Antes de analisarmos os procedimentos adotados na pesquisa ufológica, é importante abandonarmos denominações como ufófilo e ufólogo, visto que os discos voadores nem sequer são identificados. Como é possível estudar algo sobre o qual não temos acesso? Por isso, talvez seja mais adequado dizer pesquisador ou estudioso. Até mesmo o dicionário Aurélio refere-se à pesquisa como sinônimo de busca da realidade.
Na verdade, todas as pessoas que apresentam seu trabalho publicamente ou estudam Ufologia são buscadores da realidade alienígena. A diferença faz-se apenas na profundidade da pesquisa desenvolvida por cada um. Não pretendo traçar um perfil psicológico do pesquisador (ufólogo), mas tratar das razões que o motivaram a se dedicar ao assunto. Embora esta seja uma divisão informal, tem o respaldo de profissionais da Medicina e da Psicologia.
O primeiro caso, ou motivação inicial, seria o pesquisador no sentido clássico da palavra. Teriam este perfil cientistas que, sem razão explícita, tentam estudar ou explicar o Fenômeno UFO. Muitos são astrônomos, meteorologistas etc, que, pela natureza de seu trabalho, acabam se defrontando com o assunto e o incluem em seu universo de pesquisa. Muito freqüentemente, porém, encontramos os casos de atração não explicada pelo fenômeno, em que se enquadra o pesquisador que, desde a mais tenra idade, sentiu a necessidade de se aprofundar na pesquisa ufológica. Via de regra, nem mesmo ele sabe qual a razão de tamanho interesse pelos fenômenos extraterrestres.
Outros, ao contrário, buscam na Ufologia respostas para questões holísticas e transcendentais, e geralmente dedicam-se a ela para tentar explicar as inquietantes questões que trazem consigo. Mas há também aqueles que procuram a auto-afirmação, e podemos notar neste caso a tênue linha que separa os que utilizam a Ufologia para se promover dos que se apresentam perante a comunidade ufológica para realmente divulgar e compartilhar o resultado de suas pesquisas. Como uma exacerbação deste caso, temos o indivíduo instigado pelo fanatismo cego – nossa quinta motivação. São portadores de transtornos sérios de personalidade, que deveriam ser encaminhados a profissionais da área médica, pois podem se tornar perigosos, tanto para si como para seus seguidores. Devemos lembrar aqui o caso de suicídio coletivo dos integrantes da seita Heaven’s Gate, que pouco difere, em forma e conteúdo, da tragédia acontecida aos 914 seguidores do pastor Jim Jones, que morreram envenenados na década de 70.
Credibilidade da Pesquisa — A mobilização pela fé talvez seja a mais poderosa, mas entre os estudiosos também encontramos os que vêem no Fenômeno UFO uma excelente possibilidade de enriquecimento fácil e rápido. São pessoas que utilizam a Ufologia como meio de enganar e ludibriar terceiros, sem qualquer pudor. Como acontece em todas as áreas, temos aqui um típico caso de polícia.
Estes são, na maioria das vezes, os responsáveis por colocar em dúvida a credibilidade da pesquisa ufológica, pois transmitem a falsa idéia de que idôneos e dedicados estudiosos são enganadores e mentirosos. Aliados a eles, temos os que querem justamente desacreditar o fenômeno, os também chamados antiufólogos. Eles usam todo seu conhecimento nas mais variadas áreas das ciências ortodoxas para provar que a Ufologia não passa de engano – ou pode ser racionalmente explicada. São cientistas acadêmicos que pesquisam profundamente a realidade alienígena, buscando provar a todo custo que os extraterrestres e suas naves não existem.
Além dessas, são várias outras as razões que despertam as pessoas para a pesquisa ufológica. Mas é preciso estimular todos os pesquisadores, conhecidos na comunidade ufológica ou não, a uma autocrítica, procurando reconhecer as razões que os conduziram ao estudo do Fenômeno UFO. Seríamos nós motivados pela natural necessidade de ampliar nossos horizontes? Quem sabe, utilizar a Ufologia para encontrar respostas a outras perguntas que, assim como os discos voadores, inquietam a Humanidade? Esta seria apenas uma manifestação negativa de nosso próprio ego? Há os que afirmam que a verdade está lá fora. Em contrapartida, temos muitas filosofias orientais indicando que mais importante do que a resposta é a própria pergunta. E ambas estão dentro de nós!