Utilizando dados da sonda lunar Kaguya (Selene), cientistas do Observatório Nacional do Japão criaram o mais detalhado mapa topográfico já feito do nosso satélite, revelando crateras jamais vistas nos pólos da Lua. Os dados também revelam que a crosta da Lua é tão rígida que torna muito escassa a presença de água. O novo mapa topográfico foi criado pela equipe do cientista Hiroshi Araki, utilizando dados de um altímetro-laser (LALT) a bordo da sonda Selenological and Engineering Explorer (Selene), capaz de escanear a superfície lunar com resolução de 15 km, a melhor até hoje conseguida. Os dados mostraram que o ponto mais elevado são as encostas da bacia equatorial Dririchlet-Jackson a 11 km de altitude, enquanto o ponto mais profundo se localiza no pólo sul, no fundo da cratera Antoniadi a nove quilômetros de profundidade. O objetivo do mapeamento é estabelecer os locais de pouso e prospecção para os futuros jipes lunares que em breve serão lançados em direção ao satélite.
“A superfície pode nos dizer muitas coisas sobre o que acontece no interior da Lua, mas os mapas disponíveis até agora eram muito limitados“, disse C.K. Shum, professor de ciências da Terra da Universidade de Ohio e um dos participantes do projeto. “Com o novo mapa em alta-resolução podemos confirmar que atualmente existe pouca água na Lua, mesmo em suas profundezas. Além disso, as informações coletadas pelo satélite serão usadas para estudarmos sobre a água em outros planetas, inclusive Marte“. Os dados coletados pela sonda permitiram aos cientistas estimarem a rugosidade da superfície e calcularem a rigidez da crosta. Segundo Araki, se a água fluísse por baixo do terreno, a crosta seria mais flexível, mas não é. Os resultados mostram que a superfície é demasiadamente rígida para permitir a existência de que qualquer água líquida. Na Terra, ao contrário, a superfície é mais flexível, com o terreno se moldando de acordo com os caminhos de água acima ou abaixo do terreno. Os últimos três mapas topográficos da Lua foram feitos pelas missões Apollo, nos anos 70 e pela nave Clementine, em 1994. Essa última mapeou o satélite com resolução entre 20 e 60 km, mas apenas em algumas regiões. Os dados captados pelo Altímetro-Radar da Selene são muito mais precisos e cartografou a Lua com precisão de 15 km cobrindo todos os pontos da superfície.
A NASA confirmou que a Sonda de Reconhecimento Lunar, ou LCO, será lançada no próximo dia 24 de abril. A missão é o primeiro passo para o retorno de astronautas norte-americanos à Lua e deverá permanecer pelo menos um ano em órbita do satélite, coletando dados topográficos e ambientais. Outro objetivo bastante polêmico da missão LCO será a colisão da sonda conjunta LCROSS contra a superfície da Lua. O impacto tem o objetivo de descobrir se existem depósitos de água congelada em crateras nunca expostas à luz solar. A colisão ocorrerá a 9.000 km/h, produzindo uma explosão equivalente a uma tonelada de TNT. O impacto ejetará uma grande quantidade de material das profundezas da cratera e que será exposto à luz do Sol, permitindo aos astrônomos detectarem eventuais traços de água através da análise espectral do material ejetado.