Em termos astronômicos, sabemos que o dia 25 de dezembro assinala o solstício do inverno no hemisfério norte. Sabemos também que Jesus foi concebido no ventre de uma virgem, Maria, em 25 de março, dia em que o arcanjo Gabriel, “no sexto mês, foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré”, segundo registros bíblicos. A palavra Deus, nesse caso, vem do termo hebraico Iahweh-Elohim, e Gabriel tem sido reiteradas vezes considerado um alienígena. A concepção então se deu no equinócio da primavera e, nove meses depois, no solstício do inverno, em 25 de dezembro, nascia Jesus. A chave deste código está, precisamente, na expressão “no sexto mês”, empregada pelo evangelista Lucas.
Em constante e prudente tentativa de aprofundamento nessa questão – que é de grande importância nos estudos teológicos de exegese e hermenêutica bíblicas –, podemos e devemos conotar numerosas implicações astronômicas, cósmicas e ufológicas relacionadas à transcendente e misteriosa personalidade de Jesus de Nazaré. Tal análise, entretanto, deve ser feita com escrupuloso rigor, levando-se em consideração os dados oferecidos pelo desenvolvimento das ciências estabelecidas e mantendo o espírito aberto para novas modalidades científicas que vão surgindo no horizonte do conhecimento humano.
Se examinarmos com atenção e espírito livre as Sagradas Escrituras, perceberemos claramente nos livros que compõem o Pentateuco – a Tora hebraica – que os escritos estão sempre permeados da exigência de derramamento de sangue em sacrifícios. Ele é feito, inclusive, por determinação da transcendente e misteriosa entidade cósmica que desempenha, fenomenológica e teologicamente, a função de Deus. Tal misteriosa exigência, que parece ser feita para satisfazer uma espécie de justiça cósmica, é provisoriamente apaziguada com o derramamento do sangue de animais irracionais, segundo o Antigo Testamento. Mas só encontra sua definitiva satisfação com o sacrifício de uma vítima mais desenvolvida, o ser humano.
Esta reflexão sobre um tema oculto atrás da singeleza do nascimento do Menino Jesus, em Belém, é uma tentativa de se levantar uma pequena parte do espesso véu que há milênios envolve os grandes mistérios que fundamentam nossas concepções religiosas
Justiça Cósmica — Entende-se isso pelo fato do ser humano ter um grau ontológico superior de composição metafísica da personalidade, animalidade e racionalidade. Ele é constituído de matéria e espírito. Por outro lado, a transgressão pecaminosa e a desobediência cósmica não são atos perpetrados por animais brutos ou irracionais, mas sim por seres racionais, como o homem, dotado de livre arbítrio. Por isso, somente seu sacrifício apazigua a citada justiça cósmica.
Aprofundando-nos nesta reflexão, tendo como base o precioso Livro de Jó [Séfer Hiob] e a excelente obra de Carl Jung, Resposta a Jó [Antwort auf Hiob], observamos uma espécie de demonstração daquilo que poderia ser uma descarga da justiça desse “colegiado cósmico”, comandado ou participado por Iahweh. Ao buscar explicação para os sacrifícios, vimos a justiça cósmica se precipitar sobre a criatura humana, como numa antevisão do que seria o papel ou função do futuro e verdadeiro redentor – o Messias –, que, como afirma profeticamente Isaías, assumiria sobre seus ombros todos os nossos pecados, nossas fraquezas e enfermidades.
É precisamente dentro desta perspectiva de análise do Livro de Jó, um dos mais enigmáticos e misteriosos das Sagradas Escrituras, que pensadores como Jung e as israelitas Riwkah Schaerf e Margaret Susman assumem posições polêmicas e chegam a adotar o ponto de vista de algumas consideradas heresias de judeus cristãos da Palestina, dos primeiros séculos do cristianismo. Eles interpretavam os textos sagrados como contendo representações do primeiro filho de Iahweh (nosso Deus), que teria sido Satanael. Para eles, Jesus seria o segundo filho e, conseqüentemente, nem primogênito e muito menos unigênito. Esta seria a doutrina dos dois filhos antagônicos de Deus, Satã e Cristo.
Levando-se esse fato em consideração, nesta colocação exegética e mesmo teológica estariam superados a doutrina e o dogma aceitos pelos teólogos em geral, da qual consta o mistério da Santíssima Trindade, Pater, Spiritus e Filius. Predominaria então a interpretação quaternária dessa manifestação, uma Santíssima Quaternidade, constando de Pater, Spiritus, Filius e Diabolus (Pai, Espírito, Filho e o Diabo). Quem sabe, isto não seria um dos conteúdos do famoso e verdadeiro segredo ventilado pela entidade que se manifestou em Fátima, em 1917, também de origem extraterrestre.
Entre os motivos que levam muitos teólogos a se inclinarem por esta interpretação quaternária estaria a imensa paciência de Iahweh com relação a Satã, fato que se verifica justamente no Livro de Jó, na tentação de Jesus na Montanha da Quarentena [Djábal Kuruntal para os palestinos] e em outras passagens análogas das Escrituras. Esta realidade da traição de um filho com relação a seu pai – Satã ou Satanael, o suposto primogênito de Iahweh –, vem vazando analógica e metaforicamente em algumas parábolas de Jesus, notadamente na do Filho Pródigo. E também na parábola do Bom Pastor e em algumas de suas menções, diretas ou indiretas, quanto a traição do povo eleito, judaico, personificada através da singular traição de Judas Iscariotes.
Civilizações Adiantadas — É dentro desta ótica é que podemos vislumbrar com um pouco mais de nitidez as remotíssimas e profundas raízes cósmicas do chamado pecado original ou pecado das origens, dos primórdios, que tem seu início na traição de um filho ao seu próprio pai, arrastando consigo miríades de adeptos entre seres extraterrestres de adiantadíssimas civilizações – os famosos Elohim de que falam os textos originais hebraicos do livro de Gênesis, bem como os apócrifos de Qumran e Nag-Hammadi. Na perspicaz visão apresentada nas obras mundialmente famosas de C. Turnage, Satã, comandando a rebelião contra Iahweh, forma um outro império dentro da incomensurabilidade do universo e pugna pelo domínio de parte privilegiada deste, onde certamente se encontra nossa galáxia.
O misterioso e praticamente indecifrável Livro da Revelação – o Apocalipse – menciona algo dessa tremenda batalha citando até o nome do comandante das milícias de Iahweh, o príncipe-arcanjo Miguel, que também é citado nominalmente na epístola de Judas Tadeu. Este, por sua vez, já cita um apócrifo atribuído ao patriarca antediluviano
Enoque, no qual se faz referência a uma luta travada entre Miguel e Satã – uma batalha de alienígenas pela posse do cadáver de Moisés.
Tudo indica que nessas pelejas houve apenas uma vitória ou algumas vitórias por parte de Miguel e do próprio Iahweh, que creio terem sido parciais e provisórias. Há perspectiva, ainda, de um próximo e terrível confronto entre as duas potências. Nesse ínterim, a partir do primeiro sucesso, já com o domínio de nosso planeta, Iahweh, em sua transcendente e superior visão do ser humano, teria estabelecido dois grandes pactos. Conhecedor do quanto os homens participaram da rebelião de Satã – e por isso contraíram como conseqüência a degenerescência de sua própria natureza e até mesmo a morte – Iahweh estabeleceu duas grandes alianças. A primeira foi com o patriarca Abraão, através da seleção e preparação de seu povo, judeu, considerado por isso como “o povo eleito”.
Dele viria o fundamental instrumento, o veículo básico daquilo que é conhecido pela teologia clássica como Mistério da Incarnação – o elemento humano que prestaria colaboração absolutamente indispensável na formação alienígena e telúrica do filho de Iahweh. Assim, Maria, provavelmente por processo genético de alta tecnologia, receberia o sêmen de Iahweh, gerando a misteriosa personalidade de Jesus de Nazaré – ou Emanuel, como tão apropriadamente coloca o profeta Isaías.
Tomando como ponto de partida a manifestação de Iahweh a Abraão e o estabelecimento da lei da circuncisão, o pacto que levou à seleção de seu povo, como a primeira aliança, isso proporcionou o nascimento de Jesus. Sua concepção, dois milênios e meio depois, veio a se constituir um segundo pacto, uma segunda aliança e o acabamento da primeira, através do nascimento em natureza humana do próprio filho de Deus, verdadeiro Elohim e homem – ou, como se exprime a teologia clássica, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Catarse — Somente ele, Jesus, Cristo ou Messias, é que poderia, por sua composição ontológica e antropológica de filho de uma divindade extraterrestre ou alienígena com uma mulher terrestre, realizar aquilo que acabou por realizar na Terra. Referimo-nos ao cabal cumprimento daquela misteriosa porém real exigência de uma transcendente justiça cósmica, acima de nossa superficial compreensão: o derramamento do seu sangue até a morte, satisfazendo, assim, a exigência cósmica que configura o ápice da justiça nos seus altíssimos níveis de purificação e catarse.
Esta reflexão sobre tão profundo tema que se oculta por detrás da singeleza da manjedoura do Menino Jesus, em Belém, é uma tentativa de se levantar uma pequena parte do espesso véu que envolve, há milênios, os grandes mistérios que fundamentam nossas concepções religiosas. É hora de entendermos melhor esse pseudo “sobrenaturalismo”, que já não tem nem terá, mormente no futuro, condições de enfrentar os grandes avanços das ciências e da tecnologia, bem como e sobretudo, das manifestações provenientes de civilizações extraterrestres altamente desenvolvidas, que cada vez mais vêm à Terra. São a essas civilizações que provavelmente pertencem os Elohim citados na Bíblia, elevados ou decaídos, cujas alvíssaras e manifestações já se nos apresentam, nos desafiando e pondo à prova nossa preparação espiritual.