A espaçonave americana Phoenix deve descer em algum lugar dos arredores do pólo Norte marciano em maio de 2008. Mas em que lugar, exatamente? Essa é uma pergunta difícil, que conta com a ajuda providencial de outra sonda, a Mars Reconnaissance Orbiter, para ser respondida. E a Nasa diz que já tem a resposta – armazenada em algum canto de seus bancos de dados. “As buscas por locais de pouso para a Phoenix já estão completas e terminadas”, disse ao G1 Ramon de Paula, engenheiro brasileiro responsável pela missão no quartel-general da Nasa, em Washington. “Até porque não há sol mais naquela região agora e já temos todas ou quase todas as informações de que precisamos”.
Encontrar um local de pouso para uma sonda como a Phoenix não é tarefa fácil. Diferentemente dos últimos artefatos que pousaram em Marte, como os jipes Spirit e Opportunity, ela não descerá com airbags, mas sim com retropropulsores, o que torna crítico encontrar um sítio seguro para uma descida – sem pedras pontiagudas ou declives acentuados. Tanto isso é complicado que a Nasa fracassou em sua última tentativa do tipo. Foi com a Mars Polar Lander, em 1999, que tentou fazer um pouso no pólo Sul marciano. Desta vez, na investida contra o pólo Norte, a agência espacial americana está tomando todas as precauções possíveis.
Isso envolveu direcionar todos os esforços iniciais das operações da Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), recém-chegada à órbita do planeta, para a obtenção de imagens de potenciais locais de pouso para a Phoenix. Com seus instrumentos de alta resolução, a orbitadora coletou uma série de imagens, que só agora começam a ser analisadas pelos cientistas. A decisão final sobre onde o pouso deve ocorrer só deve sair em junho, dois meses antes do lançamento da Phoenix, marcado para agosto de 2007, da Flórida.
Enquanto isso, a Mars Reconnaissance Orbiter retoma seus trabalhos rotineiros de ciência em Marte. A espaçonave teve alguns problemas de comunicação, e um dos instrumentos científicos teve de ser desativado por algum tempo, mas, segundo Ramon de Paula, não houve impacto sobre as pesquisas em andamento. Com sua alta capacidade computacional, embora só tenha chegado a Marte em agosto último, a MRO já está prestes a bater o recorde de bits enviados numa missão marciana – apenas o começo do que promete ser uma longa missão científica ao redor do planeta vermelho.