A revista eletrônica Space.com publicou uma lista com os 10 maiores mistérios do espaço descobertos em 2002, que vão ocupar os astrônomos neste e nos próximos anos. “O engraçado sobre novas descobertas é que elas produzem, com freqüência, novos mistérios para a humanidade”, disse Robert Roy Britt, um dos editores da publicação. Para ele, 2002 não foi exceção, já que muitas descobertas importantes da ciência espacial criaram problemas incompreensíveis para os astrônomos. Britt ainda crê que precisaremos de muitos anos para decifrar os enigmas surgidos no ano passado. Veja abaixo quais são os 10 maiores deles.
Energia Escura
Ninguém sabe exatamente o que é, mas oficialmente é uma forma de energia repelente e mais poderosa do que a gravidade, que é atraente. Enquanto a gravidade mantém galáxias unidas, alguma força desconhecida estaria trabalhando nos bastidores para separá-las. Os cientistas só tomaram conhecimento da existência dessa forma de energia – que ocuparia 30% do espaço – quando descobriram que o universo está em acelerada expansão.
Água em Marte
Apesar das duas descobertas de água congelada em Marte no ano passado – uma perto do Pólo Sul e outra na superfície da calota polar norte do planeta –, ninguém pôde averiguar ainda se há água em estado líquido em nosso vizinho. Essa seria uma condição essencial para existência de vida como a conhecemos. A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) continua procurando indícios de vida no Planeta Vermelho.
Centro Escuro da Via Láctea
Parece haver alguma coisa arrefecendo o apetite destruidor de um buraco negro que se acredita existir no centro da nossa galáxia. Em outubro de 2002, astrônomos observaram uma estrela orbitando tal buraco negro, que ancoraria a Via Láctea. Essa descoberta prova muito do que se pensava sobre a galáxia, mas justamente menos que o buraco negro realmente está lá.A região em torno destes corpos estelares costuma ser altamente ativa. Equipamentos como os do Observatório Chandra de Raios X são capazes de captar os enormes raios liberados pelos buracos negros quando devoram matéria pela frente. Já o nosso buraco negro parece ser medíocre, pois não tem apetite suficiente para tal. Em novembro de 2002, outro estudo mostrou dois buracos negros em fusão iminente no centro da galáxia.
A Origem da Vida
Tentar entender a origem da vida não é muito fácil. Por mais que avancemos, sempre acabamos no mesmo lugar. Não há muitos dados com que trabalhar para se encontrar a resposta, e a Terra não tem registro do que aconteceu bilhões de anos atrás, quando a vida estava sendo formada. Cientistas concordam, no entanto, que a vida pôde sobreviver a uma viagem de Marte à Terra dentro de uma rocha expelida pelo impacto de um asteróide naquele planeta. A comunidade científica internacional, no entanto, acredita que vida na Terra foi cozida em uma sopa de substâncias químicas pré-bióticas aqui mesmo no planeta. Os ingredientes – água e moléculas orgânicas – podem ter vindo do espaço, mas a Terra provavelmente atuou como incubadora. A resposta ao enigma irá resultar em quão provavelmente a vida pode ter começado em algum outro lugar, em Marte ou em torno de outra estrela.
Segredos Lunares
Um estudo publicado em julho de 2002 mostrou que há cerca de cinco toneladas de pedras terrestres em toda a superfície da Lua. Essas pedras contêm informações sobre a composição da Terra e sua atmosfera quando ainda jovem, e possivelmente sobre a origem da vida. A questão é que ninguém pode afirmar que essas pedras estão lá ou podem ser resgatadas, mas os cientistas estão otimistas. “Esse estudo nos dá uma razão para voltar à Lua e olhar para ela como uma janela para a jovem Terra”, diz John Armstrong, da Universidade de Michigan.
Estamos Sozinhos?
Astrofísicos, astrônomos e cosmólogos sempre olharam para o espaço procurando outros planetas que poderiam abrigar vida. Quando foram descobertos gigantes corpos gasosos, em 2001, girando em outro sistema estelar, os cientistas começaram a questionar se o nosso sistema seria padrão para tudo isso. Em junho do ano passado, novos planetas do tamanho de Júpiter foram encontrados em órbitas similares à desse planeta. Desde então, os estudiosos vêm olhando para o céu à procura explicação para tais fenômenos. Um estudo estimou que há bilhões destes corpos no espaço, e pouca gente duvida da presença de planetas rochosos girando em órbitas iguais à da Terra. Nenhuma prova disso, contudo, deve surgir em 2003. Este é um mistério que provavelmente não será solucionado até que uma nova geração de telescópios espaciais seja lançada. Outro estudo publicado no ano passado diz que as chances de existência de vida extraterrestre em planetas semelhantes ao nosso são de um em 3. A maioria dos cientistas procura vida na forma de micróbios, mas um grupo de cosmólogos busca sinais de vida inteligente. Ninguém sequer cogita a existência de UFOs visitando a Terra…
Sol Enigmático
No ano passado, uma série de detalhadas fotografias do Sol revelou estruturas em forma de canal saindo de regiões brilhantes e indo para pontos escuros da estrela. As estranhas estruturas são compostas de energia magnética e são extremamente quentes, mas isso é tudo o que se sabe sobre elas. O que as gera ainda é um mistério. “O que acontece exatamente e por que esse tipo de estrutura é formado, ainda não sabemos”, disse Dan Kiselman, que participa do estudo.
Idade do Universo
Os cientistas estão de comum acordo sobre como o universo primordial foi formado, mas começam a questionar quando a atual era do cosmos teve início. Dados apontavam para algo entre 12 e 15 bilhões de anos atrás, até que imagens feitas pelo telescópio Hubble, em abril de 2002, balançaram essa crença e estimou a idade entre 13 e 14 bilhões de anos. Não dá pra dizer quando uma resposta precisa será apresentada, mas pode-se prever a possibilidade de que outra estimativa surja em 2003.
Planetas Desaparecidos
No ano passado, o teórico Alan Boss, da Instituição Carnegie, de Washington, desenvolveu uma idéia radical sobre o mecanismo de formação dos dois gigantes gelados mais distantes do nosso Sistema Solar: Urano e Netuno. Boss sustenta que quatro grandes planetas de nosso sistema tenham sido formados a partir de nuvens gigantescas de gás e poeira, e não de objetos rochosos, como sustentava o modelo anterior. Para apoiar sua teoria, e também a origem de Urano e Netuno, que pelo modelo padrão nem
existiriam mais na órbita do Sol, o teórico colocou o Sistema Solar em uma outra parte do espaço.
Ele escolheu uma região de intensa formação de estrelas, de modo que sua radiação ultravioleta daquelas mais próximas pudesse colocar Urano e Netuno de volta aos seus devidos lugares em nosso sistema. Deu certo, por enquanto. Os astrônomos estão muito céticos porque agora há uma velha teoria que não funciona e uma nova que é, nas palavras de seu criador, uma idéia sem sentido, mas que funciona. Talvez em 2003, enquanto alguns cientistas estiverem ocupados procurando planetas em volta de outras estrelas, alguém vai descobrir como os de nosso próprio Sistema Solar foram criados.
Vamos Sobreviver a 2003
Nenhuma notícia sobre o espaço fez mais alarde do que a do iminente impacto de um asteróide com a Terra, em 2019. Como se viu mais tarde, as chances disso ocorrer são mínimas. Não há no espaço nenhuma pedra em rota de colisão com o nosso planeta. Portanto, as chances de sobrevivermos em 2003 ao impacto de rochas espaciais são boas. E seriam boas também se uma pedra gigantesca, capaz de causar grande estrago no planeta, estivesse a caminho daqui. Os astrônomos garantem que saberemos do perigo com anos de antecedência, senão décadas. O desafio para os cientistas, contudo, será começar um esforço centralizado para encontrar pequenos asteróides e revelar seus mistérios antes que eles caiam em nosso planeta.