Na histórica entrevista que a Revista UFO fez com o coronel Uyrangê Hollanda em 1997, cuja reprodução nesta série teve início na edição passada, ficou-se sabendo de fatos estarrecedores sobre a ação de seres extraterrestres na Amazônia — em especial no litoral fluvial do Pará — e sobre a já conhecida Operação Prato, a missão militar encomendada pelo I Comando Aéreo Regional (COMAR I), em Belém, para lidar com os avistamentos de luzes misteriosas que logo ficaram conhecidas como chupa-chupa ou apenas chupa, e que em certas regiões da floresta também eram chamadas pelos ribeirinhos de aparelhos. Elas nada tinham de amistosas e atacavam regularmente os moradores, ferindo centenas e, infelizmente, levando alguns a óbito. Nunca se soube, em qualquer época ou lugar do planeta, que algo do gênero tenha ocorrido.
Mas se conhecemos algo sobre este espantoso fenômeno, devemos a Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima, o primeiro oficial da Aeronáutica a falar publicamente sobre as ações secretas da missão que comandou na ilha de Colares, quando ainda era capitão intendente. Foi ele quem estruturou, organizou e colheu os resultados desse que foi o único projeto do gênero de que se tem notícia em nosso país. Porém, logo após conceder sua histórica entrevista à UFO, e antes mesmo de vê-la publicada, Hollanda se suicidou, gerando tanta polêmica quanto suas extraordinárias revelações. Os fatos que relatou foram, anos mais tarde, o estopim da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que desde 2004 a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) conduz por meio da Revista UFO. O movimento, objetivando abrir todos os documentos secretos sobre UFOs no Brasil, levou ao conhecimento algumas centenas de páginas resultantes da Operação Prato.
Como já se disse, a entrevista de Hollanda é um marco divisor da história da Ufologia Brasileira e Mundial e hoje está publicada em dezenas de idiomas. Uma versão reeditada do material — publicado originalmente em UFO 54 e 55, que circularam nos meses de outubro e novembro de 1997 — foi novamente veiculada em UFO 101, em julho de 2004, por seu conteúdo ter informações preciosas que mostram a que ponto a Força Aérea Brasileira (FAB) chegou em sua determinação de conhecer o Fenômeno UFO, através de uma equipe de militares, e a coragem de Hollanda em empreender uma operação inédita e arriscada, mas que foi coroada de êxito.
“Nunca vi nada como aquilo”
Há muito que se falar deste militar, homem de conduta ilibada, determinação e muita fibra. O coronel Uyrangê Hollanda era pessoa extremamente objetiva, culta, direta e com memória perfeita dos inúmeros episódios que vivera em sua carreira militar — da qual o ponto mais relevante, segundo ele mesmo, foram as atividades que desenvolveu como comandante da Operação Prato, de setembro a dezembro de 1977, e que relatou nesta impressionante entrevista. “Nunca vivi nada como aquilo e não passo um dia sem que me lembre dos fatos que presenciei na selva, junto de meus homens”.
O militar recebeu a Revista UFO no inverno de 1997 e transmitiu aos seus leitores uma valiosíssima quantidade de informações inéditas e assustadoras. Mas sua atitude de quebrar um silêncio de 20 anos sobre o assunto não se deu por acaso, como ele logo admitiu ao receber para a entrevista este editor e o coeditor Marco A. Petit, que estiveram com ele por 48 horas. Hollanda já acompanhava o que se passava na Ufologia Brasileira desde 1985, oito anos após a Operação Prato. Ele confessou que desde então já lia Ufologia Nacional & Internacional, antecessora de UFO, e viu que a publicação recebeu de uma fonte confidencial ligada à Aeronáutica uma série de fotos de naves alienígenas que teriam sido feitas na Amazônia. Sua veiculação na revista causou-lhe estranheza.
Hollanda depois confirmou aos seus entrevistadores que aquelas eram fotografias secretas obtidas durante a Operação Prato, que chegaram por meio de um vazamento às mãos deste editor, que não hesitou um segundo em publicá-las — apesar do risco de receber voz de prisão [Veja box]. Afinal, não somente as fotos, mas também os primeiros detalhes da missão militar, que também já vazavam por várias fontes, tinham que ser publicadas a todo custo para que a Comunidade Ufológica Brasileira soubesse de sua existência. Claro que os oficiais da Força Aérea não gostaram do que foi feito, mas nenhum militar foi punido em razão da veiculação daquele material em Ufologia Nacional & Internacional, e nem este editor.
Fenômenos extraterrestres
Muitos anos depois, já em 1997, com a publicação desta entrevista, ficou-se sabendo pelo próprio Hollanda da realidade dos fenômenos que ocorriam na Amazônia e sua origem extraterrestre. “Vivemos momentos de grande emoção quando pudemos ficar frente a frente com objetos voadores não identificados de vários formatos, diversas cores e executando as mais inusitadas manobras”, declarou à Revista UFO, ciente de que, ao fazê-lo, estaria cumprindo seu papel de militar que reconhece a necessidade de esclarecimento da sociedade. “Estou na Reserva, cumpri minha missão para com a Aeronáutica. O que eles podem me fazer? Mandar me prender? Duvido!”, exclamou quando questionado sobre a possibilidade de sofrer perseguição de seus superiores quanto à atitude de revelar fatos tão chocantes.
Sua decisão de divulgar o que guardava consigo, especialmente sendo o último membro da Operação Prato ainda vivo, foi corajosa e sem precedentes na Ufologia Brasileira — nunca um militar tinha tomado tal resolução. Ao veicular a entrevista, espinhosa para segmentos do meio militar ainda retrógrados e que preferem não ver tais assuntos tratados, UFO expôs ao mundo fatos que mudaram o andamento da Ufologia. As declarações de Uyrangê Hollanda hoje são conhecidas em todo o planeta. Em sua entrevista, por exemplo, o militar se lembrou de detalhes de ocorrências assustadoras passadas na selva, onde avistou diversos tipos de UFOs, “desde objetos cilíndricos do tamanho de prédios de 30 andares, que se aproximavam a não mais do que 100 m de onde estava”, disse.
Infelizmente, no entanto, a Comunidade Ufológica Brasileira tev
e pouca oportunidade de conhecer o homem a quem passou a dever tanto desde 1997, quando, apenas quatro meses depois de dar sua entrevista, Hollanda cometeu suicídio. Ele já tinha feito outras três tentativas anteriores, pois era vítima de profunda depressão e sentia avassaladora solidão. Na última vez em que atentara contra sua própria vida, adquiriu uma lesão na perna que o fazia andar mancando. O militar partiu desse mundo sem saber que enorme benefício proporcionou à Ufologia. Eis a seguir, em mais uma justa homenagem a este grande homem, a segunda parte de sua entrevista [Leia a primeira na edição UFO Especial 071 ou no site da Revista UFO, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
A população de Belém sabia que havia uma operação da FAB na região?
Não, mas sabia que nós éramos da Aeronáutica e estávamos por lá atentos a tudo. Algumas pessoas sabiam que existia uma operação, só não tinham o nome nem dos resultados. Outras tinham pequenos detalhes, como o fato de eu ser capitão, ou de fulano ou sicrano ser sargento, mas ninguém conhecia os resultados da missão. Nem bem o que exatamente fazíamos — o que se desconfiava era que a gente estava examinando algo. Só. No caso dos oficiais do SNI, quando me pediram para ir, disse que não teria problema, mas que deveriam pedir autorização ao seu chefe [Na época, o chefe do SNI em Belém era o coronel Filemon]. E o chefe deles autorizou, porém não como uma missão do Serviço de Informação.
Vivemos momentos de grande emoção quando pudemos ficar frente a frente com objetos voadores não identificados de vários formatos, diversas cores e executando as mais inusitadas manobras. Claro que os seres sabiam que estávamos ali
O Serviço Nacional de Informações chegou a desenvolver algum trabalho ufológico depois?
Não, os agentes só queriam ver aquelas coisas voando, junto de nossa equipe [Recentemente descobriu-se que houve sim uma missão anterior do SNI investigando o fenômeno chupa-chupa no Pará]. Eles sabiam que estávamos fazendo um trabalho sério em certos locais de vigília. E como confiavam em nossa experiência, seguiam-nos aos pontos mais prováveis de avistamentos de UFOs. Um dia, junto ao Milton Mendonça, chegamos à Baía do Sol lá pelas 18h00 e montamos nosso equipamento fotográfico. Ficamos então em um lugar escuro, reservado, observando o que viria a acontecer. No entanto, por razões pessoais, tive que voltar mais cedo naquela noite, para estar em Belém às 20h00, pois tinha um compromisso. Por volta das 18h30 surgiram três pontos luminosos alinhados muito alto no céu, em grande velocidade — e olha que eu conheço avião para dizer que a velocidade daquilo era bem acima da média. Os pontos estavam voando no sentido oeste-leste. Quando deu 19h00, apareceram mais dois estranhos objetos piscando alinhados, um atrás do outro, no sentido norte-sul.
Qual foi a sequência com que os fatos que o senhor pesquisou se apresentaram?
Bem, o pessoal do SNI não chegava e tínhamos combinado às 18h00. Então ficamos aguardando-os para que acompanhassem nossa vigília. Assim, esperei apenas mais um pouco e começamos a desmontar o material, pois não podíamos mais aguardar. Finalmente, eles chegaram e perguntaram se tinha acontecido algo. Eu brinquei, dizendo ter marcado às 18h00 e eles só apareceram às 19h00, em uma referência ao fato de que ali passa UFO quase que de hora em hora. E um deles fez então uma pergunta idiota: “A que horas passa outro?” Respondi que não sabia e que aquilo não era bonde para ter horário — falei ainda que eles deviam ficar ali a noite inteira, esperando para ver UFOs. Nesse momento, enquanto conversávamos, um deles disse: “Olha aqui em cima agora. Olha para o alto”. Foi aí que o “herói brasileiro” tremeu nas bases, porque tinha um negócio enorme bem em cima da gente. Era um disco preto, escuro, parado a não mais que 150 m de altura, exatamente onde estávamos.
Deve ter sido uma experiência fantástica e aterrorizante. O objeto tinha luzes, emitia algum ruído, fez algum movimento?
Ficou parado, mas tinha uma luz no meio, indo de amarela para âmbar, e fazia um barulho como o de ar condicionado. Parecia com o ruído de catraca de bicicleta quando se pedala ao contrário. Aquele negócio era grande, talvez com uns 30 m de diâmetro. Olhamos para aquilo por um bom tempo, até que começou a emitir uma luz amarela muito forte, que clareava o chão, repetindo isso em intervalos curtos mais umas cinco vezes.
Qual foi a reação que os membros do Serviço Nacional de Informações presentes tiveram?
Não foi só o pessoal do SNI, não. Todo mundo ficou espantado! Eu mesmo nunca tinha visto algo assim, e olha que já estava quase há dois meses nessa operação — nunca aparecera uma nave dessa forma para gente. Foi tão inusitado que nem nos lembramos de montar novamente a máquina fotográfica, que já estava guardada, pois já íamos embora. Também não dava tempo, pois estava guardada em caixas próprias e demoraria para que fosse retirada e montada. Só nos restava ficar olhando, assustados, para aquela coisa que iluminava tudo com uma luz amarela forte que ora apagava, ora acendia.
Parece que estavam dando algum tipo de demonstração a vocês, latejando dessa maneira estranha…
É. O UFO fazia isso em intervalos de dois segundos. Apagava, acendia, apagava. Era uma luz progressiva, que não clareava como um flash, mas que crescia e voltava à mesma intensidade. Estávamos até sentindo que alguma coisa podia acontecer, pois estava escuro, era um local bastante isolado e ninguém sabia que a gente estava lá — só nós e “eles” [Risos].
Houve alguma ocasião em que outras equipes de diferentes órgãos do Governo participaram junto a vocês?
Não. O que eu sei é que houve um vazamento de informações sobre a Operação Prato e algumas pessoas comentaram sobre a incidência de avistamentos. Creio que o vazamento se deu no Aeroclube de Belém. Teve uma vez em que uma equipe do jornal O Estado do Pará foi para o lugar onde estávamos acampados e, como sabia que agíamos na área, ficou na espreita. Em outra vez eles se enganaram — foram a um ponto onde acharam que estaríamos, mas se deram mal, pois estávamos noutro. Em uma dessas aventuras, eles chegaram a ver alguma coisa, poré
;m foi algo tão esquisito que jamais voltaram. Alguns repórteres juraram que nunca mais fariam uma missão dessas. Eles viram uma luz se aproximando à baixa altitude e pegaram o carro para chegar mais perto. A luz se dirigiu até onde estavam e focou um raio em cima deles. Pelo que soube, o teto do carro ficou translúcido, como se fosse de vidro. Aí o objeto fez umas evoluções em cima do automóvel, permitindo até que fotografassem aquilo. As fotos foram publicadas em página inteira. Tinham uma nitidez incrível. Mas depois do susto que tomaram, as testemunhas sumiram — parece que algumas tiveram acesso de vômito e se descontrolaram emocionalmente. Quem pode dar informação sobre esse fato é o Ubiratan Pinón Frias, que era o piloto do Aeroclube de Belém.
O objeto fez umas evoluções em cima do automóvel, permitindo até que fotografassem aquilo. As fotos foram publicadas em página inteira. Tinham uma nitidez incrível. Mas depois do susto que tomaram, as testemunhas sumiram
Com todos esses fatos acontecendo e vocês mandando toda hora relatórios à sua chefia, em algum momento perguntaram a ela se haveria possibilidade de informar a população sobre as ocorrências da Operação Prato?
Não foi feita essa pergunta porque a gente já sabia que não era possível que a população viesse a saber dos acontecimentos — não seria cabível essa questão ao meu comando, porque isso era assunto reservado. Minha missão era coletar dados e entregar ao comandante, e isso era tratado com confidencialidade. Tínhamos que documentar, fotografar e filmar os UFOs, se possível, e entregar tudo ao Comando Aéreo Regional. Daí para frente, o destino que seria dado ao material era responsabilidade dele.
O senhor tem ideia do que era feito com todo esse volumoso material de pesquisas?
Os relatórios com desenhos, fotos, croquis etc eram preparados, classificados, passados ao comandante e arquivados no próprio COMAR, em uma sala reservada. Depois disso, segundo fui informado na época, alguns iam para Brasília. No entanto, pelo que sei, a reação dos altos escalões era de ceticismo — alguns colegas até brincavam com os fatos.
O senhor teve conhecimento de que a FAB já teria instituído um sistema de pesquisa oficial quase 10 anos antes, em 1969, chamado Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI)?
Nessa época, em 1969, eu era tenente na Base Aérea de Belém e foram distribuídos entre nós vários livretos informativos sobre o assunto, pedindo para que os oficiais que se interessassem pelo tema fossem voluntários para preparar relatórios com depoimentos. Foi só. Depois as discussões morreram.
Em algum momento houve participação de militares norte-americanos pedindo informações ou detalhes sobre o trabalho de vocês durante a Operação Prato?
Que eu saiba, não. Se isso ocorreu foi em altas esferas e, como já disse, eu era apenas capitão. Não me metia nessas coisas e nem podia saber nada a respeito.
A incidência desse fenômeno na Amazônia, durante a Operação Prato, chegou a ser diária?
Sim, era diária e muito ativa. Chegamos a verificar pelo menos nove formas de UFOs. Conseguimos determiná-las e classificá-las — algumas eram sondas, outras naves grandes das quais saíam objetos menores. Filmamos tudo isso, inclusive as naves pequenas voltando ao interior de suas naves-mãe, as maiores. Tudo foi muito bem documentado.
Quais eram os equipamentos que vocês usavam para registrar esse movimento?
Tínhamos máquinas fotográficas Nikon profissionais, com teleobjetivas de 300 a 1.000 mm, dessas grandes. Era um terror trabalhar com elas, porque tinham um foco rapidíssimo. Em qualquer bobeada, qualquer movimento em falso, perdíamos os UFOs — mas eram equipamentos de primeira. Também possuíamos filmadoras e gravadores, na possibilidade de um ruído ser ouvido ou de alguma coisa que pudesse ser registrada.
Vocês tinham expectativa de essas naves entrarem em contato com vocês, se é que esse não era um dos objetivos da operação?
Estávamos expostos a tudo. Para falar a verdade — e não estou fazendo mistério —, podia acontecer qualquer coisa no mato, na selva, nas praias, em qualquer lugar. Estávamos em operação militar e, por obrigação, tínhamos que aguentar tudo. O que quer que ocorresse teria sido no cumprimento do dever.
Vocês portavam armas de alguma espécie durante as missões?
Não, em nenhum momento. Nunca pensei em levar arma, nem mesmo por via das dúvidas. Não esperávamos que houvesse necessidade. Por isso, nem pensamos nessa hipótese, mesmo quando estruturávamos a montagem da operação, sua parte logística, de alimentação, transporte, comunicação etc.
Mas houve algum momento dentro da operação em que o senhor teria percebido que esse fenômeno pudesse ser perigoso?
Uma vez, sim. Foi o aparecimento de algo muito forte, tanto que quando essa coisa aconteceu eu tive medo de que pudesse se dar uma abdução. Só comentei com algumas pessoas — e uma delas, meu amigo Rafael Sempere Durá [Ufólogo espanhol radicado em São Paulo e já falecido] — chegou a me repreender gravemente por ter me exposto a algo perigoso. “Seu maluco irresponsável. Você tem comandante. Mas sou seu amigo e estou te proibindo de fazer uma coisa dessas”, disse zangadíssimo quando soube o que aconteceu. O fato foi realmente grave. Durante a Operação Prato, estávamos em uma embarcação ancorada à margem do Rio Guajará-Mirim quando uma coisa enorme parou a não mais que 70 m do barco.
Quais as características desse objeto voador não identificado que o senhor relatou?
Para responder a isso, tenho que dizer porque nós estávamos lá. Bem, fomos ao local porque tenho um amigo que era oficial da FAB na época, o capitão Victor Jamianiaski, descendente de poloneses radicado em Belém, que gostava muito de pescar e frequentava o local. Um dia, sabendo que a gente estava nessa investigação, contou-me o caso de um rapaz que trabalhava apanhando barro para uma olaria próxima dali. Essa olaria era de Paulo Keuffer, também de Belém. O rapaz se chamava Luís e me contou um fato incrível. Disse que certo dia, enquanto colhia barro, viu uma paca comendo restos de flores de uma árvore à beira do rio e a acompanhou para caçá-la. Ele voltou à olaria, esvaziou o batelão [Embarcação de 7 a 9 m com motor de centro], aprontou uma espingarda e voltou ao local, onde armou um acampamento em cima de uma árvore. Pendurou sua rede e ficou com lanterna e espingarda preparadas para a chegada do animal.
E aí, o que aconteceu?
Bom, quando ouviu um barulho e pensou que era o animal, passou por Luís uma luz muito forte que logo depois voltou e parou sobre onde estava. Do centro da nave, descrita como sendo similar à cabine de um Boeing 737, abriu-se uma porta ou algo assim e desceu um ser com forma humana. Luís disse-me que não teria visto escada de corda nem de metal, mas que a entidade tinha descido através de um foco de luz com os braços abertos. Quando o ser estranho se aproximou, e Luís viu que estava correndo perigo, pulou fora e se escondeu em uma árvore próxima, mas ficou observando o que se passava. Então o ser chegou com uma luz vermelha — que não era lanterna, mas estava na palma de sua mão — e examinou a rede deixada na árvore, como também o lugar onde estava e tudo mais ao redor, mas não procurou Luís nem ficou vasculhando o local. O ser foi direto para onde o rapaz tinha se escondido, morrendo de medo. Rapidamente, focou um raio de luz vermelha em sua direção, fazendo-o correr para dentro da vegetação.
O estranho ser percebeu de alguma forma automática onde estava Luís e foi em sua direção. Não parece boa coisa…
Pois é. Mas Luís saiu por uma margem do rio, tropeçando em troncos e raízes, com dificuldade de caminhar e tudo mais. Aí o ser voltou para a nave e a mesma passou a seguir o rapaz dentro do curso do rio, à baixa velocidade e pouca altitude, talvez à altura da copa das árvores. Luís ia devagar e nem conseguiu pegar o barco que estava mais à frente, como pretendia. Não teve jeito — gritou e atraiu a atenção de algumas pessoas, que vieram a seu encontro. Ao verem aquilo, pularam dentro d’água e ficaram observando a distância, só com os olhos de fora. O que viram foi incrível. A nave parou em cima do batelão, o ser desceu e examinou todo o barco, exatamente como fez com a rede. Aí ele foi até a nave, a porta se fechou e o UFO disparou para longe. Conversei com Luís no COMAR e decidi ir ao local ver a situação. Ao chegarmos lá, eram mais ou menos 19h00 e estava chovendo razoavelmente. Os agentes foram para dentro da casa do zelador da olaria. Como chefe da equipe, eu não entrei, mas permaneci em alerta, esperando para ver se alguma coisa acontecia…
Era uma luz amarela e muito forte, como se fosse um sol, mas a gente não via seu formato, somente o clarão. De repente, pudemos notar que tinha uma estranha forma de bola de futebol americano, pontuda e grande, de uns 100 m
O que aconteceu então do lado de fora da olaria?
Olha, veio uma coisa escura, da qual não pude ver a forma — não sei se era discoide, sei lá, pois só se viam as luzes daquilo, uma verde intensa e outra vermelha. Estranho era o barulho que aquele “troço” fazia, como ar condicionado, porém bem mais forte. Parecia barulho de turbina, como se houvesse uma coisa girando. O objeto passou em cima de onde estávamos, mas em tão baixa altitude que não poderia ser um avião. Nenhum piloto faria aquilo, pois estaria morto — um voo rasante daqueles já é perigoso demais em um dia claro, imagine com chuva e de noite. Aí eu gritei para minha equipe: “Acabei de ver um ‘treco’ muito estranho aqui”. Então entramos no barco e fomos para o tal lugar onde Luís tinha tido o contato. Chegando lá, fomos até a árvore onde ele havia caçado a tal paca e ficamos todos ali embaixo. Mas com a maré enchendo, a gente estava com a água cada vez mais alta.
O jeito era subir em uma árvore ali naquela área e aguardar os acontecimentos…
Era, pois a maré foi subindo cada vez mais. Ficamos lá, em cima da árvore, aproximadamente umas 10 horas. Quando decidimos ir embora, fomos em direção ao barco, que estava parado na outra margem, e guardamos o equipamento. Foi então que, a mais ou menos uns 2.000 m, veio cruzando o rio, de norte para o sul, uma luz muito forte de cor amarela como o Sol, porém em baixa altitude. Aquilo estava em cima das árvores e cruzou o rio na mesma posição que a anterior, praticamente onde ficava a residência do vigia — no local onde eu a tinha visto pela primeira vez.
Emitia o mesmo som de ar condicionado ou era alguma vibração mais intensa?
Tinha som sim, mas nos concentramos em filmar aquilo. Você pode ver no filme [Que, no entanto, não foi mostrado porque o coronel não o possuía mais] uma tremedeira ou coisa assim, e uma luz como se fosse de chama. Aparece também o rastro dela refletida no rio — isso tudo foi bem filmado.
Quando vocês tinham algum documento desse gênero, uma filmagem espetacular como essa, tal material não ia para Brasília?
Ainda não. O filme ficava retido lá no COMAR. Depois é que Brasília solicitava o material. Eu não acho que eles acreditavam muito nessa história, mas alguém lá queria vê-lo. Falava-se tanta coisa sobre o assunto, mas ninguém queria se expor. Talvez alguém em Brasília pudesse dar crédito para uma coisa dessas, mas tinha colegas lá que eram céticos. Outros ficaram sabendo que os UFOs eram verdadeiros.
A população que vivia às margens do rio usava foguete, andava armada com espingardas de cartucho e de caça. Foi relatado nos documentos da Operação Prato que eles portavam revólveres. Alguns até atiravam nos objetos
Voltando à nave que vocês estavam observando às margens daquele rio, tal experiência deve ter sido extraordinária, não?
Bom, foi mesmo. E nós registramos hora, altura, direção, essas coisas todas que tinham que constar no relatório. Enquanto aquilo estava lá à nossa frente, eu pensava: “Agora mesmo é que não saio daqui. Vamos ter que ficar”. Mas não tínhamos levado comida, café, água, nada. Mas o que veio a seguir é i
mpressionante.
E o que aconteceu a seguir?
Como tínhamos que voltar lá para fazer as anotações necessárias, e não havíamos levado nada, Luís se propôs a ir até sua casa — à beira do rio — para nos trazer café, bolacha e água. Ele saiu com um barquinho em direção a uma ilhota de uns 15 ou 20 m de largura, mas muito comprida. Um garoto de uns nove anos de idade foi com ele. Eles foram remando e sumiram nessa ilha. Logo que Luís desapareceu ao longe, fiquei em pé em cima do toldo do barco. Enquanto isso, os agentes comentavam sobre o que estava acontecendo — mas como eu era o chefe, não podia me dar ao luxo de ficar conversando, tinha que ficar alerta. Foi então que, à minha esquerda, próximo ao início do rio, veio uma luz muito forte — a mesma luz amarela. Enquanto ela se aproximava, fiquei quieto. E como aquela claridade continuou se aproximando, chamei a atenção dos agentes para o fenômeno.
Os agentes estavam equipados com máquinas fotográficas para registrar o episódio?
Sim. Logo que notaram a presença do objeto, prepararam máquina fotográfica, filmadora, tudo. Aquela coisa veio em nossa direção, a uns 200 ou 250 m de altura. Cruzou por cima da gente e quando chegou perto, na margem do rio, apagou-se — era uma luz amarela e muito forte, como se fosse um sol, mas a gente não via seu formato, somente o clarão. De repente, pudemos notar que o objeto tinha uma estranha forma de bola de futebol americano, pontuda e grande, de mais ou menos uns 100 m. Era um aparelho translúcido, com janelinhas em toda a sua extensão. Porém, não pude perceber se havia alguém lá dentro, apesar de ter passado devagar como se fosse de propósito. A filmadora estava acionada e como emitia um ruído, pedi para que o agente que a estava manejando, um japonês, parasse de filmar, porque eu queria tirar algumas dúvidas e não desejava interferência de sons. Então o cinegrafista parou.
Depois que ele desligou a filmadora, foram ouvidos barulhos mais nítidos que identificaram aquele fenômeno?
O cinegrafista perguntou: “Você está ouvindo?” Respondi que sim. Era um barulho de catraca, esquisito e oscilante. Depois continuamos filmando e fotografando, até que a coisa foi embora seguindo rumo ao continente. Isso aconteceu entre 23h00 e 23h30, conforme o relatório. Já faz muitos anos, mas recordo-me do horário. Após esse episódio, comentamos sobre aquele troço esquisito. Por volta de 01h00 ou 01h30 a luz voltou, só que não era mais da cor do Sol — era agora de um azul muito forte e acompanhou a margem oposta do rio. Quando chegou perto da ilha, foi em direção a Belém, mas estava muito baixa e passando sobre as copas das árvores.
Essa foi a situação mais complicada? O avistamento mais extraordinário que ocorreu dentro da Operação Prato?
Foi. Aparentemente, a luz se aproximou de Belém e depois voltou em nossa direção. Víamos através das copas das árvores que tinha uma luz lá em cima e que ela havia penetrado a mata.
Vocês chegaram a fazer cálculos da distância em que o UFO permaneceu?
Como ele estava à nossa frente, fui até lá por curiosidade e para colher dados exatos para o relatório. Sua distância era de uns 70 m. Aquele monstro azul, embora tivesse um brilho muito forte, podia ser olhado diretamente sem que ardesse a vista — não havia nada ali, apenas aquela luminosidade forte, um “troço” incrível. Ficamos parados a observá-lo. Então tive medo, porque estava muito próximo, do outro lado do rio, ou seja, à mesma distância de uma trave à outra em um campo de futebol. Aquele objeto ficou parado durante uns três minutos. Enquanto isso, olhávamos em silêncio. De repente, a luz se apagou rapidamente e pudemos ver o que estava por trás dela.
E o que era, coronel? Algum objeto diferente?
Era novamente a bola de futebol americano em pé, a uns 100 m de altura, parada e sem janela alguma. Devia ser o mesmo UFO, só que com o interior apagado. Sei lá, alguma coisa desse tipo. Todo mundo ficou com medo. Uma das pessoas ainda perguntou: “E agora? E se esses caras vierem e carregarem a gente, como é que fica?” Tudo era novidade para nós e ninguém sabia o que poderia acontecer dali para frente.
Coronel, o senhor está a par de que esse tipo de ocorrência na Amazônia não é algo comum em outros lugares do mundo? Em sua opinião, por que essas naves insistiam tanto em aparecer nas regiões Norte e Nordeste, principalmente na Amazônia?
Não, não sabia que casos como esse eram raros. Em meu ponto de vista, o qual expus a alguns amigos, passei a me interessar muito mais pelo assunto depois que terminei meu trabalho na Aeronáutica — para mim, Ufologia é um assunto muito sério. Descartava muita coisa acerca de avistamentos ufológicos por nunca ter visto nada que pudesse me dar certeza. Mas depois que vi uma nave, quis entender o fenômeno e, como oficial de operações de selva, quis tirar minhas próprias conclusões. Mas não podia colocá-las no relatório, porque eram pessoais, resultados de um estudo aprofundado. Tivemos muito contato com tribos indígenas, por isso nos preocupávamos em não transmitir a eles doença de espécie alguma, pois os índios não tinham anticorpos, ao contrário de nós. Podíamos passar gripe, sarampo, difteria, tuberculose, enfim…
Seria uma tragédia?
Com certeza, porque nós temos controle em nosso corpo. Nosso organismo tem defesas e o deles não. Daí minha preocupação de que mesmo cumprindo a missão, involuntariamente, tivéssemos transmitido doenças aos índios. Felizmente nunca houve um caso desses. Não me lembro de ter prejudicado algum índio dessa maneira. Concluí outra coisa a respeito de porque aqueles seres estariam fazendo isso. Se eu fosse eles e precisasse de um aparecimento aberto, franco e direto, o que teria que fazer? Proteger a mim e a meus companheiros. Mas como? Sabendo o que cada um tem dentro de seu próprio organismo que possa danificar o meu, entende? Essa defesa só poderia ser feita se tivesse uma amostra do nosso sangue e tecidos. Não foi difícil imaginar que eles estivessem fazendo coleta de material genético, para ver o que contínhamos que pudesse danificá-los em um contato futuro necessário, certo? Não só sangue, mas também nossas células. Não sei ao certo o que ess
a luz com alta energia podia fazer — ou se transportava partículas do corpo humano para serem analisadas mais tarde. Hoje ainda não compreendo o tal processo de clonagem. Na época, não pensei em nada disso, a não ser que eles estavam coletando material que pudesse prejudicá-los em um possível contato próximo.
A população ribeirinha imaginava que a intervenção deles seria uma agressão?
Claro, eles imaginavam estar sendo atacados por algum ser maldoso, como um vampiro ou morcego. Os populares pensavam que eram coisas que vinham de fora, de outro planeta. Eles já viam formas estranhas e luzes antes de mim. As naves também, pois demorou muito para eu observá-las.
A população ribeirinha daquelas regiões andava armada para se defender desse tipo de fenômeno?
Sim, a população que vivia às margens do rio usava foguete, andava armada com espingardas de cartucho e de caça — foi relatado nos documentos da Operação Prato que eles portavam armas. Alguns até atiravam, mas eu dizia para não fazerem isso. O próprio padre falava que não havia motivo para tanto: “Vocês nunca vão fazer nada. Quem tentar lhes apontar uma arma ficará 15 dias dormente, imobilizado na rede”.
Várias vezes tentei escrever um relatório final, pois o original era parcelado, caso a caso. Por exemplo, se em uma noite o fenômeno se manifestava três vezes, então tinha que ser feito um relatório. Achava que em Brasília iam me chamar de louco
Coronel, essa experiência que o senhor acabou de descrever teve alguma influência em sua vida, em sua forma de ver o mundo? Isso aconteceu no final da Operação Prato?
A Operação Prato foi até quando a Aeronáutica mandou interrompê-la. Esse relato foi passado ao meu comandante, dizendo tudo a respeito de como foi a coisa. Posteriormente, o filme foi revelado e assistido no auditório do quartel general por vários oficiais.
Quais foram as conclusões a que o senhor chegou a respeito?
Não havia dúvidas, mas não tínhamos visto a forma do objeto na hora em que se deu o avistamento — só fomos ver depois da impressão fotográfica. A coisa tinha uma porta aberta no alto, como a de um Boeing. Não havia ser algum dentro do objeto e na fotografia também não aparecia nada, exceto um feixe de luz em direção ao barco em que estávamos — dessa abertura parecia que alguém focava em nossa direção. Na ocasião, a luminosidade era tão forte que nos impedia de ver qualquer forma no interior daquela bola azul enorme.
Com uma declaração desse nível, uma coisa extraordinária como essa, por que o 1º Comando Aéreo Regional (COMAR) desativou a Operação Prato em apenas três ou quatro meses de trabalho?
Olha, talvez tenha sido por causa da especulação da população. São perguntas que não podem ser respondidas. Quem são “eles”, por exemplo, ninguém sabe. Talvez quem esteja mais avançado sejam os norte-americanos, os russos. Mas de onde vêm? Para isso também não há resposta. E o que eles querem? Também não sabemos. São as três questões feitas e que ninguém pode responder — o que desmoraliza a Força Aérea e o Governo Brasileiro.
Mesmo assim, não compensaria à Força Aérea manter o projeto em busca dessas ou de outras respostas? Por que fechá-lo?
Se eu fosse o comandante, continuaria. Mas eu só obedecia ordens e a ordem era parar — e assim foi cancelada a operação, quer estivéssemos satisfeitos, quer não.
O senhor acatou e bateu continência, simplesmente? Sem maiores reações?
Sim, pois já tinha acabado. A conclusão sobre a coleta de material para fazer antídoto, vacina, solução sorológica que inibisse qualquer incidência de moléstia no corpo desses alienígenas, a partir do sangue ou do material colhido do corpo humano, foi exposta quando visitei Rafael Sempere Durá, em São Paulo. Depois de uma longa conversa, mostrei minha opinião. Ele disse que era a mais lógica que ouviu a respeito do chupa-chupa, porque o que se falava era em agressão, e eu discordava: “Não foi agressão de forma alguma. Foi pesquisa ou coleta de material, como alega Jacques Vallée [Ufólogo franco-americano]”. Durá me agradeceu dizendo: “Foi a explicação mais lógica que eu ouvi até agora”.
Depois que a operação foi encerrada, o material que vocês coletaram permaneceu em Belém ou foi para Brasília?
Em Belém. Várias vezes eu tentei escrever um relatório final, pois o original era parcelado, caso a caso. Por exemplo, se em uma noite o fenômeno se manifestava três vezes, então tinha que ser feito um relatório. Pelo que eu escrevia, baseado em tudo que via, achava que em Brasília iam me chamar de louco, pois eles não estavam lá para presenciar.
Mesmo depois do encerramento da Operação Prato o senhor continuou pesquisando, investigando, fazendo suas vigílias? Teve alguma outra experiência interessante?
Bem, eu nunca relatei isso. Estou abrindo exceção para vocês — Gevaerd e Petit — em altíssima confiança, por sua seriedade. E também porque já estou com 60 anos de idade e daqui a pouco faço 70. Isso se eu chegar lá e não desaparecer antes… Eu estava em casa, tinha acabado de receber uns livros que solicitei a Bob Pratt, que me visitou logo no início da Operação Prato, quando algo aconteceu. Foi uma coisa surpreendente, que quero relatar com calma.
O que exatamente Bob Pratt queria com o senhor?
Conversar. Ele queria saber sobre o que tinha havido, porque ele esteve na Ilha dos Caranguejos [Onde aconteceu um grave caso meses antes] e eu não sabia da existência desse local nem do que tinha ocorrido por lá. Depois mandei verificar a área. Outros ufólogos também me procuraram na época, entre eles o doutor Max Berezovsky [Ufólogo paulista já falecido], o general [Alfredo Moacyr de Mendonça] Uchôa, um ufólogo argentino cujo nome não recordo, Jacques Vallée e Reginaldo de Athayde [Coeditor da Revista UFO]. Nunca mais mantive contato com Berezovsky, mesmo depois de suas cartas e telefonemas. Não tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, po
rque minha mulher não concordou em hospedá-lo em casa. Jacques Vallée falou comigo anos depois e me deu até um livro de presente.
O senhor estava autorizado a declarar alguma coisa a esses ufólogos estrangeiros naquela época?
Eu conversava com eles sobre o assunto — eles até viram algumas fotografias. Apenas pedi que respeitassem minha posição, pois não podia divulgar informação alguma, o que compreenderam perfeitamente bem e continuaram trocando correspondências comigo. Eu era frequentemente consultado sobre alguns casos, inclusive por ufólogos internacionais, da Espanha, Estados Unidos etc.
Eles mandavam casos para o senhor analisar e emitir um parecer a respeito? O que faziam?
Através de Rafael Sempere Durá, de Osni Schwarz [Nesse instante Uyrangê volta a falar sobre sua experiência ao receber os livros de Bob Pratt]. Eu lia todos os livros para me aprofundar mais em Ufologia, em humanoides, aparecimentos, abduções e outras coisas, e assim pude me munir de mais conhecimentos sobre a temática. Já não tinha mais nada com a Força Aérea, mas continuava interessado no assunto. Sempre empilhava meus livros sobre uma estante. Um dia, estava deitado lendo uma obra que não tinha nada a ver com Ufologia, enquanto minha filha, ainda pequena, lia uma revistinha de criança. De repente, os livros se deslocaram como se tivessem sido pegos e a pilha inteira caiu no chão. Ressalto que morava na Vila Militar, bem distante da rodovia, onde não havia trepidação de carro que justificasse a causa de tal circunstância.
Eles estavam empilhados na vertical, um sobre o outro?
Sim. Quando eles bateram no chão, claro que a pilha desmontou, mas os livros não se espalharam — eles caíram empilhados até o chão. Minha filha Daniela se assustou e perguntou: “Pai, que engraçado, como é que os livros caíram?” Nessa mesma hora, minha mulher estava no andar de baixo, preparando mamadeira para as crianças, quando algo semelhante aconteceu. A bandeja em que estavam os copos e talheres saiu voando da pia, flutuando por toda a cozinha, e então caiu sem quebrar um copo sequer, apesar do barulho de louça que ouvi de onde eu estava. No momento em que catava os livros do chão, brinquei com minha filha para que ela não tivesse medo. Coloquei-os no lugar e falei: “Vocês estão querendo que eu leia”. Então abri um livro em uma página qualquer, e logo em seguida aconteceu o incidente com a bandeja de louças — pelo barulho, pensei que tivesse machucado alguém, cortado talvez.
Minha missão foi cumprida após 36 anos de trabalho. Quanto à liberação dos documentos para o público, isso já é decisão do comando. Se liberarem, surgirão muitas indagações que a Aeronáutica e o Governo não estão aptos a responder
E o que sua esposa achou disso tudo, coronel?
Desci as escadas correndo e, nesse meio tempo, ela vinha subindo com os olhos arregalados, dizendo que não ficaria sozinha diante daquele fenômeno. Perguntei a ela o que havia acontecido: “Não sei. A bandeja saiu voando e foi parar no meio da pia”. Eu não entendi muito bem a história. Levei então um copo d’água para ela.
E os fenômenos ficaram por isso mesmo, sem mais nem menos?
Dois ou três dias depois, eu estava dormindo por volta da meia-noite, quando um novo fato aconteceu. Estava em uma espécie de desligamento, mentalização, deitado junto à minha mulher. De repente, adentrou meu quarto um clarão muito forte seguido por um estalido e iluminando tudo — assustei-me ao ver um “troço” tão estranho. Imediatamente, apareceu um ser atrás de mim, abraçando-me. Achei a situação meio esquisita. Além disso, tinha outro ser na minha cabeceira, que media 1,5 m de altura e estava vestido com uma roupa semelhante à de astronauta ou de mergulho.
Colante ou neoprene? Aquele material usado em roupas de surfistas e mergulhadores?
Era muito fofa, não era colada ao corpo. Não cheguei a ver seu rosto, mas era cinza, tinha uma máscara parecida com a de mergulho, e o olho não dava para detalhar. Eu estava muito assustado por causa daquele “bicho” que me abraçava e apertava por trás, sussurrando em meu ouvido em português: “Calma, não vamos te fazer mal”. Tinha uma voz metalizada, como som de transmissões computadorizadas.
E sua esposa, como reagiu?
Continuou dormindo, sem saber da presença do “baixinho” que estava em minha cabeceira, apertando-me na cama. Não gostei da sensação e da atitude dele. Logo em seguida, ouvi outro estalido e o clarão desapareceu, deixando-me muito assustado.
Houve lapso de tempo?
Não me lembro. Fiquei raciocinando se não foi apenas um sonho. Mas o “troço” era muito esquisito e eu ouvi os dois estalidos. Não me recordo se fui beber água. Acho que desci para tomar alguma coisa, uísque, sei lá…
Esse fenômeno voltou a acontecer com o senhor nos dias seguintes?
No outro dia fui para o quartel hastear a bandeira e bater continência ao som do Hino Nacional. Minha mulher sempre fechava o portão da garagem quando eu saía para trabalhar, por causa dos cachorros e das crianças. Eu tinha um Alfa Romeo azul-marinho naquela época. Quando meti a chave na porta do motorista para abri-la, a porta do outro lado se abriu sozinha, sem ao menos eu ter tocado no veículo. Ao ver aquilo, minha mulher ficou assustada. Enfim, eram muitos fenômenos inexplicáveis que vinham acontecendo. Olhei para meu suposto companheiro e disse, em tom de gozação: “Você não vai andar muito, a viagem é curta”.
O senhor sentiu alguma coisa, talvez uma dor de cabeça ou algo assim estranho?
Aí eu me sentei no carro e q
uando estiquei a mão para fechar a porta, ela o fez sozinha. Minha esposa se assustou ainda mais. Fui embora seguindo rumo ao quartel. Ao hastearmos a bandeira, meu braço esquerdo começou a coçar muito — eu já estava doido para que a cerimônia acabasse, pois não podia tirar a mão da pala para me coçar. Quando olhei para meu braço, ele estava vermelho. Achei aquilo muito esquisito [Até o dia em que o entrevistamos, em seu braço havia a mesma marca avermelhada].
O senhor acha que isso tudo foi consequência do quê?
Calma, já chego lá e conto tudo para vocês. Meu braço continuou coçando. Por curiosidade, em certo dia apertei a pele e, ao fazê-lo, apareceu um “troço”, como se fosse um pedacinho de plástico. No raio-X não apareceu nada. Mas aperte aqui e sinta [Ao apertar o local, pudemos sentir alguma coisa pontuda, que mais parecia uma agulha].
Algum outro componente de sua equipe de comandados apresentou qualquer tipo de marca estranha pelo corpo?
Sim, o [Sargento João] Flávio [De Freitas Costa]. Descobri isso quando todo mundo quis ver o meu ferimento. Ele também tinha a mesma marca na perna esquerda, em uma das coxas. Ele acabou falecendo por causa de derrame, em virtude do ferimento na perna. Depois eu conversei com um médico, amigo meu, para o qual mostrei meu braço. Ele me convidou a ir até o hospital para fazer exames. Em uma das vezes que fui a São Paulo e conversei com Rafael Sempere Durá, ele pegou uma bússola pequena e pediu permissão para dar uma olhada, colocando o aparelho sobre a minha pele.
Essa é, sem dúvidas, uma evidência física sem precedentes…
Os ponteiros da bússola ficaram alterados. Se através de um exame radiológico não se pôde ver absolutamente nada, comentei com Rafael que queria mandar abrir a pele. Ele me aconselhou que não o fizesse.
Mudando de assunto, o senhor tem conhecimento de que o Governo continua fazendo pesquisas ufológicas, seja na Amazônia ou em outro lugar?
Pesquisa com determinação, com base em um programa bem fundamentado, acredito que não — pelo menos não tenho qualquer informação a esse respeito [Esta entrevista é anterior às revelações feitas pela Revista UFO sobre como o Governo Brasileiro trata da questão ufológica por meio da Aeronáutica]. Primeiro, porque estou fora, na Reserva, e tenho muito pouco contato com o Ministério da Aeronáutica [Já extinto]. Ainda tenho amigos lá, mas nunca ouvi falar que o órgão tenha ido investigar qualquer tipo de projeto ou eventualidade.
O senhor acredita que deveria haver um programa de pesquisas ufológicas mantido pelo Governo?
Em minha opinião, sim. Eu mesmo tenho minhas razões pessoais para crer nisso, mas mesmo que não as tivesse, se eu fosse comandante, mandaria.