Em algum momento antes de 2020, o veículo tripulado de exploração Orion levará quatro astronautas de uma vez à Lua e a suas regiões polares
Em dezembro, a Nasa anunciou planos de levar humanos de volta à Lua por volta de 2020. Os projetistas da agência espacial definiram que os lugares mais atrativos são as regiões polares. Apesar de as considerações dos engenheiros terem representado um papel importante na decisão, fatores astronômicos também foram fundamentais.
Primeiro, o eixo de rotação da Lua é quase perpendicular ao plano orbital da Terra – por razões que ainda não podem ser explicadas. Isso significa que alguns picos de montanhas, particularmente aqueles próximos ao pólo sul, permanecem permanentemente à luz do Sol. Coletores de energia solar poderiam operar continuamente para abastecer as bases avançadas humanas.
O alinhamento axial da Lua também deixa algumas crateras em escuridão perpétua. E de acordo com a teoria atual, elas estão assim por pelo menos 1 bilhão de anos. Essas regiões poderiam servir como depósitos de gelo de origem cometária e fonte de água.
Uma segunda vantagem astronômica provém da acessibilidade das regiões polares. Para expedições de superfície de longa duração, os pólos são os pontos mais acessíveis da Lua para o lançamento de uma nave de sua superfície que iria se encontrar com um veículo em órbita. Este, então, retornaria à Terra.
Levar um veículo da órbita para a superfície e retornar com ele à nave-mãe só pode ser feito quando o plano orbital desta nave passa perto do lugar de pouso. A rápida rotação da Terra coloca um ponto da superfície abaixo do plano orbital de um satélite duas vezes a cada dia – mas a Lua faz sua rotação muito mais lentamente.
Como resultado, os planejadores da Apollo usaram órbitas estacionárias levemente inclinadas em relação ao equador lunar. A órbita do módulo de comando cobria o ponto de pouso desejado, mas era inclinada o bastante para que poucos dias depois a rotação da Lua tivesse levado o ponto de pouso de volta para debaixo do plano orbital.
Para pequenas missões, isso é razoável. Mas para estadias mais longas na superfície lunar os exploradores não poderiam deixar o solo quando quisessem, porque o plano orbital da nave de retorno para a Terra poderia estar muito inclinado. Levar o veículo de pouso à nave em órbita poderia demandar muito combustível.
Agora, considere a janela de lançamento dos lugares próximos aos pólos lunares. Se o veículo de retorno está em uma órbita polar, ele passa perto do pólo mais ou menos a cada duas horas. O plano orbital da nave de retorno à Terra estará sempre próximo de veículos sendo lançados de cada região polar.
A Nasa tem muitos outros argumentos persuasivos para mandar humanos para as regiões polares da Lua. Mas as razões astronômicas e da mecânica celeste são as mais convincentes.