A Bíblia levou aproximadamente 16 séculos para ser considerada finalizada. E apesar de suas inúmeras edições, traduções e revisões, o trabalho ainda não é considerado terminado. Centenas de estudiosos ainda hoje se debruçam e estudam minuciosamente a Bíblia em busca de antigos e novos significados e vestígios. Moisés é, por muitos, ainda hoje considerado como o responsável pela escrita dos primeiros cinco textos, ou livros, do Antigo Testamento, conhecido como Pentateuco. Um deles, o Gênesis, é aqui tratado como o centro de nossas atenções por nos apresentar caminhos interessantes para os que consideram, por meio da fé — quando não lhes resta a razão — a verdadeira história da criação ou origem do homem.
O mito de Adão e Eva, dentro desse contexto, é simplesmente fantástico, mas também bastante prosaico. Não nos permite nenhum entendimento lúcido a respeito de como Deus teria efetivamente criado o homem. E as circunstâncias da criação também são apresentadas de modo bastante superficial. Afinal, uma passagem tão importante, de tamanha inspiração divina, merecia um texto no mínimo do tamanho, e de revelações, dignas de um Atrahasis, o poema épico da mitologia suméria narrando a criação e o dilúvio universal.
Enquanto outros textos bíblicos trazem detalhes a respeito de toda a carnificina hebraica, o livro do Gênesis não dá detalhes sóbrios e ricos sobre a criação do homem, não demonstra nenhum tipo de feição literária, poética que seja, sobre um dos momentos mais importantes e mais sublimes de toda a criação divina. Pela lógica religiosa, sejamos francos, a Bíblia deveria mais do que nunca exaltar o momento da criação do homem — pois é o momento perfeito da verdadeira ligação do homem para com Deus.
Narrativas compactadas
Mas, ao contrário do gigante manuscrito de Charles Darwin, por exemplo, em Gênesis 1, no versículo 26, temos o suprassumo da compactação. Creio que nenhum software atual seria tão eficiente em tamanha redução textual: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. No versículo 27, lemos que “Criou, pois, Deus o homem à sua imagem. À imagem de Deus o criou”. E por alguma razão a enorme saga da criação do homem é repetida no versículo 7 do capítulo 2, em um minúsculo texto digno de um micro conto: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente”.
Peço desculpas ao leitor, pois também não gosto de ironias, mas imagine que algum escritor tivesse a brilhante ideia de compactar, com pouquíssimas palavras, alguns clássicos da literatura mundial, como por exemplo A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Se seguirmos o modelo do Gênesis, a obra diria: “Era uma vez um sujeito italiano que, sem medo, conheceu o inferno, o purgatório e o céu”. Ou, seguindo o mesmo raciocínio, o clássico As Mil e Uma Noites, compilado em língua árabe no século IX, seria resumido como “era uma vez uma esposa que, para não morrer, toda noite contava uma história para o marido. Após 1001 histórias, ele não a matou”.
Como nós estamos em busca da verdade usando a razão, o maior problema é que, desde a sua primeira edição original até os dias de hoje, centenas de outras versões, edições e revisões da Bíblia foram apresentadas ao mundo — e é de se perguntar onde Moisés estava com a cabeça para não pedir detalhes a Deus quando teve a oportunidade única que muitos de nós gostaríamos de ter. E se Moisés realmente teve acesso ao real conhecimento sobre toda a criação do homem, como poderemos saber se apenas três versículos compõem toda a história?
A Bíblia tem como língua original o hebraico. Vamos considerar traduções todas as demais versões posteriores, desde o grego, passando pelo latim, até chegar à versão em inglês. Conhecida como Septuaginta, a primeira tradução das sagradas escrituras do hebraico para o grego iniciou-se 300 anos antes da Era Cristã. A tradução de Jerônimo, conhecida como Vulgata, ficou pronta no quarto século da Era Cristã. Apesar da distância de tempo, nesse intervalo, quanto do significado original das escrituras se perdeu desde então?
Fora a eventual e possível perda de significados nas primeiras traduções, em 1546 da Era Cristã, quando o Concílio de Trento decretou que qualquer publicação, ou impressão, das traduções bíblicas deveriam ser aprovadas pela Igreja Católica. O decreto medieval, entre outras bravatas, pregava que “as Escrituras devem ser publicadas do modo mais correto possível. É ilegal que qualquer pessoa imprima ou solicite uma impressão de quaisquer livros de natureza sagrada, ou que no futuro os venda ou até mesmo os possua, a menos que primeiramente tenham sido examinados e aprovados pelo bispo local”. De um ponto de vista religioso, com um verdadeiro viés dogmático e pretensioso, qual seria o modo mais correto possível de imprimir uma Bíblia naquela época?
A Bíblia como ela é
É fácil supor, portanto, e imaginar também, que com esse decreto a Igreja Católica tenha passado a controlar de modo bastante parcial o conteúdo dos textos sagrados literalmente traduzidos. Ou seja, desde a edição original, supostamente escrita por Moisés, até a era medieval, se havia um conteúdo mais claro sobre a origem ou a criação do homem, esse certamente ficou escondido. Depois de assumir o trono, em 1603, o Rei James I aprovou uma nova tradução das sagradas escrituras — o projeto foi tocado por seis grupos de trabalho, formados por 47 eruditos previamente selecionados. Para a nova tradução não foi usado somente o original hebraico.
Em vez disso, os grupos de trabalho usaram como base a versão inglesa, de William Tyndale, traduzida do original grego em 1525; a versão completa em inglês, produzida por Miles Davis, em 1535; a conhecida “Bíblia do Bispo”, uma versão publicada em 1568; e a “Bíblia de Genebra”, cuja versão em inglês é de 1560. É como se você regravasse a canção Yesterday, sucesso da banda b
ritânica The Beatles, em japonês, a partir de um cover de uma banda alemã, que por sua vez foi baseado em uma versão sueca, sem nunca ao menos ter ouvido o original dos Beatles.
Segundo Zecharia Sitchin, em suas pesquisas dos povos sumérios, o homem moderno seria o híbrido de primatas com os chamados ‘deuses caídos’. Charles Darwin também afirmou que o homem teria evoluído de um ancestral comum, os primatas
Mas, ao final, a Bíblia do Rei James, também conhecida como “versão autorizada”, ficou pronta em 1611. Quatro séculos depois, estima-se que a versão do monarca tenha tido uma tiragem total de um bilhão de exemplares. E durante muito tempo foi considerada como a única e verdadeira Bíblia. Daí presume-se que a unanimidade tenha negligenciado de modo quase cego toda a verdadeira história por trás do mito de Adão e Eva. Se é que ela estava lá.
Mas para não ficarmos exaustos frente a essa constatação de tantas evidentes distorções sobre a real origem do nosso passado, poderíamos terminar por aqui. O fato, porém, é que, depois de tantas traduções, em 1870 iniciou-se uma nova revisão inglesa. E em 1982 teríamos uma nova revisão americana. Ou seja, se você, leitor, quer ler a Bíblia de verdade, terá que comprar em uma livraria especializada a Bíblia de Jerusalém ou aprender o hebraico antigo. É sabido que todas as edições, traduções e revisões foram realizadas por homens com tendências socioculturais muito arraigadas ao seu próprio tempo — soma-se a esse cenário a suspeita de muitos estudiosos de que, desde o século XVIII, vinham tentando comprovar que partes dos textos sagrados não haviam sido escrito por uma única e mesma pessoa. Mas por várias.
Felizmente, estamos na Era da Informação e as modernas ferramentas de pesquisas podem nos ajudar a decifrar antigos enigmas. O site da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, por exemplo, traz milhares de páginas digitalizadas sobre as mais variadas áreas do conhecimento, que podem ajudar um exército de famintos por conhecimento a desvendar esse mistério. E aos poucos a Biblioteca do Vaticano vem sendo digitalizada. Mas como confiar em uma instituição que ordenou a censura das ideias de Galileo Galilei?
Nachum Dershowitz, cientista da computação da Universidade Blavatnik, coordenou em 2011 uma pesquisa em Telavive na qual descobriu que o Livro de Isaías, por exemplo, não foi escrito por um único profeta, mas redigido com a ajuda de um segundo colaborador, que assumira o trabalho da escrita a partir do capítulo 33 da obra. A descoberta foi possível graças à criação de um software que usa dados coletados durante séculos pelos eruditos e especialistas no assunto. O algoritmo do programa mapeia e reconhece padrões para separar os dados coletados por blocos escritos por diferentes autores.
Mas além de o Gênesis ter literalmente sobrevivido a tantas versões e edições, o livro ainda sofreu ataques físicos diversos. A Bíblia sofreu um ataque do Rei Joaquim e foi queimada. O rei selêucida Antíoco Epifânio, por volta de 168 a.C., mandou destruir todos os rolos da escritura hebraica. Em 303, Diocleciano ordenou, por meio de um decreto, que fossem entregues, queimadas e destruídas todas as cópias das escrituras. Sem contar o fato de que temos, atualmente, versões evangélicas ou pentecostais da Bíblia, bem diferentes das versões católicas, a questão é que o mito de Adão e Eva sempre foi mantido em todas as edições, traduções, revisões e versões, o que demonstra que a história guarda segredos inexplorados — que definitivamente foram registrados antes da criação da Bíblia e que chegaram até os nossos dias.
Mais recentemente, o Gênesis ganhou duas novas interpretações, muito interessantes, que nos permitem um estudo mais dedicado do tema. A primeira seria aquela trazida no livro A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, publicada originalmente em francês, no ano de 1868. E a segunda seria aquela nos dada por Zecharia Sitchin em sua já citada obra Gênesis Revisitado [Epub, 1990]. É nessas duas interpretações que nos debruçamos com o intuito de compreender melhor o intrigante livro sagrado que cita a criação do homem. Essas novas interpretações nos trazem pistas ainda mais conclusivas a respeito de onde viemos.
O fôlego da vida
Sabemos que o nosso planeta iniciou a sua formação a cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, e que o gênero Homo se afastou dos Australopitecos há cerca de 2,4 milhões de anos, na África. Mas isto não quer dizer que eventuais habitantes das regiões de Capela [Veja a primeira parte deste artigo] não possam ter migrado para a Terra em períodos bem mais recentes. É algo parecido com o que afirma também o escritor Zecharia Sitchin por meio de outra teoria muito semelhante, tentando resolver a equação que podemos chamar de “elo perdido” entre a Teoria Criacionista, na qual tudo foi criado por Deus, e a Teoria Evolucionista, tão magistralmente proposta por Darwin — seria um casamento entre ciência e religião? É o que vamos ver, pois o francês Teilhard de Chardin, padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo tentou unir a questão Criacionismo versus Evolucionismo. Ariel Álvarez Valdez, outro padre, e John F. Haught, filósofo norte-americano, também tentaram.
Mas, se ambos os lados, se ambas as visões, relessem a Bíblia do ponto de vista espírita ou kardecista, o conflito desapareceria, pois os evolucionistas reconheceriam sua ciência nas bases da criação e os criacionistas compreenderiam o que os textos, antes quase incompreensíveis, querem realmente dizer. A essa altura, parece a este autor que o Espiritismo é uma fonte única a dar respostas mais claras e conclusivas sobre a visão teológica, e ao mesmo tempo evolucionista, da criação do homem. Pois agora podemos compreender de onde viemos. A conclusão básica que temos é que a humanidade migrou do cosmos para o nosso Sistema Solar. Segundo o que foi ditado a Chico Xavier, a humanidade exilou-se de um planeta de Capela que guarda muitas afinidades com a Terra.
Diz o apócrifo: ‘Deus plasmou Adão com as suas mãos santas, segundo a sua imagem e semelhança. Quando os anjos constataram o seu aspecto magnífico, ficaram tocados pela sua beleza’. De onde surgiu a palavra plasmar, conhecida apenas hoje?
Segundo o estudioso Zecharia Sitchin, em suas pesquisas baseadas nos mitos dos povos sumérios, o homem moderno seria o híbrido de primatas com os chamados “deuses caídos”. Unindo as duas teorias, chegamos à solução proposta por Darwin quando afirmou que o homem teria evoluído de um ancestral comum, os primatas. Ou seja, não é verdade que a ciência desmente o que a religião escreve — parece apenas haver uma ocultação de segredos nas escrituras ditas sagradas. Por isso, tivemos que pesquisar em outras fontes.
Em O Livro dos Médiuns [Lake, 1954], por exemplo, lemos que “a forma humana, com algumas diferenças de detalhes, e as modificações orgânicas exigidas pelo meio em que o ser tem de viver, é a mesma em todos os globos”. Ou seja, Darwin corrobora, por meio da seleção natural evolucionista, o que fora outrora levantado por Kardec. Pois sabemos que a seleção natural é o processo da evolução proposto por Darwin para explicar a adaptação dos seres vivos ao meio ambiente de cada planeta. Talvez seu volume mais famoso pudesse ter sido intitulado A Evolução das Espécies ou, em último caso, A Recriação das Espécies.
Outras fontes interessantes
Concluindo, usando um pouco do sofismo aprendido, o que está escrito na Bíblia seria a mais alegórica verdade — tão alegórica que não nos permite uma visão mais clara de toda a epopeia da criação. Uma vez que a Bíblia se apresenta como um resumo, um apêndice, um dicionário ou um compêndio, eis porque, às vezes, é muito difícil crer no que se tem lido e interpretado sobre a criação através do pouco que se tem lido nela. Como não iremos refutar nenhuma possibilidade é interessante rever o que diz o Gênesis 2 no seu versículo 7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida e o homem tornou-se alma vivente”.
Com uma vista bem rápida em alguns livros apócrifos descobrimos relatos mais detalhados de como se sucedeu a criação do homem. Eles são os textos escritos por comunidades pré-cristãs e que nos permitem uma visão mais ampla de toda a saga criacionista. Senão, vejamos o que nos diz O Livro dos Jubileus: “E no sexto dia Ele criou todos os animais da Terra, o gado e todas as coisas viventes. E depois disso tudo, criou o homem”. Relendo esse trecho parece bastante óbvio que Deus tenha criado primeiramente os chimpanzés, antes de ter gerado o homem, uma vez que criou primeiramente todos os animais e coisas viventes para somente depois “fazer” o homem.
Se não houvesse certa importância escondida nessa sequência, talvez seria mais lógico a Deus ter criado primeiramente o homem, já que este reinaria sobre todos os animais. Teria Deus, em sua ilimitada sabedoria, afirmado propositalmente a regência dos homens sobre todas as criaturas na Terra, exatamente para explicar a futura discórdia que haveria sobre a criação do próprio homem, em sucumbir sua evolução a partir dos primatas?
No relato a seguir, tirado do capítulo 2 de A Criação do Homem, do texto apócrifo Caverna dos Tesouros, fica claro que Deus ordena que o homem seja criado “à nossa imagem e semelhança”. Vejamos: “Quando no sexto dia, sexta-feira, reinava a paz sobre todas as ordenações das Potestades, Deus disse: ‘Vamos e façamos o homem à nossa imagem e semelhança! ’. Com isso, Ele dava a existência às excelsas pessoas”.
Percebe-se aqui que a criação de Adão é feita à semelhança não somente de Deus, sozinho, mas também de “excelsas pessoas”. No caso dos antigos textos sumérios o termo Elohim é um plural que designa um grupo. Ou seja, a palavra hebraica que foi forçosamente traduzida como Deus é, na verdade, Elohim, o plural para deuses usado nas histórias da criação. Faria mais sentido se estivesse apenas escrito que criou Deus o homem à sua imagem e semelhança. Em vez disso, o que temos, se nós fizermos uma pesquisa e leitura mais atenta aos apócrifos, é uma ordem divina bem clara: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Portanto, o homem não só foi pessoalmente criado por Deus, mas também feito conforme o seu desejo, conforme “a nossa imagem e semelhança” de alguém. Mas “a nossa imagem e semelhança” de quem, se a ordem está no plural?
Paralelamente, nos antigos textos sumérios percebe-se claramente um consenso à execução de um projeto liderado por um deus em específico, chamado Enki. Podemos ler mais sobre esta figura nos livros de Sitchin. Voltando ao apócrifo Caverna dos Tesouros temos que, “quando os anjos escutaram essa palavra, viram a mão direita de Deus estender-se e alongar-se, e tudo o que foi criado abrangeu-se na sua direita. Então eles viram como Deus, de toda a Terra, tomou uma pitada de pó, de todas as águas uma gotícula, de todos os ventos um pequeno sopro, e de todo o fogo um diminuto halo de calor”.
A citação acima fala explicitamente sobre os quatro elementos da natureza tão bem estudados pelos alquimistas medievais — terra, água, ar e fogo. Mas iríamos longe demais se fôssemos por esse caminho, então vamos seguir em frente com outros atalhos. Segundo o livro citado Gênesis Revisitado, células vivas são feitas de moléculas complexas de vários compostos orgânicos e não apenas de elementos químicos separados.
Uma pequena Eva
Segundo Sitchin, em 1953, Harold Urey e Stanley Miller, cientistas da Universidade de Chicago, misturaram em um recipiente de pressão moléculas orgânicas simples de metano, amônia, hidrogênio e vapor de água, dissolveram em água para formar uma espécie de sopa primordial líquida e emitiram faíscas elétricas para imitar os raios primordiais. A experiência produziu muitos aminoácidos e ácidos hidroxi1icos, ou seja, os blocos de construção das proteínas que são essenciais à matéria viva.
Diz ainda Sitchin: “Outros pesquisadores sujeitaram misturas semelhantes à luz ultravioleta, à radiação ionizante e ao calor para simular os efeitos dos raios de Sol e outros tipos variados de radiações existentes na atmosfera primitiva e nas águas sombrias. Os resultados foram os mesmos. A Bíblia reconhece que, para dar vida ao homem, considerado pela ciência o
ser mais complexo, moldado do barro, foi necessária a intervenção divina para ‘soprar-lhe o espírito’. Sem isso, nenhuma matéria, por mais engenhosa que fosse, não seria animada, não viveria”.
Parece haver uma programação automatizada em nossas mentes, e implantada em nossos cérebros, com o estranho poder de nos fazer crer apenas nas coisas que podemos ver, pegar e provar a existência a partir de métodos sempre científicos
É por isso que no capítulo 2, versículo 6, ou seja, antes do versículo que fala sobre a criação do homem, temos o seguinte: “Um vapor, porém, subia da terra e regava toda a face da terra”. Mas, voltando ao apócrifo Caverna dos Tesouros, lemos que: “E os anjos viram como esses quatro débeis elementos — frio, calor, secura e umidade — foram depositados no côncavo da sua mão. Então Deus plasmou Adão”. Plasmar? Já ouvi esse termo também em algum trecho da literatura espírita. Mas o fato é que Deus não criou o homem do nada, e sim se apropriou de outros elementos que já havia criado antes. E então “Deus plasmou Adão com as suas mãos santas, segundo a sua imagem e semelhança. Quando os anjos constataram o seu aspecto magnífico, ficaram tocados pela beleza de sua figura. Pois viram que a imagem de seu semblante era luminosa como o brilho do sol, a luz dos seus olhos irradiava raios como a luz solar”.
Algo análogo foi descrito nos antigos textos sumérios como a “realização de uma grande obra de sabedoria”. Neles descobrimos como o já citado Enki deu a Ninti, a Senhora da Terra, as seguintes instruções: “Misture a uma essência o barro da base da Terra, pouco acima de Abzu, e modele na forma de um caroço. Eu proverei bons e sábios jovens anunnaki que darão ao barro a condição correta”. Seguindo adiante, agora no texto apócrifo Sobre a Origem do Mundo, lemos que “estas coisas sendo reveladas às almas destinadas aos corpos moldados das autoridades. E a respeito destas a voz sagrada disse: ‘Multiplicai-vos e prosperai para reger sobre todas as criaturas’. E estas são as que foram aprisionadas pelo Primeiro Pai de acordo com a sorte, e foram assim confinadas em seus corpos moldados até a consumação”.
Creio que poderiam ser estas “autoridades”, aqui citadas em um antigo texto apócrifo pré-cristão, as chamadas Grandes Comunidades Espirituais, diretoras do cosmos citadas também por Chico Xavier, através do conhecimento trazido pelo seu guia Emmanuel — teríamos aqui, finalmente, as almas aprisionadas ou confinadas em corpos moldados, conforme as Grandes Comunidades Espirituais deliberaram.
Somente uma leitura mais atenta do livro Apócrifos e Pseudoepígrafos da Bíblia [Novo Século, 2004] pode nos responder. Diz o texto: “E nessa época, então, o Primeiro Pai atribuiu aquelas que estavam com uma falsa intenção a respeito do homem. Em seguida, cada uma dentre elas atirou a semente no centro do núcleo da terra. A partir daquele dia, os governantes deram forma ao homem — o seu corpo é parecido com o corpo deles, a sua imagem assemelha-se ao homem que surgiu diante deles. Seu corpo moldado tomou forma de acordo com uma parte de cada um deles. Aqueles que os liderava criou a sua cabeça e medula. Depois disso, sua aparência era igual à do homem que ali já estava. Tornou-se um ser vivente, e aquele que é o pai foi chamado de Adão, de acordo com o nome daquele que estava próximo a ele”.
Afinal, seria Adão um clone, mas, ao mesmo tempo, um bebê de proveta? O texto prossegue, explicando que, “depois de Adão ter sido totalmente formado, foi deixado por ele em um recipiente. Não contendo espírito nenhum, resultara em uma forma deficiente. Este fato fez com que ao lembrar-se da palavra de Pistis, o governante principal tivesse medo de que o homem pudesse apoderar-se do seu corpo moldado e o dominasse. Por isso, deixou que seu corpo moldado, ficasse sem alma durante quarenta dias. Retirou-se então e o abandonou”.
E continua a impressionante citação apócrifa: “Mas, no quadragésimo dia, Sofia emitiu seu sopro em Adão, que não tinha alma. Ele começou a movimentar-se sobre a Terra, mas não era capaz de acordar. Quando vieram os governantes e o viram, ficaram muito perturbados. Foram até ele e o prenderam. Ialdabaoth, dirigindo-se ao sopro da vida que se manifestava dentro dele, perguntou: ‘Quem és tu? Donde viestes?’ Ele respondeu dizendo: ‘Eu vim graças ao poder do homem-luz por causa da destruição de vossa obra’. Ao ouvi-lo, os governantes o glorificaram, pois ele acalmara seu medo e preocupação. Eles então chamaram aquele dia de ‘descanso’ por terem conseguido descansar de suas preocupações. E ao perceberem que Adão não conseguia acordar, regozijaram-se, pegaram-no e o abandonaram no Paraíso, retirando-se aos seus céus”.
No relato extraído do capítulo 2 de A Criação do Homem, do texto apócrifo Caverna dos Tesouros, as tais “excelsas pessoas” ficaram espantadas quando testemunharam Deus plasmar o primeiro Adão, “cujo semblante era luminoso como o brilho do Sol e a luz dos seus olhos irradiava raios como a luz solar”. Esse foi o primeiro Adão, em espírito. Da resposta de Adão ao governante Ialdabaoth — “Eu vim graças ao poder do homem-luz por causa da destruição de vossa obra” — temos o Adão terreno. É por isso que lemos no capítulo 13, versículo 14 do apócrifo O Primeiro Livro de Adão e Eva a seguinte afirmação: “Pois Eu te fiz de luz e quis gerar de ti filhos de luz, semelhantes a ti. Mas, um dia, tu não guardaste Meu mandamento, antes que Eu terminasse a criação e abençoasse tudo nela”.
“Anjos e deuses caídos”
Assim, chegamos à lógica conclusão de que Chico Xavier ouviu a verdade de seu guia Emmanuel. A não ser que o médium mineiro tenha tido acesso aos apócrifos para ele não ditados. Para o estudioso Sitchin, o homem moderno seria o híbrido de primatas com os chamados “deuses caídos”. A teoria proposta por Darwin, quando afirmou que o homem teria evoluído dos primatas a partir de um ancestral comum é, em si, o próprio elo perdido entre os deuses e os homens. E a conclusão, como já prescrito, é a de que a humanidade migrou do cosmos para o nosso próprio Sistema Solar — aqui chegando, foi recriada a partir de um ancestral já bastante habituado ao nosso planeta. Basta agora ler o Antigo Testamento sob este novo prisma.
Quando olhamos para o passado, buscando desenvolver uma lógica por trás da criação ou invenção dos grandes mitos da humanidade, como os deuses sumérios e os hebraicos anjos caídos ou nefilins, percebemos que há evidências científicas sempre presentes e sendo usadas como tentativa de corroborar o que quase sempre não se pode compreender tão facilmente sem se usar um amuleto.
Nós, considerados seres pensantes, cuja estrutura lógica de nossas mentes nos coloca bem acima em comparação a qualquer ser do reino animal, incluindo os chimpanzés. Nós, que não cremos em qualquer história que nos é contada, somos sempre os primeiros a não crer em teses como essas, aqui apresentadas, sobre a origem do homem ou de UFOs atravessando um céu de estrelas. É natural, para não dizer condicional. Pois parece haver uma programação automatizada em nossas mentes, e implantada em nosso cérebro, com o poder de nos fazer crer apenas nas coisas que podemos ver, pegar e provar a sua existência a partir de métodos sempre científicos, restritamente comprobatórios.
Ou se transforma o Espiritismo, a Ufologia e a astrologia em ciência, como tentou fazer o professor Kardec com a sua descoberta, ou se transforma o Espiritismo em um dogma filosófico qualquer, no qual simplesmente não há espaço para a verdade
Imaginemos, porém, bem hipoteticamente, um ser que tenha nascido em um planeta bem distante do nosso — um exoplaneta que pudesse orbitar, como o nosso, a zona de habitabilidade de uma estrela qualquer no universo. É fato que exoplanetas existem e sobre esse fato não restam dúvidas. Mas, para que o nosso personagem pudesse existir, precisaríamos dar-lhe um nome. Para isso, podemos recorrer à ciência das línguas.
A palavra El, se pudermos usar uma designação bastante utilizada pelos antigos deuses sumérios, é quase um pronome e, dependendo de sua colocação, quer dizer também “aquele” ou “Deus”. Em hebraico El quer dizer “acima”, “elevado” ou “alto”. Uma designação muito usada mais tarde também nos sufixos de nomes hebraicos para os anjos bíblicos, como por exemplo Gabriel, do aramaico Gabri-el ou “homem forte de Deus”. Rafael vem do hebraico “Deus cura”, Uriel significa “Chama de Deus” etc. Temos também uma demonstração com o nome Mikael, do hebraico Mîkha’el — Mi quer dizer “aquele” ou “quem”, Ka quer dizer “como” e El quer dizer “Deus”.
A designação El pode ter origem nas diversas línguas chamadas semíticas, como o fenício, o aramaico e o acadiano. El, como um prefixo, é usado na já citada palavra Elohim, também traduzida geralmente como Deus. El sempre foi usado para determinar algo ou alguém que tenha vindo do céu em uma missão especial qualquer. Chamaremos, então, o nosso personagem simplesmente de El. Agora que o nosso personagem tem um nome mais adequado ao tema, e que afirmamos que veio de um exoplaneta, talvez fique mais fácil de as pessoas crerem nele.
Em sua trajetória, talvez por causa de uma catástrofe astrofísica ou de uma guerra nuclear, como queiram, o exoplaneta, a terra natal de El, irá a qualquer momento explodir, desaparecer, desintegrar-se. Como ele não é Deus e nem um espírito, para ser salvo El é colocado em uma cápsula, como aquelas usadas pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA) nas missões espaciais, que é disparada no céu em direção à Terra, o seu futuro planeta exílio — talvez por guardar semelhanças atmosféricas com o seu planeta de origem. Para buscar explicar o que pode ter ocorrido no orbe natal de El, teremos que recorrer à ciência pura, não àquela especulativa. Um estudo divulgado em 2011 pela revista Nature mostrou como uma estrela induz outra à morte e cria um buraco negro. Segundo pesquisadores espanhóis, o buraco negro é o resultado de uma estrela de nêutrons se fundindo com o núcleo de hélio de uma estrela gigante e mais velha.
Astrofísicos da Universidade de Valência afirmam que são frequentes os casais de estrelas conhecidos como sistemas binários. Segundo a divulgação da pesquisa, um exótico sistema binário, como aquele que encontramos em Capela, passa por uma fase em que a estrela de nêutrons penetra na atmosfera da estrela companheira gigante e, ao alcançar seu núcleo, se funde com ele, tendo como resultado uma gigantesca explosão. Mas se o fenômeno cria, por exemplo, um buraco negro com uma massa maior do que a do nosso Sol, com diâmetro de 20 km, podemos imaginar então o que aconteceria com um planeta que orbitasse uma das estrelas em questão. O planeta também seria engolido pelo buraco negro. Assim, vamos supor que foi isso o que ocorreu com o planeta natal de El, ou seja, após uma reação nuclear em um sistema binário próximo, o seu planeta explodiu.
Agora imagine que, ao se encaminhar ao nosso planeta Terra, El tenha absorvido, de algum modo completamente inexplicável pelo nosso restrito conhecimento científico atual, uma espécie de energia, talvez elétrica, condensada em energia pura, durante o percurso para seu exílio. É como se em sua fuga nosso personagem El tivesse adquirido certos poderes, por meio dessa energia invisível que permeia o universo — mas como provar isso, sempre cientificamente, já que é assim que as pessoas querem, que isso poderia acontecer?
Quando os cientistas descobriram a possível causa dos buracos negros, observaram uma tremenda quantidade de energia liberada pela explosão resultante do processo, canalizada para longe do centro da estrela a velocidades próximas à da luz. Eles explicaram à agência de notícias Efe que “a chamada Erupção do Natal, causada pelo fenômeno, é uma explosão de raios gama de propriedade muito rara e diferente das que se conheciam até agora”. Nesse estudo científico, portanto, foi considerada como fato a evidência de que existe uma nova forma de se produzir buracos negros estelares.
Uma matéria da agência Efe, publicada no Brasil pelo jornal Folha de S. Paulo, conclui que “as erupções de raios gama são flashes de radiação ultraintensos que podem chegar à Terra de qualquer direção do espaço. São fenômenos tão potentes e energéticos que apenas um deles pode ser tão luminoso como todas as estrelas visíveis simultaneamente no céu”. E aí o que poderia ser c
onsiderada apenas uma reação natural no universo, a energia adquirida pelo nosso personagem El, quando viajou pelo cosmos, se transforma em poderes praticamente fantásticos, para não dizer mágicos, quando a humanidade não consegue entender e nem compreender a sua origem e o seu significado.
Nosso personagem adquire ou absorve essa energia através de seu próprio sol, de sua própria estrela, que ficou vermelha antes de uma reação nuclear. Imagine que, anos mais tarde, esse mesmo personagem se transforma em um super-herói e, logo depois, é transformado em um mito muito bem embalado para que seja consumido por dezenas de pessoas que na maioria das vezes simplesmente não conseguem ver conexões nas coisas mais amplamente e mais aparentemente desconexas. Alguém duvida de que esse personagem exista?
Super mito cósmico
Ele se chama Superman ou Super Homem e a sua história, simplesmente fictícia, é exatamente essa. O personagem Superman não nasceu em um sol, mas em um orbe chamado Krypton. Seu pai, um cientista, o batizou com o nome de Kal-El, que em sua língua natal, quer dizer “Filho das Estrelas”. Kal-El foi exilado para o cosmos momentos antes de o seu planeta natal explodir. Segundo os quadrinhos, Superman ou Super Homem foi enviado em direção à Terra por seu pai, Jor-El, momentos antes de Krypton desintegrar-se.
Segundo sua fictícia biografia, registrada em uma enciclopédia na internet, haveria uma diferença entre o sol de Krypton e o da Terra e essa diferença de frequência eletromagnética entre ambos os astros faria com que, de alguma forma, as células do corpo de Kal-El fossem carregadas como verdadeiras baterias vivas. E é assim que nascem os supermitos — eles são criados a partir de lógicas ancestrais, e não científicas, muito bem definidas pela mente do homem. Personagens como o Superman ou Super Homem podem, a princípio, parecer fantásticos, mas logo se firmam como verdadeiros deuses vivendo entre os homens. Tal é a força da sua presença em nosso dia a dia.
Dizer que os cientistas descobriram a causa dos buracos negros observando uma tremenda quantidade de energia liberada pela explosão canalizada longe do centro da estrela a velocidades próximas às da luz faz com que muitas pessoas passem a acreditar em certas prerrogativas somente por serem científicas — poucos sabem, no entanto, que até Einstein duvidara da existência dos buracos negros. O que prova mais uma vez que não só a Bíblia carece de tempo para comprovação, mas também a ciência e até a própria Ufologia.
Dizer, cientificamente, que a propriedade mais incomum dos raios gamas é que ela guarda uma contribuição térmica extraordinariamente potente é o que efetivamente é levado a sério, quase sem oposição nenhuma. Mas quando afirmamos que de um orbe distante, circulando em um dos pares de sóis, seres tiveram que migrar usando discos voadores por conta de um desdobramento nuclear apocalíptico, tal história se torna um conto de fadas. Essas prerrogativas são empíricas ou espiritualistas, quando, por exemplo, Allan Kardec diz terem os sóis propriedade de energia elétrica comum e que por isso guardam espíritos de elevação sem igual, aí ninguém mais acredita. Mas por quê? A ciência erra, mas ainda assim é levada a sério. Mas como saber se a Doutrina Espírita e a Ufologia erram ou não se elas são jogadas na vala comum do misticismo, como as religiões?
A resposta é simples: ou se transforma o Espiritismo, a Ufologia e a astrologia em ciência, como tentou fazer o professor Kardec com a sua descoberta, ou se transforma o Espiritismo em um dogma filosófico qualquer, no qual simplesmente não há espaço para a verdade, já que até Adão, o personagem central da segunda parte deste artigo, é considerado um mito pela ciência. Entre a verdade espírita e a verdade ufológica, talvez aquela que mais chame a atenção das pessoas seja a das histórias fantásticas como a do Super Homem. Porque é mais fácil as pessoas acreditarem que ele pudesse existir do que Adão ter sido criado por Deus, a partir da semelhança de criaturas de outros planetas.
Intrínseca conexão estelar
É fato que a ciência ainda não conseguiu consolidar a prova da existência do espírito humano, embora algumas vezes tenha chegado muito perto de uma comprovação. Mas não teria Kardec, o Espírito da Verdade ou até mesmo Chico Xavier, por meio de seu guia Emmanuel, eventualmente nos poupado de uma evidente polêmica ufológica — o que desviaria a mensagem central de paz moral passada em sua doutrina —, se um deles fizesse uma ínfima citação que fosse sobre a possibilidade de os capelinos terem migrado pelo cosmos também em sua porção física corpórea, exatamente para que a “nova terra” fosse mais rapidamente “arada”? E para que os antiquados Homo corpus, que serviriam como um novo recipiente para as almas então exiladas fossem melhor avaliados?
Em Hebreu 5, versículo 12, nós lemos que “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, penetra até a divisão de alma e espírito”. É claro que é necessário mais informações que liguem as questões impostas por Erich von Däniken, descritas em Eram os Deuses Astronautas? [Melhoramentos, 1968], com aquela escrita por Chico Xavier em A Caminho da Luz [FEB, 1969]. Ou que liguem a história contada por Sitchin no citado Gênesis Revisitado, que cita a epopeia da criação do homem, com aquela explicada por Edgard Armond em Os Exilados da Capela [FEB, 1949].
Eram os deuses os exilados?
Ambas as visões, que agora nomeio como Teoria dos Mundos Exilados, guardavam uma espécie de contradição — uma delas nos trazia figuras já encarnadas ao planeta Terra e transformaria a realidade do Homo das cavernas em uma era das luzes para os Sapiens dos novos tempos. A outra teoria traz seres espiritualizados que reencarnariam através das criaturas darwinianas, em seu lento processo de evolução. Mas como podem, porém, duas teorias, ou visões, tão distintas estarem em tão perfeita harmonia com os livros das sagradas escrituras? O que se está tentando fazer é traçar um paralelo entre os livros citados e as ideias neles contidas.
Zecharia Sitchin, morto em outubro de 2010, em toda a sua vasta e impressionante literatura, nos fala sobre um suposto planeta, ainda hoje invisível pela ciência mode
rna. Sitchin o considerava como uma espécie de “astro de travessia” e denominou, com a ajuda de pesquisas realizadas em caracteres cuneiformes datados de mais de 4.000 anos antes da Era Cristão, de Nibiru, também conhecido nas teses ufológicas como Planeta X. Um mundo intruso em nosso Sistema Solar. Sitchin dizia que povos vindos dos céus utilizaram esse astro de travessia como meio de transporte para chegar à Terra.
Mas a viagem de deuses, ou “anjos caídos”, vindos dos confins dos céus para povoar o antigo planeta Tiamat, ou o seu paralelo, Gaya, hoje conhecido simplesmente como Terra, para por aí. Propositadamente, Sitchin não vai adiante na história — ele concentra sua cronologia em um período registrado como referência nos livros do Gênesis e do Êxodo, e também não se adianta no tempo. Suas crônicas param no Egito Antigo. Assim, a rota que os supostos deuses míticos teriam seguido antes disto tudo não é mapeada.
Percebendo isso, uma questão que eu gostaria de acrescentar à nossa teia interminável de ligações perigosas é a seguinte: Eram de Capela os deuses astronautas especulados por Däniken? Teriam sido eles, no caso da mitologia suméria, ou os “anjos caídos”, no caso da mitologia hebraica, citados tanto por Däniken quanto por Sitchin, os tais exilados de Capela? Se a resposta for não, então tudo bem, nós apenas teríamos uma teoria a menos para nos fazer pensar. E, aí, poderíamos enterrar de vez a versão de Emmanuel para a origem da humanidade por meio do mito hebraico ou a evolução dos terráqueos para debaixo dos anais da superstição, onde, aliás, já quase se encontrava encerrado.
Mas, se a resposta for sim, teríamos agora meio caminho andado. Quer dizer, segundo Armond, “cerca de 45 anos-luz, distância esta que, em quilômetros, se representa pelo número de 4.257 seguido de 11 zeros”. Mas como ir tão longe se, quando olhamos para o céu, dizem os cientistas, vemos o passado?
Um passado, segundo a teoria do Big Bang, cada vez mais distante?