A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) decidiu correr o risco de não fazer novas mudanças no tanque externo da nave Discovery antes da missão prevista para julho para abastecer a Estação Espacial Internacional (ISS). O tanque, que armazena o combustível necessário para a nave ser colocada em órbita, foi reparado após o acidente com o ônibus espacial Columbia, em 1º de fevereiro de 2003. O acidente foi causado por um pedaço da espuma de isolamento que se soltou e perfurou um setor da asa esquerda da nave, e levou à suspensão das missões tripuladas com ônibus espaciais da NASA. No ano passado, a NASA tentou retomar as missões, mas o problema voltou a acontecer, levando a um novo cancelamento nas operações. A NASA indicou que a Discovery voltará ao espaço sem as coberturas de espuma isolante contra o congelamento que protegem as linhas de conexão do tanque externo de combustível. O reservatório de combustível foi modificado, com a eliminação de uma protuberância que existia próxima às linhas de pressurização.
O diretor do programa de ônibus espaciais, Wayne Hale, disse que “esta modificação representa a maior mudança aerodinâmica feita no sistema das naves espaciais desde que elas voaram pela primeira vez”, há 25 anos. Os engenheiros da NASA descobriram que a cada lançamento um pouco de espuma isolante se solta do sistema anticongelamento. Segundo Hale, o desprendimento pode ser de entre 56 e 99 gramas de espuma e pode representar um perigo para a integridade da nave e à vida os tripulantes. As pesquisas dos engenheiros da NASA indicaram que o pedaço de isolante que causou a tragédia do Columbia tinha cerca de 800 gramas. Hale acrescentou que outro incidente parecido “poderia causar o que consideramos um dano crucial”.
O diretor do programa de ônibus espaciais da NASA assinalou que outras remodelações serão feitas nas missões posteriores à volta da Discovery ao espaço. A agência espacial planeja realizar três missões este ano. Hale descartou a existência de pressões para manter o programa de vôos ou para retomar a construção da ISS. “Estamos tentando tomar decisões adequadas no programa e não nos deixar levar por decisões arriscadas ou insensatas”, destacou. No entanto, Hale admitiu que há “uma preocupação com estes desprendimentos, em particular com os que acontecem no tanque externo”. Além de abastecer a ISS, os tripulantes da Discovery realizarão em sua missão STS-121 pelo menos duas viagens espaciais. As autoridades da NASA prevêem que naves sairão de uso em 2010, quando devem ser substituídas. Atualmente, a frota de ônibus espaciais é formada pela Discovery, pelo Endeavour e pela Atlantis. Os outros dois, o Challenger e o Columbia, foram destruídos em acidentes. O primeiro em sua decolagem, em 1986, e o segundo ao entrar na atmosfera, em 2003.