O telescópio espacial Spitzer da NASA fez as primeiras medições da temperatura diurna e noturna de um planeta localizado fora do Sistema Solar. O observatório, que registra luz na faixa infravermelha, revela que o planeta, um gigante gasoso semelhante a Júpiter, mas que gira muito perto de sua estrela e é extremamente quente numa das faces, e com toda probabilidade é extremamente frio na outra. “Este planeta tem um ponto quente gigante no hemisfério voltado para a estrela”, disse Joe Harrington, da Universidade da Flórida Central, Orlando. “A diferença de temperatura entre dia e noite revela como a energia flui na atmosfera do planeta. Essencialmente, estamos estudando meteorologia num planeta exótico”. O achado representa a primeira vez em que algum tipo de variação de temperatura é observada na superfície de um planeta extra-solar, como são chamados os mundos que orbitam outras estrelas, que não o Sol.
Medições anteriores de planetas extra-solares só revelavam características gerais, como massa e diâmetro. Os pesquisadores utilizaram o Spitzer para determinar a variação de temperatura em um planeta chamado Upsilon Andromedae b. Trata-se de um mundo semelhante a Júpiter, mas que gira muito perto da estrela, completando uma órbita a cada 4,6 dias. Os cientistas acreditam que este planeta esteja gravitacionalmente travado, o que significa que a mesma face do mundo está sempre voltada para a estrela, como a Lua sempre mostra a mesma face para a Terra. No entanto, como Upsilon Andromedae b é composto de gás, a atmosfera pode circular muito mais rapidamente que o interior da esfera. De acordo com os astrônomos, a diferença de temperatura entre as duas faces do planeta é enorme – da ordem de 1.400º C – o que indica que a atmosfera de Upsilon Andromedae b absorve e irradia calor rápido demais para que o gás que circula ao redor do mundo distribua a energia de forma eficiente.