Ninguém dúvida de que num universo de magnitudes desproporcionais exista vida além da Terra. Mas há uma pergunta que ainda não se pôde responder de modo uniforme: Como será essa forma de vida? O prestigioso e ao mesmo tempo polêmico físico inglês Stephen Hawking pôs o dedo na ferida há um ano ao levantar a voz de alarme sobre os constantes sinais de nossa existência que estamos mandando ao espaço em busca do contato extraterrestre [Veja Stephen Hawking agita Comunidade Ufológica Brasileira e Mundial após afirmações sobre vida alienígena].
A teoria de Hawking baseia-se na lógica matemática que sempre regeu seu cérebro. “Os extraterrestres que recebam nosso sinal, ou não dispõem da tecnologia suficiente para nos responder, ou têm uma muito superior que lhes permitirá vir até aqui”. E se essa civilização alienígena que tanto chamamos for hostil? O físico afirma que melhor do que enviar sinais, o que deveríamos fazer é nos esconder. Hawking alerta de que pode ser produzido o mesmo efeito de quando os espanhóis chegaram a América em 1492. Uma civilização mais desenvolvida inutiliza e acaba com os recursos de outra em menor grau de desenvolvimento que, inclusive, pode ser levada a seu desaparecimento.
No mês passado, Hawking voltou ao ônus em uma entrevista publicada pelo The Guardian na qual fez questão de salientar que “a noção de vida extraterrestre é real, mas perigosa”. Esta teoria espaço-apocalíptica ganhou críticas entra a comunidade científica ao longo dos últimos meses. “Se os alienígenas quisessem conquistar nosso planeta já poderiam tê-lo feito nos últimos 4.500 milhões de anos”, afirmou Paul Davies, cientista do projeto Search for Extraterrestrial Intelligence [Busca por Inteligência Extraterrestre, SETI].
“Qualquer coisa que nós tenhamos aqui, eles poderiam encontrar no lugar onde vivem. E no caso de que na Terra tenha algum recurso que não exista em seu planeta natal, seguramente há uma forma mais fácil do conseguir que a de vir aqui para nos invadir”, disse Seth Shostak, também pesquisador do SETI. Por sua vez, David Morrison, diretor do centro de investigação espacial Ames da Agência Espacial Norte-American (NASA) é da mesma opinião, ainda que com reservas. “Se uma civilização consegue perdurar ao longo de centenas ou milhares de anos, é quase seguro que terá conseguido resolver os problemas que temos nós. Ou pelo menos assim espero”.
Indícios
De momento, sendo bom ou não, a humanidade tem enviado uma boa série de indícios sobre sua presença por aqui. As duas sondas Voyager, uma das quais já navega fora de nosso Sistema Solar, levam consigo um disco de ouro com sons e imagens de nosso planeta. Além disso, o SETI encaminhou numerosos sinais à espera de que algum seja respondido, e isso sem contar os satélites e mecanismos artificiais que vagam pelo espaço depois de cumprir sua vida útil.
Os temores de Stephen Hawking diante da vida extraterreste viram-se refletidos no recente livro First Contact [Primeiro Contato, Simon & Schuster, 2011], obra de Marc Kaufman, diretor nacional do The Washington Post. Segundo escreve Kaufman, “no SETI supõe-se que qualquer civilização que tivéssemos a sorte de contatar seria inofensiva. Não há evidência de que isto seja verdadeiro ou falso, é somente o que eles crêem”.
Enquanto isso, o físico britânico aproveita as páginas de First Contact para lançar uma nova justificativa de sua teoria: “Só temos que olhar para nós mesmos para ver como a vida inteligente pode ser convertida em algo que você não gostaria de encontrar”. Leia também: