A agência espacial americana Nasa está dividida sobre a retomada das missões espaciais da nave Discovery, anunciada para 1º de julho, devido às dúvidas de especialistas sobre a segurança. Após anunciar a nova missão da Discovery em mais de um ano, após o desprendimento da espuma isolante do tanque externo da nave no vôo de julho passado, a Nasa afirmou ter adotado a decisão após uma “veemente discussão” de dois dias.
O administrador da Nasa, Michael Griffin, informou que a reunião realizada no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, expôs claramente os pontos positivos e negativos de retomar as missões da Discovery, sem analisar mais profundamente os riscos de segurança pendentes. Griffin explicou que deu sua aprovação à missão tripulada por sete astronautas e com treze dias de duração, apesar de que a segurança do tanque externo de combustível da Discovery continuar preocupando.
Os vôos das naves foram suspensos em conseqüência da tragédia da Columbia, na qual os sete tripulantes morreram quando a nave se desintegrou ao entrar na atmosfera, em 1º de fevereiro de 2003, após uma missão de 15 dias. Os especialistas disseram que o desastre ocorreu devido ao reaquecimento da nave por causa de uma fissura no tanque externo de combustível, causada pelo desprendimento e choque de um pedaço de espuma isolante durante a decolagem. Os vôos espaciais para continuar a construção da Estação Espacial Internacional (ISS) foram retomados em julho de 2005, com uma missão da Discovery. Naquela ocasião, também houve desprendimento de espuma isolante do tanque externo de combustível.
A Nasa eliminou parte dessa espuma isolante em um tanque de combustível reforçado, por isso considera que não existe mais tanto risco de desprendimento.
Dois dos mais importantes especialistas da Nasa, Bryan O\’Conner, responsável pela segurança espacial, e Christopher Scolese, chefe de engenharia, aprovaram o próximo plano de vôo da Discovery, mas com objeções ao lançamento. Ambos acham que esse vôo não deve ser realizado sem antes resolver todos os assuntos pendentes sobre o revestimento que protege o tanque externo de combustível das temperaturas extremamente baixas.
O “pomo da discórdia” é a espuma isolante que reveste 34 dispositivos que protegem os encanamentos e cabos elétricos do tanque externo de combustível. Estes dispositivos conhecidos como “rampas anticongelantes” evitam a acumulação do gelo e protegem do choque de eventuais fragmentos que possam cair durante a decolagem da nave.
As rampas foram desenhadas novamente para reduzir o perigo de danos. No entanto, Wayne Hale, diretor do programa de naves, disse que qualquer mudança nesses dispositivos não poderá ser executada antes do segundo trimestre de 2007, informou hoje o jornal The New York Times.
Hale afirmou que o perigo do desprendimento de grandes pedaços de espuma isolante foi eliminado do tanque externo de combustível da “Discovery”, mas advertiu que as “rampas anticongelantes” continuam sendo um alto risco.