É com pesar que a Revista UFO comunica que, na tarde desta quarta-feira, 11 de junho, faleceu a última testemunha de um dos mais importantes e intrigantes casos ufológicos já ocorrido até hoje no Brasil, o Caso Ilha da Trindade. Aos 83 anos, o advogado Amilar Vieira Filho, foi assassinado em uma tentativa de assalto na cidade do Rio de Janeiro. Quando ocorreu o Caso Ilha da Trindade, em 1958, Amilar Vieira Filho estava entre as 48 testemunhas a bordo de um navio e que observaram os poucos segundos que um UFO sobrevôo a ilha. Em 2003, Filho concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Alexandre de Carvalho Borges, que busca até hoje, 50 anos após o ocorrido, dados e informações que possam desvendar esse mistério. Amilar Vieira Filho afirmou com todas as palavras nesta entrevista que foi testemunha ocular do famoso avistamento de um UFO.
O caso da Ilha da Trindade é um clássico da Ufologia Brasileira, sendo apontado pelos ufólogos como uma das maiores evidências do Fenômeno UFO sobre a Terra. Era para ele ser apenas mais um nos arquivos ufológicos, se não fossem pelas impressionantes fotografias que foram obtidas pelo fotógrafo profissional Almiro Baraúna. Essas imagens rodaram o mundo, ilustram diversos livros sobre a temática e ainda são debatidas e discutidas até hoje, 50 anos após seu flagrante. Desde a época do ocorrido, as opiniões se dividiram, alguns jornais atacaram o fotógrafo e o acusaram de falsificação e de manipulação das fotografias. Outros o defenderam por saber de sua idoneidade e por terem como evidência adicional o testemunho de várias outras pessoas que estavam a bordo do navio Almirante Saldanha, palco do avistamento. As testemunhas observaram o UFO sobrevoar o mar e a ilha, enquanto apenas Baraúna se preocupava em disparar sua máquina fotográfica e registrar o estranho objeto no céu.
O avistamento do UFO foi muito rápido. Segundo cálculos efetuados pela Marinha do Brasil, não durou mais do que 14 segundos. Apesar do tempo diminuto, algumas reportagens e artigos sobre o caso descreveram que muitas pessoas que estavam no convés do navio conseguiram testemunhar a passagem do disco voador. Na época, repórteres conseguiram entrevistar algumas delas e outras deram depoimentos anônimos. Amilar Vieira Filho seria até o momento a única testemunha ainda viva, se não fosse o assassinato nesta quarta-feira, e que teve seu nome publicado nos jornais da época e nos artigos que foram escritos ao longo dos anos sobre este polêmico episódio.
A entrevista que o jornalista fez com Filho, em 2003, foi realizada por telefone e esteve focada em perguntas elaboradas com base nas críticas da época e também de velhas críticas que estão sendo recicladas. Filho reafirmou depois de tantos anos, que realmente viu o inusitado UFO e que a ocorrência foi real. Anos depois do seu avistamento na Ilha da Trindade, ele ainda pôde presenciar outra observação, na presença de sua esposa, desta vez de um OSNI sobre a Baía de Guanabara no Rio de Janeiro (Veja biblioteca UFO). Essas incoerências podem ser originadas de um ponto de vista particular de cada testemunha quando estão submetidas a uma observação de um evento de natureza desconhecida e sem parâmetros dentro do senso comum. Não se pode descartar também que muitas incoerências podem ser originárias de fontes de informações erradas. Por fim, se houve fraude fotográfica perpetrada por Almiro Baraúna, esta nunca foi descoberta, apesar das análises efetuadas. Em entrevista Filhos disse que, se houve fraude nas fotografias, ela foi composta da mesma forma que a sua observação do UFO na Ilha da Trindade.
Diálogo Aberto
Borges: Onde o senhor e as 48 testemunhas, como disseram, estavam no momento do avistamento?
Filho: Estava todo mundo no convés, todo mundo olhou, comentou, mas eu não sei se eram 48 pessoas que viram o objeto.
Borges: Existiu aquele reboliço e toda confusão a bordo do navio no momento do avistamento?
Filho: Sim, teve aquele reboliço todo.
Borges: O senhor já tinha conhecimento, antes de ocorrer o evento, de outros avistamentos na ilha anteriores a sua chegada e de seu grupo de Icaraí?
Filho: A gente só ouviu falar de que objetos já haviam aparecido antes na ilha só depois de ter ocorrido o caso e de ter sido fotografado pelo Baraúna.
Borges: Mas o senhor não ouviu nada, nenhum marinheiro comentado de que já tinha sido avistados objetos na ilha?
Filho: Não, eu nunca ouvi essa história. Até porque também nós só ficamos dois dias na ilha.
Borges: Pelos comentários na época o senhor foi o primeiro a ver o UFO, daí chamou José Viegas, então capitão da reserva da FAB e este chamou Almiro Baraúna, isso é verdade?
Filho: Quem deve ter visto primeiro foi o Viegas, ele que chamou o Baraúna, porque eu fui ver depois quando o objeto já estava do lado do pico desejado.
Borges: Então foi o José Viegas que viu o UFO primeiro?
Filho: É, foi o Viegas. O Viegas disse que viu porta, janela etc. Eu não vi nada disso. Ele deu uma entrevista e eu fugi disso tudo porque eu achei que seria uma coisa meio ridícula. Eu não gosto de falar nesse assunto, nunca quis me envolver. Eu apenas dei uma entrevista na época para o jornal O Globo com minha filhinha no colo e falei para o repórter escrever o que eu havia dito mesmo, pra não aumentar mais nada.
Borges: Foi um acontecimento que marcou e influenciou a sua vida ou não teve relevância alguma?
Filho: Não, eu apenas deixei de ir ao Banco trabalhar alguns dias. A Marinha de Guerra também pediu que a gente não revelasse nada, ficamos um mês sem falar nada sobre o assunto. O Baraúna tinha uma combinação com os Diários Associados para poder publicar a reportagem com exclusividade logo que a Marinha liberasse a divulgação. Mas o que aconteceu foi que o diretor do Correio da Manhã viu as fotografias que estavam com o presidente Juscelino Kubitschek. O Correio da Manhã ia dar o “furo” na segunda-feira, então os Diários Associados publicaram também no mesmo dia.
Borges: É dito pelos relatos da época que logo que Baraúna saiu da cabine de revelação a bordo do navio, ele mostrou os negativos a todos os militares que estavam do lado de fora.
Filho: Mas eu não estava presente no momento da revelação. Eu estava no tombadilho do navio. Isso foi em 1958, eu era presidente do Clube de Caça Submarina de Icaraí e hoje eu já estou com 77 anos. Eu não tenho maiores detalhes para te falar não. Eu só vi um objeto luminoso e que quando parava mostrava sua cor cinzenta.
Borges: Então ele mudava de cor?
Filho: Sim. Ele mudava de cor. Ele era luminoso quando eu vi do lado do pico Desejado. Depois quando ele começou a andar por cima da ilha ele ficou luminoso e foi indo até desaparecer no horizonte.
Borges: Na trajetória quando ele veio do mar ele estava com qual coloração?
Filho: Quando eu vi o objeto ele já estava do lado do pico Desejado. Quando estava deslizando ele aumentou a luminosidade e continuou deslizando por cima da ilha até desaparecer no mar. Essa é a minha observa&cce
dil;ão. Eu vi um objeto luminoso sem detalhe nenhum na superfície, mais nada.
Borges: O objeto girava, fazia algum movimento rotatório?
Filho: Não, eu só vi o objeto cinza, ele acendeu e saiu devagarzinho, aí foi aumentando a velocidade e indo assim até que desapareceu no horizonte do mar.
Borges: O radar de bordo captou o UFO antes de ele ser visto?
Filho: Isso também não sei. Não tenho idéia.
Borges: O senhor foi chamado para depor na Marinha?
Filho: Não, eu só fui procurado uma vez pelo repórter do jornal O Globo.
Borges: O senhor nunca mais deu depoimento algum em qualquer lugar?
Filho: Não, eu procurava evitar. Eu ia ao Banco para trabalhar e o pessoal fazia gozação; colocavam uma moeda assim e dizia que era um Disco Voador. Eu evitava por causa disso.
Borges: O que o senhor acha das críticas contra Baraúna, até mesmo pronunciadas por amigos dele na época, de que ele usou truques fotográficos forjando o UFO?
Filho: É porque Baraúna sempre foi um fotógrafo habilidoso. Fotografou tudo! Teve um artigo dele que andou fotografando a ficha da Frota Carioca. Mas o que me deixou mais de crédito, além de eu mesmo ter visto o objeto no céu, foi que os negativos foram tirados da máquina a bordo do navio. Ele não mexeu em mais nada. Os negativos foram apreendidos pela Marinha.
Borges: Algumas críticas atuais dizem que, já que no momento da revelação dos negativos dentro da cabine do navio, Baraúna se encontrava apenas com José Viegas, ele poderia ter feito uma espécie de parceira com o Viegas para fraudar as fotos lá dentro.
Filho: Eu acredito que a revelação tenha sido feita com a presença de autoridades do navio, na presença deles. Não foi o Baraúna e nem o Viegas que revelaram sem que ninguém soubesse disso.
Borges: Mas é dito nos relatos da época que os militares ficaram fora do compartimento esperando a revelação.
Filho: Bem, eu não sei sobre isso porque eu fiquei no tombadilho do navio neste momento da revelação. Eu não posso lhe afiançar nada.
Borges: Outra crítica atual seria de que em uma das fotos o UFO estaria invertido em relação às outras fotos.
Filho: Isso eu não sei por que eu não sou técnico, não tenho como lhe dizer nada.
Borges: A crítica que questiona isso era de que Baraúna tinha fraudado. Em suma, Baraúna teria invertido e manipulado o UFO da foto…
Filho: Pode até ser. Mas que ele contou com o aparecimento do objeto no céu, isso eu estou dizendo por que eu observei o objeto. Eu vou afirmar isso aqui de vez!
Borges: “Pode até ser”, como assim? De que ele fez algum truque?
Filho: Não, não sei! Se ele fez algum truque, de como você está falando aí, de que ele preparou o filme, não sei, ele contou com o objeto no céu. Se ele fez algum truque, foi dentro do que foi visto no céu. Agora o que acontece, como os quatro do grupo já morreram e só tem apenas eu vivo, eu estou te dando a informação do que eu vi. Eu não tenho a menor dúvida que eu não tive ilusão de ótica nenhuma.
Borges: OK! Estou lhe perguntando isso porque a crítica de que tenha sido fraude foi muito citada, até mesmo amigos fotógrafos dele na época o atacaram.
Filho: Eu nunca me meti no assunto desses objetos, mas não é porque eu seja cético. Minha mulher, por exemplo, acredita. Eu cheguei a ver junto com ela um objeto muito estranho em Niterói. Mas eu não vou dizer que é um disco voador, vou dizer apenas que é um objeto não identificado. Eu não gosto de falar nisso não, mas já que você me telefonou, eu estou por gentileza lhe dizendo o que eu vi. Eu já declarei o que eu vi, realmente apareceu um objeto no céu. Agora, Baraúna era um fotógrafo e tinha coleção de máquinas. Talvez ele até tenha sido premiado batendo essas fotos do objeto, quem sabe? Você pode até ter depoimentos de gente dizendo que ele fraudou etc, mas quando as autoridades enviaram os negativos para estudo no Serviço Aerofotogramétrico Cruzeiro do Sul eles concluíram que “não podiam dizer que houve fraude”. Então veja, pode até ter havido, mas podia até ser uma fraude tão bem feita. Agora, se ele contou com o objeto no céu, contou, isso é inegável. Eu observei isso e depois eu me recolhi porque é muito desagradável as pessoas começarem a perguntar, eu nunca gostei disso. Eu não tenho o menor interesse em discutir se houve fraude ou não houve. Eu estou lhe dizendo que minha observação é essa, de que eu vi o objeto e não vou fugir disso nunca!