Graças aos dados coletados pelo telescópio espacial Spitzer, da NASA, os cientistas puderam estudar um mundo misterioso conhecido como XO-3b. Mas sua análise os deixou com ainda mais perguntas, como se o astro fosse outra coisa totalmente inimaginável.
XO-3b é um gigante gasoso que orbita uma estrela do tipo F. Tem uma massa que é 7.29 vezes a de Júpiter, mas tem um raio apenas 1.41 vezes maior que o gigante gasoso do nosso sistema solar. Ele orbita sua estrela hospedeira a uma distância excepcionalmente próxima de 0.04529 UA (1 UA é a distância que a Terra está do Sol). Um ano no XO-3b dura apenas três dias terrestres e, durante esse período, passa por duas estações diferentes – um dia de verão e dois dias de inverno.
Em uma recente entrevista coletiva realizada pela American Astronomical Society, Lisa Dang, que é candidata a Ph.D. em astrofísica na Universidade McGill, no Canadá, declarou: “Vimos variações sazonais de temperatura centenas de vezes mais fortes do que experimentamos na Terra. Além disso, as estações em XO-3b são devido à sua órbita oval em torno de sua estrela hospedeira e à quantidade de radiação que recebe.”
Como o planeta e a estrela estão tão próximos um do outro, a parte mais distante da órbita de XO-3b continua a se aproximar da estrela por causa de suas interações gravitacionais, que causam a órbita incomum. Com isso dito, acredita-se que o planeta orbite a estrela por um período relativamente curto, como Lisa observou: “A forma oval que vemos aqui neste planeta de período muito curto sugere que o estamos pegando no meio da migração.”
Representação artística do planeta XO-3b em sua órbita excêntrica em torno de sua estrela.
Fonte: NASA
Outro fato estranho sobre o planeta é que, com base na detecção de luz infravermelha, ele é muito mais quente do que se pensava inicialmente, o que não pode ser explicado pelas estações rápidas e extremas. Lisa explicou: “Esse aquecimento extra que vimos com o Spitzer não é sazonal, é visto ao longo do ano”, acrescentando: “Nossa investigação deste ‘Júpiter quente’ apontou que ele é aquecido não apenas pela estrela próxima, mas também pelo seu interior.”
Além disso, ele é “mais inchado” do que o esperado. Quanto ao motivo pelo qual o planeta tem tanto calor extra, pode ser causado pelo aquecimento das marés causado pela gravidade da estrela o puxando, fazendo com que ele se deforme e se estique. Outra opção é que talvez nem seja um planeta, afinal. Pode ser uma anã marrom (também conhecida como “estrela fracassada”) ou “(…) …pode não ser necessariamente uma estrela fracassada, mas no auge de sua vida como uma estrela.” Seja o que for, é definitivamente incomum. O estudo foi publicado no The Astronomical Journal, e pode ser lido na íntegra aqui.