Desde a constatação de que objetos voadores singulares e de origem extraterrestre cortam os nossos céus, em 1947, as manifestações ufológicas sempre tiveram como uma de suas principais e mais frustrantes características o fato de serem descontínuas. Elas não têm uma regularidade e nem uma intensidade previsível, tornando muito difícil o trabalho dos ufólogos. A mudar este panorama, volta e meia, temos as chamadas “ondas ufológicas”, períodos que podem durar horas, dias, semanas e até mesmo meses em que a incidência de avistamentos em dada região ou em escala global se multiplica, em geral oferecendo aos pesquisadores os mais variados aspectos da casuística. Estas ondas, ou flaps, marcam a história da Ufologia Moderna.
Obviamente, a mesma situação vale para as evidências ufológicas, em especial os documentos fotográficos e as filmagens que imortalizaram o Fenômeno UFO nessas seis décadas. Há períodos da história em que temos uma inusitada quantidade desses registros, intercalados com outros momentos em que há quase ausência deles. Em geral, os períodos em que temos uma grande concentração de fotos e filmes de UFOs coincidem com as ondas ufológicas, por razões lógicas, ou seja, quanto mais manifestações do fenômeno, maiores são as chances de se fazer sua documentação.
Mas há algo que subverte este panorama e intriga os estudiosos, que é o fato de que certos personagens ao longo da história aparentemente têm tido a capacidade de registrar discos voadores em praticamente qualquer hora e em qualquer lugar em que estejam. Tais pessoas, em períodos bem definidos, produziram uma quantidade anormal de documentação ufológica na forma de fotos e filmes. Nesse contexto se incluem o norte-americano George Adamski e o suíço Eduard “Billy” Meier, respectivamente nos anos 50 e 80, considerados “contatados” e que foram dados como portadores de mensagens extraterrestres à humanidade, o também norte-americano Paul Villa e o mexicano Carlos Diaz, que não alegam ter contato com ETs e nem portar mensagem alguma. Todos eles — e citamos apenas alguns — têm em comum o fato de produzirem uma quantidade anormal de imagens de discos voadores.
Em tempos recentes tivemos o surgimento no cenário ufológico mundial de novos personagens aparentemente com a mesma e espantosa habilidade para registrarem veículos que indicariam a presença alienígena na Terra. Entre eles estão o igualmente mexicano Arturo Robles Gil, que ficou conhecido em todo o globo por ter compilado um incrível acervo de fotos e filmes de objetos voadores não identificados em seu país, principalmente as chamadas flotillas sobre a capital, a Cidade do México, e o guarda-noturno turco Yalcin Yalman, que realiza desde 2007 interessantes filmagens de UFOs no balneário de Kumburgaz, no sul do país. O primeiro tem como principal investigador o jornalista Jaime Maussán e, o segundo, o empresário Haktan Akdogan, ambos consultores da Revista UFO. Naturalmente, devido à extrema qualidade até a enorme quantidade de imagens, esses são todos casos polêmicos que seguem sendo investigados, como era de se esperar segundo o método de investigação ufológica.
Ainda entre as recentes personalidades a terem produzido vasta quantidade de fotos e filmes de UFOs estão, também, o hispano-americano Maurício Ruiz, residente na cidade de Alvin, no Texas, que registrou uma quantidade alarmante de gravações em vídeo de alta nitidez, e o italiano Antonio Urzi, desenhista de moda e personagem central deste artigo. Ambos ainda são relativamente desconhecidos do público brasileiro, mas Urzi, em especial, já atingiu notoriedade mundial ao ter obtido uma quantidade de filmes tão significativa e de tal qualidade que é hoje considerado o mais bem sucedido a fazer tais registros. O italiano teve sua vida retratada no documentário em DVD Urzi: Linha Direta com ETs, lançado neste mês pela coleção Biblioteca UFO [Código DVD-039. Disponível no Shopping UFO].
Residente num subúrbio de Milão, no norte da Itália, desde cedo o jovem Antonio Urzi começou a observar estranhos objetos sobre seu bairro e até sobre sua casa, espantando a todos quando os descrevia. De formação católica e religioso convicto, naturalmente atribuiu a natureza dos artefatos que via a coisas celestiais. Alguns fatos inusitados contribuíram para a sua crença. Por exemplo, quando garoto, uma enorme cruz de luz surgiu para ele em seu quarto. Entrevistada pelos estudiosos que cercam o italiano, sua mãe se lembra com clareza de que correu até Urzi por causa de seus gritos e choro. “Ele parecia traumatizado pelo evento e o descreveu à família”, disse a senhora. Suas experiências marcaram toda sua infância, com uma série de avistamentos impressionantes que frequentemente envolviam seus pais, amigos e testemunhas ocasionais.
Algo de espiritual no ar
As ocorrências ao redor de Antonio Urzi tiveram alguns períodos de calmaria, mas desde que conheceu sua esposa, Simona Sibilla, em 2000, por razões desconhecidas as observações voltaram com carga total e não pararam mais — e com elas o registro dos fenômenos. Simona também viveu uma experiência pessoal intensa e aparenta ter um papel importante nos eventos que envolvem seu marido. Ela e Urzi estão convencidos de que nos locais onde os UFOs se deixam filmar há algo de espiritual. Eles consideram as visitas que recebem completamente pacíficas e as entendem como parte do que chamam de “sinais dos tempos”. Para Urzi, de natureza profundamente mística, elas anunciariam a segunda vinda de Cristo, mesma interpretação que outros contatados com características semelhantes têm para o Fenômeno UFO.
Em 10 de dezembro de 2006 houve um episódio notável em sua trajetória de ligação com a fenomenologia representada pela presença alienígena na Terra. Urzi filmou por nada menos do que 50 minutos um ser de forma aparentemente feminina que lhe pareceu, tanto a olho nu quanto através da câmera, ter uma criança nos braços. No vídeo é de fato possível se supor que seja mesmo esta a figura observada — o que, para o italiano, é um claro sinal de que se trata da Virgem Maria. É difícil dizer que seja uma aparição legítima do ícone religioso, mas o fato é que a gravação ocorreu justamente na data das festividades de Nossa Senhora do Loreto, que homenageiam a virgem.
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O evento não ficou restrito a Antonio Urzi, o que poderia logo de imediato desqualificar seu registro e depoimento. Ao contrário, inúmeras testemunhas observaram o mesmo fenômeno com um binóculo, a maioria das quais concordando que se tratava de fato da Virgem Maria. A literatura ufológica está repleta de casos assim, que, numa ponta desta particularidade casuística, são denominados de aparições marianas — como ocorreu em Fátima, no início do século passado [Veja UFO 157]. O evento de dezembro de 2006 causou natural comoção num país majoritariamente católico — várias testemunhas declararam ter visto a figura de Nossa Senhora com o menino Jesus nos braços. Um desenho feito por uma criança e entregue à imprensa.
Em uma importante fase de suas experiências ufológicas, Urzi procurou outro famoso personagem da Ufologia Mundial, o estigmatizado Giorgio Bongiovanni, cujas experiências e crenças da ligação do Fenômeno UFO com a religiosidade são amplamente conhecidas [Veja entrevista com ele na seção Diálogo Aberto de UFO 166]. Os dois se encontraram em 2005, o que estimulou Urzi a continuar e até a intensificar suas tentativas de registro dos fenômenos — o que conseguiu com facilidade. Bongiovanni tornou-se seu guia espiritual. “Graças a ele amadureci e vi com maior clareza e profundidade a importância que tem a parte espiritual da visita extraterrestre para toda a humanidade”, declarou recentemente. O estigmatizado o teria avisado reiteradamente para se preparar, pois os seres a quem chama de “irmãos cósmicos” se aproximariam dele e de sua residência, e se deixariam filmar.
Os italianos se tornaram íntimos e Urzi chegou a declarar que algumas vezes, enquanto Bongiovanni vivia sua experiência mística de sangramento pelos estigmas, na sua presença, ele ia para o telhado de sua casa e acabava filmando UFOs. “É uma simultaneidade que considero absolutamente espantosa. Lembro-me de que outro contatado italiano, o siciliano Eugenio Siragusa, dizia que esses seres são os ‘anjos de ontem e os extraterrestres de hoje’, e também compartilho plenamente dessa definição”, declarou. Mas engana-se quem imagina que as experiências de Antonio Urzi sejam meramente subjetivas e apenas carregadas de religiosidade. Suas filmagens estão longe de registrar objetos diminutos ou discutíveis a distância. Ao contrário, as mais espetaculares gravações em vídeo que Urzi obteve se dão com os objetos em plena luz do dia e à curta distância — às vezes poucas centenas de metros. Os artefatos, por sua vez, têm aparência material e sólida, como aparelhos estruturados.
Os vídeos que Urzi coleciona são hoje mais de 2.000. Eles só começaram a ser produzidos a partir de 2003 e têm sido classificados por exigentes ufólogos de renome internacional como os mais claros e nítidos já vistos em toda a história da Ufologia Mundial. “Urzi é um enigma para todos nós. Alguns aspectos de suas experiências são exageradamente místicos e religiosos, mas as filmagens foram analisadas por experts em imagens de UFOs e dadas como autênticas”, disse à Revista UFO seu correspondente internacional Roberto Pinotti, experiente ufólogo e editor da publicação Notiziario UFO. “Não há nada de anormal em Urzi ter uma interpretação mística para suas experiências, pois é de sua natureza. O que importa é que o registro de seus fenômenos está fora de discussão”, declarou o jornalista Jaime Maussán.
Também na Cúpula Ufológica
Aparentemente, desde que Urzi e Simona se casaram, seus “amigos cósmicos” os seguem tanto na Itália como no exterior. Certa vez, nos Estados Unidos, Urzi filmou duas manifestações diante de várias testemunhas, uma delas sobre o edifício em que estava acontecendo o congresso ufológico de que participava. Já na Turquia, noutra viagem internacional que realizou para disseminar suas experiências, UFOs apareceram diante de centenas de testemunhas, todas também presentes no mesmo congresso em que estava — o fato gerou alvoroço na mídia turca, que dedicou ao italiano e ao seu caso enorme destaque durante uma semana.
Fato semelhante se repetiu em março de 2010 durante a Cúpula Ufológica Mundial, realizada na Cidade do México. Urzi saiu do Centro de Convenções onde o evento se dava e, na presença de mais de uma dúzia de testemunhas, inclusive que não participaram do congresso, foram vistos e filmados objetos voadores esféricos. De forma curiosa, no entanto, raramente os UFOs são filmados por outras câmeras, de outras pessoas, mesmo que estejam nos locais dos avistamentos. Geralmente são as de Urzi que registram os fatos — que são vistos e confirmados pelas testemunhas que não lograram o mesmo êxito. Em 04 de setembro de 2009, no centro de Milão e em plena luz do dia, enquanto Urzi filmava uma frota de objetos voadores não identificados, ou flotilla, sobre a região do Teatro Scala, uma equipe da rede de televisão italiana RAI também filmou o fenômeno. No dia seguinte, a matéria foi ao ar no telejornal, tornando as experiências do jovem ainda mais conhecidas em seu país.
Fenômeno crescente
Inúmeros estudiosos já se debruçaram sobre as espantosas filmagens de Antonio Urzi, e, mesmo tendo posições antagônicas na Comunidade Ufológica Mundial, concordam que estão diante de um fenômeno legítimo. Por exemplo, em 2008, uma equipe multinacional de pesquisadores, chefiada por Maussán, investigou e analisou todos os vídeos feitos por Urzi, sem encontrar qualquer sinal de montagem, truques ou mesmo elaborados efeitos digitais. Nada foi descoberto. Maussán então divulgou algumas gravações feitas pelo italiano em seu programa, Tercer Milénio, transmitido pela rede mexicana Televisa. Como consequência, em 2009 Urzi foi convidado para participar do Congresso Internacional de Ufologia de Las Vegas, que acontece anualmente nos Estados Unidos, o que o tornou ainda mais conhecido — e suas experiências ainda mais desconcertantes.
No congresso foi apresentado um documentário de sua história, produzido pela empresa italiana Studio3 TV, contendo os mais expressivos vídeos do italiano. A produ&c
cedil;ão acabou recebendo prêmio de primeiro lugar na categoria Melhores Filmagens do festival internacional de filmes ufológicos que ocorre simultaneamente ao evento. Todas estas participações em congressos e programas televisivos têm confirmado Antonio Urzi na condição de o mais prolífico autor de registros ufológicos do mundo. Ainda em 2009 ele participou do prestigiado Simpósio Mundial de Ufologia de San Marino, patrocinado pelo governo do país e organizado pelo grupo decano Centro Ufologico Nazionale. Também esteve na Argentina apresentando suas filmagens em conferências e programas, junto com Giorgio Bongiovanni, assim como na Espanha e Portugal.
“Desejo que as pessoas saibam”
“Quando Giorgio Bongiovanni mostrou-me as primeiras filmagens de Antonio Urzi, anos atrás, vi que pareciam muito boas, mas disse que precisava estudá-las e conhecer pessoalmente o autor”, declarou o jornalista Maussán, hoje o maior divulgador do Caso Urzi. Para conhecê-lo em toda sua profundidade, foi à Itália em março de 2006 e assistiu uma por uma as filmagens do italiano, considerando algumas realmente impressionantes. “Muitos dos vídeos mostram objetos luminosos de dimensões reduzidas, mas outros são os mais nítidos que já vi. Quando perguntei a Urzi quanto cobraria para me ceder o material, ele me disse: ‘Nada, desejo apenas que as pessoas saibam o que está acontecendo comigo’. Decidi, então, dar sequência à investigação para compreender o que estava realmente acontecendo a esse italiano”. Maussán, experiente jornalista e um dos mais bem informados ufólogos do mundo, queria conhecer tudo sobre a vida de Antonio Urzi.
“Queria saber qual era sua condição social, sua profissão, do que vivia sua família e até entender sua forma de pensar”. Por isso, voltou à Itália no início de 2007 e fez um levantamento ainda mais completo de suas experiências, examinando o local de sua casa de onde filmava os UFOs — um pequeno conjugado sem janelas no sótão da residência. Maussán constatou que Urzi, desenhista de moda de classe média, tem pouco conhecimento sobre informática, o que afasta a possibilidade de forjar as filmagens com truques digitais. A pesquisa do jornalista o levou à Livorno, cidade portuária às margens do Mar Mediterrâneo e local de nascimento de Urzi, para checar como passou a primeira parte de sua vida.
“Ali encontrei os pais, o irmão e outros de seus parentes, e cada um me contou as experiências pessoais que viveram com ele”, narra Maussán. Ele apurou que, no início de seus fenômenos, ninguém acreditava nas histórias que contava, mas logo seus familiares e amigos mudaram de ideia, tamanha a quantidade de evidências. “Eles perceberam então que os fatos eram verdadeiros e confirmaram que Urzi era de alguma forma especial, que parecia ter uma relação particular com objetos voadores não identificados que o seguiam constantemente”. Mesmo convencido estar diante de um conjunto de experiências tão legítimas quanto inusitadas, Maussán ainda submeteu as filmagens de Antonio Urzi a novas e mais rigorosas análises, mais uma vez não encontrando vestígio de falsificação através de computação gráfica.
Sem possibilidade de fraudes
Em 29 de abril de 2007, Urzi realizou aquela que é considerada uma das melhores de suas gravações, que mostra um objeto voador desconhecido e de forma discoidal, com mais de sete metros de diâmetro. O vídeo foi analisado nos Estados Unidos, sem que ficasse demonstrada qualquer fraude. Foi desde este acontecimento específico que Urzi começou a filmar sem parar objetos com qualidade extraordinária. Os quatro mais significativos, na opinião de Maussán, são os de 12 de março, 26 de agosto, 03 de dezembro e 24 de dezembro de 2008. “Todas as análises realizadas nestas gravações revelaram a dimensão dos objetos e, sobretudo, que não são animações feitas em computador”.
Maussán não economiza quando fala de Antonio Urzi. “Se esse jovem está dizendo a verdade, então estamos diante do que definirei como um ‘mensageiro das estrelas’. Uma pessoa escolhida desde a infância para testemunhar a presença alienígena na Terra e gerar evidências que possam sensibilizar a humanidade quanto a essa nova realidade”. Mas, apesar disso, Urzi não se diz um contatado e se define como uma testemunha, alguém que tem a função de documentar o encontro da raça humana com outras espécies cósmicas. Diante da clareza e da proximidade dos objetos registrados em seus vídeos, não há como não aceitar sua interpretação dos fatos. “Estou convencido da autenticidade desse caso, da honestidade de Urzi e da realidade de seus vídeos”, sintetizou Maussán.