O Livro dos espíritos é uma obra surgida em 1857 a partir de perguntas feitas e respostas dadas por espíritos comunicantes que se manifestaram em sessões na França. Quem colheu tais informações foi o pesquisador Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou Allan Kardec, nome que Rivail ostentara quando de sua encarnação como druida. Na obra, considerada o pilar da Doutrina Espírita, há 22 perguntas e respostas sobre a vida em outros planetas e a possibilidade de existirmos em mundos além da Terra, bem como sobre a existência de seres extraterrestres entre nós. Veja algumas delas a seguir.
# Pergunta 178: Podem os espíritos encarnar em um mundo relativamente inferior a outro onde já viveram? “Sim, quando em missão, com o objetivo de auxiliarem o progresso, caso em que aceitam alegres as tribulações de tal existência, por lhes proporcionar meio de se adiantarem”. Mas, não pode dar-se também por expiação? Não pode Deus degredar para mundos inferiores espíritos rebeldes? “Os espíritos podem conservar-se estacionários, mas não retrogradam. Em caso de estacionamento, a punição deles consiste em não avançarem, em recomeçarem, no meio conveniente à sua natureza, as existências mal-empregadas”. Quais os que têm de recomeçar a mesma existência? “Os que faliram em suas missões ou em suas provas”.
# Pergunta 179: Os seres que habitam cada mundo hão todos alcançado o mesmo nível de perfeição? “Não. Dá-se em cada um o que ocorre na Terra, uns espíritos são mais adiantados do que outros”.
# Pergunta 180: Passando deste planeta para outro, conserva o espírito a inteligência que aqui tinha? “Sem dúvida, a inteligência não se perde. Pode, porém, acontecer que ele não disponha dos mesmos meios para manifestá-la, dependendo isto da sua superioridade e das condições do corpo que tomar”.
# Pergunta 181: Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos? “É fora de dúvida que têm corpos, porque o espírito precisa estar revestido de matéria para atuar sobre a matéria. Esse envoltório, porém, é mais ou menos material, conforme o grau de pureza a que chegaram os espíritos. É isso o que assinala a diferença entre os mundos que temos de percorrer, porquanto há muitas moradas na casa de nosso Pai, sendo, conseguintemente, de muitos graus essas moradas. Alguns o sabem e desse fato têm consciência na Terra. Com outros, no entanto, o mesmo não se dá”.
# Pergunta 182: É possível para nós conhecer exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos? “Nós, espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de adiantamento em que vos achais. Quer dizer que não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem todos estão em estado de compreendê-las e semelhante revelação os perturbaria. À medida que o espírito se purifica, o corpo que o reveste se aproxima igualmente da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria, deixa de rastejar penosamente pela superfície do solo, menos grosseiras se lhe fazem as necessidades físicas, não mais sendo preciso que os seres vivos se destruam mutuamente para se nutrirem. O espírito se acha mais livre e tem, das coisas longínquas, percepções que desconhecemos…”
# Pergunta 183: Indo de um mundo para outro, o espírito passa por nova infância? “Em toda parte a infância é uma transição necessária, mas não é, em toda parte, tão obtusa como no vosso mundo”.
# Pergunta 184: Tem o espírito a faculdade de escolher o mundo onde passe a habitar? “Nem sempre. Pode pedir que lhe seja permitido ir para este ou aquele e pode obtê-lo, se o merecer, porquanto a acessibilidade dos mundos, para os espíritos, depende do grau da elevação destes”. Se o espírito nada pedir, o que é o que determina o mundo em que ele reencarnará? “O grau da sua elevação”.
# Pergunta 185: O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo em cada mundo? “Não. Os mundos também estão sujeitos à lei do progresso. Todos começaram, como o vosso, por um estado inferior e a própria Terra sofrerá idêntica transformação. Tornar-se-á um paraíso quando os homens se houverem tornado bons. É assim que as raças, que hoje povoam a Terra, desaparecerão um dia, substituídas por seres cada vez mais perfeitos, pois que essas novas raças transformadas sucederão às atuais, como estas sucederam a outras ainda mais grosseiras”.
# Pergunta 186: Haverá mundos onde o espírito, deixando de revestir corpos materiais, só tenha por envoltório o perispírito? “Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como se não existisse. Esse é o estado dos espíritos puros”. Parece resultar daí que, entre o estado correspondente às últimas encarnações e a de espírito puro, não há linha divisória perfeitamente demarcada? “Semelhante demarcação não existe. A diferença entre um e outro estado se vai apagando pouco a pouco e acaba por ser imperceptível, tal qual se dá com a noite às primeiras claridades do alvorecer”.
# Pergunta 187: A substância do perispírito é a mesma em todos os mundos? “Não, é mais ou menos etérea. Passando de um mundo a outro, o espírito se reveste da matéria própria desse outro, operando-se, porém, essa mudança com a rapidez do relâmpago”.
# Pergunta 188: Os espíritos puros habitam mundos especiais ou se acham no espaço universal sem estarem mais ligados a um mundo do que a outros? “Habitam certos mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à Terra. Podem, melhor do que os outros, estar em toda parte. Segundo os espíritos, de todos os mundos que
compõem o nosso sistema planetário, a Terra é dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muito, a todos os respeitos. O Sol não seria mundo habitado por seres corpóreos, mas simplesmente um lugar de reunião dos espíritos superiores, os quais de lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que eles dirigem por intermédio de espíritos menos elevados, transmitindo-os a estes por meio do fluido universal…”
# Pergunta 272: Poderá dar-se que espíritos vindos de um mundo inferior à Terra ou de um povo muito atrasado, como os canibais, por exemplo, nasçam no seio de povos civilizados? “Pode. Alguns há que se extraviam, por quererem subir muito alto. Mas, nesse caso, ficam deslocados no meio em que nasceram, por estarem seus costumes e instintos em conflito com os dos outros homens. Tais seres nos oferecem o triste espetáculo da ferocidade dentro da civilização. Voltando para o meio dos canibais, não sofrem uma degradação — apenas volvem ao lugar que lhes é próprio e com isso talvez até ganhem”.