É difícil resumir em poucas linhas um currículo como o de Rafael Cury, devido à sua extraordinária e constante atuação na área ufológica. Co-editor da Revista UFO desde seu lançamento, em 1985, Cury é provavelmente a pessoa que mais organizou eventos ufológicos em todo o mundo, contabilizando hoje cerca de 200 realizações, nas quais se apresentaram mais de 100 conferencistas de 20 países e que contaram com um público superior a 50 mil pessoas. Nem mesmo em países mais avançados, onde a Ufologia é mais difundida e recebe mais atenção por parte da sociedade, se tem notícia de feitos assim.
Nascido em Piraí do Sul (PR), em 1964, Cury teve seu despertar para a questão ufológica em 08 de fevereiro de 1982, quando ocorreu o famoso Caso Vasp Vôo 169, no qual um Boeing da extinta companhia aérea paulista, fazendo um vôo noturno entre Fortaleza e São Paulo, foi seguido durante várias horas por um objeto voador não identificado que depois se confirmou ser uma nave de origem alienígena. O caso recebeu atenção de toda a imprensa na época e causou enorme polêmica no país e no exterior [Veja edição UFO 055]. “Quando eu soube do fato através dos noticiários, minha atenção foi imediatamente atraída para o assunto. Naquele momento decidi que teria que conhecer tudo sobre nossos visitantes extraterrestres”, diz o ufólogo paranaense, que, desde então, dedica-se incansavelmente à divulgação da presença alienígena na Terra.
Quando eu soube do Caso Vasp Vôo 169, através dos noticiários, minha atenção foi imediatamente atraída para o assunto. Naquele momento decidi que teria que conhecer tudo sobre nossos visitantes extraterrestres. Foi assim que ocorreu meu início na Ufologia Brasileira
Apesar de tamanha atividade na área, Rafael Cury teve até hoje apenas um avistamento ufológico, que durou cerca de 15 segundos, mas que ele garante ter sido muito marcante em sua vida. O fato se deu no centro de Curitiba, no meio de uma noite de 2003. Era um objeto em forma de bumerangue que desenvolveu uma trajetória retilínea a velocidade de aproximadamente 500 km/h. Cury estava acompanhado de um piloto de helicóptero, que atestou a natureza extraordinária do artefato observado sobre a capital paranaense. “Aquela observação nos deixou maravilhados. Como pode uma nave daquele tamanho passar sobre o centro de uma grande cidade, daquela forma?”, questiona.
Cury é fundador e presidente do Núcleo de Pesquisas Ufológicas (NPU), entidade responsável pela série ufológica mais antiga do mundo, o Congresso Brasileiro de Ufologia Científica, com 37 edições já realizadas e muitas outras já programadas. E colaborou com a organização de importantes eventos na área, como o I Fórum Mundial de Ufologia, ocorrido em Brasília, em1997, em parceria com a Legião da Boa Vontade (LBV). O I Fórum é até hoje considerado o maior e mais importante evento já produzido no país, sendo o primeiro a contar com representantes da Aeronáutica e do Senado. Desde 2005, sob seu comando, esta prestigiada série é realizada em Curitiba, e neste ano recebe sua terceira edição. Noutro de seus recentes eventos, realizado em maio de 2008, Cury contou com a presença de altas patentes militares, como o brigadeiro José Carlos Pereira [Veja edições UFO 141 e 142], ex-comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), e do coronel Antônio Celente Videira, membro permanente da Escola Superior de Guerra e atual consultor da Revista UFO [Veja edição UFO 144]. Na ocasião, ambos defenderam o fim do acobertamento ufológico em nosso país – e, mais do que isso, ainda se comprometeram a participar diretamente do processo que revelará a verdade sobre a presença dos UFOs no espaço aéreo nacional. O congresso teve também a presença e a conferência do astronauta Marcos Pontes.
Em Curitiba, onde vive, Rafael Cury é personalidade. Ele já esteve em pelo menos 90% dos programas de entrevistas e variedade apresentados em seu estado, totalizando mais de 500 participações em jornais, rádios, revistas e TVs, entre os quais o Bom Dia Paraná, no qual já se apresentou uma dezena de vezes. Outro destaque de sua carreira pública se deu através do programa QI na TV, do qual participou duas vezes, justamente nas ocasiões em que o programa atingiu sua maior audiência. Além deles, Cury esteve em dezenas de programas de âmbito nacional, entre os quais o Programa do Jô, Globo Repórter, Fantástico e Linha Direta, todos da Rede Globo, onde foi ainda consultor da novela o Amor está no Ar e o primeiro ufólogo a comparecer ao noticiário Bom Dia Brasil. Entre os programas de outras redes de que participou estão Mistério, Marília Gabriela, Leão Livre, Boa Noite Brasil, Programa de Domingo, Programa Livre e Amaury Júnior.
Cury também contabiliza participações em diversas revistas internacionais, como a UFO Magazine, da Inglaterra, a Notiziario UFO, da Itália, e a Magazine 2000, da Alemanha. Foi citado também pela Mufon UFO Journal, dos Estados Unidos, e participou de inúmeros programas de TV do exterior, como séries do Canal Infinito e talk shows da Rádio Nacional de Miami. No Brasil, seu trabalho mereceu destaque nas revistas Globo Ciência, Istoé, Planeta, Veja, Destino etc. Atualmente, prepara seu primeiro livro, que já recebeu o título UFOs Top Secret: Apenas Para Seus Olhos [A ser lançado futuramente pela coleção Biblioteca UFO]. Como radialista, comandou o programa Conexão UFO, que foi líder de audiência no horário pelas rádios Educativa e Independência.
Serviços prestados à paraciência
Rafael Cury coleciona homenagens e comendas, que lhe foram conferidas por órgãos públicos e privados, associações diversas e autoridades. Entre elas recebeu o prêmio Cidade de Curitiba, concedido pela Câmara Municipal da cidade quando esta comemorava seus 300 anos de fundação. O prêmio foi oferecido por serviços prestados na divulgação e pesquisa paracientífica – na oportunidade também foram homenageados, ao seu lado, o governador Jaime Lerner e o apresentador Carlos Massa, o Ratinho. Também recebeu condecoração concedida conjuntamente pelo Consulado do Senegal e pela Assembléia Legislativa do Paraná, por ocasião da Semana da Consciência Negra. Na área ufológica recebeu o prêmio Pioneiros da Ufologia, entregue durante congresso realizado em Salvador, o troféu Ufólogo em Destaque, oferecido em 1996 pelo Centro de Pesquisas Ufológicas (CPU), e o Prêmio Cindacta, concedido pelo Grupo de Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS), por ter proferido a que foi considerada a melhor conferência de 2002.
Em 1987 foi eleito presidente da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil (ANUB), entidade que congrega grupos e pesquisadores em todo o país, e que neste ano retomará importantes atividades. Desde 1996 é diretor estadual no Paraná para a Mutual UFO Network, (MUFON), uma das maiores entidades ufológicas do mundo. Paralelamente às suas atividades como ufólogo, Rafael Cury é ainda dirigente da CWB TV, a TV Comunitária de Curitiba, e recentemente foi eleito diretor de marketing e divulgação da Associação Brasileira de Canais Comunitários (Abccom).
Em outubro de 2008, durante a fundação do Instituto Galileo Galilei de Pesquisas Avançadas sobre Vida Extraterrestre (IGG) – ocorrida no evento Contagem Regressiva para o Contato, outro de sua criação –, Rafael Cury foi apresentado como seu diretor executivo, ao lado de Marco Petit, como diretor científico, A. J. Gevaerd, diretor de comunicações, e Clark Rabelo, diretor financeiro. “O slogan do IGG mostra de maneira clara qual é nossa intenção com a nova entidade”, disse Cury referindo-se à expressão “o desafio de procurar, encontrar e estabelecer relacionamento com outras espécies cósmicas”, que define a instituição. O ufólogo e promotor de eventos garante que pretende implementar uma linha de trabalho ágil e produtiva no IGG. “Vamos mostrar que o contato com outras civilizações pode ocorrer pacificamente, se nos prepararmos para isso”, declarou.
Cury também esteve presente em todas as lutas travadas contra o acobertamento ufológico militar no país, desde 1985, culminando com sua participação na campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, desenvolvida pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), da qual é um dos fundadores. Foi nesta condição que participou, junto dos demais integrantes da entidade, do primeiro encontro oficial entre ufólogos civis e militares da Força Aérea Brasileira (FAB), nas dependências do Comdabra, em Brasília, em maio de 2005. “Foi naquele momento histórico que recebemos nosso diploma de ‘graduação’ em Ufologia. Resta agora buscarmos o de ‘pós-graduação’ na área”, brinca. Vamos à entrevista.
Recentemente você comentou que está atuando em áreas específicas dentro da Ufologia. Quais são elas? Uma delas está no campo da divulgação da presença alienígena na Terra, na qual me especializei. Estou intensificando a realização de eventos pelo Brasil afora e também preparo o lançamento de meu primeiro livro, cujo título provisório é UFOs Top Secret: Apenas Para Seus Olhos. Nele eu abordo aspectos científicos, governamentais e religiosos do Fenômeno UFO. Outra área a que me dedico é a da abertura dos arquivos militares, através da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU). Como se sabe, já tivemos muitos avanços e alguns documentos ufológicos antes secretos já foram liberados ao público por intermédio deste movimento [Veja edição UFO 149]. Mas, sem dúvida alguma, meu principal objetivo neste ano é um projeto que venho acalentando há muito tempo e que agora vejo ser possível com o apoio da Revista UFO e do recém criado Instituto Galileo Galilei, que é levar a questão ufológica para ser novamente discutida na Organização das Nações Unidas (ONU).
Os debates ufológicos na ONU no passado nunca foram encerrados. Pelo contrário, sempre foram adiados indefinidamente. Penso que agora, de forma organizada, podemos iniciar um movimento global para voltar com a questão ufológica na entidade. Para que isso ocorra, no entanto, ainda teremos que implementar algumas ações
Esta é uma proposta ambiciosa. Em que ela consiste e como você pretende sensibilizar a ONU a reabrir o debate sobre a presença alienígena na Terra? Sou dado a desafios, mas talvez este venha a ser o maior e o mais difícil que possa encontrar. Eu baseio minha intenção no histórico de lutas e conquistas que temos aqui, no Brasil, através da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), assim como nas recentes ações de aproximação de meios militares e na abertura dos arquivos secretos da Aeronáutica. Estas iniciativas, em boa parte conduzidas pela Revista UFO, com seu reconhecimento internacional e um Conselho Editorial que hoje agrega centenas de pesquisadores em todo o mundo, nos garantem que podemos dar este passo. Os debates ufológicos realizadas na ONU no passado nunca foram encerrados. Pelo contrário, sempre foram adiados indefinidamente. Penso que agora, de forma organizada, podemos iniciar um movimento global para voltar com a questão ufológica na entidade. Para que isso ocorra, no entanto, ainda teremos que implementar algumas ações nos meses vindouros.
Este é o seu estilo, realizar várias tarefas ao mesmo tempo? Sim, gosto de me ocupar com várias coisas simultaneamente. Principalmente quando existem desafios a serem vencidos, quando há um ideal maior. E não apenas no campo da Ufologia, mas também na área de televisão, meio em que passei a atuar desde 2005. Em ambos os segmentos estou trabalhando com novos ideais e desafios.
Qual destas áreas demanda maior atenção? Acho que ambas merecem a devida atenção. A televisão é uma área recente para mim, mas pretendo utilizá-la ao máximo para auxiliar na divulgação do Fenômeno UFO. Já a Ufologia vai além disso, porque é uma paixão mais profunda. Juntar as duas coisas de maneira produtiva é o desafio a que me referi, e acredito que vou conseguir.
Qual é seu grande projeto para unir suas atuais atividades no meio televisivo com as demais realizações na área da Ufologia? Sempre fui rotulado como um organizador de eventos ufológicos, apesar de também me considerar um pesquisador. Reconheço, entretanto, que minha maior contribuição para a Ufologia está na sua divulgação, como venho fazendo. Pretendo trabalhar para levar o tema para os lares das pessoas, e vejo uma grande possibilidade de isso ocorrer através de uma rede integrada de canais comunitários, que hoje representam um dos segmentos de televisão que mais cresce no Brasil e no mundo. Atualmente somos 100 canais no país, mas logo seremos mais de 2.000. Por enquanto operamos em redes a cabo, mas já existe um comprometimento do Governo para que possamos migrar para canais abertos quando o sistema digital estiver implantado. Imagine trabalharmos em rede nacional, levando a Ufologia para milhões de brasileiros. Este é um sonho que pretendo realizar.
Tomara! Você é o maior realizador de congressos na área da Ufologia e paraciências em nosso país e também do mundo. Tem idéia de quantos já organizou? Foram centenas de eventos bem sucedidos, mas ainda desejo realizar muitos mais. Considero esta atividade uma verdadeira “missão”, que busco desenvolver de maneira a ampliar o conhecimento da presença alienígena na Terra na sociedade. Veja que existem pessoas que freqüentam meus eventos há quase 30 anos, que já são tão conhecidos que parecem minha família. Aliás, quem participa dos eventos se sente parte de uma grande família. Não há como evitar isso.
Por falar em família, seus eventos também têm uma característica rara, que é o fato de que toda a sua família ajuda em sua realização. O que você nos fala disso? Esta é uma pergunta que respondo com profunda emoção, pois não teria feito tudo o que fiz se não tivesse contado com o apoio de minha família. Do meu saudoso pai Elias, da minha querida e amada mãe Mona e dos meus fiéis colaboradores e irmãos Beth, Soraia e Romio – sem contar com a mais nova integrante da família, Michele, minha afilhada e sobrinha de 12 anos. Sou daqueles que têm paixão pela vida familiar – nada penso, faço ou decido sem consultar minha família. Deixo aqui minha eterna gratidão por tudo que fizeram por mim. E também quero registrar minha profunda gratidão a alguns poucos e fiéis amigos de longa jornada, que foram fundamentais em minha trajetória. Eles sabem quem são.
O que o motiva a realizar tantos eventos? Como uma missão, é algo que está além da minha vontade pessoal. Quando eu penso em parar, em encerrar minhas atividades na área, a cobrança vem de todos os lados – e é principalmente interna. Acho que é de grande relevância manter um fórum de debates sobre Ufologia e paraciências em nosso país. É incrível a quantidade de coisas que aprendemos nestes eventos. Creio que o futuro da Ufologia está na sua divulgação consciente.
O que você destacaria como um aprendizado pessoal seu, algo que você passou a entender melhor como ufólogo e como pessoa, em tantos anos de realização de eventos? Ou seja, o promotor Rafael Cury também aprende em seus congressos? Sim, com certeza aprendo muito, mas é difícil enumerar os inúmeros tantos benefícios que tive com estas atividades. Com certeza, um dos ganhos mais significativos foi construir uma grande família de amigos, pensadores e entusiastas da Ufologia. Também aprendi com meus conferencistas condutas importantes no processo de pesquisa da presença alienígena na Terra, que envolvem da ética ao companheirismo. Sei o que sei hoje através das inúmeras e memoráveis conferências que promovi e assisti. Quem não ganharia tendo o privilégio de assistir palestras de pessoas como Irene Granchi, o saudoso general Uchôa, José Victor Soares, Ademar Eugênio de Melo, Gevaerd, Marco Petit, Claudeir Covo, Ubirajara Rodrigues, Carlos Reis, Lúcio Manfredi, Jaime Lauda e tantos mais? Este farol de luz e conhecimento fez de mim um ser mais humano, solidário e humilde. E ainda com uma grande e determinante vontade de sempre tentar fazer a diferença no sentido do bem e da vida.
Muito bem! E quais são os eventos que você já tem programados para 2009? Acabamos de realizar em Curitiba, durante o Carnaval, o XIII Diálogo com o Universo, que é uma série voltada para os aspectos científico-espiritualistas da Ufologia e de áreas afins.Minha grande concentração, agora, é para a realização do III Fórum Mundial de Ufologia, que irá ocorrer em Curitiba, em junho, quando iremos reunir cientistas, militares, representantes de governos e autoridades de 10 países para debatermos os discos voadores em alto nível, com embasamento científico, governamental e militar. O evento também irá comemorar os 40 anos da conquista da Lua e será, sem dúvida, um dos mais marcantes da história da Ufologia Mundial. Teremos algumas surpresas entre os conferencistas, que prefiro divulgar quando estivermos mais próximos do evento. Já para o segundo semestre estamos programando uma série de conferências em vários estados do Brasil.
Você pode nos adiantar os nomes de alguns dos participantes internacionais e os temas que abordarão no próximo Fórum Mundial? No momento estamos realizando contatos com pesquisadores de vários países, entre eles Rússia, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Itália, França, Chile e Peru. Como já disse, teremos grandes novidades do Brasil, que prefiro anunciar mais adiante. Quero destacar que o evento está contando com o apoio do Instituto Galileo Galilei,do Instituto Wilson Picler, da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil (ANUB)e da Revista UFO. Os contatos internacionais estão sendo feitos por nosso editor A. J. Gevaerd. Será umgrandee inesquecívelencontro.
Você intercala eventos como o Diálogo com o Universo, que é uma série de enfoque científico-espiritualista, com os Congressos Brasileiros de Ufologia Científica, que são voltados para uma discussão mais técnica da presença alienígena na Terra, e agora o Fórum Mundial de Ufologia, que também segue a mesma linha. Esta é uma estratégia? Por exemplo, a última edição do Diálogo, no Carnaval, foi anunciada como preparatória para o próximo Fórum. Poderia esclarecer? Sim, sem dúvidas. Minha intenção é mostrar que devemos entender o Fenômeno UFO em suas várias vertentes e sob as mais diversas óticas. Devemos vê-lo sob o ponto de vista científico, mas também não podemos nos esquecer de formas de compreensão da manifestação extraterrestre em nosso planeta que transcendem à ciência. Assim, o Diálogo com o Universo do Carnaval passado foi preparatório em vários sentidos. Pudemos reunir alguns importantes pesquisadores para debater a pauta e os objetivosdo próximo Fórum, elaborar a lista de conferencistas etc. Na oportunidade, realizei uma breve conferência sobre o histórico dos dois fóruns anteriores einformei sobrenossos próximos objetivos. Sem dúvida, meus eventos servem também para reflexão de novos paradigmas, para proposição de novas idéias e elaboração de projetos que visem melhorar a qualidade da discussão sobre as visitas constantes de outras espécies cósmicas ao nosso planeta. E sempre procuro desenvolver tais trabalhos junto dos conferencistas e participantes.
De que modo a realização de congressos, como o próximo Fórum Mundial, contribui para a compreensão da fenomenologia ufológica? Neles procuramos promover um amplo debate sobre Ufologia, em que participantes, conferencistas e pesquisadores se encontram e discutem idéias. Procuramos também mostrar as novidades na área, descobertas e técnicas de pesquisas. Por fim, tratamos de algo que considero essencial no atual momento da Ufologia, e que tem no Fórum Mundial uma grande oportunidade: a abertura dos arquivos secretos. O próximo da série será especialmente voltado para esta questão.
Minha maior contribuição para a Ufologia está na sua divulgação. Pretendo trabalhar para levar o tema aos lares das pessoas, e vejo uma grande possibilidade de isso ocorrer através de uma rede integrada de canais comunitários, que representam hoje um dos segmentos de televisão que mais crescem no Brasil e no mundo
Você acredita que para o indivíduo comum, um neófito na área e sem grande conhecimento da Ufologia, esta “enxurrada” de informações passadas num evento pode mudar suas convicções? Em um evento ufológico, como os que eu promovo, tudo pode acontecer. Já vi céticos mudarem completamente suas opiniões e crenças, como vi leigos se tornarem pesquisadores e até congressistas virarem conferencistas. Por isso e muito mais, sempre tenhomotivação para continuar à frente dos eventos. E eles são muito acessíveis a todos, tanto aos leigos e neófitos quanto aos céticos, mas, ao mesmo tempo, também são feitos para quem já têm “bagagem” ufológica.
Em todos estes anos de realização de congressos, quais foram as palestras que mais chamaram sua atenção? Houve alguma cujo conteúdo ou repercussão você considerou como muito acima do normal? Com certeza. Tivemos muitos temas e conferências marcantes, tanto que eu precisaria de muito espaço para destacá-las. Mas há um fato em particular que me vem à mente. Um de nossos congressos ocorreu apenas cinco dias após a bombástica divulgação mundial do vídeo de uma suposta autópsia extraterrestre, aquela que foi feita pelo inglês cineasta Ray Santilli – que não se tinha certeza, na época, se seria falsa ou verdadeira. Imagine que na véspera do evento tínhamos apenas 300 inscritos, e no dia da abertura dos trabalhos recebemos mais de 400 novos participantes, totalizando 700 pessoas em um auditório em que só cabiam 500! Foi realmente algo de grande significado. Na ocasião, realizamos um debate sobre a autenticidade do filme de Santilli –que foi apresentado por Gevaerd, que acabara de voltar de um congresso no México com aquele material –, que envolveu conferencistas, pesquisadores e até médicos que estavam na platéia. Foi uma discussão acalorada e totalmente interativa, que realizamos aqui no Brasil simultaneamente com outras que estavam sendo feitas no exterior. Alguns dias depois, o filme foi apresentado no programa Fantástico, mas nós já o tínhamos mostrado em nosso evento. Ou seja, quem freqüenta os congressos que realizo sabe de tudo antes.
Você se recorda de mais algum grande momento, como este? Sim, também de muito significativo foi um congresso que realizei em 1996, logo após o Caso Varginha e ainda no calor das incríveis revelações que vinham à tona o tempo todo. O tema, como era de se esperar, predominou durante o evento, com participações marcantes dos ufólogos envolvidos na pesquisa do episódio, entre eles o doutor Ubirajara Rodrigues – na época co-editor da Revista UFO –, Victório Pacaccini, Claudeir Covo e Marco Petit.Todos os que compareceram àquele congresso, também realizado em Curitiba, puderam compartilhar da sensação de fazer parte das marcantes descobertas sobre este que é considerado nosso caso ufológico mais importante. O evento também contou com a participação polêmica e única em um congresso ufológico de Osvaldo Pedrosa, que se autodenominava Dino Kraspedon [Veja edição UFO 134].
Há mais algum grande momento em seus congressos que você queira destacar? Bem, gostaria de falar muito mais, mas esta pergunta é um pouco injusta comigo, porque corro o risco de melindrar pesquisadores que não mencionar aqui, por falta de espaço. De qualquer forma, não posso deixar de destacar o que ocorreu em um de nossos eventos recentes, o XI Diálogo com o Universo, realizado em maio de 2008, no auditório do Hotel Lizon, em Curitiba [Veja edição UFO 143]. Nesta ocasião foi formada uma mesa que nunca se viu num congresso de Ufologia em parte alguma do mundo. Simplesmente, dela fizeram parte o astronauta Marcos Pontes, o já citado brigadeiro Pereira, dois coronéis, sendo um na ativa, o Leônidas Medeiros, comandante do II Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 2), e um na reserva, Antônio Celente Videira, também já citado. Além de dois vereadores representando a câmara municipalea prefeitura de Curitiba, Jorge Bernardi e Paulo Salamuni. Também fizeram parte da mesa o empresário, físico e educador Wilson Picler e o editor da UFO, representando os ufólogos presentes. Este foi, sem dúvidas, um dos momentos mais marcantes que tivemos em 26 anos de organização de eventos. Isso não tem preço e tal feito é, hoje, de toda a Comunidade Ufológica.
Realmente, poucos congressos ufológicos tiveram a participação de astronautas. Você acha que isso ajuda na difusão da Ufologia? Ajuda muito! A sociedade cobra credibilidade em qualquer área do conhecimento – e isto não é e não poderia ser diferente na Ufologia. Sempre trabalhei para que ela agregasse as mais variadas correntes, embora seja defensor da tese de que a ciência é que deve dar uma resposta para a humanidade quando tratamos da presença alienígena em nosso meio. Contar com um astronauta em meus eventos – e o primeiro do Brasil – é muito significativo. E note que o Pontes ainda faz parte do Conselho Editorial da Revista UFO e dá forte apoio à Ufologia Brasileira.
Você tem conferencistas preferidos, que gostaria que sempre estivessem presentes em seus eventos? Bem, há alguns que sempre participaram de meus congressos e que, se depender de mim, sempre serão convidados. Entre eles estão o Petit, o Claudeir e o Gevaerd. A dona Irene Granchi, hoje doente e impossibilitada de participar, e o saudoso Ademar Eugênio de Mello, falecido em 2005, também estiveramcomigo desde o primeiro congresso. Tenho uma eterna gratidão por tudo que fizeram para que a Ufologia Brasileira chegasse aonde chegou.
Vamos tocar num ponto delicado: houve algum conferencista que tenha sido uma grande decepção ou tenha desagradado terrivelmente? Também tive grandes decepções entre meus convidados, seja pelo conteúdo de suas palestras, seja por seu comportamento após sua participação nos eventos. Mas não gostaria de mencionar nomes aqui, apenas fazer um esclarecimento. Geralmente, em nossas grades de programação, deixo espaço para novos conferencistas se apresentarem e para aqueles que são sugeridos pelas platéias – e é aí que descobrimos quem realmente são e a que vieram. Tento ao máximo não cometer o erro de repetir convite a quem não honra sua participação nos eventos com uma postura pouco ética ou desequilibrada.
Que tipo de comportamento é este que alguns dos seus convidados tiveram, que os fez serem banidos dos eventos? Bem, por acreditar na sinceridade de algumas pessoas, convidei para meus eventos conferencistas que acabaram por se mostrar falsos ufólogos, alguns inclusive do exterior, que vieram aqui com despesas pagas apenas para fazerem turismo e nada de útil agregaram às platéias. Estes não voltarão mais. Também tivemos a presença de falsos contatados e videntes que foram, com o tempo, desmascarados. E já tivemos pesquisadores que hoje são reconhecidos como verdadeiros estelionatáriosda Ufologia, assim como outros que não passam de visionários inocentes, mas delirantes. A experiência me proporcionou cometer menos erros hoje em dia, mas não estou livre deles.
Dentre os integrantes da Comunidade Ufológica Brasileira há aqueles que encaram a fenomenologia ufológica de um modo muito crédulo, atribuindo a cada luzinha que enxergam no céu ou a cada borrão que encontram em fotografias o status de nave extraterrestre. Já ocorreu em seus eventos de um caso ufológico ser apresentado por um conferencista como autêntico e, logo depois, ser descoberto como fraude ou erro de interpretação? Temos ufólogos isentos fazendo trabalhos imprescindíveis ao bom conhecimento da presença alienígena na Terra. Um campo específico em que isso ocorre é o da análise de imagens ufológicas, e entre os estudiosos que considero muito estão o doutor Ricardo Varela, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),e o engenheiro Claudeir Covo, do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA). Ambos já apresentaram inúmeras palestras em meus eventos mostrando os dois lados da moeda, tanto os casos autênticos como as fraudes ou erros de interpretação. E o fizeram de forma totalmente desapaixonada, ufólogos respeitados nacional e internacionalmente que são [Varela é consultor e Covo é co-editor da Revista UFO].
Realmente, são estudiosos de reconhecida capacidade. De fato. Infelizmente, também já tive em meus eventos conferencistas que apresentaram verdadeiros absurdos,como um ufólogo peruano que participou de um de nossos congressos e mostrou meros desenhos de UFOs e seres extraterrestres como se fossem fotografias autênticas. Em contrapartida, também tivemos conferências em que foram apresentadas pesquisas que desbancaram fatos e imagens antes tidas como legítimas, como uma foto de um suposto UFO emCuritiba, que foi amplamente divulgada com sendo verdadeira, mas que era, na verdade, apenas uma simples luminária de rua.
Existem vários modos de se encarar a fenomenologia ufológica, e há tanto aqueles que negam peremptoriamente os discos voadores quanto os que alegam até conversar freqüentemente com extraterrestres. Quais são as vertentes existentes hoje na Ufologia? Não sou muito favorável a que se estabeleçam divisões na Ufologia. Acho que, para uma compreensão verdadeira e isenta do Fenômeno UFO, temos que englobartodas as formas de encará-lo, porém com total equilíbrio e sem paixões ou crenças. A meu ver, a Ufologia tem que ser única.
Realizar eventos é como uma missão, algo que está além da minha vontade pessoal. Quando eu penso em parar, em encerrar minhas atividades na área, a cobrança vem de todos os lados — e é principalmente interna. Acho que é de grande relevância manter um fórum de debates sobre Ufologia e paraciências em nosso país
Mas não é isso que se vê hoje, com integrantes da Comunidade Ufológica Brasileira abraçando esta ou aquela linha de pensamento, e em geral atacando a oposta. Sim. Infelizmente, hoje vemos ufólogos usarem os mais variados rótulos para definirem sua posição. Uns se dizem adeptos da linha científica, enquanto outros afirmam ser da linha mística. E há aqueles que ainda dizem pertencer à linha científico-espiritualista da Ufologia. Isso sem falar dos que batem no peito e afirmam “eu sou contatado” ou “sou representante de uma corrente de seres de luz espaciais”. Estes, em especial, me fazem lembrar certos pastores televisivos. De qualquer forma, tenho como princípio respeitar a opção de todos. Há avanços que já estão incorporados à Ufologia, enquanto outros estão próximos e alguns necessitam de uma busca mais intensa, de nossa parte, para que os tenhamos. Precisamos refletir sobre estas conquistas e repensarsobre ofuturo. Cientistas do mundo todohojese perguntam o que a ciência pode fazer pela espiritualidade e o que a espiritualidade pode fazer pela ciência, e não seria diferente na Ufologia. Temos que enxergá-la sob ambos os ângulos. Este é o grande debate do presente. Sem a concessão das duas partes, nem cientistas, nem religiosos acreditam que haverá um futuro. A Ufologia deve caminhar neste sentido.
Hoje há um clima destrutivo de ceticismo no Brasil, partindo de pessoas que foram marginalizadas pela Comunidade Ufológica Brasileira por seus próprios atos. Como você vê os ataques que elas produzem contra casos investigados por outros estudiosos, como o de Riolândia e de Ipuaçu, tratados respectivamente nas edições UFO 139 e 149? Eu precisaria de uma edição inteira para falar sobre isso. Mas simplifico da seguinte forma: os indivíduos que atacaram os casos mencionados, pelo menos chegaram a investigá-los? A resposta é não, eles nem chegaram perto dos locais onde os fatos ocorreram! Portanto, sem comentários. Estas pessoas querem apenas ser vistas e não esquecidas, querem 10 segundos de fama atacando o trabalho sério de outros estudiosos, como os da Equipe UFO. Não são realizadores de nada e não contribuíram com nada. São apenas sociopatas que precisam procurar o que fazer e construir, ou se tratar. Raras vezes me incomodo com suas tentativas de desqualificarem nosso árduo trabalho, mas, na maioria das vezes, minha reação apenas é de muito riso. De minha parte é só isso que eles merecem: risos.
Em sua opinião, que características um bom ufólogo deveria ter? Acima de tudo, ética econhecimento da presença alienígena na Terra bastam para ser um bom ufólogo. O resto é só complemento.
Com as recentes revelações oficiais e a gradativa abertura ufológica que estamos vendo, você acha que a humanidade estaria sendo preparada pelos governos para um provável e iminente contato com seres de outros planetas? Penso que sim. Os avanços nos processos de abertura de arquivos antes secretos, promovidos por vários governos, é um sinal claro de que há uma preparação sendo feita. Por outro lado, temos visto que a mídia explora de maneira cada vez mais intensa e rotineira a questão ufológica, o que, para mim, também pode ser sinal de uma preparação. Veja que já no início dosanos 90 houve um aumento no número de filmes com esta temática, o que é outro fator a ser considerado. Além disso, podemos destacar mudanças de paradigmas na visão que o meio científico hoje tem do Fenômeno UFO. Atualmente, temos a participação ativa de renomados cientistas defendendo a existência dos UFOs e sua origem extraplanetária. O mesmo ocorre com segmentos antes herméticos da Igreja Católica, que hoje se apresentam a favor da existência de vida alienígena. Haja vista a recente manifestação do monsenhor José Gabriel Funes, astrônomo oficial do Vaticano, falando abertamente que os seres extraterrestres existem e até que são nossos irmãos [Veja edição UFO 143].
Você acredita que este processo de preparação está atingindo seu objetivo e que a humanidade pode vir a manter um contato formal com nossos visitantes? Não. Independente das recentes ações governamentais para reconhecer os discos voadores, assim como dos meios científicos, militares e religiosos, acho que a humanidade ainda não está preparada para um contato com outras espécies cósmicas – mas ela pode e deve se preparar para isso. Aqui eu aproveito para deixar uma pergunta para reflexão dos leitores: preparados ou não, somos merecedores deste contato?
Boa pergunta. O que você acha que falta à humanidade para que ela estabeleça contato definitivo com nossos visitantes, merecendo ou não? Rever seus conceitos de vida e retomar o caminho do bem. Apesar de vivermos em uma sociedade consumista, este não deve ser o principal objetivo de nossa existência. Já dizia um filósofo que, “se Jesus voltasse hoje, a primeira coisa que ele diria aos cristãos seria ‘eu não sou cristão’ ”. A maioria dos segmentos religiosos perdeu sua verdadeira essência através do tempo. Veja também a falta de ética nos meios científicos e a exploração absurda, incoerente e insana dos meios de comunicação. E o que dizer de nossos governantes? Enfim, temos muita coisa para mudar e tão cedo “eles” não descem aqui. Esta é a minha impressão.
Bem, neste ponto cabe uma pergunta pertinente. Falamos sempre em entrarmos em contato definitivo com seres extraterrestres, mas será que é esta a intenção deles? O que você acha? Acho que sim. Como exploradores espaciais, também desejamos contato com outras formas de vida, inteligentes ou não. Acho que este é o objetivo das civilizações que nos visitam, mas cabe a nós esta aproximação. Acho também que eles estão se mostrando com este objetivo.
Você sugeriu que filmes explorando a temática ufológica estariam sendo usados como meios para preparar a humanidade para um contato. Por favor, explique. Basta que se veja, por exemplo, o trabalho do diretor Steven Spielberg, um grande entusiasta da Ufologia. Em 1977, há mais de 30 anos, ele produziu o memorável Contatos Imediatos de Terceiro Grau, um filme histórico que envolveu uma super produção, artistas consagrados e a consultoria de vários ufólogos, entre eleso “papa” da Ufologia, o astrofísiconorte-americano Joseph Allen Hynek – que foi homenageado por Spielberg na película, aparecendo em uma cenaao final do filme. Em Contatos Imediatos o diretor explorou importantes aspectos da manifestação alienígena em nosso planeta, e não deve ter sido coincidência. Já em seu outro filme, ET – O Extraterrestre [1983], que foi um dos campeões de bilheteria de todos os tempos, Spielberg mostrou o lado mais emotivo da questão ufológica, a que envolve a amizade de um garoto da Terracom um alien. Coincidência novamente?
Realmente, a maneira como estes filmes foram produzidos, a forma como encararam a presença alienígena na Terra e as épocas em que foram lançados suscitam reflexões. Sim, mas não são apenas eles. Ainda citando Spielberg temos a série Taken [2002], com predominância para o fenômeno das abduções, mostradas de maneira muito realista. Somam-se a estas produções centenas de outros filmes abordando as mais variadas vertentes do campo ufológico, a exemplo das recentes regravações de A Guerra dos Mundos [2005] – também de Spielberg e mostrando a Terra sendo invadida por ETs – e O Dia em que a Terra Parou [2008], o alertade um extraterrestre para ahumanidade e seu comportamento destrutivo.
Em alguns dos filmes que você citou os ETs são apresentados como bons e pacíficos, enquanto em outros eles são maus ou mesmo terríveis. Qual é o tipo que devemos esperar que faça contato conosco? A Ufologia vem trabalhando, nas últimas décadas, com a possibilidade de estarmos sendo visitados por diversas civilizações. Assim, observamos que as manifestações e comportamentos dos visitantes ora sugerem agressividade, ora indiferença e até cordialidade conosco, o que demonstra uma grande variedade de situações e representa uma complexidade a mais para a pesquisa ufológica.Por isso, temos que nos preparar para qualquer tipo de contato que possa ocorrer, seja positivo, hostil ou neutro.Certa vez perguntaram a um famoso ufólogo estrangeiro como será o tão esperado contatodefinitivo com os ETs, e ele respondeu que, “se bom ou ruim, isso dependeráda nossa humanidade”. Esta afirmação serve de reflexão para todos nós. Mas,particularmente, me incomoda essa necessidade de aguardarmos um contato definitivo com outras espécies. A meu ver, temos antes que estabelecer contato com nós mesmos, com nossos vizinhos, com nossos conterrâneos, sejam de outras cidades, estados ou de países. Ou seja,temos que mover nossas fronteiras e sermos terrestres plenos, antes de almejarmos ser cidadãos cósmicos. Temos muito a mudar e a aprender antes disso.
Na suposição de que existam espécies neutras com relação a nós, tão aventada na Ufologia, o que poderíamos ganhar com um contato com elas? A ampliação de nossos horizontes e conhecimentos, seja no campo científico, seja no cultural ou sociológico e até no religioso. Afinal, será que eles não estão mais
perto do Criador do que nós?
E o que poderíamos temer se o contato fosse com espécies hostis? Não acho que devemos temer isso. Particularmente, não penso nesta possibilidade. A Ufologia já registrou casos de agressões de extraterrestres a humanos, mas de forma muito limitada. Acredito na eternidade do espírito e que tudo são experiências acumuladas – a nossa passagem pela Terra também é.
Nesta mesma linha de raciocínio, o que poderíamos esperar para o futuro da Terra, caso o aludido contato definitivo realmente ocorra e com espécies amistosas? Esta é uma pergunta difícil de responder, pois demanda reflexões nas mais variadas áreas da experiência humana. Posso apenas deixar minha expectativa quanto a isso, a de que possamos, a partir deste momento, interagir com o universo em plena harmonia. E também que toda a humanidade possa sentir o que de fato é o verdadeiro existir.
Em termos mundiais, temos observado uma tendência crescente dos governos em exporem suas populações à realidade do Fenômeno UFO, e alguns até mesmo admitem que estudam a questão há anos. Comparado a estas nações, como o Governo Brasileiro está se saindo nesta abertura? O processo de admissão da presença alienígena na Terra não é novo e já vem ocorrendo desde os anos 70, quando a França admitiu que os discos voadores existem e são de fora da Terra [Veja edição UFO 133]. Recentemente, a lista de paísesfoi ampliada com a entrada do Uruguai, Chile, Espanha, Itália, Inglaterra e até o Peru e o Equador. Todos passaram a aceitar publicamente que estamos sendo visitados por outras espécies. Ou seja, é visível que vivemos novos tempos na Ufologia. Inclusive no Brasil, quando a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) já começa a colher osresultados da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. Veja que o Portal UFO [ufo.com.br] tem disponibilizado regularmente, e em primeira mão, algumas dezenas de páginas de documentos oficiais da Aeronáutica, que antes estavam trancadas a sete chaves e que hoje já estão liberadas para consultapública. Entretanto, como bem afirmou o brigadeiro José Carlos Pereira em um de meus congressos, há nas dependênciasdo órgãotoneladas de documentos ainda por serem liberados. Assim, nosso trabalho continua, e aqui desejo fazer um agradecimento a todos os membros da CBU, em especial ao Fernando Ramalho, conselheiro especial da UFO, pelo seu incansável trabalho junto às autoridades de Brasília.
Os indivíduos que atacaram os casos pesquisados pela Equipe UFO pelo menos chegaram a investigá-los? A resposta é não, eles nem chegaram perto dos locais onde os fatos ocorreram! Portanto, sem comentários. Estas pessoas querem apenas ser vistas e não esquecidas. Querem seus 10 segundinhos de fama
Você acha que esta abertura é significativa, ou seja, que os documentos recentemente liberados trazem alguma nova luz sobre que já é de conhecimento dos ufólogos? Ela seria a ponta do iceberg? Sim, ela é muito significativa. Temos diante de nós, como você mesmo disse, apenas a ponta do iceberg, um tenro começo – mas é um começo! Até ontem, casos hoje revelados pela Aeronáutica eram declarados pelos militares como não existentes. Isso mudou. A CBU foi recebidapelo alto comandodo órgão em Brasília, em 20 de maio de 2005, quando ouvimos o brigadeiro Telles Ribeiro, porta-voz da Força Aérea Brasileira (FAB) naquele encontro, afirmar que o órgão respeita e reconhece o trabalho dos ufólogos. “E desejamos colaborar com vocês”, disse ele. O brigadeiro Atheneu Azambuja, então comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), que também nos recepcionou, teve o mesmo respeito e consideração e falou que “os militares nada têm a esconder”. Tudo mudou depois desta visita, pois hoje temos uma proximidade maior com os oficiais da Aeronáutica, que só vem crescendo e gerando frutos. E vem muito mais por aí, eu garanto e assino embaixo.
Os ufólogos brasileiros estão unidos na cobrança da liberação destas informações? Existe alguma associação demandando uma atitude do Governo neste sentido, além da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU)? Além da CBU, quase ninguém mais. Mas ela cristaliza o interesse de grande maioria da Comunidade Ufológica Brasileira, que está unida quanto à necessidade de abertura ufológica. Contamos também com o apoio da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil (ANUB) e estamos alicerçados em cima da grande família de co-editores, consultores, colaboradores e tradutores da Revista UFO, além, é claro, de um universo enorme de leitores. Sem este apoio não chegaríamos aonde chegamos. Mas precisamos continuar e fortalecer esta união, pois ainda há muito mais para se realizar.
Como as divisões na Ufologia Brasileira afetam o progresso desta disciplina em nosso país? Bem, opiniões contrárias e até algumas divisões são naturais. Eu respeito opiniões opostas às minhas e acho que são necessárias para nosso amadurecimento e aprendizado, mas acho que devemos nos concentrar em nossos propósitos, que são sólidos, objetivos e transparentes,e que têm contado como respaldo de uma históriade lutas e conquistas. As divisões mais acirradas não se sustentam e são originadas de pessoas sem credibilidade, que não têm alcance algum. Veja que hoje a CBU tem o reconhecimento de segmentos que envolvem o Governo, a mídia e a sociedade, e isso nos dá grande responsabilidade em nossas ações presentes e futuras.
Você acha que estas divisões, especialmente potencializadas pela popularização da internet, causam reflexos internacionais e deixam a Ufologia Brasileira mal vista no exterior? Acho que temos que trabalhar e conviver com isso. A internet veio para ficar e não sobrevivemos sem ela, hoje. Mas temos que agir no meio ufológico como se age noutros setores, com ética e responsabilidade. Temos que inibir a forma como a internet vem sendo usada para denegrir o trabalho alheio. Por outro lado, não vejo perigo algum para a imagem da Ufologia Brasileira no exterior nos atos de pessoas marginais a ela aqui no Brasil, que só geram discórdia. Eles são poucos e tentam de forma doentia fazer estragos em nossa imagem, mas nem sequer são ouvidos. Somos bem vistos lá fora graças a um trabalho muito esforçado, e não serão alguns inconformados que ameaçarão décadas de iniciativas bem intencionadas. Somos reconhecidos como um país de ponta na pesquisa do Fenômeno UFO e estamos sempre alerta para os detratores de plantão.
O que você acha que prejudica a Ufologia? A falta de uma metodologia específica de pesquisa, que envolva conhecimentos científicos, além de ética e objetividade. Também acho que prejudica a Ufologia a falta de união e de humildade por parte de alguns integrantes do meio. Quando conseguirmos juntar ética, objetividade e humildade com um bom alicerce científico, chegaremos bem mais rápidoà verdade que se esconde atrás do Fenômeno UFO. Vamos a este desafio? Todos estão convidados.
Muito obrigado pela entrevista. Alguma mensagem final? Agradeço a oportunidade de falar aos leitores da Revista UFO, com os quais convido e da qual participo desde seu surgimento. Sinto-me muito honradopela oportunidade e gostaria de desejar muita paz a todos. Finalizando este bate-papo, lembro uma máxima do insuperável e saudoso Chico Xavier, um brasileiro brilhante e inesquecível: “Ninguém pode voltar atrás eter um novo começo, mas todos podem começar agora e construir um novo final”.