A Sonda de Reconhecimento Lunar (LRO) da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) está coletando imagens da Lua que estão permitindo aos pesquisadores criarem o mais completo e preciso mapa lunar já feito. Até o lado mais distante e oculto foi alcançado e a agência espera atingir uma capacidade de navegação para o satélite próxima a do GPS, facilitando futuras expedições.
Os mapas dos terrenos e crateras foram elaborados por meio do Altímetro a Laser da Sonda Lunar (LOLA), dispositivo que recolhe dados há um ano e já reconheceu cerca de três bilhões de pontos. Antes dele, a margem de erro era de um a 10 km. Agora, ela foi reduzida para 30 m.
Os novos dados também ajudam no estudo da iluminação do ambiente lunar e da temperatura das crateras. “O conjunto de dados está sendo usado para a criação de mapas de terreno e mapas digitais de relevo que servirão como referência fundamental para futuras missões científicas e de exploração à Lua”, disse Gregory Neumann, do Centro de Vôos Espaciais Godard. “Depois de um ano recolhendo dados, já temos quase cerca de 3 bilhões de pontos de informações do Altímetro a Laser da Sonda Lunar a bordo da Sonda de Reconhecimento Lunar”.
O LOLA funciona pela propagação de apenas um raio por meio de um elemento ótico de difração, que divide o raio em cinco. Estes, por sua vez, atingem a superfície lunar e retornam, sendo medidos pelo aparelho para, junto com o rastreamento da sonda, criar padrões bidimensionais revelando a superfície lunar.
Os mapas feitos pelo instrumento são os mais acurados e mostram mais lugares na superfície da Lua do que qualquer outro. “Os erros posicionais dos mosaicos de imagens do lado mais distante da Lua, onde o rastreamento da espaçonave (que é mais preciso) não estão disponíveis, eram de um a 10 km”, disse Neumann.
“Estamos diminuindo isto para o nível de 30 m, e um metro verticalmente. Nos pólos, onde a iluminação raramente dá mais do que um lampejo da topografia abaixo dos picos das crateras, descobrimos erros sistemáticos horizontais de centenas de metros”, acrescentou.
O dispositivo também permite estudar o histórico de iluminação no ambiente lunar, segundo o cientista. A história da iluminação na Lua é importante para a descoberta de áreas que ficaram muito tempo nas sombras.
Estes lugares, geralmente em crateras profundas perto dos pólos lunares, funcionam como locais de armazenamento, capazes de acumular e preservar materiais voláteis como gelo.
A paisagem nas crateras dos polos da Lua é tão misteriosa devido a sua profundidade que geralmente permanece nas sombras. O novo conjunto de dados fornecido pelo Lola está revelando detalhes da topografia destas crateras pela primeira vez.
“Até a Sonda de Reconhecimento Lunar e a recente missão japonesa Kaguya, não tínhamos ideia dos extremos que eram as inclinações das crateras polares”, disse o cientista. “Agora descobrimos inclinações de 36º (que se estendem) por vários quilômetros na cratera Shackleton, por exemplo, o que faria a travessia muito difícil e, aparentemente, causa deslizamentos”.
Neumann afirmou ainda que as medidas tomadas pelo LOLA estão ajudando a equipe a criar modelos para avaliar a temperatura destas crateras e no desenvolvimento dos mapas térmicos destes locais.