela?
Sim. Foi um trabalho muito bem feito. Nós realizamos análises com todas as amostras, tanto as de referência e controles como de solo, e, além do exame magnético, fizemos um novo teste de difração raios-X para testar a cristalização do solo. As descobertas foram incríveis. A cristalização do solo foi alterada dentro das formações. Mutações em cristalização acontecem naturalmente ao longo de milhares de anos com a pressão das montanhas sobre o solo e com calor do centro da Terra, mudando a ordem atômica dos cristais. Mas essas mudanças foram encontradas no solo dos círculos.
E qual foi a conclusão deste trabalho?
Um cientista até achou que seu equipamento de medição estava com defeito e não estava funcionando corretamente — ele refez o trabalho e as estatísticas, mas os resultados foram os mesmos. A única outra forma com que os cristais poderiam sofrer essas alterações seria se temperaturas de 600 a 800° C fossem aplicadas sobre as formações, mas se isso ocorresse, a plantação estaria completamente carbonizada. Temos provas das mudanças de estrutura nos cristais do solo, com 95% de confiabilidade. E, com tudo isso, dois anos depois dos estudos terem sido concluídos, tivemos seis testemunhas declarando que UFOs foram vistos acima da plantação, onde 10 dias depois apareceria o agroglifo.
Qual sua opinião sobre as descobertas nos agroglifos do Brasil?
Estou completamente intrigada com a possibilidade de que investigadores brasileiros descubram que a vida microbiana do solo foi exterminada [Veja edição UFO 240, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Esse é um fato de grande importância, particularmente se estudos adicionais de outros agroglifos brasileiros, ou mesmo de formações em outras partes do mundo, produzirem os mesmos resultados. Isso será uma descoberta reveladora. Após descobrir exatamente o que foi encontrado nos agroglifos brasileiros, eu recomendo tentar duplicar o mesmo trabalho aqui nos Estados Unidos ou em algum outro país. Estou muito animada em saber o que foi feito e o que descobriram. Alguns dos estudos feitos pela BLT mostraram que quando os círculos ocorrem em plantações jovens — antes de as sementes estarem totalmente formadas — essas plantas geralmente ficam esterilizadas. Então, se foram descobertas evidências de que os solos também são afetados e ficam sem vida microbial, isso é muito interessante.
Qual sua opinião sobre o formato dos agroglifos brasileiros?
Há muito agroglifos geométricos feitos por homens, falsos, particularmente na Inglaterra. E até terem certeza que estão lidando com círculos genuínos, analisar os formatos é perda de tempo, ou seja, ao meu ver, analisar o significado é inútil. É muito mais importante determinar primeiro se esses círculos são genuínos. A única razão para haver tanta ênfase sobre a geometria dos círculos é porque a maioria das pessoas que estão interessadas no fenômeno não sabem como determinar sua autenticidade e não têm nenhuma instrução sobre plantas ou solo. Mas essas interpretações não são nada significantes — somente refletem o que os circlemakers tinham em mente ou o que eles queriam que as pessoas pensassem.
Robbert van den Broeke, um jovem holandês que vive na aldeia de Hoeven, no sul dos Países Baixos, tem a capacidade de prever consistentemente e com precisão o aparecimento de novas formações em colheitas, geralmente em sua própria vizinhança.
Gostaria de conhecer melhor os agroglifos brasileiros?
Sim, pessoalmente, tenho muito interesse em me envolver nos exames dos círculos de seu país, mesmo que seja somente para ajudá-los a entender o que já descobriram até agora. É a autenticidade das formações que tem que ser trabalhada primeiro, e uma vez que sabemos que são reais podemos começar a pensar em outras ideias, como no significado dos desenhos. Como comparação, muitos agroglifos genuínos não têm nenhuma geometria definida, sendo alguns totalmente aleatórios.
Voltando um pouco, como foi desenvolvida a pesquisa de difração de raios-X nos cristais do solo onde surgiram agroglifos?
Algumas formações, distribuídas em vários países, foram consideradas como candidatas potenciais para este estudo e múltiplos fatores guiaram a escolha final. Nós nos apoiamos fortemente na longa pesquisa feita e publicada pelo doutor William Levengood para nos ajudar a escolher um caso produtivo, e demos atenção ao Relatório 79, que mostrou múltiplas cavidades de explosão e uma estatística grande de aumentos de nódulos superiores nas plantas.
Qual é este caso?
É uma ocorrência em que notamos que os emaranhados das plantas, na sua parte superior, em ambos os agroglifos, eram mais radiais do que espirais — círculos radiais são menos comuns do que espirais. Quatro desses círculos, um na Holanda, um nos Estados Unidos e dois no Canadá, foram preliminarmente avaliados como candidatos para esse estudo. Todos esses casos proveram estatísticas significantes de alongamento no nódulo superior, bem como a presença de cavidades de expulsão. Dois agroglifos tinham a formação radial em evidência. Exames preliminares de difração por raios-x do solo, feito em todos, exceto na formação da Holanda, também sugeriram aumento na estrutura cristalina de ilita e de esmectíticos no solo.
Mas o que determinou a escolha?
Bem, no círculo da Holanda tínhamos uma testemunha bastante confiável dizendo que a imagem se formara embaixo de uma luz em formato de disco que sobrevoou o local — mas o solo naquele campo era extremamente rico e continha pouquíssima argila. Era evidente que a extração da argila para o exame não traria nenhum resultado relevante. Já o caso dos Estados Unidos não somente tinha o aumento dos nódulos e cavidades de expulsão, como foi um dos primeiros de caules massivamente retorcidos e espiralados na base da cabeça da semente. No entanto, a equipe de investigação de campo não entendeu corretamente o protocolo de amostras de solo e não colheu amostras de referência e controle suficientes. E em um dos círculos do caso canadense o fazendeiro tinha passado o trator sobre o campo em volta do agroglifo antes de a equipe conseguir retirar amostras.
E o agroglifo de Edmonton?
Ele era o quarto caso desta série, uma formação de sete círculos com tamanho total de aproximadamente 63 m que surgiu em uma plantação de cevada, em setembro de 1999. Esse foi o único caso que pôde ser examinado dentro do nosso apertado orçamento e que também ficou dentro dos critérios. Portanto, foi escolhido para um estudo aprofundado. E, sem que soubéssemos na época, o agroglifo de Edmonton acabou sendo uma das formações mais interessantes que já estudamos.
Por qual razão?
O alongamento nos nódulos superiores era tão extremo que estava claramente visível no campo e a equipe de amostras encontrou um número enorme de cavidades de expulsão até na parte mais inferior dos caules da cevada — e, em algumas instâncias, também nos nódulos superiores. A disposição do agroglifo em todos os sete círculos era complexa, com a camada superior em disposição caótica e em várias direções, uma com disposição radial embaixo e outra mais fina, em um círculo em direção horária de plantas amassadas envolta do perímetro de cada um dos sete círculos ali existentes.
Como vocês chegaram à formação descoberta em Edmonton?
Ela foi encontrada pelo fazendeiro durante a colheita e não era visível a partir das rodovias próximas. O homem que a encontrou relatou mais tarde que havia observado múltiplos círculos no ano anterior em um campo adjacente, e que havia pensado serem causados por cervos deitados sobre as plantas. Finalmente, os agricultores Mike e Judy Arndt completaram a tarefa, colhendo amostras e fazendo documentação precisa do campo estudado, tornando possível que Edmonton fosse nosso melhor candidato. Para aqueles que conhecem o fenômeno dos agroglifos é interessante notar que, durante o trabalho de amostragem, falhas de celulares são observadas, como ocorreu com Mike e Judy Arndt, e um fenômeno aéreo incomum foi relatado pelo fazendeiro, sua esposa e por outro indivíduo não relacionado a eles, durante o tempo em que se acredita que a formação tenha ocorrido. Isso é bastante interessante.
Quais são seus últimos comentários sobre a pesquisa de agroglifos?
Agradeço a todos pelo interesse neste fascinante e intrigante estudo. Uma vez que as pessoas compreenderem o trabalho que a BLT Research faz, imediatamente será possível entender porque é tão importante. Os fatos, em si mesmos, sem que precisemos lançar mão de qualquer especulação, mostram claramente que há uma energia desconhecida até hoje aos seres humanos envolvida na criação de agroglifos em todo o mundo. Isso é fato incontestável. E quando confirmarmos definitivamente que o fenômeno envolve UFOs e inteligências extraterrestres, todos ficarão surpresos com as conclusões.
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