Há décadas o ser humano tenta descobrir se está sozinho no universo, em meio a incontáveis astros espalhados por infinitas galáxias, deste e talvez de muitos outros universos. Apesar de sua intuição de que evidentemente deve haver uma miríade de outras formas de vida lá fora, e a Ufologia é uma iniciativa que defende isso, não há registros científicos disponíveis que ofereçam esta certeza à humanidade — que, quando confirmada, poderia mudar por completo a ideia que temos sobre a nossa existência. Os esforços mais consistentes e reconhecidos pela ciência neste sentido vêm do Projeto SETI [O programa de busca por vida extraterrestre inteligente], que desde a década de 60 tem o objetivo de analisar sinais de rádio provenientes de fora do planeta, captados por radiotelescópios.
Com o propósito de estabelecer a certeza científica de que há outras formas de vida inteligente fora da Terra e a intenção de estabelecer comunicação com elas, três eventos marcaram o início do projeto, desde seus momentos embrionários. O primeiro foi a publicação de um artigo histórico, por Giuseppe Cocconi e Philip Morrison, abrindo as portas da comunidade científica para a possibilidade de encontrarmos vida extraterrestre inteligente. Intitulado A Procura da Comunicação Interestelar e publicado na conceituada revista Nature, em 1959, Cocconi e Morrison ineditamente sugeriram que a pesquisa devesse ser conduzida por equipamentos capazes de receber ondas de rádio no comprimento de 21 cm. Estava dada a largada.
Progressos paralelos
Depois, no ano seguinte, outro marco importante do SETI foi o Projeto Ozma, idealizado por Frank Drake e iniciado em 1960, que conduziu a primeira busca de sinais de vida extraterrestre nesses parâmetros, usando para isso os instrumentos do Observatório Nacional da Radioastronomia em Green Bank, em West Virginia, Estados Unidos. Por fim, em 1961, tivemos também uma pequena, e agora legendária, conferência aberta sobre o tema, na qual foi discutida amplamente a possibilidade de uma pesquisa mais profunda sobre isso — e nela foi proposta a Equação de Drake como uma maneira de estimar a quantidade de civilizações que poderiam ser contatadas em nossa Via Láctea. Esses foram, enfim, os alicerces sobre os quais o SETI se fundamentou [Veja edição UFO 179, agora disponível na íntegra em www.ufo.com.br]. Anos depois a Equação de Drake foi reformulada pelo próprio, que reconheceu que em sua versão original ele havia subestimado a quantidade possível de planetas habitados na galáxia.
Como se vê, o que sabemos ser hoje o moderno Projeto SETI nasceu durante aqueles longínquos anos de 1959 a 1961, que estabeleceram a agenda que se tornaria a rotina de operações do programa pelas décadas seguintes, algumas vezes com achados interessantes, noutras quase frustrantes. Mas, enquanto o programa de busca por vida extraterrestre inteligente engatinhava, ainda nos anos 60, a antropologia já era uma disciplina experiente com mais 100 anos de existência — como indica a raiz grega da palavra, trata-se do estudo dos seres humanos. Hoje o próprio SETI se transformou e aplica novos métodos para busca de sinais de vida extraterrestre inteligente, inclusive com raios laser.
Ao longo dessas várias décadas em que ambos, antropologia e busca de sinais de vida extraterrestre inteligente caminharam paralelamente, raramente se tocaram e mais raramente ainda se questionou de que forma poderiam se relacionar. A pergunta que se fazia era: por que a antropologia teria aplicação na discussão sobre vida alienígena, que obviamente não seria humana? A resposta para isso é que a antropologia desenvolveu vários métodos para analisar as culturas terrestres e sua evolução — e eles podem ser aplicados para entender culturas também não terrestres.
TODO O CONTEÚDO DESTA EDIÇÃO ESTARÁ DISPONÍVEL NO SITE 60 DIAS APÓS A MESMA SER RECOLHIDA DAS BANCAS