No fim do mês de março de 1990, em plena Páscoa, por três noites consecutivas a Força Aérea Belga foi colocada em alerta devido a presença de um estranho objeto voador que violou o espaço aéreo do país, principalmente próximo à Liège e às fronteiras alemã e holandesa. Imediatamente após cada registro do UFO, caças a jato F-16 eram lançados ao encalço do intruso, sem que se lograsse qualquer êxito. Ainda em abril, os belgas continuaram caçando o objeto durante algumas semanas, mas totalmente sem sucesso. No entanto, o único aspecto verdadeiramente positivo neste episódio foi o despertar das autoridades belgas e de outros países europeus para a questão ufológica. Algumas semanas depois, em 22 de junho, no QG da Força Aérea Belga, o coronel De Brouwer, chefe da Seção de Operações da instituição, convocou jornalistas e interessados para conhecer alguns dos resultados da caça: um filme obtido por técnicos do governo, mostrando um UFO no radar e parte das manobras com os F-16. Inclusive, foram as próprias autoridades aeronáuticas da Bélgica que se prontificaram a emitir parecer oficial, em rede nacional de TV, afirmando categoricamente que um UFO foi objeto de perseguição de caças a jato e concluindo que o Governo do país, a partir daquele instante, se dedicaria a investigar oficialmente o fenômeno.
Na área ufológica, geralmente são os menores países que dão exemplos vanguardistas aos maiores
Foi um verdadeiro choque: ninguém jamais esperava que um país europeu relativamente pequeno e pouco agitado se envolveria numa questão dessas, mas certamente foi positiva a declaração dos belgas – atraindo a atenção de ufólogos, cientistas, autoridades, interessados e até céticos para a questão. Jornalisticamente, o fato foi estampadamente noticiado em todos os continentes como o evento do ano, um sucesso de circulação. Mas o que de fato ocorreu nos bastidores do episódio? Na noite de 30 de março de 1990 surgiu o primeiro contato confirmado de radar, mas o eco recebido no instrumento era idêntico ao de um avião comum, embora a uma velocidade muito baixa para poder sustentar-se (cerca de 50 km/h) – o que inicialmente chamou a atenção dos controladores de vôo do país. Depois, o objeto simplesmente passou a mudar de curso e de altitude a todo instante, o que o caracterizou como um \’intruso não identificado\’ e, mais que isso, \’não convencional\’. Os militares emitiram vários sinais de rádio requisitando identificação da aeronave. que não transmitiu qualquer mensagem de volta.
Assim, 2 caças F-16, de fabricação norte-americana, foram inicialmente mandados para interceptação, mas simplesmente viram em suas telas de radar o invasor – “como uma pequena abelha dançando”, declararia mais tarde um dos pilotos – sem conseguir se aproximar muito. O Cel. De Brouwer chegou a ordenar aproximação máxima e tentativa de identificação, mas nada era conseguido. Mesmo assim, declarou que “a operação era um exemplo de interceptação bem sucedida”. “Nossos caças transportam mísseis ar-ar tão sofisticados que, baseados em dados fornecidos pelo computador de bordo, após disparados se dirigem automaticamente ao alvo, embora não os tenhamos usado no intruso; só queríamos identificá-lo…”, completou aos jornalistas convocados. Mesmo que tivesse ordenado abrir fogo – e não sabemos se de fato não ordenou! – não haveria muito tempo para os pilotos terem sucesso: o UFO, que até então já estava a cerca de 280 km/h, passou imediatamente para 1.800 km/h, mergulhando de uma altitude de 3.000 para menos de 1.700 metros – “isso tudo numa fração de segundo”, confidenciou outro piloto. A aceleração foi considerada fantástica e \’não-humana\’ pelos militares; se fosse feita num equipamento convencional, como um F-16, sua estrutura não agüentaria e causaria a morte imediata da tripulação. Mas suas inexplicáveis manobras não pararam: dos 1.700 metros de altitude, mergulhou ainda para menos de 200 metros, fugindo de uma vez dos radares das aeronaves e de solo.
O UFO ficou \’às escuras\’ por vários minutos; ninguém poderia localizá-lo. “Mas, mesmo que pudéssemos localizá-lo, os F-16 não teriam condições de acompanhar o artefato à uma altitude tão baixa, já que sua velocidade mínima é de 1.300 km/h e não poderiam mantê-la a essa altura”, disse De Brouwer. E mergulhos, subidas fantásticas, acelerações e desacelerações foram executadas pelo UFO com a maior facilidade, como se estivesse brincado com os caças. Um bom número de testemunhas pôde até acompanhar as manobras do solo, algumas vezes vendo o UFO e seus perseguidores no céu. Toda a operação, apenas nessa noite, durou 75 minutos seguidos.
O UFO na Bélgica acordou os cientistas de todo o mundo e tirou de vez seu sono; agora resta pesquisar
O professor Jean-Pierre Petit, um ex-tenente da Aeronáutica francesa e \’expert\’ em UFOs, quando consultado sobre a operação de interceptação aérea, declarou: “Não existe hoje nenhum aparelho fabricado pelo homem, seja avião ou míssil, capaz de tais manobras verificadas na Bélgica, principalmente voar a velocidades supersônicas sem o característico estrondo (rompimento da barreira do som). Vivemos numa época de transparência nas ações dos governos. E, em se tratando de UFOs, é o fim do charlatanismo, pois os verdadeiros cientistas estão entrando em cena…” Num caso como esses, no entanto, há sempre 2 lados de uma mesma moeda: o lado público, aqui traduzido pelo que as autoridades permitiram que a população soubesse, e o lado oculto, que é composto por aquelas informações muito sensíveis e delicadas, que precisam ser escondidas da opinião publica.
E houve um pouco de cada também no episódio belga, como era de se esperar. A ufóloga e jornalista Lucy Kellaway estava no país e acompanhou ou fatos, inclusive os \’ocultos\’, relatando-nos tudo. Segundo Lucy, duas aeronaves supersônicas belgas, equipadas com câmeras que operam no infravermelho, além de vários outros sofisticados sensores eletrônicos, ficaram quase que ininterruptamente patrulhando os céus do país em busca por novos indícios do UFO – um objeto triangular de grandes proporções. No entanto, cada nova aparição do objeto era feita tão rapidamente e em lugares diferentes que os jatos não tiveram grande sucesso. Em terra, por sua vez, as autoridades locais destacaram boa parte da força policial belga, que manteve uma constante vigilância diurna e noturna (vigília), ajudada por mais de 1.000 civis de todo o país – voluntários que também queriam ver o objeto e entrar para a \’história\’. Ao longo da fronteira com a Alemanha, numa atitude inédita para um governo, nada menos do que vinte placas luminosas com avisos foram colocadas. “Cuidado: objeto voador não id
entificado”, estava registrado nelas!
Em 4 meses, nada menos do que 800 ocorrências com UFOs foram registradas só pelas autoridades belgas
Mas as autoridades belgas, reconhecidas como entre as mais zelosas e metódicas do mundo, tinham razão para se alarmar e fazer tanto estardalhaço: desde dezembro do ano anterior foram registrados cerca de 800 avistamentos de UFOs no país – e como um fenômeno constante, alguns foram examinados pelo próprio Governo, enquanto muitos,outros foram cuidadosamente estudados pela Sociedade Belga de Estudos de Fenômenos Espaciais (SOBEPS, Societé Belge d\’Études des Phénomènes Aérospatiaux) – uma das mais antigas e renomadas organizações ufológicas de todos os tempos. Mas mais surpreendente ainda foi como o Exército belga encarou o episódio. Há muito tempo que as autoridades do país consideram os UFOs e esses avistamentos meramente como uma espécie de curiosidade – “curiosidade técnica”, termo que elas mesmo usavam quando se referiam ao assunto em seus boletins. Além disso, sempre consideraram que o importante não é os UFOs existirem ou não, mas sim que tais intrusos nunca demonstraram sinais de agressividade. É claro que se os ETs fossem malévolos, os militares belgas agiriam de outra forma e a coisa toda seria bem diferente!
A operação que desencadeou intensas buscas aéreas e com radares, além da atividade de vigilantes em terra, ficou conhecida como Operação Páscoa, e foi a primeira que se tem notícia em todo mundo (divulgada e admitida publicamente por um governo) a fazer uma confrontação entre forças terrestres e extraterrestres. Redes de TVs de todo o globo acompanharam cada uma das manobras, ou, pelo menos, aquelas que se destinavam a satisfazer a opinião pública, já que há o outro lado da moeda, como já dissemos. As equipes de TV chegaram a se instalar ao lado do campo de um pouso, num frio de quase zero grau, para fazerem as primeiras filmagens do UFO, caso ele aparecesse novamente. Por várias vezes o UFO foi visto do solo, mas as equipes não puderam filmar muito devido às terríveis condições atmosféricas; nenhum filme realmente prestou, exceto um, ainda que curto, feito por uma equipe mais bem preparada – mas foi imediatamente requisitado pelas autoridades aeronáuticas e não foi devolvido ainda!
No céu, os caças tinham trabalho ainda maior: a cada vez que o UFO era detectado no radar, os caças eram colocados ao seu encalço, mas apenas para aproximarem-se do misterioso intruso e vê-lo disparar a altíssima velocidade… Para complicar ainda mais os trabalhos dos militares belgas, havia uma camada de nuvens bem baixa no céu e o UFO insistia em ficar abaixo dela, pairando praticamente poucos metros acima dos telhados. Mesmo assim, os pilotos tiveram várias chances de observar o objeto, com um formato nada aerodinâmico, pois era triangular. Mas, por ordens superiores (o tal outro lado da moeda), juraram segredo militar total sobre o assunto até que o ministro de Defesa da Bélgica “tivesse tempo suficiente para examinar as evidências filmadas (também confiscadas), os relatórios de técnicos e outras declarações de populares”, segundo pôde-se ler num relatório preliminar.
Os militares belgas quase imitaram seus colegas terceiro-mundistas, mas prometeram e cumpriram
Somente quando isso tivesse sido feito, e quando as autoridades pudessem confirmar que não havia defeito em seus radares, assim como que o UFO é inofensivo para a população, o \’segredo\’ poderia ser revelado… Foi surpreendente, mas as promessas do ministro da Defesa belga, dos militares e de boa parte de suas autoridades – que durante algum tempo pareciam até terceiro-mundistas se confirmaram: um relatório, embora nada completo, foi divulgado algumas semanas depois. No entanto, muitos dados essenciais faltavam no documento, assim como os vídeos de boa qualidade confiscados! Os militares até tentaram justificar sua omissão neste aspecto, afirmando que a Operação Páscoa não tinha tido êxito em contatar o UFO, e que, por Isso, nada tinham muito a declarar. Oras, era mais que óbvio que não conseguiriam jamais um contato com os ETs, pelo menos não nos moldes que conhecemos, já que nunca se obteve resultados em estratégias como essa.
Mas o que a população belga (e mundial) quer saber diz respeito aos detalhes de toda a operação, os detalhes da característica e movimentos do UFO etc. Mesmo assim, longe de ser um fracasso, a perseguição ao UFO pareceu ser mais convincente do que todas as outras já realizadas anteriormente, inclusive no Brasil. Até cientistas belgas engajaram-se na operação, o que é algo mais ou menos inédito: chegaram a produzir uma clara imagem do que seria o objeto misterioso, correspondente aos registros de radar, às observações dos pilotos e aos relatórios de avistamentos feitos a olho nu por populares. Segundo os técnicos do Ministério de Defesa, o UFO era um triângulo de 30 a 50 metros de diâmetro, tinha várias luzes dos lados, uma vermelha, uma verde e uma branca. Além disso, tais luzes eram peio menos 10 vezes mais brilhantes que qualquer estrela visível, emitia um ruído ou assobio muito agudo e sua parte inferior era abobadada, ligeiramente convexa.
Um jornal do país satirizou todo o episódio, publicando uma matéria que dizia que os Belgas estavam inquietos por causa do descobrimento de UFOs rondando seu espaço aéreo. “Mas, por outro lado, descobriram um novo e agradável uso para sua Força Aérea, uma vez que seus serviços estavam sendo utilizados cada vez menos pelos terráqueos do país”, fulminou. Agora aguarda-se com muita ansiedade que o país oficialize a pesquisa ufológica e remunere os pesquisadores já cadastrados, nos moldes do que a França fez há quase 15 anos, fundando o Grupo de Estudos de Fenômenos Aeroespaciais (GEPA, Groupment d Études des Phénomènes Aerospatiax), dentro do próprio Centro Nacional de Pesquisas Espaciais, uma espécie de NASA francesa.