Nosso Sistema Solar está em pleno movimento, rodando em círculos no espaço, em uma gigantesca galáxia. Assim como acontece com o Sol, é quase que uma regra, talvez uma lei, que praticamente todas as estrelas do universo possuam planetas circulando em sua órbita. Pesquisas indicam que, somente na Via Láctea, talvez existam cerca de 200 bilhões de estrelas, das quais pelo menos 6 bilhões mantenham sistemas planetários semelhantes ao Sistema Solar.
A Via Láctea, porém, é apenas uma das 125 bilhões de galáxias que formam o universo visível. E além deste limite, porém, o homem não faz a mínima ideia do que possa existir. Em um gigantesco cenário não só imaginado, mas previsto e comprovado, vimos tentando compreender uma interessante teoria sobre a origem da humanidade, que defende a ideia de que a origem de nossa espécie estaria ligada a ancestrais que teriam migrado dos confins do universo, de planetas distantes, ou até mesmo próximos, quem sabe, para povoar a Terra com uma nova ordem de raça humana.
Já trataram desse assunto algumas obras literárias, como Eram os Deuses Astronautas? [Melhoramentos, 1969], do suíço Erich von Däniken, e O Décimo Segundo Planeta [Best Seller, 1976], de Zecharia Sitchin. Esses dois livros, em especial, nos ensinam a ver as histórias, cenários e personagens da Bíblia, por exemplo, por um novo prisma, uma ótica científica ou arqueológica que nos faz crer ainda mais nas palavras contidas principalmente nos dois primeiros livros, Gênesis e Êxodo, do Antigo Testamento.
Um estudo caro e difícil
Os livros do linguista Zecharia Sitchin, em específico, propõem um ponto comum na divergência que parecia haver entre a Teoria Criacionista — fortalecida através dos tempos não só pelo mito de Moisés ao seu povo, mas por vários outros povos do planeta, por meio igualmente de mitos — e uma tese ainda mais recente, a Teoria Evolucionista, promulgada e finalmente divulgada por Charles Darwin, com a publicação da obra A Origem das Espécies [1859].
Para buscar compreender mais a fundo esse assunto, precisamos pesquisar, também, livros das áreas de religiosidade e espiritualidade, não deixando de lado fontes mais respeitadas, digamos, vindas da história, filosofia e, claro, astrofísica, astrobiologia e arqueologia — essa última ciência, a mais atrativa de se estudar é, porém, a mais difícil de se acessar por conta de custos literalmente estratosféricos envolvidos.
A teoria proposta neste artigo envolve, para que possa ser detalhadamente comprovada, muitos campos do conhecimento, muita pesquisa e investimento em recursos humanos e materiais. E ainda que seja realmente difícil comprová-la, algo nela parece fazer muito sentido, chama a atenção e nos fascina. Mesmo assim, temos consciência de que é importante sempre pesquisar mais sobre o tema para não se cair no erro da má interpretação. Dito isso, vamos começar pela parte mais difícil, principalmente para as pessoas mais céticas, que é a parte espiritual de nossa teoria.
Quando se tem acesso à ideia de que a espécie humana teria sua origem não no espaço infinito ou em um local indefinido, mas em algum ponto específico no universo, que não o planeta Terra, uma das perguntas que nos fazemos é: “O que diria o Espiritismo sobre o tema?” Antes, tenta-se também buscar algo nos textos dos antigos filósofos, mas ainda não se consegue criar referências diretas que pudessem se relacionar ao assunto. Então, voltamos ao básico e ao que tinha mais próximo — os textos considerados como tratados míticos em vez de verdadeiros mapas da cosmogonia universal.
A doutrina codificada, em 1857, pelo educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo Allan Kardec, nos aponta informações bastante ricas e interessantes sobre o tema da origem do homem no cosmos, mesmo que também pareça, a princípio, trazer algumas incertezas em vários aspectos. Isso por conta de uma filosofia estritamente moral, que afirma que não podemos ter acesso a conhecimentos que, supostamente, não poderíamos ainda compreender.
Assim, encontramos a seguinte afirmação, na questão 188, proferida por quem Kardec denomina de Espírito da Verdade na obra O Livro dos Espíritos, publicada há mais de 150 anos, quando Kardec lhe pergunta se os espíritos puros habitam mundos especiais ou se esses se acham no espaço, sem estarem ligados a algum mundo: “Habitam certos mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à Terra. Podem, melhor do que os outros, estar em toda parte”.
Segundo espíritos
À primeira vista, nem a pergunta e nem a resposta, tiradas do capítulo IV, intitulado Da Pluralidade das Existências, Encarnação nos Diferentes Mundos, parecem servir para o nosso propósito, pois, a princípio, não indicam origem alguma. Porém, vamos dar uma olhada, com muito cuidado, na nota do professor Kardec sobre a questão de número 188. Diz ele que, “segundo os espíritos, de todos os mundos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é de habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muitos, a todos os respeitos”. E continua: “O Sol não seria um mundo habitado por seres corpóreos, mas simplesmente um lugar de reunião dos espíritos superiores, os quais de lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que dirigem por intermédio de espíritos menos elevados, transmitindo-os a estes por meio do fluído universal”.
Eletricidade
E ainda há mais nas notas explicativas. Kardec segue dizendo que, “considerado do ponto de vista da sua constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis estariam em situação análoga. O volume de cada um e a distância a que esteja do Sol nenhuma relação necessária guardam com o grau do seu adiantamento, pois que, do contrário, Vênus deveria ser tido como mais adiantado do que a Terra e Saturno menos do que Júpiter. Muitos espíritos que na Terra animaram personalidades conhecidas, disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e causa espanto que, nesse globo tão adiantado, estivessem homens a que a opinião geral aqui não atribuía tanta elevação”.
Outro aspecto destacado por Kardec em suas notas é o da l
ongevidade. Sobre isso, ele nos explica que “as condições de longevidade não são, tampouco, em qualquer parte, as mesmas que na Terra, e as idades não se podem comparar. Um espírito que desencarnara havia alguns anos disse que, desde seis meses antes, estava encarnado em um mundo cujo nome nos é desconhecido. Interrogado sobre a idade que tinha nesse mundo, disse: ‘Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo como contais. Depois, os modos de existência não são idênticos. Nós lá nos desenvolvemos muito mais rapidamente. Entretanto, se bem que haja mais de seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à inteligência, tenho 30 anos da idade que tive na Terra’”.
Os sumérios, povo contemporâneo ao personagem Gilgamesh, acreditavam em uma vida ou existência pós-morte. Então, por que a busca pela longevidade corpórea, ou físico-biológica, daquele personagem central da epopeia? Como se vê, tudo se encaixa
Sob risco de nos adiantarmos e pularmos algumas considerações, devemos dizer que a citação anterior trata de dois pontos importantes, que são a questão da evolução física e corpórea — que talvez tenha relação com a gravitação, rotação etc de um determinado planeta — e também a da longevidade da vida, em detrimento da existência em um planeta. E, ambos os pontos, guardam relação direta com espíritos encarnados. Porque, segundo Kardec, espíritos evoluídos estariam livres de uma encarnação corpórea, ou física, que seja. Questões como a da longevidade da vida física, conforme as condições em um planeta, são também relembradas nos livros de Sitchin, porém sob um prisma biológico, como meta para se tentar compreender as idades de alguns personagens bíblicos retratados no Antigo Testamento, como, por exemplo, Noé, Matusalém e Enoch.
A busca pela imortalidade de um personagem fantástico chamado Gilgamesh, citado na obra Gênesis Revisitado [Best Seller, 1990], escrito por Sitchin, é o centro das atenções de um épico que data de 4.000 anos antes da Era Cristã, bem antes de a Bíblia ter sido sequer compilada, portanto. Embora nos pareça bem claro que no mundo invisível se conte o tempo de outro modo e por questões de influências diversas, fica claro na citação de Kardec que há outros mundos habitados tanto por desencarnados quanto por encarnados. E que, no caso de encarnados, a questão de longevidade varia bastante, dependendo do planeta habitado. A afirmação de Kardec está, por incrível que possa parecer, em perfeita conformidade com a teoria de Darwin sobre a seleção natural das espécies.
Busca pela longevidade corpórea
Se não, vejamos. Os sumérios, povo contemporâneo ao tal personagem Gilgamesh, acreditavam em uma vida ou existência pós-morte. Então, por que a busca pela longevidade corpórea, ou físico-biológica, daquele personagem central da epopeia? Segundo o épico, Gilgamesh sai em busca da vida eterna e a tenta descobrir por meio de um personagem já então considerado imortal, sobrevivente de um dilúvio, de nome Unapashtim — se pudermos fazer uma relação direta, ele seria ninguém menos do que o nosso Noé bíblico.
Segundo o livro apócrifo Narração do Dilúvio da Epopeia de Gilgamesh, um relato babilônico, “Gilgamesh fez uma longa e difícil viagem para aprender de Unapashtim como este veio a adquirir a vida eterna”. Noé, ou Unapashtim, responde para Gilgamesh, em tradução livre, que “a vida eterna que você busca nunca poderá ser encontrada. Quando os deuses criaram o homem, reservaram-lhe a morte, porém mantiveram a vida para sua própria posse”. Ou seja, o que percebemos, segundo a Epopeia de Gilgamesh, é que houve alguma espécie de manipulação, talvez do genoma, quando da criação do homem pelos deuses, para que esse tivesse uma vida corpórea curta. Diferentemente do que ocorreria no planeta natal dos deuses.
Os exilados da Capela
Também percebemos que, no mito sumério, Unapashtim ou Noé, se refere a “deuses” quando cita a criação do homem. E nós precisamos registrar isso, pois iremos usar essa informação mais adiante, na segunda parte deste artigo. Não podemos fugir muito do tema central de nossa tese, mas teria Deus, em um momento da recriação da história humana, separado o espírito do corpo, no que antes poderia ter sido algo único ou teria sido exatamente o contrário? Deus resolvera “engarrafar” espíritos, antes livres, em um novo físico, como em um frasco, com vida útil de aproximadamente 120 anos, como descrito no Antigo Testamento? O fato é que a longevidade da vida humana está realmente relacionada às condições da biodiversidade de um determinado planeta. E esse fato irá nos ajudar a provar que Deus realmente criou o homem, e não o contrário.
Seguindo com nossa pesquisa no campo da espiritualidade especificamente, achamos outro livro a respeito, bastante intrigante, cujo conteúdo também traz alguma luz sobre o tema. A obra Os Exilados da Capela [Lake, 1949], escrita por Edgard Armond, nos lembra que “a Constelação do Cocheiro é formada por um grupo de estrelas de várias ordens, entre as quais se inclui Capela, de primeira grandeza, que, por isso mesmo, é o astro alfa daquela constelação. Capela é uma estrela inúmeras vezes maior do que o nosso Sol, e se este fosse colocado em seu lugar, mal seria percebido por nós, à vista desarmada”. Capela é vista da Terra a cerca de 45 anos-luz, distância que, em quilômetros, equivale ao número 4.257 seguido de 11 zeros.
Continua a obra magistral de Armond: “Na abóbada celeste, Capela está situada no hemisfério boreal, limitada pelas constelações da Girafa, Perseus e Lince. E quanto ao Zodíaco, sua posição é entre Gemini e Touro. Conhecida desde a mais remota Antiguidade, Capela é uma estrela gasosa, segundo afirma o célebre astrônomo e físico inglês Arthur Stanley Eddington, e de matéria tão fluídica que sua densidade pode ser confundida com a do ar que respiramos. Sua cor é amarela, o que demonstra ser um sol em plena juventude — e como um sol, deve ser habitado por uma humanidade bastante evoluída”.
Os espíritos não são entidades à parte na Criação, mas as almas dos que vivem no planeta Terra ou em out
ros mundos, desprovidos do seu envoltório corporal. Disso se pode concluir que as almas dos homens são espíritos encarnados
No restante da obra, Armond refaz toda a trajetória, desde a lenta evolução da espécie Homo até a criação de uma nova espécie — que podemos afirmar ser descende do Adão bíblico — e a chegada do que o autor do livro chama de “capelinos” ao nosso atual planeta Terra. O livro também traz uma explicação sobre Capela, dizendo que, além de habitada por uma humanidade bastante evoluída, há lá “…outra categoria, composta de seres ainda mais evoluídos e dominantes, que constituíram as levas exiladas da Capela, o belo orbe da Constelação do Cocheiro a que já nos referimos, além dos inumeráveis sistemas planetários que formam a portentosa, inconcebível e infinita criação universal”.
É apropriado o termo “criação universal” porque nos faz lembrar de Deus. Algumas pessoas acham que a ciência ou mesmo o misticismo podem Dele nos afastar. Como se a nossa inteligência, quando nos voltamos para o impensável e o improvável, beirasse o esoterismo ateu. Como se, por exemplo, acreditar em buracos negros não pudesse mais garantir a prova da existência de mecanismos universais tão intrigantes. O livro Os Exilados da Capela afirma que houve uma escolha, ou decisão, que recaiu sobre os habitantes de um dos orbes de Capela, os tais capelinos. A decisão, segundo consta, foi baseada em uma questão moral — e aí os habitantes daquele orbe foram obrigados a exilar-se para outras regiões do cosmo celestial.
Descobertas arqueológicas
Os livros A Escada Para o Céu [Best Seller, 1980], A Guerra de Deuses e Homens [Best Seller, 1985] e Os Reinos Perdidos [Best Seller, 1990], todos de Zecharia Sitchin, nos trazem informações sobre o conhecimento que nos foi transmitido pelo povo que viveu na antiga Suméria ou Mesopotâmia, atual Iraque, há cerca de 6.000 anos. Segundo as obras de Sitchin, “nas ruínas das cidades sumérias escavadas pelos arqueólogos, há mais de 150 anos, foram encontradas centenas, senão milhares, de textos e ilustrações sobre astronomia. Entre eles existem listas de estrelas e constelações em suas corretas posições no céu, além de manuais para observar o nascer e o ocaso de estrelas e planetas. Também existem textos específicos sobre o Sistema Solar”.
Algumas dessas tábuas de argila desenterradas apresentam a lista dos planetas que circulavam a volta do Sol na ordem correta — uma delas chega a dar as distâncias interplanetárias. Sitchin continua: “E existem desenhos em selos cilíndricos, representando o Sistema Solar, que têm pelo menos 4.500 anos de idade e que agora estão conservados na seção do Oriente Próximo do Museu de Berlim, catalogados sob o número VA 243. Em um dos desenhos, vemos um completo Sistema Solar em que o Sol está no centro, e não a Terra, orbitado pelos planetas que hoje conhecemos”.
Ainda segundo a minuciosa tradução realizada por Sitchin e publicada em seus livros, “os textos sumérios declaram repetidas vezes que os anunnaki saíram de um planeta para virem à Terra. O termo anunnaki significa, literalmente, ‘os que vieram do céu à Terra’. São citados na Bíblia como anakim e, no capítulo 6 do Gênesis, também são chamados de nefilim, que em hebreu significa a mesma coisa: ‘os que desceram do céu à Terra’”.
A ideia de exílio é estudada nos livros de Sitchin, que cita, entre outras lendas sumérias e egípcias, o mito angelical hebraico. Mais interessante, porém, foi descobrir que, além de propor algo muito próximo ao conhecimento do povo sumério, o livro Os Exilados da Capela era, na verdade, uma compilação de ideias já publicadas em outro caderno escrito décadas antes. Ou seja, a obra de Armond não trazia a ideia original do êxodo de espíritos que vieram dos céus a Terra, embora a tentasse completar de modo mais holístico. Na verdade, Os Exilados da Capela foi escrito com base em outra obra, ainda mais intrigante, e mais antiga do que aquelas escritas por Sitchin.
A caminho da luz
A obra A Caminho da Luz [Federação Espírita Brasileira, 1939] foi escrita precisamente entre 17 de agosto e 21 de setembro de 1938 por Francisco Cândido Xavier. A ideia original de que parte da nossa origem humana seria oriunda de outra região do cosmo infinito, mais precisamente de Capela, foi supostamente ditada, naquele período de apenas um mês, por um guia espiritual de nome Emmanuel ao médium mineiro conhecido como Chico Xavier.
Assim sendo, Emmanuel, considerado pelos espíritas como um guia de superior hierarquia, inicia a sua narrativa desse impressionante acontecimento dizendo que “nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres consultam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias divinas do ilimitado — a sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face da Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente entre a Capela e o nosso planeta”.
Nessa excelente obra escrita pelo eminente Chico Xavier, especificamente no capítulo III, Emmanuel também nos afirma que “há muitos milênios, um dos orbes de Cocheiro, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. Alguns milhões de espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e de virtudes. As grandes comunidades espirituais, diretoras do cosmos, deliberaram, então, enviar aquelas entidades pertinazes no crime à Terra longínqua”. “Grandes comunidades espirituais diretoras do cosmos”? Quem seriam? Se pudermos levar em conta as pesquisas de Sitchin, especialista em escrita cuneiforme, não precisaremos ir muito longe para encontrá-las. Elas estão, por incrível que possa parecer, todas citadas no Antigo Testamento — poderiam bem ser os anjos caídos da mitologia hebraica, com paralelos, também surpreendentes, na mitologia suméria.
Influência do Iluminismo francês
A história apresentada pelo suposto guia espiritual de Chico Xavier deixa muito claro de onde teríamos vindo: de um dos orbes d
e Capela. E é aqui que começa a nossa aventura. Embora se tenha consciência de que poderia faltar a Allan Kardec e Chico Xavier aquilo que a dialética chamaria de comprovação científica — algo que poucos, como Sitchin, atingem com maestria —, ainda assim não se pode deixar de registrar que deve-se guardar profundo respeito e admiração por figuras como essas. Tanto Kardec, que deve ter recebido muita influência do Iluminismo francês, quanto o brasileiro Xavier, são grandes livres pensadores. E admiramos muito as pessoas que são assim, livres de qualquer pensamento preso à matéria.
A existência de vida fora do planeta Terra sempre foi um tema abordado por muitos filósofos. Grandes pensadores, como Aristóteles, Lucrécio e até Santo Agostinho levantaram a questão tanto de um ponto de vista científico quanto dialético
Mas como ignorar o que foi descrito em O Livro dos Médiuns, outra obra do cânone codificado pelo professor Kardec? Ali está que “os espíritos não são entidades à parte na Criação, mas as almas dos que vivem no planeta Terra ou em outros mundos, desprovidos do seu envoltório corporal. Disso se conclui que as almas dos homens são espíritos encarnados e, que ao morrermos, voltamos a nos tornar espíritos”.
O que diz a ciência
Poderíamos, para exercitarmos o livre arbítrio, até não acreditar na existência do espírito e, por consequência, na da espiritualidade humana. Mas, como os muitos que leem este artigo, não gostaríamos de passar por pessoas de mente fechada sem abertura para novas perspectivas. Considero que realmente precisamos verificar aspectos históricos e científicos que corroborem as ideias apresentadas por Kardec, por meio do que foi narrado pelos tais Espíritos da Verdade e por Chico Xavier, por meio do guia Emmanuel. Tudo isso posto, vamos dar uma olhada no que nos diz a ciência.
Quanto mais a ciência avança em seu futuro no tempo, mais o seu legado desvenda os mistérios do passado. Assim, a atual ciência prova que há muitos orbes que guardam afinidades com o globo terrestre no universo. No ano de 2011, por exemplo, foi descoberto um exoplaneta que possui atmosfera semelhante à da Terra. O mundo denominado HD 85512b é 3,6 vezes maior do que o nosso, gira ao redor da estrela laranja K5V e está localizado a 36 anos-luz de distância, na Constelação da Vela. Mas, segundo um cientista, cujo nome declino, mas que poderá ser encontrado facilmente por meio de uma pesquisa na internet, que discorda da Teoria de Capela. Segundo ele, “as componentes Aa e Ab de Capela, juntas, representam uma perigosa fonte de raios-X, cerca de 10.000 vezes maior do que o Sol. Trata-se de um mundo exposto a grandes emissões de raios-X, como ocorre com as estrelas de Capela, não têm como desenvolver qualquer forma de vida”.
Bem, se pensarmos em vida corpórea, como a nossa aqui na Terra, isso pode ser verdade. Mas, e quanto a outras formas de vida, como as espirituais, por exemplo, propostas pelo professor Kardec e por Chico Xavier, nos ensinamentos passados por Emmanuel? De fato, as componentes Aa e Ab de Capela, juntas, podem representar uma perigosa fonte de raios-X, mas o que isto poderia significar para os seres, do nosso ponto de vista, evoluídos? Relembrando a resposta 188 do capítulo IV de O Livro dos Espíritos, Kardec nos traz que “o Sol não seria mundo habitado por seres corpóreos, mas simplesmente um lugar de reunião dos espíritos superiores”.
Se Kardec estiver correto e o Sol não for um mundo habitado por seres corpóreos, mas sim incorpóreos, então isso indicaria que outros mundos, que não os sóis, seriam habitados por seres corpóreos? Pode parecer uma questão semântica, mas não é, porque a literatura kardecista não nos deixa rastro sobre o contrário. Outra questão que se pode levantar refere-se aos citados raios-X: não seriam eles considerados, pela ciência, como emissões eletromagnéticas de natureza semelhante à da luz visível? Isso nos leva de volta à questão 188 e às palavras do Espírito da Verdade, quando ele diz que, “considerado do ponto de vista da sua constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis como que estariam em situação análoga”.
Acumulam-se as evidências
De qualquer modo, um cientista descrente discordaria disso em sua tese, concluindo que, “se um planeta como a Terra existisse a 150 milhões de quilômetros das duas gigantes amarelas, seria necessária uma atmosfera extremamente densa, o que também inviabilizaria a vida sobre sua superfície”. Faz sentido, mas, conforme já dito, de qual tipo de vida estamos tratando? E há que se notar que Emmanuel e Chico Xavier nunca disseram que os seres vieram de Capela, mas sim de um dos orbes de Capela. Ou seja, Emmanuel apenas indicou Capela como referência. Foi Armond quem usou o título Os Exilados da Capela, talvez por ser mais interessante de se ler do que Os Exilados da Constelação de Cocheiro.
Quem sabe o editor daquele livro não tenha percebido isso — talvez tivesse sido melhor, e tivesse ficado mais claro, se Armond cunhasse um termo mais apropriado. Aí, talvez, seu livro se chamasse, quem sabe, Espíritos Exilados de um dos Orbes da Constelação de Cocheiro. Mas não foi isso o que ele fez e não foi isso o que aconteceu. Então, infelizmente, o autor não conseguiu evitar equívocos de interpretação sobre a história, quando não deixou bem claro o que, de fato, viera de Capela, sejam seres encarnados ou desencarnados.
O livro deixa entender, em algumas entrelinhas, que o homem tenha vindo de Capela, como se tal origem fosse um exoplaneta e não um sistema de estrelas binárias. Isso fez com que alguns discordantes se aproveitassem da suposta confirmação e desmentissem a ideia contida no livro de Armond. E aí, infelizmente, surgiu a desmentida de alguns cientistas, os quais obviamente também devemos respeitar, de que não haveria a menor possibilidade de haver vida física ou corpórea, para usar um termo mais adequado aos espíritas, guardada em Capela.
Só vida física ou corpórea
O que causa espécie, no entanto, é que realmente, segundo os próprios cientistas, baseados na teoria dos chamados exoplanetas localizados nas zonas habitáveis, os sóis apenas permitem a vida. Mas sóis, segundo eles, não guardariam vida física ou corpórea. E Capela, como já afirmado, nunca fora um planeta e sim uma dupla de estrelas. Mas, sem desisti
r, e repetindo o que escrevera o professor Kardec, baseado em respostas do Espírito da Verdade: “Considerado do ponto de vista da sua constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis como que estariam em situação análoga”.
E, segundo a ciência, as estrelas da mesma cor podem ser divididas entre luminosas gigantes e estrelas de baixa luminosidade ou anãs. Com isso, o nosso Sol e a estrela Capela teriam, de fato, a mesma classe espectral. Capela, porém, considerada gigante, é cerca de 100 vezes mais luminosa do que o Sol. Portanto, é confirmada pela ciência como sendo mais quente e com uma constituição massiva maior, de aproximadamente 2,7 vezes a massa do Sol. Sempre as comparando ao nosso astro central, cada uma dessas estrelas libera cerca de 78 vezes mais luz. Para fazer essa medição, foi estabelecido o Diagrama de Hertzsprung Russell. O Diagrama HR foi uma descoberta simultaneamente realizada entre em 1911 e 1913 pelo dinamarquês Ejnar Hertzsprung e pelo norte-americano Henry Norris Russell. Com tal descoberta científica, ficou estabelecida a relação existente entre a luminosidade de uma estrela e a sua temperatura superficial.
Um cientista incrédulo sobre a Teoria dos Exilados de Capela lembraria que, se um planeta como a Terra existisse a 150 milhões de quilômetros das duas gigantes amarelas, deveria ter uma atmosfera extremamente densa. Bem, acontece que o tal planeta realmente existe
Capela é, portanto, uma estrela amarela gigante do tipo alfa, com magnitude de 0.08, o que faz dela uma das mais brilhantes do céu — ela é 150 vezes mais brilhante do que o Sol que aquece nossas praias, porém, com o mesmo tipo espectral, G. É considerada uma binária espectroscópica, formada por uma estrela do tipo espectral G5III e outra estrela, orbitando ao seu redor, do tipo espectral G0III. O período de rotação dessas estrelas é de 104 dias. Bem, mas o que mais dizer sobre o assunto? A pesquisa sobre a origem de nossa história deve terminar por aqui, só porque os espíritos não podem ser vistos a olho nu ou com a ajuda de lunetas? Se realmente existem, onde estariam, então, os planetas de Capela?
Cachinhos dourados
A possibilidade da existência de vida fora do planeta Terra sempre foi um tema abordado por muitos filósofos eminentes. Grandes pensadores, como Aristóteles, Lucrécio e até Santo Agostinho, entre tantos outros, levantaram a questão tanto de um ponto de vista científico quanto dialético. É muito difícil, a essa altura, porém, tirar o tema dos livros de ficção científica e dos filmes de aventura e trazê-lo à realidade. Mas, segundo a astronomia moderna, exoplaneta é um planeta que orbita uma estrela que não seja o nosso Sol e, dessa forma, pertence a um sistema planetário distinto do nosso.
Estudos mais recentes identificam astros com maiores chances de abrigar vida extraterrestre — a teoria que a ciência atualmente defende é a de que, para haver vida nos exoplanetas, antes chamados de planetas extrassolares, é necessário que um determinado mundo esteja localizado no que passou a ser chamado de “zona habitável”. Isso quer dizer que um determinado exoplaneta não deve estar nem muito perto e nem muito longe de seu sol principal. Iremos perceber, mais tarde, que a Doutrina Espírita torna essa regra uma fixação de ideias.
Por exemplo, o que tem mantido a nossa estrela Sol brilhando e aquecida, há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, é a fusão nuclear, em seu centro, do hidrogênio e hélio. O mesmo ocorre com outras estrelas dentro e fora da Via Láctea. E, segundo a ciência, a distância de um determinado exoplaneta em relação à sua principal estrela pode determinar a existência de água na forma de vapor, na forma congelada ou na forma líquida, que permitiria a vida como nós a conhecemos.
Três estágios principais
Nesse sentido, define-se como zona habitável, a área em torno de uma estrela que permitiria haver água em estado sólido ou gasoso, mas, principalmente, em estado líquido, devido à temperatura média local naquela região específica. Em nosso Sistema Solar, o planeta Vênus, por exemplo, situa-se em uma região interna, ou seja, mais próxima à nossa estrela. E Marte localiza-se em uma região frígida, longe, portanto, da chamada zona habitável. Esse fator de localização, segundo a teoria científica das zonas habitáveis, não permitiria a ambos os planetas Vênus e Marte a temperatura adequada para a existência ou permanência de água em seus três estágios principais. Ou seja, pode haver água, mas ela seria, digamos, insalubre.
Marte ainda está localizado em uma região de exceção, mas o planeta Terra, no entanto, se levarmos em conta a teoria da zona habitável, estaria localizado em uma região intermediária ou adequada à existência de vida. Ou Deus posicionou o planeta Terra no lugar certo, ou alocou vida no planeta mais adequado. A ciência tenta estabelecer as regras, mas, fora do censo cósmico que tem identificado mais de 1.000 possíveis novos exoplanetas, reconhece poucos planetas do tamanho da Terra e até maiores, se é que isso realmente faria alguma diferença, localizados nas regiões consideradas dignas de habitabilidade.
Devemos analisar os exoplanetas com muito critério. A teoria da zona habitável permite uma lógica por trás do suposto caos universal, mas também impõe uma regra biológica que poderia eventualmente engessar toda e qualquer forma de vida fora do nosso conhecimento. De qualquer modo, se pudermos levar em conta a teoria das zonas de habitabilidade, a Teoria dos Exilados de Capela não seria também de toda descartável. Se levarmos em consideração, sem nenhum tipo de preconceito, os escritos trazidos por Allan Kardec, podemos considerar que a vida pode ser possível em muitos mundos no universo. Se a questão é apenas a zona de habitabilidade, o cosmos é gigantesco o bastante para abrigar não só uma, mas milhares de zonas habitáveis. E é com esta certeza que caminhamos rumo ao infinito, em busca da origem de nossas origens.
A Constelação do Cocheiro
Auriga, o Cocheiro, é uma constelação do hemisfério celestial norte. Pelo que consta nos livros, é conhecida desde a Antiguidade. Mas conhecida por quem? Quem a descobriu e como? Pois o tal Sir Arthur Stanley Eddington, citado lá no texto de Armond, tendo nascido em 1882, é contemporâneo nosso. Segundo a astronomia clássica, a Constelação de Cocheiro está situada entre Gemini e Perseus, ao norte de Órion. É facilmente reconhecível pelo pentágono que forma com as estrelas Beta, Iota e Teta de Auriga, a intrusa Beta do Touro e a Alfa de Auriga, mais conhecida como Capela.
Como nos trouxe Kardec em O Livro dos Médiuns, “o que são essas esferas concêntricas chamadas céu de fogo
, as estrelas, depois que aprendemos não ser o planeta Terra o centro do universo? O nosso próprio Sol nada mais é do que um entre milhões de sóis que brilham no infinito, sendo cada qual o centro de um turbilhão planetário?” É clara a alusão do professor, sem nenhuma novidade, à solução proposta pelo heliocentrismo. O que nos deixaria ainda mais próximos da verdadeira preocupação daqueles que defendiam a tese de a Terra ser o centro do universo — a de que muitos exoplanetas, situados em zonas habitáveis, orbitam obrigatoriamente um sol. Mas o que realmente importa ainda é vermos o que a ciência sabe sobre Capela.
Alpha Aurigae, também conhecida como 13 Auriga ou Capela, é a estrela mais brilhante da Constelação de Auriga e a sexta mais brilhante vista no nosso céu. Seu nome advém do latim e quer dizer cabra. Capela é uma gigante amarela com dimensões maiores do que o nosso Sol e com um espectro semelhante a ele. Conforme já constatado, ela é 150 vezes mais brilhante que o nosso astro, porém, com o mesmo tipo espectral. Encontra-se a 44,6 anos luz de distância, algo que Armond também já nos havia dito. GM Aurigae é uma das principais estrelas da Constelação do Cocheiro. Embora tenha apenas um milhão de anos de idade, pouco se comparada à idade do Sol, é onde, segundo a astronomia, há evidência de formação de planetas. Mas Armond também nos disse algo sobre isso: “Sua cor é amarela, o que demonstra ser um sol em plena juventude”.
Exoplanetas
A estrela HD 49674 foi descoberta somente no ano de 2002. Trata-se de um astro anão de oitava magnitude pertencente também à Constelação de Auriga. Segundo a astronomia, tem massa similar à do Sol e apenas um planeta orbita ao seu redor. Mas, para guardar vida, apenas um planeta não seria o bastante? Quantos planetas temos em nosso próprio Sistema Solar e quantos deles guardam vida? As palavras de Emmanuel, em 1938, nos traziam que “um dos orbes de Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre”. Se a estrela HD 49674 tem massa similar à do Sol, se o seu único planeta orbital estiver em uma região adequada, na chamada zona habitável, não poderia ser também a única terra natal dos tais capelinos?
O doutor Geoffrey Marcy, professor de astronomia na Universidade de Califórnia, em Berkeley, e o astrônomo Paul Butler, da Instituição de Carnegie, em Washington, e sua equipe, anunciaram, também em 2002, a descoberta de 13 exoplanetas. Este achado elevou o número de exoplanetas conhecidos para mais de 90. Na época, é claro — o número só vem aumentando desde então. Só a Agência Espacial Norte-Americana (NASA), por meio de estudos realizados com o uso do telescópio espacial Kepler, lançado em 2009, catalogou algo próximo a 1.000 exoplanetas até o final de 2011. Desde então, as descobertas e catalogação de exoplanetas saiu literalmente do controle. Um deles é o HD 85512 b, descoberto em agosto de 2011 e considerado pela ciência moderna como o mundo com maior possibilidade de ser habitado.
Entre os planetas descobertos em 2002 pela equipe de Marcy e Butler, porém, está um que circula a estrela HD 49674, na Constelação de Auriga, a uma distância de 0.05 anos-luz, ou 1/20 da distância da Terra até o Sol. A ciência ainda não postulou se tal planeta está em uma zona considerada habitável, porque isso muda conforme alguns parâmetros astronômicos, mas quais características físicas já seriam suficientes para influenciar na longevidade dos eventuais seres que ali pudessem viver. A massa do planeta descoberto é aproximadamente 40 vezes a da Terra e 15% a de Júpiter.
Espiritualidade
Como dito anteriormente, a existência do tal planeta só foi confirmada pelos cientistas em 13 de junho de 2002. E o planeta orbita a estrela HD 49674 a cada 4,9 dias. Acredita-se que o planeta HD 49674 b seja quente como Júpiter. Então, vejamos. Em termos gerais, Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, nos diz que “o volume de cada mundo e a distância a que estejam do Sol nenhuma relação necessária guardariam com o grau do seu adiantamento, pois que, do contrário, Vênus deveria ser tida por mais adiantada do que a Terra e Saturno menos do que Júpiter”. E, mais adiante, acrescenta que “muitos espíritos, que na Terra animaram personalidades conhecidas, disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e tem causado espanto que, nesse globo tão adiantado, estivessem homens a que a opinião geral aqui não atribuía tanta elevação”.
Não teria esse dado relação com o que disse, anos mais tarde, Emmanuel a Chico Xavier, quando explicou que “outra categoria, composta de seres mais evoluídos e dominantes, que constituíram as levas exiladas de Capela, o belo orbe da constelação, a que já nos referimos, além dos inumeráveis sistemas planetários que formam a portentosa, inconcebível e infinita criação universal?”
Será que Deus, em sua ilimitada sabedoria, permitiu que a atmosfera de um exoplaneta, em um dos orbes de Capela que guarda semelhança com a Terra, tenha sofrido uma reviravolta climática sem precedentes para justificar o exílio de seu povo?
Mas um cientista um tanto incrédulo sobre a Teoria dos Exilados de Capela nos lembraria de que, se um planeta como a Terra existisse a 150 milhões de quilômetros das duas gigantes amarelas, seria necessária uma atmosfera extremamente densa. Bem, acontece que o tal planeta, de fato, existe. Mas com relação à atmosfera, o citado cientista se referia a uma que fosse tão densa quanto, por exemplo, a de Júpiter — aliás, Júpiter parece ser, de algum modo, o centro das atenções enquanto referência em nossa pesquisa. Uma equipe liderada pela astrofísica Smadar Naoz propôs um modelo que explicaria a formação dos exoplanetas, chamados de “Júpiteres quentes”.
É que, segundo alguns estudos, cerca de 25% dos exoplanetas mantêm uma órbita retrógrada em relação ao giro de sua estrela. As teorias anteriores diziam que uma estrela binária distante poderia produzir inclinações na órbita dos Júpiteres quentes. Esse fenômeno contradizia a teoria padrão, que estabelece que um planeta deve girar sempre na mesma direção que a de sua estrela, como ocorre em nosso Sistema Solar. Em uma edição da revista Nature, cientistas da Universidade Northwestern, liderados por Smadar, no entanto, apresentaram uma fórmula que demonstra a
s propriedades dos Júpiteres quentes — esse tipo de exoplaneta orbitaria a uma distância 100 vezes mais próxima a sua estrela do que Júpiter. Em outras palavras, o modelo da cientista sobre Júpiteres quentes explicaria formação dos exoplanetas. É opinião deste autor que assim fechamos um ciclo de ideias absurdas, uma vez que, como já vimos, mais uma vez, “o volume de cada um e a distância a que esteja do Sol nenhuma relação necessária guardam com o grau do seu adiantamento, pois que, do contrário, Vênus deveria ser tida por mais adiantada do que a Terra e Saturno menos do que Júpiter”.
Estrelas mudam de lugar?
Segundo os três cientistas ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 2011, Saul Perlmutter, do Lawrence Berkeley National Laboratory e da Universidade da Califórnia, Brian Schmidt, da Universidade Nacional da Austrália, e Adam Riess, da Universidade Johns Hopkins, as estrelas mudam de lugar. É fato, para a ciência, que o universo está em expansão e que com isso os astros estão se movendo cada vez mais rapidamente pelo cosmos — ou seja, segundo os físicos, a expansão do universo está ocorrendo de modo acelerado.
Há mais de uma década e meia que os vencedores do Nobel pesquisam sobre as explosões resultantes da morte das estrelas anãs. Quando uma estrela de pequena massa, como é o caso do nosso Sol ou da citada estrela HD 49674, funde naturalmente em seu centro o hidrogênio e hélio, há uma expansão que resulta em uma gigante vermelha e há o início da fundição do hélio em carbono e oxigênio. Nesse processo, a estrela lança no espaço suas camadas exteriores, formando uma nebulosa planetária. O resultado é um núcleo morto que, geralmente, possui o tamanho do planeta Terra com a mesma massa do nosso Sol. Se há uma companheira estelar, uma estrela binária, ela pode atrair o material de sua vizinha. Com o acréscimo de matéria na anã, a pressão e a densidade também aumentam. Quando há o caso de uma anã acrescentar muito material, sua temperatura se eleva até ocorrer uma explosão estelar violenta, conhecida na astronomia como supernova.
Segundo a Lei da Gravitação Universal, postulada por Isaac Newton, planetas como a Terra são atraídos em direção a astros como o Sol. Diante desta constatação, será que, em vez de apenas questões morais propostas por Emmanuel a Chico Xavier, o que também pode ter ocorrido no longínquo passado de um dos orbes de Capela tenha sido, na verdade, um êxodo determinado por uma eminente catástrofe astrofísica? Um apocalipse de proporções iguais àquelas descritas por João em seu testemunho em Patmos?
A obra O Décimo Segundo Planeta, também de Zecharia Sitchin, descreve como os anunnaki vieram à Terra, há cerca de 450 mil anos, com o objetivo, segundo o autor, de conseguirem ouro, pois precisavam de grandes quantidades desse metal precioso para proteger a vida em seu próprio planeta. De qualquer modo, seja lá qual for o real motivo de tal êxodo ou exílio, a ciência moderna já postulou como verdadeira a tese de que o universo está em expansão, baseado na Teoria do Big Bang. Isso quer dizer que, em algum momento da história da criação, as distâncias dos planetas tenham sido menores, exigindo, assim, menores quantidades de energia para locomoção.
Mas, com tantos sóis e exoplanetas orbitando zonas habitáveis espalhados pelo universo, por que os capelinos escolheriam justamente a Terra? Talvez uma das razões, pela lógica por trás da pressa dos capelinos, e fora a semelhança já amplamente conhecida entre os planetas, tenha sido justamente a pequena distância entre os dois mundos, se comparada com outros sóis e exoplanetas da Via Láctea. Como nos diz o texto, “magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face da Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente entre a Capela e o nosso planeta”.
Planetas em zonas habitáveis
É simplesmente intrigante pensar que, em 1938, ou seja, praticamente seis décadas antes de os astrônomos comprovarem efetivamente a existência de exoplanetas orbitando estrelas na Constelação de Cocheiro, o brasileiro Chico Xavier tenha escrito sobre o assunto — e que ninguém da comunidade científica tenha se dado conta. Talvez nem a comunidade espírita, que o fez mais tarde, por meio do livro de Armond. Seria apenas uma questão semântica? Afinal, a palavra orbe, cunhada no livro A Caminho da Luz, é apenas outra forma de designar qualquer corpo celeste, incluindo a Terra.
Diante disso, a indagação que fazemos é a seguinte: é possível que o professor Kardec pudesse, por meio dos iluministas franceses, considerados grandes pensadores, ter tido acesso a algumas informações sobre a origem da vida nos céus ou de planetas orbitando sóis distantes. Mas como explicar o acesso de Chico Xavier a detalhes daquela suposta orbe, se as comprovações efetivas sobre as descobertas dos primeiros exoplanetas foram anunciadas somente após 1989?
Mesmo que o médium mineiro tenha inventado a história sobre o êxodo de um orbe para nós considerado longínquo, de onde foi que tirou essas ideias de orbes circulando estrelas em Cocheiro? De qual biblioteca do além, de qual livro, de qual arquivo? Afinal, a existência do planeta HD 49674 b, orbitando uma estrela longínqua na Constelação do Cocheiro só foi confirmada pelos cientistas no ano de 2002. Ou era realmente óbvio para a ciência que sóis obrigatoriamente mantenham planetas circulando suas órbitas? Não. A teoria científica de que os sóis sempre guardam planetas orbitários é muito mais recente, se comparada com a primeira edição da obra de Chico Xavier.
Embora ainda não haja a confirmação de um astro orbitando a estrela HD 75898, na Constelação de Lince, há a confirmação de exoplaneta orbitando a estrela XO-2 ali mesmo, naquela mesma constelação. Há evidência, ainda sem confirmação até este ano de exoplanetas orbitando as estrelas HD 16175, HD 17092 e HD 23596 na Constelação de Perseus. Há também evidência de planetas orbitando as estrelas Épsilon Tauri, HD 37124, HD 37124 e HD 37124 na Constelação de Touro. Assim também nas estrelas HD 37605 e HD 38529A, em Órion. E nas estrelas Pollux, HD 50554 e HD 59686 em Gêmeos. Os astrônomos guardam, ainda, fortes evidências da existência de exopla
netas nas estrelas HD 40979, HD 43691 e HD 45350, ali mesmo, em Auriga.
Apenas para demonstrar mais um preconceito contra a doutrina codificada do professor Kardec, sejamos cínicos. Parece que Chico Xavier era um matuto e tanto. Nascido de família humilde, como poderia ele ter tido mais tempo, e provavelmente dinheiro, para ler livros de astronomia do que para escrever seus mais de 450 cadernos manuscritos? No final de 2011, a NASA confirmou a existência do primeiro astro que se encontra em uma determinada região que propiciaria a formação de água em estado líquido em sua superfície. Trata-se de Kepler 22 b, um exoplaneta que possui cerca de 2,4 vezes o raio da nossa Terra, mas está localizado a 600 anos-luz de distância.
Kepler 22 b leva o equivalente a 290 dias terrestres para fazer uma volta completa em seu sol, que é um pouco menor e mais frio do que o nosso. E embora o planeta seja um dos menores astros a orbitar a região de uma estrela similar ao Sol, é um mundo que se encontra em uma zona denominada habitável de seu astro e teria a possibilidade de abrigar vida. Centenas de exoplanetas vêm sendo anunciados simultaneamente como candidatos a se encontrar na chamada zona habitável. Kepler 22 b, porém, foi o primeiro a ter confirmada esta classificação.
Escrito nas estrelas
Seria possível, afinal, que tenhamos realmente migrado de Capela, conforme nos afirmou Chico Xavier, em seu livro A Caminho da Luz? Todos nós sabemos o quanto o espírito humano é teimoso. Para que um exílio qualquer fosse compulsoriamente aceito, conforme o que foi relatado, teríamos que supor que uma catástrofe natural ou algo proposital devesse ocorrer na região de Capela para que a ordem migratória fosse anunciada e, aí sim, sumariamente obedecida.
Antes de nos adiantarmos em algumas conjecturas, devemos, porém, pensar se seria possível existir um planeta extrassolar, um exoplaneta, talvez até pouco semelhante ao nosso planeta Terra localizado em uma determinada zona de habitabilidade, orbitando uma dupla de estrelas como aquela dupla existente em Capela. O telescópio espacial Kepler já detectou, por meio de uma técnica chamada fotometria de trânsito, mais de 1.000 candidatos a exoplanetas, dos quais pelo menos 500 foram captados e confirmados. Desses 500, pelo menos 80 deles seriam exoplanetas parecidos com a Terra e 5 estariam localizados em uma reunião chamada zona de habitabilidade. Ou seja, se por um lado necessitamos de mais informações conclusivas sobre a nossa teoria sobre o exílio de Capela, por outro a ciência provou a existência de exoplanetas orbitando estrelas duplas — planetas extrassolares orbitando duplas de estrelas são mais comuns do que se imaginava.
No início de 2012, o telescópio Kepler ajudou a confirmar a existência de dois novos planetas que orbitam duas estrelas, embora sejam exoplanetas extremamente quentes por não estarem dentro da zona de habitabilidade. São eles o Kepler 34 b e Kepler 35 b, dois gigantes gasosos, mais ou menos do tamanho do planeta Saturno, localizados na Constelação do Cisne, bem aqui, na nossa Via Láctea. Kepler 34 b, por exemplo, orbita suas duas estrelas a cada 289 dias, enquanto que suas duas estrelas orbitam uma a outra a cada 28 dias. Já Kepler 35 b orbita uma dupla de estrelas um pouco menores do que o nosso Sol a cada 131 dias. Sua dupla de sóis orbita um ao outro a cada 21 dias. O primeiro planeta extrassolar deste tipo, o Kepler 16 b, foi descoberto por astrônomos somente em setembro de 2011, antes de haver a confirmação de apenas outros três deles.
Durante a apresentação da descoberta dos exoplanetas Kepler 34 b e Kepler 35 b, em uma reunião promovida pela Sociedade Astronômica Americana, no Texas, um cientista da Universidade Estadual de San Diego explicou que exoplanetas que orbitam uma dupla de sóis geralmente recebem grande variação na quantidade de energia, o que pode levar a g