Brasil está vivendo uma febre ufológica, ainda mais depois das primeiras notícias a respeito do Chupacabras. Os casos se alastraram por todo nosso território e cada dia mais estão surgindo ataques do alegado ser. Somente este ano são centenas de relatos que afirmam ter tido contato direto ou indireto com a criatura. Um deles ocorreu entre 27 de abril e 02 de maio último, quando a manicure Maria Vera Lúcia Rosa, em Sumaré (SP), presenciou o aparecimento de uma estranha criatura de forma animalesca.
Conforme a manicure, as características da criatura assemelhavam-se com as do ser popularmente conhecido como Chupacabras. Quando retornava da casa de sua irmã, passando por um terreno baldio na própria rua onde mora, em frente a um bar distante cerca de 100 m de sua residência, a senhora subitamente deparou-se com uma incomum entidade, a qual ficou sob duas patas e permaneceu face a face com Maria Vera.
Assustada, a testemunha seguiu em direção à sua residência. Ao se aproximar, não viu mais o ‘bicho’ que tinha possivelmente pego a direção de uma viela existente na região. “Aquele ‘macaco’ enorme e horroroso”, como descreveu, “…era gigantesco”, quadrúpede e muito rápido. Com características físicas iguais ao desenho publicado na revista Já, em 27 de abril. Porém, com o focinho mais comprido, “tipo de macaco”, bem mais forte e peludo na região dos membros inferiores e com o corpo mais avantajado. “Um monstro horrível”, narrou Maria Vera.
O suposto animal, de cor marrom escura, olhos vermelhos e esquisitos, superficialmente parecido com um cachorro gigantesco, exalava insuportável cheiro de carniça e não emitia som. Sua altura, sob duas patas, era maior que a da testemunha. No dia seguinte, a mulher contou o fato para sua irmã, Aparecida das Graças de Souza. “Eu vi uma obra maligna enorme”, disse, “…só não desmaiei porque tenho muita fé”. Cida opinou: “Isso é obra maligna mesmo. Ou é o Satanás que está aí transformando-se em cachorro”.
Maria Vera acrescentou ainda que uma amiga sua, Irene Rodrigues da Mata, dias mais tarde também avistou a criatura. Quando caminhava pelo bairro, encontrou um cão enorme, como relatou. “De quatro, com o tamanho de um bezerro e comendo lixo. Quando ela viu o monstro, entrou rapidamente em sua casa”, declarou a manicure.
Sumaré na rota do Chupacabras – Conforme as testemunhas, “o guarda noturno do bairro, Luís Carlos, também comentou que tinha visto cinco vezes o ser numa mesma noite, quando perguntamos a ele se nunca observara algo diferente em sua ronda noturna”, informaram as irmãs. O bicho “já matou duas vacas e um monte de cachorros, creio. Aliás, eles nunca estiveram tão agitados. É incrível! A cachorrada late a noite inteira e você não ouve outro barulho. Eu nunca vi desse jeito”, depôs Aparecida.
No dia 29 de abril último, por volta das 05:00 h, o senhor Alírio Rodrigues da Mata, morador do Bairro São Domingos, foi testemunha ocular de uma estranha ocorrência. Quando saía para trabalhar, surpreendeu-se com uma incomum entidade que passou a cerca de quatro ou cinco metros dele, perto de sua residência. Chocado, o jardineiro da Prefeitura Municipal correu em direção à sua casa, viu o ser com “formato de cachorro, só que muito grande”, conforme sua declaração, trotar sob quatro patas em direção a uma avenida, desaparecendo em seguida.
A criatura magra, de tórax fino, tinha a coloração do pêlo inteiramente escura. Possuía um rabo comprido semelhante ao de um cachorro. Não fazia barulho e não exalava odor algum. Sua altura, de acordo com o jardineiro, era de 1,3 metros estimadamente. Em nenhum momento a criatura ficou sob duas patas. Como a observação deu-se em ângulo lateral, a testemunha não pôde descrever a face do ser. Embora conheça uma diversidade de animais, Alírio fez questão de frisar que nunca vira criatura semelhante àquela. “Eu a vi primeiro. Depois a dona Vera, e então minha filha Irene também viu”, revela o morador.
Cara de macaco – Mas o testemunho mais significativo ocorreu na noite de 17 de maio, por volta de 23:00 h. O senhor Anísio Cacheta, residente no Jardim Primavera, viu um desconhecido ser de coloração forte. Quando ia a uma horta comunitária pegar ramos de arruda a fim de fazer remédio caseiro, no caminho, surpreendeu-se com invulgar criatura que passou por si a uma velocidade extremamente alta. “Corria mais do que gente”, descreveu. “Aquela coisa feia estava sob duas patas e era seguida por cachorros que não a alcançavam e para os quais nem olhava. Dava medo”, relatou o mestre de obras. O curioso é que a criatura era peluda e encontrava-se na mesma posição corporal do desenho de Madeline Tolentino (de Porto Rico), com membros superiores direcionados para a frente. Sua altura era de aproximadamente 1,6 metros.
Ainda conforme sua caracterização, o ente tinha cara de macaco. Em comparação aos desenhos de Madeline, possuía focinho mais cumprido, longo e meio arredondado. Em suas costas havia espinhas pretas. Sua passada era larga, grande, porém típica de um animal não muito pesado, uma vez que não se escutavam barulhos de seus passos. Suas patas inferiores eram meio arredondadas, cumpridas, com formato elíptico, corte no meio e grande quantidade de pêlos. O rabo era curto e não chegava a tocar o solo. Não se pôde notar os membros superiores do hipotético animal e não se percebeu fetidez ou ruído algum.
No fim de maio último, registrou-se mais um evento. Desta vez em Rafard (SP), cidade próxima a Sumaré. Em uma certa manhã, num sítio, o caseiro, que declarou nada ter visto ou ouvido antes do fato, encontrou uma das cabras da propriedade morta, com orifícios incomuns pelo corpo, além da ausência de suas orelhas. O CEPEX esteve no lugar e observou que tais orifícios não pareciam buracos de balas, já que não havia estilhaço algum em seu interior. Segundo o policial que acompanhou o grupo na diligência, “…se fosse tiro, teria estourado o globo ocular do animal, tendo em vista o local do ferimento. Mas ambos estavam intactos”.
Constatou-se que, abaixo do focinho do animal, alguns ossos estavam expostos. Em uma das faces havia dois furos grandes, além de outro acima de uma das orelhas. Na nuca, outro orifício, tal qual acima de uma das patas dianteiras. Ainda observaram-se sinais de arranhões em outra pata, possivelmente causados por garras. “O tecido muscular estava cortado, como se tivesse sido fatiado”, relatou o oficial.
“Uma vez aconteceu um fato aqui em Rafard. Vimos UFOs e chamamos um rapaz para registrar. No outro dia, a Imprensa foi à minha casa, mas o comando do batalhão não me autorizou a dar entrevista. Mesmo porque a intenção do alto comando é não gerar pânico na população. Eles não autorizam. Eles não querem que se mencione o fato: querem que o contornem da melhor maneira poss&iacu
te;vel, para que não haja dúvida nos moradores de que o que vem atacando aqui seja um felino, um animal que fugiu de algum zoológico, de algum criador. Mas eu não acho que seja isso. Acho que se fosse um felino que tivesse atacado aqui, em primeiro lugar, ele não iria atacar e ir embora, mas sim matar para comer”.
Não pudemos ver o cérebro do caprino, o que sugere que o mesmo tenha sido retirado do interior do animal. “Não sei se foi cachorro ou gente. Mas o fato não é normal”, disse Luís Antônio Cornin, proprietário do sítio. Ele não acredita muito na existência do fantástico ser. Por isso, também poderia tratar-se de alguma seita religiosa. No local, não foram encontradas evidências, nem mesmo marcas ou pegada alguma. O sangue da vítima, dessa vez, não foi drenado. Um fato comum, observado tanto em Rafard como em Campina Grande do Sul (PR), o qual vem adequar-se aos demais casos sem qualquer explanação aparentemente plausível, foi a ausência das orelhas das vítimas, o que sugere, no mínimo, uma linha específica de ataque padronizado, uma particularidade intrínseca de ação.
Fotografia anônima – No dia 04 de junho de 1997, o senhor José Carlos Daros, proprietário do jornal O Semanário, da cidade de Rafard, recebeu uma carta anônima, datada de 02 de junho, que trazia uma suposta foto do Chupacabras. O CEPEX se dirigiu a essa localidade, com o intuito de apurar a evidência. A carta anônima foi redigida ao jornalista, e trazia em seu texto explicações das circunstâncias em que se deu tal registro fotográfico. Vejamos a transcrição da mesma:
“Quarta-feira passada, dia 28 de maio, eu e mais dois parentes de uma cidade vizinha estávamos pescando em um lugarejo chamado Passagem de Pedra, e ficamos lá até à noite. Já eram mais ou menos 20:00 h quando começamos a juntar tudo para irmos embora. Foi então que ouvimos alguma coisa fazendo barulho no mato à nossa frente, vindo em nossa direção. Meu parente, que tinha levado uma máquina fotográfica, falou: ‘Deve ser uma capivara. Fiquem quietos. Se ela se aproximar da água vou tirar uma foto dela’.
“De fato: daí a pouco, surgiu bem à nossa frente um vulto abrindo o taboal. Como estava muito escuro, não deu para ver o que era. Então meu parente tirou a foto. Mesmo com o clarão do flash, não deu para ver que bicho era, e só o que ouvimos foi uma espécie de ronco grosso, e depois um barulhão de mato sendo quebrado, e afastando-se de nós. Com medo, saímos de lá rapidamente, pois a única arma que tínhamos naquele momento era uma faca.
“Agora, depois de revelada a imagem, deu para ver que não era uma capivara, mas sim um bicho bem maior e bem diferente. Resolvemos lhe enviar a foto, se quiser publicar, fica a seu critério. Também resolvemos não nos identificar, pela simples razão de que, em cidades pequenas como a nossa, qualquer assunto é motivo para gozações. E francamente, não temos mais idade para sermos alvos de chacotas. Não é nossa intenção fazer alarde, mas sim prevenir os que costumam pescar daqueles lados, pois como já dissemos, não sabemos o que era aquilo”.
Contudo, obviamente, precisar-se-iam de exames mais complexos e específicos, a fim de se determinar a autenticidade da imagem, a genuinidade de procedência da mesma, como também verificar se a entidade não era qualquer espécie animal já classificada biologicamente. A par do fato, o CEPEX recorreu a biólogos, zootécnicos e demais cientistas, com a finalidade de tentar determinar a possível procedência do ser. Em 09 de junho, para dar continuidade às investigações, estivemos na clínica veterinária Espaço Animal e no Zoológico de Americana. Lá, apresentamos as fotos da entidade registrada em Rafard ao veterinário Gustavo e ao biólogo Zápia.
Discrepância fotográfica – A primeira impressão desse pesquisador foi a de que se tratava de um símio do tipo macaco prego, tendo em vista que a parte de cima da cabeça era de coloração clara, o que é típico desses animais. Afirmação esta que foi confirmada por outro biólogo e pelo doutor Gustavo. Olhando de forma mais precisa, com o auxílio de uma lupa, Zápia constatou que a dentição do ser nada se assemelhava com a de um macaco prego ou a de qualquer outro símio conhecido, devido ao fato de ter dentes pontiagudos, encontrados apenas em répteis.
Observou-se que a boca do ente da fotografia era muito grande em relação ao tamanho da cabeça, e que as partes mais brancas, que aparentemente lembravam presas, na verdade não pareciam ser dentes, uma vez que o espaçamento entre uma e outra não era nada convencional. De acordo com Zápia, a imagem aparentava ser uma montagem feita por alguém. O biólogo notou também que o brilho nos olhos do ser parecia um pouco frio, o que dava a entender tratar-se de um animal empalhado ou embalsamado possivelmente por meio de taxidermia. O profissional observou que a boca era muito grande, artifício este plausivelmente feito pelos possíveis fraudadores. O biólogo considerou também a hipótese de a dentição do animal ser na realidade um aparato pueril de plástico, uma espécie de dentadura de vampiro, muito utilizada por crianças em brincadeiras.
A boca do ser era muito grande em relação à cabeça, e as partes brancas, na verdade, não pareciam ser dentes. O brilho nos olhos parecia um pouco frio, o que dava a entender tratar-se de um animal empalhado. Sua dentição assemelhava-se a um aparato pueril de plástico, uma dentadura de brinquedo
Tal qual Gustavo, Zápia achou estranho o fato de as pessoas estarem no lugar certo, na hora certa e com uma câmara fotográfica em mãos, e sugeriu ainda que deveria se tratar de uma simulada fraude análoga àquela, a fim de se comparar a possibilidade de se fazer algo semelhante. Com intuito de buscar mais informações a respeito da fotografia, nós e o ufólogo Antônio Faroni, do CEPEX, dirigimo-nos ao Instituto de Biologia da Unicamp, onde Gustavo e Zápia apresentaram a fotografia aos especialistas. Ao analisar visualmente a fotografia, o responsável concluiu tratar-se de um bugio [uma espécie de primata existente na selva amazônica].
Mas ao comparar a imagem com uma espécie taxidermizada, descartou totalmente essa hipótese. Disse ainda que a dentição do suposto animal não era compatível a nenhuma espécie de mamífero de seu conhecimento. Segundo nos informou, o bugio é um animal que não desce ao solo, principalmente à noite, seus hábitos são diurnos e vivem em cima de árvores. Na tentativa de encontrar outro animal que pudesse ser comparado ao da fotografia, percorremos diversos laboratórios daquela universidade e ouvimos outros biólogos e especialistas, mas todos foram unânimes: tratava-se de uma criatura incomum.
Na falta de explicação l&
oacute;gica para a imagem, os cientistas preferiram ficar com a hipótese de fraude fotográfica e recomendaram uma visita ao Instituto de Fotografias. Então fomos à procura de um especialista que ao examinar a imagem tirou a seguinte conclusão: “Certamente esta fotografia não é uma sobreposição de imagem e nem uma montagem feita em estúdio. Se for uma fraude, ela foi feita no local. Nota-se também que foi utilizada uma máquina comum, sem recursos de lente, e pela claridade do flash, o fotógrafo estava no máximo a 4 m de distância”. Seria essencial que o negativo estivesse em nossas mãos para uma análise mais detalhada, mas as pessoas que tiraram a fotografia não se identificaram – motivo pelo qual optamos por não divulgar nenhum laudo conclusivo a respeito.