Missão seria capaz de encontrar planetas como a Terra a 16 anos-luz daqui. Vulcano, na série “Jornada nas Estrelas”, orbita uma estrela a essa distância.
Nada como um pouquinho de marketing para alegrar os planos espaciais da Nasa. A agência espacial americana acaba de fazer um anúncio no mínimo inusitado – descobriu que uma de suas futuras missões teria a capacidade de encontrar o planeta Vulcano, lar de Spock, o personagem de orelhas pontudas da série de TV “Jornada nas Estrelas”.
Claro que, para ser encontrado, ele vai precisar estar lá. Segundo o criador de “Jornada”, Gene Roddenberry (1921-1991), Vulcano orbitaria uma estrela anã alaranjada chamada 40 Eridani A, a maior de um trio estelar, a 16 anos-luz daqui.
Para fazer essa busca, a Nasa conta com uma missão chamada SIM PlanetQuest – que, por conta de cortes no orçamento da agência espacial, foi adiada indefinidamente e não deve ser lançada antes da próxima década.
SIM é a sigla inglesa para Missão Espacial de Interferência. Trata-se de um satélite que usará um fenômeno característico das ondas de luz: ao se encontrarem, elas podem “interferir” umas com as outras, ora reforçando-as, ora reduzindo-as. A idéia é usar a técnica para conseguir enxergar a luz diminuta de planetas fora do Sistema Solar.
Claro que nem valeria a pena buscar o mundo de Spock caso 40 Eridani A não pudesse ter um planeta assim. Mas, segundo o astrofísico Sean Raymond, da Universidade do Colorado em Boulder, a barra está limpa para a existência de Vulcano – ao menos em teoria. “Como os três membros do sistema estelar estão longe uns dos outros, eu não vejo razão que impedisse a formação de um planeta com a massa da Terra”, disse ele, em nota da Nasa.
Como a estrela é um pouco menor do que o Sol, esse hipotético planeta, para ser habitável, precisaria estar mais próximo dela – cerca de 60% da distância Terra-Sol, que é de cerca de 150 milhões de quilômetros. Na prática, isso quer dizer que um ano em Vulcano duraria aproximadamente seis meses terrestres.
Pelos cálculos de Angelle Tanner, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), a SIM poderia detectar esse mundo hipotético, fazendo uma “fotografia” rudimentar dele. Para um mapeamento mais completo, seria preciso esperar pelo lançamento de outra missão, chamada TPF (Localizador de Planetas Terrestres), que deverá vir depois dela.
Em tom de brincadeira, Tanner até especula como poderiam ser os habitantes de Vulcano – pálidos é a resposta. “Uma estrela anã K emite luz em comprimentos de onda que são mais avermelhados do que os do Sol, então eu fico imaginando se é mais difícil se bronzear lá”, diz.
Os resultados da simulação conduzida por Tanner serão submetidos para publicação da revista da Sociedade Astronômica do Pacífico, nos Estados Unidos.