Os ossos descobertos da Ilha de Flores, na Indonésia, não representam uma nova espécie dentro do gênero humano, mas ancestrais de pigmeus que vivem atualmente na ilha, de acordo com uma equipe científica internacional. Esta é a segunda contestação da descoberta do Homo floresiensis ou “hobbit”, como foi apelidado, levantada neste ano – anteriormente, outra equipe de cientistas havia levantado a hipótese de que os restos descobertos em 2004 fossem de uma vítima de microcefalia.
Na época, o autor da descoberta defendeu a classificação da nova espécie. A nova pesquisa confirma que um dos esqueletos encontrados em flores, chamado de LB1, é de fato microcéfalo, mas que os demais restos recuperados não mostram sinais da doença. A microcefalia é uma condição na qual a cabeça e o cérebro são muito menores do que a média esperada para a idade e sexo da pessoa.
Segundo a equipe internacional, um dos erros da proposta de uma nova espécie humana em Flores foi comparar o esqueleto LB1 “principalmente com o Homo sapiens – a espécie humana atual – de outras áreas geográficas do mundo, principalmente da Europa”, em vez de com “outras populações humanas, presente e passadas, da região” onde os ossos foram encontrados.
Para estudar as características de LB1, os cientistas do novo estudo se valeram de 94 propriedades do crânio e 46 da mandíbula, e compararam esses dados com populações humanas atuais. Todos caíram dentro das variações normais para a região da Indonésia e Austrália. O trabalho do grupo internacional está publicado, online, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.