A realização do V Fórum Mundial de Ufologia (II UFOZ 2013), em novembro passado, marcou uma nova e ousada proposta de ação dos ufólogos junto ao Governo Brasileiro, consolidada logo no início do mês seguinte. Durante o evento foi lida solenemente pelos membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), aprovada e assinada por todos os presentes e finalmente emitida de maneira oficial a Carta de Foz do Iguaçu 2013, dirigida ao Ministério de Relações Exteriores e nele protocolada em 11 de dezembro, tornando-a oficial.
O ato foi uma consequência dos êxitos alcançados no evento anterior, o IV Fórum Mundial de Ufologia (I UFOZ 2012), no ano retrasado, quando foi emitida a Carta de Foz do Iguaçu 2012 dirigida ao Ministério da Defesa. Enquanto este documento foi chamado de Manifesto da Ufologia Brasileira e deu excepcionais resultados, agora sua nova versão foi chamada de Manifesto da Ufologia Mundial. E com razão. A Carta atual, com novos termos e bem mais audaciosa do que a anterior, já está sob análise no referido Ministério, nas mãos do embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, de quem a CBU aguarda providências.
O documento introduz várias novas sugestões a serem adotadas pelo Governo Brasileiro, desta vez via Palácio do Itamaraty, das quais a principal é a solicitação de moção da Administração Dilma Rousseff junto à Organização das Nações Unidas (ONU), visando à reabertura das discussões sobre o Fenômeno UFO em escala global, que ocorreram naquela casa nas décadas de 60 e 70, repetindo-se com menos intensidade na de 80 e então misteriosamente encerradas. Os ufólogos brasileiros acreditam quem já têm maturidade, após conquistarem a abertura no país, para levar o tema a uma instância superior.
Vencer preconceitos
O assunto é complexo e extremamente delicado, tendo em vista a difícil aceitação de uma discussão ampla e aberta nas Nações Unidas, onde muitos temas são evitados devido ao preconceito guiado pela ignorância ou por interesses sinistros que tentam sobrepor-se aos fatos. As dificuldades começam pelo tabu existente entre os próprios cientistas quanto aos questionamentos a respeito da existência de vida inteligente fora da Terra — e, mais ainda, sobre a possibilidade dessas inteligências estarem nos visitando. Obviamente, se ele existe dentro do conhecimento acadêmico, deve-se admitir seu alastramento entre os diversos seguimentos sociais, inclusive no meio político. Os problemas se agravam ainda mais quando vemos nações, cujas posturas políticas têm forte influência nas decisões da ONU, praticarem o que se chama na Ufologia de acobertamento ufológico.
Contudo, vem se notando nos últimos anos progressivo amadurecimento político no trato de questões delicadas em diversas áreas, como meio ambiente, direitos humanos, produção de alimentos e outros, cujas decisões de órgãos ligados à ONU muitas vezes contrariam poderosos interesses econômicos. Lá a Ufologia, outro assunto delicado, já foi proposto por um país membro e tratado de forma objetiva, como descrito nas considerações da Carta de Foz do Iguaçu 2013, que se encontra no Ministério de Relações Exteriores [Veja o documento nesta edição]. Mas, se o assunto já teve sua estreia em plenárias das Nações Unidas antes, por que não é atualmente debatido, tendo em vista que várias nações do planeta já o fazem abertamente? E algumas dessas têm, inclusive, órgãos oficiais para pesquisa do Fenômeno UFO.
Enquanto na ONU o debate encontrava-se travado há mais de duas décadas, no Brasil, com a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, o tema amadureceu significativamente, levando à liberação de milhares de páginas de documentos sigilosos do Governo à consulta pública. De tal forma que, com os resultados atingidos pelo citado movimento, abriram-se importantes frentes de diálogo entre ufólogos e oficiais das Forças Armadas, tornando o processo de abertura aqui único no mundo. Foi nesse caldo efervescente dos debates que surgiram as maiores conquistas da Ufologia Brasileira em mais de 60 anos, entre elas encontros inéditos entre a CBU e militares. E eles foram entremeados por decisões importantes saídas do Ministério da Defesa. O primeiro encontro, de maio de 2005, no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), foi exclusivamente com os membros da Força Aérea Brasileira (FAB).
Reunião ministerial
Entretanto, o segundo e mais importante encontro se deu em 18 de abril de 2013, no prédio do Ministério da Defesa e com a presença de representantes das três Armas, como resultado direto da Carta de Foz do Iguaçu 2012. Daquela reunião com os militares, mediada por autoridades do Ministério lideradas pelo seu diretor, doutor Ari Matos Cardoso, resultou um Grupo de Trabalho criado no âmbito de sua Secretaria Geral e que estudará a viabilidade de se estabelecer uma comissão mista de estudos ufológicos, proposta na Carta. Mas os resultados deste primeiro documento, exclusivamente destinado à Defesa brasileira, foram além das nossas fronteiras e chegaram à capital dos Estados Unidos, Washington.
Lá, entre 29 de abril e 03 de maio de 2013, apenas poucos dias após a reunião no Ministério da Defesa, o Brasil, representado pelo editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd, e pelo ex-deputado federal e também membro da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), Wilson Picler, liderou a delegação sul-americana durante as Audiências Públicas para Abertura organizadas pelo Paradigm Research Group (PRG), entidade criada pelo ufólogo e ativista Stephen Bassett, que esteve em Foz em novembro fazendo conferência.
Enquanto as negociações no Brasil entre integrantes da CBU e do Ministério da Defesa rumavam para a criação do referido Grupo de Trabalho misto, em Washington era emitido um documento resultante das Audiências Públicas, também sugerido pelos dois citados membros da CBU, apoiado por Bassett e pelo ex-senador norte-americano Mike Gravel, expondo a necessidade de serem retomadas as discussões ufológicas em nível mundial nas Nações Unidas, com a participação de outros de seus integrantes. Contudo, como qualquer tipo de proposta desse tipo só pode ser feita pelo governo de um país membro, surgiu a ideia de a Carta de Foz do Iguaçu 2013 ser este instrumento. E o momento de lançá-lo foi o V Fórum Mundial de Ufologia, na presença de importantes ufólogos de todo o globo.
Nas mãos de Dilma
Nos meses antecedentes ao Fórum, dois fatos inéditos e aparentemente coligados fizeram diferença na consecução do novo documento. Um deles foi a já citada criação do Grupo de Trabalho no Ministério da Defesa, no final de setembro de 2013. E o ou
tro foram as inusitadas declarações da presidente Dilma Rousseff, dizendo “respeitar o ET de Varginha”, ditas em agosto do mesmo ano. Como explicado na edição UFO 204, a respeito da atitude da presidente, foi mantido contato com a Defesa tão logo houve sua manifestação, justamente para sabermos em que pé andavam os trâmites para a criação do Grupo. Com o sinal verde do secretário Matos Cardoso, mais argumentos foram dados para a redação da nova Carta, entre eles o fato do próprio Governo tratar o tema com o maior respeito e seriedade, assim como sua mandatária. Dessa forma, o instrumento, que já se encontra sob análise pelo embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, revestiu-se da maior clareza e sensatez possíveis.
Com tantos argumentos favoráveis, a Carta de Foz do Iguaçu 2013 expõe para as autoridades brasileiras um panorama vanguardista, embasado em premissas e fatos irrefutáveis que justificam plenamente igual atitude de ousadia da presidente do país. Ao levar moção de cunho ufológico à Organização das Nações Unidas (ONU), Dilma Rousseff não só mostraria o caráter progressista de sua administração, mas também daria um basta àqueles que fizeram chacota pública de suas declarações, que se sabem bem intencionadas.
Resumindo, o mais recente documento da Comunidade Ufológica Brasileira e Mundial, lido e assinado no V Fórum Mundial de Ufologia (II UFOZ 2013) e inicialmente encaminhado ao Governo, mas que se destina ao mundo, pretende muito mais do que resolver a demanda pelo fim dos segredos ufológicos entre as nações membros da ONU, mas levar-nos, enquanto humanidade sedenta por respostas, a uma discussão ampla e sem preconceito, com fins a responder a um dos mistérios que mais nos afligem.