Quando o meteorito do Lago Tagish caiu ao norte da Colúmbia Britânica, no Canadá, em 2000, trouxe com ele um tesouro científico: as amostras contêm minúsculas esferas ocas, nas quais foram encontradas moléculas que parecem ter existido antes mesmo da formação do Sol. A conclusão é de um grupo de pesquisadores que, liderado por Keiko Nakamura-Messenger, do Centro Espacial Johnson, da Nasa, mediu as proporções encontradas entre os isótopos nitrogênio-15 e nitrogênio-14, e entre deutério e hidrogênio, nessas amostras.
O resultado mostrou que as proporções encontradas nas esferas eram muitas vezes maiores do que no restante do meteorito. Segundo os pesquisadores, os valores constatados indicam que as esferas foram formadas em regiões com temperaturas extremamente baixas, entre -263º C e -253 ºC. Por conta disso, os autores do estudo, publicado na edição de 1º de dezembro da revista Science, sugerem que o meteorito teria se originado nas regiões além do Cinturão de Kuiper – região do Sistema Solar além da órbita de Netuno – ou em uma nuvem molecular que já existia antes de o Sol surgir.
“Essas anomalias isotópicas são indicativas do fracionamento de massa durante reações químicas em temperaturas extremamente baixas (de 10 a 20 kelvin), características de nuvens moleculares frias e do disco exterior proto-solar (anterior ao Sol)”, escreveram no artigo.