A pesquisa de discos voadores na Inglaterra passa por uma grave crise. Diversos grupos encerraram suas atividades devido a falta de interesse das pessoas quanto ao assunto, e nos próximos dias uma das organizações de pesquisa de UFOs mais atuantes realizará uma conferência para discutir se a matéria tem algum futuro.
Dave Wood, um dos líderes da Assap [Associação para o Estudo Científico de Fenômenos Anômalos] afirma que a reunião tem o objetivo de discutir a crise desse campo de estudo em seu país, e debater se a Ufologia se tornou algo do passado. Vários entusiastas apontam para a ausência de uma prova concreta e o declínio nos relatos de avistamentos como causas do problema.
“É certamente uma possibilidade, de que em dez anos seja um assunto esquecido”, diz Wood. “Estudamos essas coisas como probabilidades e esta área de estudo tem estado ativa por décadas. A falta de provas concretas sugere que pode não existir nada lá fora. Muitos pesquisadores diriam que 98 por cento dos avistamentos são facilmente explicáveis, e uma das conclusões que se pode tirar disso é que não existe nada de anormal acontecendo. Os dias de avistamentos com testemunhos importantes parecem ter terminado”.
Os casos estudados pela Assap caíram 96 por cento desde 1988, enquanto o número de grupos dedicados a pesquisa dos UFOs caiu dos mais de 100 que existiam nos anos 1990 para cerca de 30 que hoje restaram. Entre os que foram extintos estão o British Flying Saucer Bureau, o Northern UFO Network, e o Northern Anomalies Research Organisation.
Alguns apontam que ao lado da queda do número de avistamentos somou-se a falta de novos desenvolvimentos. A quantidade de entusiastas diminuiu, e o foco ficou restrito a antigos casos que ocorreram décadas atrás e teorias de conspiração. Wood menciona o Caso Roswell de 1947 e o Incidente Rendlesham de 1980, que sempre são mencionados nas conferências ufológicas, ao mesmo tempo salientando a falta de novos casos.
Wood completa: “Muitos tem se dedicado a investigar teorias de conspiração, o que não considero ser de muita ajuda”. A Assap foi fundada em 1981 como uma organização educacional e de pesquisa, também voltada para a caridade. Agrega ufólogos e céticos e se envolveu em muitos casos notáveis e desenvolveu diversas teorias ao longo dos anos.
O encontro onde os pesquisadores britânicos irão discutir seu futuro acontecerá na Universidade de Worcester em 17 de novembro, e as conclusões serão publicadas em seu jornal, Anomaly. Ao lado do reconhecimento da crise, alguns como o acadêmico David Clark, da Universidade Sheffield Hallam e conselheiro ufológico dos Arquivos Nacionais Britânicos, aponta para o fato de, com tantas pessoas portando câmeras nestes dias, não se conseguiu ainda uma foto ou filmagem sobre a qual não pairem dúvidas quanto a veracidade. Ele também alega que casos como Roswell e Rendlesham continuam a ser um mistério porque não foram adequadamente investigados.
Já Nick Pope, consultor da Revista UFO que comandou o UFO Desk no MoD [Ministério da Defesa Britânico] entre 1991 e 1994, defendeu o futuro da Ufologia: “Existe uma questão de quantidade versus qualidade aqui. Tantos avistamentos de UFOs são atribuídos atualmente a lanternas chinesas que casos autênticos acabam submergindo em meio a esses enganos. A mesma coisa acontece com fotos e vídeos. Existem tantas fraudes circulando na Internet que não é dada a devida atenção a ocorrências autênticas, e portanto fica fácil descartar toda a matéria como fraudes ou enganos. Mas como eu dizia no MoD, os defensores da Ufologia precisam estar corretos somente uma vez”.
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa