A nave New Horizons da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), atualmente em curso para Plutão, corre risco de colisão com corpos nas proximidades do planeta anão, de acordo com pesquisa levada a cabo por especialistas brasileiros. A New Horizons, lançada em 19 de janeiro de 2006, é até o momento o objeto feito por seres humanos mais veloz já enviado ao espaço. Ela passou por Júpiter em 28 de fevereiro de 2007 com o fim de utilizar a técnica do impulso gravitacional. Aproveitando a atração do gigantesco planeta, a nave lançou-se em sua trajetória final para chegar a Plutão em 14 de julho de 2015.
Segundo o estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), liderado pela física Silvia Guiliatti Winter, na região ocupada por Plutão existem outros corpos, como pequenos asteróides, satélites ainda desconhecidos e até anéis como os dos planetas gigantes gasosos, que podem trazer perigo para a nave.
O grupo brasileiro conduziu pesquisas por meio de simulações matemáticas de órbitas potencialmente estáveis ao redor de Plutão e sua maior lua, Caronte. Segundo os brasileiros, isso mostrou que existe a possibilidade de esses espaços serem ocupados por corpos que estariam então no caminho da New Horizons. Os resultados foram publicados no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e na revista Unesp Ciência.
Até agora, não foram encontrados novos objetos nas proximidades de Plutão, após a descoberta das pequenas luas Nix e Hidra, em 2005. Os brasileiros dizem que, de qualquer forma, o risco de um impacto direto é pequeno. Já Andrew Cheng, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade John Hopkins, que participa do projeto ao lado da NASA, afirma que um grande desvio não permitiria que a nave fizesse as detalhadas observações planejadas em Plutão. Após passar pelo planeta anão, a New Horizons seguirá em frente atravessando o Cinturão Kuiper. Este é uma imensa região, cuja extensão se calcula desde 30 a 55 unidades astronômicas do Sol. Uma unidade astronômica é o equivalente a 150 milhões de quilômetros, a distância da Terra até nossa estrela, e o Cinturão Kuiper é composto por asteróides e núcleos gelados de cometas, além de objetos maiores chamados corpos transplutonianos.