“É um pequeno passo para o homem, mas um salto gigante para a Humanidade”, afirmou Neil Armstrong, em 20 de Julho de 1969, enquanto descia do módulo lunar ‘Eagle\’ para a superfície da Lua, tornando-se o primeiro homem a pisar no satélite natural da Terra. Há 39 anos, o sucesso da missão Apollo 11 representou o ponto mais alto da exploração espacial, numa vitória histórica dos Estados Unidos sobre a União Soviética. Neil Armstrong e Edwin Aldrin são, ainda hoje, as principais figuras desta epopéia, que não seria possível sem a destreza do terceiro astronauta, Michael Collins, piloto do Módulo de Comando e Serviço. “É a nave principal de toda a missão. Manteve-se em órbita enquanto Armstrong e Aldrin permaneceram na Lua. Collins é um membro imprescindível, pois sem ele nada seria feito”, afirma José Matos, astrônomo português, para quem o astronauta foi a garantia de que tudo corria como previsto: “Os três trabalharam em equipe, mas foi a destreza de Collins, enquanto piloto, que permitiu concluir com sucesso a viagem de ida e volta. As manobras de atracagem do módulo lunar e depois a entrada na atmosfera terrestre tinham de ser executadas ao milímetro para serem bem sucedidas”.
Michael Collins nasceu em 31 de outubro de 1930, em Roma e é filho de um general do exército americano que serviu em diversas partes do mundo. O astronauta passou parte da adolescência em Porto Rico, base temporária do pai, onde fez seu primeiro passeio de avião. Com o início da II Guerra Mundial, ele voltou com a família para Washington e entrou para as Forças Armadas Americanas, seguindo o caminho dos homens de sua família, escolhendo a Força Aérea para fazer carreira. Nos anos 50, serviu como piloto de combate, junto às Forças Americanas da OTAN na Europa. Collins entrou para a NASA em 1963, e cumpriu sua primeira missão ao espaço a bordo da Gemini X em 1966, junto com o astronauta John Young, onde realizou dois períodos de atividades extra-veiculares. Na sua segunda viagem ao espaço, fez parte, com Neil Armstrong e Edwin Aldrin, da histórica e pioneira missão Apollo 11, entrando para a história apesar de ser o menos lembrado dos três, por ter sido o único que não pisou na Lua.
Durante o tempo em que voou sobre o solo em órbita da Lua, enquanto seus companheiros se encontravam na superfície, Collins nunca se sentiu sozinho. Apesar deste período ter sido descrito por historiadores como um período que “desde Adão ninguém sentiu tanta solidão por tanto tempo como Michael Collins”, ele nunca se sentiu só, sempre esteve participando ativamente da missão em contato constante com Houston e com a tripulação na superfície. Em sua autobiografia, ele descreveu sua participação, como “numa epopéia sem igual na história da humanidade, nesta equipe venturosa eu era o terceiro de uma equipe de três homens, que não era o ator principal, mas sem o qual os atores principais não poderiam deixar o palco”. Após o retorno e de uma quarentena forçada de 21 dias junto com seus companheiros, Michael Collins participou de um tour mundial de comemoração do feito da Apollo 11, aceitando após isso o cargo de Assistente Especial de Negócios Públicos no governo do Presidente Richard Nixon. Depois disso, ele assumiu as funções de primeiro diretor do Museu Nacional Aeroespacial dos Estados Unidos, secretário-geral do Instituto Smithsonian e – após se aposentar da Força Aérea como major-general – passou a dar aulas na Universidade de Harvard, até começar a cuidar de seus próprios negócios na iniciativa privada em 1985.