Na próxima segunda-feira, 4 de julho, a nave Juno da NASA irá acionar seu motor principal por 35 minutos, a fim de desacelerar e ser capturada pela gravidade de Júpiter, colocando-se então em órbita do maior planeta do Sistema Solar. A missão de 1,1 bilhões de dólares foi lançada em 5 de agosto de 2011 e deverá realizar mais de 30 órbitas ao redor do gigante gasoso, estudando seus campos gravitacional e eletromagnético, além de analisar sua estrutura interna. As informações permitirão saber como Júpiter foi formado e se desenvolveu, auxiliando no entendimento desses processos em exoplanetas em outros sistemas solares.
Em 1 de julho, a nave se encontrava a 860 milhões de km da Terra e como qualquer sinal de rádio levaria 48 minutos para atingi-la, o controle da NASA enviou comandos para que a nave siga o restante da inserção em órbita de forma autônoma. Antes, em 21 de junho, a Juno obteve uma imagem de Júpiter mostrando também suas quatro luas gigantes, Io, Europa, Ganímedes e Calisto, as mesmas descobertas por Galileu Galilei. A nave assumirá uma órbita polar, a melhor maneira de mapear um planeta. Contudo, como os níveis de radiação do campo eletromagnético são altíssimos, a nave percorrerá uma órbita muito elíptica, aproximando-se até 5.000 km de suas altas nuvens e depois se afastando até 1.9 milhões de km, além da órbita da lua Calisto. O processo também permite assegurar que os painéis solares da nave se mantenham virados para o Sol. A Juno é a nave que utiliza essa tecnologia que mais se afastou da estrela.
A fim de proteger equipamentos sensíveis como computadores e armazenamento de dados, unidades de potência e componentes eletrônicos essenciais da nave, estes foram acondicionados em uma caixa, do tamanho aproximado do porta-malas de um veículo utilitário, cujas paredes são de titânio de 0,8 cm de espessura, com um peso total de 200 kg. A missão de coletar informações sobre a estrutura e evolução de Júpiter permitirá obter dados para compreender a própria formação do Sistema Solar. Gigantes gasosos se formam cedo durante esse processo, antes que as jovens estrelas possam absorver ou lançar para longe os gases mais leves da nuvem primordial de um berçário estelar. E as grandes massas desses mundos são também responsáveis por moldar as órbitas dos demais corpos do sistema, como outros planetas, asteroides e cometas. Além disso, medir com precisão o campo gravitacional revela sua massa, e por sua vez o campo eletromagnético dá indicações sobre sua composição. Todas essas informações auxiliam a entender a história do planeta, até se sempre orbitou o Sol na mesma posição que ocupa hoje.
AJUDANDO A ENTENDER A FORMAÇÃO DE EXOPLANETAS E DA VIDA ALIENÍGENA
Outras informações que a Juno irá transmitir podem lançar luz sobre como o processo de formação planetária acontece em outros sistemas e até mesmo como a vida alienígena pode surgir nesses mundos distantes. Por exemplo, determinar quanta água, e portanto oxigênio, existe em Júpiter permitirá entender como o planeta se formou e também como elementos mais pesados foram transferidos através do Sistema Solar. Tais elementos são essenciais à formação de planetas menores e rochosos como a Terra, e o papel que ele teve na formação de nosso sistema auxiliará a compreender como se formaram os exoplanetas gigantes gasosos, vários deles em sistemas onde existem planetas menores candidatos a abrigar vida extraterrestre. Tudo, naturalmente, depende da correta inserção em órbita em 4 de julho, no momento em que a Juno estiver se deslocando a 64,3 quilômetros por segundo, ou 231.745,536 km/h.
Em 27 de maio, a Juno já se encontrava sob a influência gravitacional de Júpiter, na prática colocando-a como a nona sonda a visitar o sistema do gigantesco planeta. A primeira foi a Pioneer 10, que passou pelo planeta em 3 de dezembro de 1973. Foi seguida pela Pioneer 11, que após visitar Júpiter em 3 de dezembro de 1974, passou por Saturno em 1 de setembro de 1979. As próximas visitas ocorreram em março de 1979 com a Voyager 1 e julho de 1979 pela Voyager 2. Em dezembro de 1995 a Galileo se tornou a primeira nave a orbitar Júpiter, onde permaneceu até 21 de setembro de 2003. A primeira nave a realizar uma órbita polar ao redor do Sol, a Ulysses, uma missão conjunta da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), passou por Júpiter em fevereiro de 1992 a fim de ganhar impulso por sua gravidade. Para chegar a Saturno, a Cassini também visitou o gigantesco planeta em dezembro de 2000. Por fim, a New Horizons, que visitou Plutão em julho de 2015, também passou por Júpiter em fevereiro de 2007 para ganhar velocidade. A missão da Juno deve ir pelo menos até fevereiro de 2018, quando a nave será dirigida para a atmosfera de Júpiter, onde queimará. O método, também utilizado com a Galileo, pretende impedir que qualquer micro-organismo terrestre que possa ter resistido a bordo da sonda contamine uma das luas do planeta.
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