A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) lançará em breve um aparelho experimental para testar no espaço novas tecnologias de robótica que permitirão ao governo Bush concretizar a custos menores seu ambicioso programa de exploração espacial. Pela primeira vez, os Estados Unidos colocarão em órbita um veículo que fará de forma completamente autônoma uma jornada orbital, informou a agência. A princípio, o aparelho seria lançado no último dia 26 de outubro, mas condições meteorológicas desfavoráveis foram responsáveis pelo adiamento da operação, segundo informou a Força Aérea Americana. “Há 90% de probabilidade de o lançamento não ocorrer nesta data”, declarou um porta-voz da Força Aérea na base Vandenberg, Califórnia. Automático O aparelho experimental Dart foi concebido para testar as tecnologias necessárias para que um veículo espacial possa localizar e se juntar a outro ou fazer manobras nas proximidades, acrescentou. O presidente americano, George W. Bush, anunciou em janeiro planos de voltar à Lua antes de 2020 e ? a longo prazo ? concretizar uma missão tripulada para Marte, que propôs financiar com a eliminação progressiva dos programas existentes e com um maior uso da robótica. O Dart foi preparado pela Orbital Sciences Corporation (OSC). Seu lançamento estava previsto para as 15h17 (horário de Brasília) a bordo de um foguete Pegasus, que será levado por um avião de transporte, o trimotor Stargazer L-1011, a 13.300 metros de altitude sobre o Pacífico. A “janela de lançamento” é de 7 minutos. O Dart mede 1,82 metro de comprimento por 0,92 metro de diâmetro, e pesa 363 kg. Ele será enviado a uma órbita polar de 750 km de altitude, onde poderá se encontrar de forma totalmente autônoma com um satélite militar que se desloca a 760 km sobre a Terra, durante uma missão que deveria se estender por 24 horas. Primeiro passo A administração Bush espera que o Dart, programa de US$ 95 milhões de dólares, lançado em 2001, seja a primeira etapa do seu projeto espacial da Lua e de Marte. Robôs terão lugar de destaque nas missões, já que reduzem custos financeiros e humanos em missões de longa duração. “Devemos ser capazes de transportar cargas até a ISS [Estação Espacial Internacional, em inglês], para a Lua e para Marte em aparelhos completamente robotizados”, disse Jim Snoddy, responsável pela missão Dart. Sem ir tão longe, as tecnologias que o protótipo testará também permitirão o reparo de satélites e o abastecimento dos astronautas que estarão em missões no espaço a custos muito menores. A utilidade dos aparelhos inteiramente robotizados na exploração espacial se tornou uma urgência depois do acidente com o ônibus espacial Columbia, em fevereiro de 2003, que forçou a NASA a depender de aparelhos robotizados russos para abastecer a estação orbital. Desde o primeiro encontro orbital totalmente automático entre duas cápsulas Gemini, em 1965, o programa espacial dos EUA sempre usou astronautas para a aproximação de veículos, para consertar satélites ou abastecer a antiga estação orbital russa Mir e, até o início de 2002, a ISS. Embora o programa Dart não venha a ter nenhuma aplicação na missão da NASA para reparar o telescópio Hubble, em 2007, os cientistas esperam poder aprender com seus testes, em particular manobras no espaço.