Em mais de quatro décadas de pesquisas ufológicas, tomei o conhecimento de dezenas de casos de supostos pousos de discos voadores no Brasil, todos tendo produzido algum tipo de marca ou evidência física no solo, a exemplo do que ocorre noutros países. O saudoso J. Allen Hynek, pioneiro ufólogo que trabalhou para a Força Aérea Norte-Americana (USAF), classificou estes episódios de contatos imediatos de segundo grau, que muitas vezes envolvem, além das marcas no solo, a queima ou destruição de plantas, efeitos físicos em animais ou seres humanos, interferências em veículos, redes elétricas e detecção por radares etc.
Mas, infelizmente, muitas ocorrências noticiadas como legítimas, depois de meticulosamente investigadas, resultaram ser apenas fraudes. Em todas as áreas da atuação humana sempre haverá os bons e os maus profissionais – e a Ufologia não é exceção. Há vários casos em que os ufólogos “forçaram a barra” e deram como autênticos casos montados, seja por vontade própria ou movidos pelo desejo de transformar um simples acidente natural em um caso real. Um episódio deste tipo foi pesquisado pela equipe do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA) e envolveu a alegada aterrissagem de um disco voador em Mogi das Cruzes (SP). O fato teria acontecido na madrugada de 26 de maio de 1999, no bairro do Rodeio, dentro do pesque-pague do senhor Rubens Vital de Paula, conhecido como Rubinho.
Alarmes falsos — Nesta ocorrência, quem distorceu os fatos para beneficiar uma eventual tese ufológica foi o vigia noturno do pesqueiro, Valdair Alcântara Maciel, o Mineirinho. Na investigação do caso, a geóloga Rosely Imbernon constatou, através de análises laboratoriais, que algum líquido inflamável – provavelmente gasolina – teria provocado uma combustão, queimando e marcando o solo do local em formato de círculo. Posteriormente, amigos de Mineirinho confirmaram que ele tinha muita prática com o uso de maçarico. O vigia jogou gasolina no chão, formando um círculo, ateou fogo e depois passou o maçarico em toda a área. Em seguida, demarcou o sinal e fabricou as supostas sapatas ou trens de aterrissagem – tudo a mando do proprietário, que usou o expediente para tentar aumentar a clientela no seu estabelecimento [Veja mais na UFO 66].
Outro caso que a investigação mostrou tratar-se de uma fraude foi registrado em São João da Boa Vista (SP), em 12 de novembro de 2000. Na ocasião, foi encontrada uma marca levemente ovalada, tendo 21 m de comprimento por 12,6 m de largura, a cerca de 20 m da rodovia SP 340, que liga a cidade à Estância Hidromineral de Águas da Prata. Não houve qualquer testemunha que tenha visto alguma nave terrestre ou desconhecida pousar no local. A vegetação era composta por uma planta chamada maria jacinta, que atinge até 2,5 m de altura e é muito comum na região. Os vegetais dentro da marca não foram arrancados nem cortados, mas tombados de dentro para fora e aparentemente retorcidos no sentido horário. Mas pesquisas constataram que aquela era uma marca comum naquele tipo de vegetação, e outras idênticas foram encontradas relativamente próximas da primeira. Assim, o caso foi esclarecido e não passou de um alarme falso.
Plantação amarelada — Em 1994, mais uma vez a Equipe INFA foi acionada, agora para pesquisar o suposto pouso de um disco voador em Limeira (SP). Tudo foi documentado em vídeo e fotos, incluindo o testemunho de várias pessoas, que nada viram de especial no céu perto do local, mas conheciam bem a propriedade e garantiram que a marca surgiu da noite para o dia. Também colhemos amostras e diversos testes foram feitos com a vegetação e o solo da área, mas nada de especial foi encontrado. Em sucessivas viagens até a fazenda, acabou se descobrindo que o proprietário deixou uma lona de caminhão sobre a grama, por três dias, o que atingiu a plantação e a deixou totalmente amarelada, quase morta. Estava explicado o “pouso” de um UFO lá.
No entanto, algumas investigações resultaram em descobertas interessantes. Este é o caso de um episódio pesquisado pela Equipe INFA em outubro de 1995, no litoral paulista. No primeiro dia daquele mês, Fernando Bezerra e Wilson da Silva Oliveira, como faziam todas as noites, estavam pescando no Rio Piacabussu, às margens da Ilha do Major, em São Vicente. Por volta das 23h30, quando puxavam a rede, viram no céu uma luz estranha e relativamente distante. De repente, ela começou a se aproximar dos pescadores muito rápido, parando em cima da embarcação. Era uma nave discóide levemente ovalada que tinha cerca de 10 m de comprimento. Por efeito eletromagnético (EEM), o motor do barco parou de funcionar. O objeto então aumentou a iluminação e fez a noite parecer dia, a ponto de os caranguejos saírem das tocas. E assim se afastou do rio para pousar na ilha.
Assustados, os pescadores tentaram se afastar da área, mas o motor do barco não pegava. No local do pouso ficou uma marca circular com aproximadamente 5 m de diâmetro e quatro marcas de sapatas em seu interior. Nos dias seguintes, por terem olhado diretamente para aquela intensa luz, Bezerra e Oliveira tinham os olhos irritados e sofreram disfunções orgânicas, dores de cabeça e uma sede incontrolável. A Equipe INFA colheu amostras do solo, dentro e fora da marca, nas quais foram plantados feijões. Este experimento é feito porque, no caso de um pouso real, a terra do local sofre uma alteração química, ficando impermeável e não absorvendo água suficiente, o que faz a vegetação morrer. Em poucos casos ocorreu o inverso. Neste, de São Vicente, os feijões cresceram mais na terra colhida dentro da marca do que a de fora dela. As marcas de sapatas tinham profundidade de um a dois centímetros. Outro efeito curioso se deu com o alternador do barco, cujos diodos simplesmente se queimaram.
Em janeiro de 1985, foi descoberto um estranho fenômeno numa plantação de pinheiros de Campos do Jordão (SP). O proprietário de um hotel daquela estância turística revelou que costumava pescar em um local conhecido como Poço Fundo, às margens do Rio Capivari, e que numa ocasião teve uma grande surpresa ao chegar ao local. Ele, seus irmãos e um amigo observaram que uma parte da plantação estava destruída, com o solo aparentemente chamuscado. Uma semana antes, o local estava intacto.
Mini Tunguska — O caso passou por uma investigação procedida pela Equipe INFA dois anos depois e, apesar do tempo decorrido, as evidências de que algo estranho ocorreu naquela localidade ainda est
avam latentes. A imagem da área onde estavam os pinheiros lembrava o cenário de destruição que marcou a queda de algo inusitado em Tunguska, em 30 de junho de 1908, na Sibéria – embora, evidentemente,
numa escala muitíssimo menor.
No meio da plantação de milhares de pés de pinheiros se formou uma clareira circular, de aproximadamente 50 m de diâmetro, onde centenas de árvores foram derrubadas de dentro para fora – algumas foram arrancadas com a raiz, outras foram quebradas ao meio, e muitas foram entortadas. Note-se que não estamos falando de cana, trigo ou de outros vegetais com caules finos, mas de árvores com 10 a 15 m de altura e troncos de 10 a 30 cm, que foram partidos ao meio como se fossem palitos de fósforo. Apesar de isso ter acontecido há dois anos, ainda dava para perceber que algo realmente anormal aconteceu naquele local.
A madeira se esfarelava — Infelizmente não foi possível fazer alguma filmagem aérea na época, para se ter a noção exata do estrago. E as feitas a partir do solo não permitem perceber a dimensão da destruição, mas serve como registro. O chamuscado do solo não estava mais visível quando lá estivemos, provavelmente devido à chuva que caiu durante os dois anos decorridos. Tanto que novos pinheiros já estavam nascendo, bem como a vegetação rasteira. O interessante é que todos os pés atingidos estavam totalmente podres – a madeira simplesmente esfarelava nas mãos. A sensação era a de que uma bomba explodira no meio daquela área, jogando as árvores de dentro para fora.
Explorando a hipótese da queda de um pequeno meteoro, procuramos por algum buraco ou depressão no solo, mas nada foi encontrado. Procuramos também por cupinzeiros que poderiam ter atacado as árvores, mas também foi em vão. Foram colhidas amostras do interior da grande marca e também de fora, mas os testes iniciais, com plantação de feijão e alpiste, em nada resultaram. As sementes germinaram de forma idêntica nas duas amostras de terra. Não se pode afirmar que este extraordinário acontecimento tenha qualquer coisa a ver com naves alienígenas, e nem é isso o que se pretende aqui, apenas registrar um caso completamente anormal que foi descoberto e permanece sem explicação.