Agora que algum se passou desde a revelação dos alegados slides de Roswell, o que eu fiz, como alguédm que investigou UFOs para o governo britânico, foi pensar a respeito desse caso, e o que ele indica sobre o atual estado da Ufologia. Meu único envolvimento direto nele foi meu papei como jornalista e divulgador, relatando a história na imprensa em geral. Reconheço que, a respeito dos slides de Roswell, essa era uma história a ser divulgada, portanto entrei em contato com o Daily Mirror, um dos jornais diários da Grã-Bretanha. Fui citado em três histórias de uma série que eles publicaram a respeito do assunto, antecipando a revelação, no momento de sua divulgação, e imediatamente em seguida ao evento na Cidade do México.
Esses artigos do Daily Mirror foram depois republicados por outros veículos da mídia, e a cobertura a respeito do caso se ampliou. Entretanto, a extensão da cobertura de imprensa não chegou de forma alguma ao que foi na época do filme da suposta autópsia alienígena de Ray Santilli, ou outras grandes histórias sobre UFOs, como quando eu divulguei a liberação de novos arquivos ufológicos do governo britânico. E isso é o primeiro destaque que quero fazer. Apesar da enorme quantidade de informações sobre os slides de Roswell em vários sites de Ufologia, fóruns e no Facebook, a cobertura da mídia foi muito pequena. Ou seja, essa foi uma grande notícia na comunidade ufológica, mas não para o público em geral.
O segundo ponto que quero destacar é que ufólogos se vêem frequentemente apanhados na torrente de notícias sobre um assunto, e encontram dificuldade em ter uma visão ampla da matéria. Assim, enquanto aqueles contrários e outros favoráveis aos slides de Roswell debatiam todo tipo de menores questionamentos, poucas pessoas consideraram a grande questão: “Se o governo norte-americano realmente tinha cadáveres alienígenas em sua posse, como estes eram conservados?”. A resposta a essa pergunta, para qualquer um observando os slides de Roswell, é: “Não dessa forma!”.
QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS
Trabalhei por 21 anos para o Ministério da Defesa Britânico (MoD), conheço bastante a respeito de como informação altamente classificada é manejada. Se os militares dos Estados Unidos capturaram cadáveres extraterrestres e mantiveram isso em segredo, isso seria tratado como Top Secret, informação sensível compartimentalizada, e tratada de acordo. A história sendo contada sobre os slides de Roswell não faz o menor sentido se vista sob a perspectiva de segurança de informações sensíveis. Isso ilustra bem um ponto fundamental: às vezes vale a pena deixar de lado a busca por respostas a perguntas que já foram feitas, e considerar outras questões que sejam mais úteis de ser perguntadas.
Ainda há muita discussão e debate a serem feitos a respeito dos vários indivíduos envolvidos nesse caso, sejam organizadores ou os que endossaram os slides. Algum deles sabia ou suspeitava da verdade, e não disse nada? Os envolvidos fizeram a melhor pesquisa possível a respeito? Tratou-se de uma fraude, e nesse caso, quem foram os responsáveis, e quem foram as vítimas? E o que podemos dizer das questões legais? Houve conversas sobre ações na Justiça, mas algumas questões foram levantadas: Se houve um delito seria fraude, quebra de contrato, ou ambos? Seria aplicada a lei dos Estados Unidos ou do México, e o fato de muitas das transações terem sido realizadas online criou uma questão de jurisdição? Quando Ray Santilli vendeu os direitos sobre o uso de trechos e imagens do filme da autópsia, ele o fez baseado em parecer jurídico, sem dúvida preparado por um advogado experiente na indústria do entretenimento. Os promotores dos slides de Roswell fizeram o mesmo?
Relacionado a tudo isso estão as declarações divulgadas após todo esse caso. Alguns dos envolvidos persistem em suas alegações, enquanto outros mantém o silêncio, talvez pretendendo fugir das indagações gerais. Alguns divulgaram pedidos de desculpas, enquanto outros publicaram textos cuidadosos tentando se distanciar de toda a situação. Com as incertezas quanto à questão legal, não está claro a repercussão de cada atitude desses indivíduos, porém eu suspeito que muitos dos que foram ao evento na Cidade do México eram vítimas. Sua única culpa foi serem crédulos demais, e um pouco ansiosos por tomar parte de algo que, a seu ver, seria uma grande história, boa para suas carreiras. Reputações estão em frangalhos, mas o tempo é um grande curandeiro, e talvez alguns deles sejam capazes de se distanciar da situação, se não com a lei, ao menos com a comunidade ufológica. Dependerá do grau de envolvimento, e da sinceridade das desculpas agora que foi revelado que a imagem era de uma múmia, além das incertezas da natureza humana, e para quem estuda a Ufologia, será interessante de assistir.
QUAL O FUTURO DA UFOLOGIA?
Se querem mesmo chegar ao fundo disto, sigam o dinheiro, não a múmia. Muitos dos que concordaram em participar como “elenco de apoio” provavelmente foram para a Cidade do México e se hosperadam por sua conta, por um pequeno honorário que provavelmente pouco ajudou em suas despesas. Como eu já disse algumas vezes antes, as pessoas que vocês vêem em eventos e congressos ufológicos vendendo seus livros e DVDs, quase sempre produzidos por sua conta ou pelo sistema sob demanda, não estão enriquecendo com isso. Falando de forma geral, são os organizadores dos eventos e os produtores dos filmes que recolhem a maior parte do dinheiro gerado nesses eventos, e não os ufólogos. A última questão que eu gostaria de apresentar diz respeito às consequências em geral para a Ufologia de todo esse episódio. Minha previsão talvez seja surpreendente, mas eu suspeito que isso terá muito pouco efeito no longo prazo.
Por quê? Voltando ao ponto da pequena cobertura da imprensa a respeito do caso, lembro de um velho ditado que temos na mídia da Inglaterra,
o jornal de hoje vai amanhã ser utilizado para embrulhar peixes e batatas. A imprensa em geral se movimenta com rapidez, e a mesma coisa é verdade para a comunidade ufológica. Novos avistamentos e casos irão acontecer, novas histórias emergir, e controvérsias novamente irão irromper. Alguns apontaram o caso como o fim da Ufologia, outros como o início de uma nova era, e ambos estão errados. Não é o fim da Ufologia, nem uma nova era. A Ufologia é simplesmente grande e multifacetada demais, e há muita inércia para que algum incidente, ou mesmo revelação de documentos ou o que for, para mover o assunto súbita e significativamente em uma nova direção. A Ufologia daqui um ano será praticamente a mesma de hoje, e os slides de Roswell serão em grande parte esquecidos.
Confira a coluna de Nick Pope no UFOdigest
Matéria do Daily Mirror tratando o caso como falha épica
Chinês preso por criar falso ET
Parafuso de 300 milhões de anos é fóssil
Refutada alegação de vida alienígena em meteorito
Alegado cadáver alienígena é humano
A farsa de Marte tão grande quanto a Lua se repete
Imagem dos slides de Roswell era de uma múmia
Saiba mais:
Livro: Contatados
Um dos mais fascinantes e polêmicos aspectos do Fenômeno UFO é agora dissecado por um dos mais produtivos ufólogos brasileiros. O historiador Cláudio Tsuyoshi Suenaga, consultor da Revista UFO por mais de 12 anos, apresenta em seu primeiro livro uma retrospectiva de todos os mais importantes casos de contatados da Ufologia Moderna, de George Adamski a Sixto Paz, de Billy Méier a Plínio Bragatto, de Aladino Félix a Claude Vorillon Rael. Dezenas de casos de alegados encontros entre humanos e seres extraterrestres ocorridos em todo o mundo são descritos e analisados por Suenaga, que ainda apresenta um panorama dos contatos mediúnicos com aliens, examinando as mensagens recebidas por “porta-vozes cósmicos”.