Em sua edição de março de 2000, a revista norte-americana Discover apresentava um guia para os novos planetas extrassolares, e destacava em sua capa a chamada Carl Sagan Was Right! [Carl Sagan Estava Certo!]. As idéias de Sagan sobre sistemas estelares além do nosso foram ridicularizadas por muito tempo por cientistas mais interessados em convites para chiques coquetéis e vultosas verbas para pesquisa – incluindo as governamentais –, do que na verdade dos fatos.
Mas a busca por mundos fora do reino do Sol finalmente deu resultados além de qualquer dúvida em 06 de outubro de 1995, quando foi anunciada a descoberta de um planeta ao redor da estrela 51 Pegasi, distante 50 anos-luz daqui. Com massa equivalente a 140 Terras, foi o primeiro planeta extrassolar reconhecido. Ver diretamente mundos próximos a outras estrelas ainda não é possível com a tecnologia atual, devido ao brilho das mesmas. Mas os avanços estão ocorrendo, permitindo prever para um futuro próximo que será possível não apenas vê-los, mas determinar duas condições, incluindo captar possíveis sinais de vida.
O método de detecção baseado na velocidade radial da estrela ainda é o mais utilizado na busca pelos exoplanetas. Um grande planeta como Júpiter “desloca” a estrela ao redor da qual gira, produzindo um bamboleio que pode ser captado por nossos instrumentos. Se o espectro da luz do astro tem um desvio na direção da cor azul, significa que está se aproximando. Se ocorre um afastamento, o desvio é para o vermelho. É o Efeito Doppler, que ocorre em qualquer tipo de onda, luminosa ou sonora, causado pela movimentação de sua fonte. Por exemplo, imagine uma ambulância passando com sua sirene ligada e repare na mudança no tom quando se aproxima e depois, quando se afasta. Com a luz e as ondas eletromagnéticas ocorre o mesmo fenômeno. Essas variações no espectro permitem aos cientistas determinar a massa da estrela e de seu planeta. É o método que permitiu localizar a maioria dos planetas extrassolares conhecidos.
Já o método do trânsito é utilizado pelo satélite Corot. Se a órbita de um planeta se encontra próxima à nossa linha de visão a partir da Terra, o possível orbe irá passar em frente a sua estrela. Esse eclipse vai causar uma diminuição do brilho da mesma que, se acontecer em intervalos regulares – e se a estrela não tiver outros motivos para variação de seu brilho –, poderá comprovar a presença do planeta. Espera-se que o Corot encontre milhares de mundos com esse método, incluindo centenas de mundos rochosos como a Terra, muitos na chamada “zona habitável”.
Outro método usado, o das microlentes, baseia-se na relatividade geral, que afirma que a gravidade de um objeto passando em frente a uma estrela vai atuar como uma lente, dobrando a luz e aumentando a luminosidade do astro. Os cientistas já monitoram várias estrelas com esse método. Há, além destes processos, o da fotografia direta, que é mais difícil. Ver um planeta ao lado de sua estrela é comparável a enxergar um vaga-lume próximo a um farol. Consiste em captar o brilho do planeta, que reflete a luz de sua estrela. Mesmo com as dificuldades, telescópios na Terra e no espaço já encontraram astros candidatos a possuírem planetas utilizando esse método.
Recentemente, em seu número 06, a revista Astronomy Brasil, infelizmente extinta, apresentou um belíssimo trabalho sobre planetas extrassolares, incluindo até mesmo estrelas candidatas a alvos do Projeto SETI, que são a Beta Canum Venaticorum; a 26 anos-luz, a HD 10307, a 41 anos-luz; a HD 211415, a 44 anos-luz; 18 Scorpii, a 46 anos-luz; e a própria 51 Pegasi, a 50 anos-luz. Candidatos a abrigarem planetas pequenos e rochosos como a Terra, alvos para a próxima geração de telescópios, como o Kepler, da NASA, o SIM Planet Quest e o Darwin da Agência Espacial Européia (ESA), são, entre outros Epsilon Eridani, a 10,5 anos-luz da Terra, e Alpha Centauri B, a 4,3 anos-luz.
Como Carl Sagan uma vez disse, estamos em uma época absolutamente fascinante, em que revelações extraordinárias estão ocorrendo. Já tivemos o prazer de assistir ao anúncio da descoberta do primeiro planeta habitável fora do Sistema Solar, e são aguardados ansiosamente o lançamento dos novos telescópios, capazes de mudar os rumos da ciência para sempre. Quem sabe, na direção do que a Ufologia tem defendido nos últimos 60 anos, confirmando que nunca estivemos sozinhos no universo, e que há tempos somos visitados por outras civilizações. Resta dúvida de que a astronomia é grande aliada e fundamental para a Ufologia?