Quando a nave Dawn da NASA estava em sua aproximação final do planeta anão Ceres, situado no principal Cinturão de Asteroides entre Marte e Júpiter, regiões brilhantes na cratera Occator imediatamente chamaram a atenção do mundo. Certos mistificadores depressa divulgaram a versão de que existia uma “cidade alienígena” no local, e mesmo diante de fotos menores e mais nítidas, revelando que se trata na verdade de formações naturais, não os fizeram, como de costume, corrigir suas equivocadas afirmações. É improvável que isso venha a ocorrer, mesmo diante das novas imagens recentemente liberadas. Fica o alerta para jamais confiar nesse tipo de farsante, que espalha alegações sensacionalistas sem qualquer evidência que as apoie.
A nave, graças aos espectrômetros a bordo, já havia determinado que as regiões brilhantes na verdade são compostas de carbonato de sódio, mineral muito comum na Terra. E no último mês, após uma série de manobras, a Dawn foi inserida em uma órbita que a leva a somente 34 quilômetros de altitude da superfície de Ceres. Isso permite que a nave obtenha fotografias com detalhes inéditos, e a NASA liberou imagens precisamente da cratera Occator e a principal formação em seu interior, Cerealia Facula. Para obter a imagem vista acima a Dawn utilizou seu motor iônico, em uma das últimas ocasiões em que será acionado. Uma das teorias para explicar esses grandes depósitos de sais é a evaporação de água salgada para o espaço, deixando o mineral na superfície.
É a origem dessa água que os cientistas tentam determinar. Uma das hipóteses é de que pode ser proveniente de depósitos próximos da superfície do planeta anão, e a outra aponta que a água se encontra em locais mais profundos, e de alguma forma é transportada até a superfície através de fissuras na crosta. Essas possibilidades até renderam comentários na comunidade científica para a possibilidade da existência de vida microbiana em Ceres, restando ainda outro mistério, como ainda existiria calor nesse pequeno mundo para manter um oceano interno. A missão Dawn, de 467 milhões de dólares, foi lançada em setembro de 2007 e se tornou a primeira a orbitar dois mundos alienígenas, o asteroide Vesta (entre julho de 2011 a setembro de 2012) e o planeta anão Ceres (aonde chegou em março de 2015). Espera-se que a nave obtenha mais dados a fim de esclarecer se Ceres possui um oceano interno, e também sobre a abundância de moléculas orgânicas em sua superfície. A Dawn está em vias de esgotar a hidrazina que abastece seus motores de manobra, e deve ao final da missão, esperada para o segundo semestre de 2018, ser colocada em uma órbita estável ao redor de Ceres para que não caia em sua superfície.
Planeta anão Ceres tem na superfície moléculas orgânicas em grande quantidade
Planeta anão Ceres possui muita água em sua composição
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Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
DVD: Pacote NASA: 50 Anos de Exploração Espacial
Veja em 50 Anos de Exploração Espacial os momentos mais emocionantes da trajetória da NASA, desde o primeiro homem em órbita até as missões do ônibus espacial. A série contém ainda detalhes do funcionamento de satélites espiões, do desenvolvimento da Estação Espacial Internacional e da implantação do telescópio Hubble. Conheça a verdadeira razão de não voltarmos mais à Lua e descubra que o destino agora é Marte, Vênus, Júpiter e mundos além do Sistema Solar, e quais são os planos da NASA para alcançá-los.