A famosa seqüência de cinco fotos espantosamente nítidas mostrando um disco voador com um símbolo gravado em sua parte inferior – um 11 estilizado cortado verticalmente, com certeza é uma das que mais ressonaram no imaginário dos aficionados pelo assunto. Essas fotos foram estampadas um sem número de vezes em diversas publicações ufológicas do mundo, desde que foram tiradas em San José de Valderas, no dia 1º de junho de 1967.
Ainda é comum abrirmos livros e revistas recentes e nos depararmos com uma ou duas dessas fotos, quase sempre desacompanhadas de maiores explicações, exceto legendas como: “O objeto foi o mais fotografado de que se tem notícia. De lodos os casos de contatos prolongados, nenhum é tão evidente e controvertido quanto o de Ummo. O tempo colocou em manifestação múltiplos truques e enganos, o que tampouco invalida totalmente o acontecimento. Ainda dará muito que falar e escrever, todavia”.
Sem dúvida. As fotos continuam e continuarão a aparecer e ser defendidas por muitos ingênuos, menos em virtude dos aspectos sensacionalistas que a revestem do que propriamente pela omissão dos que optaram em referir-se a elas sem prestar praticamente nenhum tipo de esclarecimento, entregando o leitor à sua própria sorte ou azar. Um dos pesquisadores que mais se detiveram na elucidação do problema foi o ufólogo espanhol Javier Sierra, e é num artigo seu, extremamente revelador, que nos baseamos.
Sierra passou anos coletando uma farta documentação, tomando o cuidado de checar cada ponto e consultar os que estiveram direta ou indiretamente envolvidos com a trama, urdida há mais de quatro décadas, da qual as fotos expõem somente a parte visível. A elaboração do projeto começou no outono europeu de 1954, quando o extinto jornal Madrid publicou uma série de artigos dedicados ao então incipiente enigma dos platillos volantes, de autoria de um excêntrico personagem chamado Fernando Sesma (1908 -1982), amigo íntimo de Alberto Sanmartin, tendo por isso participação fundamental no caso da pedra do espaço.
CONSCIÊNCIA SUPERIOR – Sesma já era conhecido por suas assíduas contribuições em seções astrológicas de publicações como La Codorniz. Aquela seqüência de reportagens congregou em torno dele dezenas de curiosos que, reunidos primeiro no bar Gijón y Gambrinus, e finalmente no sótão do tradicional Lyon – mais precisamente num popular e aconchegante aposento conhecido como La Ballena Alegre -, fundaram a Sociedad de Amigos de los Visitantes del Espacio, a primeira com tais características em território espanhol. Por ironia do destino, isso foi na tarde de 17 de novembro de 1954, poucas horas depois que “Marte colocava sua primeira pedra em Madrid” – como noticiou o jornal El Alcazar três meses depois ao referir-se à exótica aventura que Sanmartin viveu na madrugada daquele mesmo dia.
Daquilo que pareciam reuniões despretensiosas e inofensivas de “malucos” por UFOs nasceria um dos mais sedutores e ao mesmo tempo absurdos mistérios da Ufologia. Um mistério que cresceria exageradamente, fugindo ao controle de seus próprios criadores, os primeiros espanhóis que se atreveram a assumir publicamente que mantinham contatos diretos com os tripulantes dos discos voadores.
Em 1957, Sesma inicia o que ele denominou de “experiências de campo”, desenroladas no transcurso de seus passeios pelos arredores, em que desenhava no solo símbolos da pedra de Sanmartin ou combinações numéricas, na esperança de que fossem modificadas por extraterrestres. Coisa que, claro, o próprio Sesma verificaria no dia seguinte no lugar. Tudo o que encontrava durante os passeios ganhava um significado especial: argolas de metal, porcas, chaves de fenda e meias velhas eram encaradas como sendo chaves capazes de abrir as portas para uma consciência superior. Os contatos de Sesma, por demais subjetivos e sem nenhum valor empírico reconhecido, ganhariam alento a partir de 1961, quando este contatado começou a receber através do correio estranhas cartas recheadas de frases sem sentido, creditadas desde logo a alienígenas.
Inferiu-se nas correspondências que o aspecto europeu (nórdico) desses seres lhes permitia misturar-se livremente entre nós sem serem notados. No ano seguinte, Sesma receberia o primeiro telefonema de um ser (cuja voz era parecida com a de Mussolini em seus discursos políticos) que se apresentou como Saliano, procedente de Auco, um planeta que orbitaria em torno de Alfa do Centauro. Como se isso não bastasse, Saliano seria um dos integrantes mais destacados de um conselho de 189 membros, incumbidos de assessorar uma Monarquia Eterna que regeria os destinos de 18 planetas habitados do universo.
TEXTOS CABALÍSTICOS – Entre outras pérolas, ele se dizia um ser quase imortal, tendo sido inclusive um grande amigo de Cristóvão Colombo, a quem ajudara no empenho de descobrir uma nova rota até as índias. Além dos telefonemas, Saliano passou a comunicar-se com o grupo de Sesma por intermédio de uma médium, de nome María Victoria Iruretagoyena, que caía em transes auto-induzidos, transmitindo profecias que anteciparam ondas de UFOs na América do Sul e o assassinato do presidente Kennedy.
Fora do círculo de transes e premonições, desatavam-se outros fatos surpreendentes. Numa manhã de inverno, o doutor Juan Aguirre – freqüentador do Lyon desde o início, e que depois tomaria parte da elite receptora das cartas ummitas – conduzia seu carro Seat 600 pela estrada madrilena de La Castellana quando, de repente, caíram em seu pára-brisas várias bolas d\’água que formaram a letra S no vidro, ou seja, a assinatura de Saliano em suas mensagens.
Ao chegar em casa, e para seu assombro, recebeu a chamada de Isabel Nido – uma das freqüentadoras de La Ballena -, a qual garantia que o extraterrestre relatara-lhe num telefonema os insólitos pormenores que presenciou, fazendo-se responsável por eles. A esse fato devemos somar vários outros, como os que viveram os freqüentadores de La Ballena numa tarde em que uma mariposa entrou no recinto, pousando sobre o relógio de uma senhora. Logo depois, Saliano telefonou a Sesma, assegurando que havia descido ao sótão do Café Lyon em forma de mariposa. Inegavelmente, o absurdo era a grande atração.
A partir de 1965, tornou-se o programa habitual dos membros do grupo as reuniões semanais no Lyon para ler as cartas dos extraterrestres recebidas pelo correio por Sesma. Os textos vinham escritos de forma cabalística e não menos jocosa. Numa atitude infantil, os freqüentadores do local perdiam horas e horas preciosas tentando decifraras charadas que acreditavam estar implícitas naquelas mensagens nonsense.
Em meio à agitação provocada pela saga das transmissões cronossimbólicas, o aparecimento de novos extraterrestres já era esperado. Em 1966, no ápice da popularidade – Sesma contribuía com publicações para a população, como Diez Minutos, e fazia aparições esporádicas na televisão -, recebeu um telefonema de um interlocutor que se identificou como Deii-98, anunciando que a partir daquele momento iria receber importantes document
os de origem extraterrestre.
CATÁLOGO ESTELAR – Aguardou impaciente o material prometido, chegado pelas mãos de um mensageiro que lhe trouxe uma série de fotografias, acompanhadas de páginas e mais páginas de carias datilografadas com a inscrição ummoaelewe, o governo geral do planeta Ummo. As cartas eram assinadas por seres procedentes dele, encarregados de uma missão de exploração da Terra em 1950. Segundo os textos, o planeta Ummo orbitaria em torno da estrela lumma, identificada como a estrela Wolf 424 em nosso catálogo estelar.
As novas mensagens atraíram sobremaneira a atenção dos freqüentadores de La Ballena, pois, pela primeira vez, apresentaram-se extraterrestres de acordo com os estereótipos comumente atribuídos a um visitante do espaço. As cartas eram a antítese das mensagens de Saliano, muito mais concordantes com a irracional mentalidade do próprio Sesma. A razão pela qual essas cartas chegaram a merecer algum crédito era a precisão científica de certas informações, em campos tão diversos como Biologia, Medicina, Filosofia e Religião, chegando a desconcertar alguns cientistas – embora outros as considerassem primárias —, além de sua coerência interior, desprovida do tom de brincadeira das mensagens anteriores.
Foi aí que Saliano mudou seu estilo, mandando cartas datilografadas no lugar das manuscritas e adornadas com desenhos. Poucos meses depois, porém, não resistiu à nova fase e parou de comunicar-se. Entrementes, tomados talvez pela nostalgia, no início da década de 90 alguns dos mais desvairados crentes do grupo começaram a receber novamente cartas com o teor das mensagens iniciais, no velho estilo de Saliano. Ummo adquiriu alguma consistência aos olhos do público quando, no final de maio de 1967, chegou uma carta em La Ballena informando que três naves discoidais ummitas – ouwoole-as, como os habitantes do planeta denominavam os seus discos iam penetrar a atmosfera terrestre nas horas seguintes.
As coordenadas de uma das aterrissagens previstas indicavam um ponto perto da cidade de Madrid, em San José de Valderas, no limite municipal de Alcorcón. Sesma e alguns de seus seguidores organizaram várias unidades de pessoas dispostas a flagrar a nave ummita quando esta aparecesse. Entretanto, um imperdoável erro de cálculo das diretrizes os afastou do lugar da aparição. Simultaneamente, sobre os castelos dos marqueses de Valderas, um fotógrafo anônimo tirou fotografias de um disco voador que estampava o emblema de Ummo.
As fotos, para alegria de Sesma, foram publicadas no extinto jornal Informaciones, de Madrid, em 02 de junho de 1967, vindo a reforçar a idéia da existência dos ummitas. Este caso, ademais, estava estritamente vinculado com a aterrissagem, em 06 de fevereiro do ano anterior, de outro UFO com um símbolo similar em sua parte inferior, na localidade de Aluche, Madrid. Naquela ocasião houve apenas duas testemunhas, Vicente Ortuño e José Luis Jordán, sendo este último um dos mais assíduos freqüentadores de La Ballena e hoje um destacado membro da Sociedad Española de Parapsicologia.
Sierra e José Juan Montejo apuraram que havia um estreito vínculo de amizade entre Jordán e Ortuno antes dos acontecimentos de Aluche, o que os levou a suspeitar de uma fraude muito bem empretada por parte de ambos para acalentar os ânimos dos freqüentadores de La Ballena. Os ufólogos ainda estavam em poder de diversos documentos que contabilizariam grandes lucros obtidos com a comercialização das fotografias. A esse fato devemos acrescentar as análises das fotos de San José de Valderas feitas pelo grupo norte-americano Ground Saucer Watch (GSW), que demonstraram cabalmente que o aparelho voador era, na realidade, uma pequena maqueta suspensa por um fio fino. Inúmeros outros pesquisadores corroboraram as afirmações feitas pela GSW.
Um dos primeiros a apontar a farsa foi um meteorologista da Galícia, também na Espanha, Oscar Rey Brea, o mesmo que no final dos anos 50 formulou a teoria segundo a qual a posição astronômica do planeta Marte estava relacionada com maior ou menor incidência de ondas ufológicas. O engenheiro Claude Poher, chefe da Divisão do Sistema de Projetos Científicos, no Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), em Toulouse, França, observou que o objeto não foi centralizado em nenhuma das fotografias, mas sempre colocado na vizinhança de seu limite superior e lateral, estando à posição relativa do objeto e a precisão das fotos escandalosamente incoerentes.
OBJETO TRANSLÚCIDO – Foi Poher quem demonstrou que houve um único fotógrafo anônimo, e não vários, como supunha-se anteriormente. Os clichês do segundo fotógrafo, que se dizia chamar Antonio Pardo, encontravam-se justapostos com tal precisão no que concerne à paisagem ao redor que as objetivas de todos os aparelhos fotográficos teriam que estar no mesmo local. A análise do “fundo” dos diferentes planos em relação àquele dos detalhes do objeto revelou ser uma pequena maqueta colocada próxima ao limite inferior da profundidade de campo (perto de 3,5 m, tendo um diâmetro de 20 cm). Cálculos de Poher determinaram que o objeto fotografado era translúcido e que o sinal inferior também.
A farsa, portanto, foi feita com a ajuda de uma pequena escultura de plástico translúcido, na qual foi desenhado o símbolo com tinta e ficou suspensa por um fio. Tomou-se o cuidado de não deixar aparecer a “vara de pescar” que a sustentava, o que explica as anormalidades gritantes nas fotos. Usou-se um filme Valca, fabricado na Espanha naquela época. Já havia transcorrido mais de 10 anos desde San José de Valderas quando, para surpresa de todos, o episódio foi reeditado. O diário Ideal Gallego noticiou: “Aterrizaje Ovni en el monte de A Zapateira (La Coruña)”.
Como disse o ufólogo espanhol Manuel Carballal, tão perniciosos quanto os “assassinos imitadores”, são os que, nos meios ufológicos, deslumbram-se com uni livro, um caso ou um relato e decidem aumentar a história à sua maneira, espalhando ainda mais confusão. Em 1978, uma seqüência de quatro fotografias, que fizeram os ufólogos da Galícia entrarem em comoção, mostrava um aparelho voador discoidal com o famoso emblema de ummoaelewe em seu relevo, sendo bem destacado em sua parte inferior.
Três insígnias triangulares, profundamente gravadas no terreno, e com o pasto queimado ao seu redor, marcavam o lugar exato da aterrissagem, indicando a suposta localização do trem de pouso em forma de tripé sobre o qual descera a nave. E justamente no meio desse triângulo aparecia, igualmente ressaltado no solo espanhol, o característico emblema do planeta Ummo. A primeira vista parecia que a nave havia pousado no chão, imp
rimindo as marcas em forma de H devido ao seu elevado peso. E para completar, foram deixados nos arredores estranhos artefatos metálicos de aparência cónica e piramidal, aos quais atribuiu-se imediata e conseqüentemente origem ummita.
Chamaram a atenção dos investigadores especialmente umas peças cilíndricas, de níquel quase quimicamente puro, e uma espécie de cartolina ou plástico muito semelhante aos materiais sintéticos de nossa indústria. O fato foi interpretado a juízo de alguns ufólogos como uma prova deixada voluntariamente pelos tripulantes. A vegetação amassada e mensagens estranhas, gravadas nas pedras próximas dos sinais, convenceram a maioria dos investigadores do Fenômeno UFO que visitaram a área de que o caso era autêntico.
Em 1989, graças à colaboração de pesquisadores como Fernando Magdalena, Javier Sierra conseguiu localizar o autor das fotografias. José P. (o nome foi omitido) acabou confessando que tudo havia sido uma grotesca fraude, inspirada na leitura de um artigo sobre o caso de San José de Valderas. O UFO era na realidade calotas de carro com o símbolo ummita pintado com tinta spray, as marcas no solo haviam sido feitas com uma pá de jardineiro e as queimaduras obtidas com a combustão de gasolina. O resto foi tudo questão de um pouco de engenho e uma boa dose de imaginação.
As fotos não foram os únicos elementos que desvirtuaram Ummo. Vários incidentes envolveram os integrantes do grupo com a polícia – que suspeitava de atividades ilegais naquele reduto de indivíduos que diziam ser receptores de mensagens de significado obscuro. Um deles ocorreu em 1971, culminando na prisão durante quarenta dias de Isabel Nido, acusada de representar perigo social por seu vínculo com uma comunidade católica dirigida por Antonio Saiz, outro habitual freqüentador de La Ballena. Mas, ao invés de minar definitivamente a popularidade dos extraterrestres, esse desagradável episódio, paradoxalmente, reverteu-se em favor dos próprios ummitas, já que ajudava a divulgar as ações do grupo. Além disso, sob a fachada de Ummo camuflava-se também interesses comerciais inconfessáveis.
Em 1988, por exemplo, Jorge Barrenechea era quem encabeçava o chamado Grupo de Madrid, formado por receptores de correspondências ummitas, e quem organizava turnos de leitura dessas cartas em sua própria casa, seguindo as instruções dos extraterrestres. Uma das mensagens escritas, de caráter ultra secreto, convidava os participantes do grupo a instituir uma empresa sob as orientações transmitidas pelos ummitas. O engenheiro Juan Dominguez e o próprio Barrenechea foram os depositários dessa informação, que incluía dados de empresas estrangeiras – principalmente alemãs – que deveriam contatar para o lançamento do empreendimento.
Os fatos apontavam Rafael Farriols – um empresário catalão que em 1969 publicou com Antonio Ribera a obra Un caso perfecto, dedicada ao caso do disco voador ummita de San José de Valderas – como o principal condutor ou inspirador das operações comerciais na área da eletrônica. Um intento que, se consolidado, daria origem a duas empresas chamadas Ibozoo S.A. (fazendo referência a uma popular teoria física ummita) e Oemmi S.A. (que na linguagem de Ummo significava homem). O negócio que se pretendeu criar sob diretrizes ummitas não prosperou por falta de consenso dentro do próprio Grupo de Madrid. Fatos como esse mostram bem até que ponto chegavam os tentáculos de Ummo.
A propósito, no dizer do já aludido doutor Aguirre, a intenção maior talvez fosse a da criação de um novo culto religioso: “Trata-se de mensagens cujo conteúdo parece antecipar, de certa forma, o pensamento dominante da Igreja Católica daqui a uns quinze anos. E como se estivessem testando idéias com um pequeno grupo de gente”. Já Dominguez acredita que diz respeito a um grupo de estudantes de alguma universidade norte-americana que vem conduzindo uma experiência psicossocial em diversos indivíduos altamente secreta.
O caso Ummo pode ser dividido em três grandes atos. No primeiro (1954-1964), concebe-se o roteiro – originalmente uma comédia – monta-se o teatro inicial, a cenografia e os atores passam a encarnar seus papéis, atraindo a multidão. No segundo (1965-1974), desenrola-se o drama que, se por um lado atrai mais a atenção do público, por outro coloca em risco a própria existência do grupo enquanto tal. Segue-se depois um período de ostracismo, só vindo a ressurgir por ensejo de um congresso sobre as manifestações ummitas organizado em Alicante pelo jornalista Luis Jimenez Marhuenda. Começa aí, em 1980, a terceira e última etapa. Os contatos são retomados e as mensagens tornam-se ainda mais delirantes, até que, no início dos anos 90 assumem de vez um caráter messiânico, convertendo-se num novo “credo extraterrestre”.
RÉPLICA CRISTÃ – Numa carta, escrita em janeiro de 1991, esses ditos contatados chegaram ao cúmulo de se auto-intitularem os responsáveis pelas mudanças políticas no Leste Europeu. Segundo eles, só depois de solucionarem boa parte dos problemas políticos mundiais é que os ummitas se sentirão livres para deixar o nosso planeta. As cartas constituíram-se, sem dúvida, no elemento mais poderoso do caso Ummo, o segredo para contatos tão duradouros. Nos anos que se seguiram às primeiras mensagens recebidas por Sesma, a febre espalhou-se com tanta força que dezenas de pessoas de Madrid, Barcelona, Sevilha e principalmente Bilbao passaram a alegar que também as estavam recebendo. Tais cartas e informes foram se acumulando, e somam hoje milhares de páginas. No entanto, as naves apareceram em lugares tão distantes como a Austrália, ou mais próximos como a França, lugar onde depois reiniciou seu périplo terrestre.
Para Ignácio Darnaude, autor da obra Catálogo documental del Criptogrupo Ummo, que reúne uma listagem de mais de 1.500 itens e documentos relacionados ao caso, tudo foi mesmo uma grande e bem concatenada armação. A partir de 1980, os remetentes mudaram a apresentação das cartas. De acordo com o ufólogo Enrique Lopez Guerrero, pároco de Mairena del Alcor, em Sevilha, e autor do livro Mirando a la lejana del universo, o primeiro a falar sobre os textos ummitas, propõe-se uma religião alternativa às terrestres, baseada na crença de Ummowoa – espécie de Jesus Cristo que viveu em Ummo, sendo uma autêntica réplica do mesmo.
Antes disso, as mensagens jamais contiveram cunho religioso, sectário ou partidário, o que reforça a idéia de um insurgente “messianismo tecnológico”. Ainda hoje inúmeras pessoas em todo o mundo, principalmente n
a Europa, continuam recebendo essas misteriosas cartas e telefonemas, o que faz de Ummo um dos mitos mais inquebrantáveis e duradouros da Ufologia. Faço constar aqui as conclusões de Sierra: “Depois de vários anos de investigação do fenômeno Ummo, junto a pesquisadores como Antonio Ribera, Juan Aguirre, Ignacio Darnaude, José Juan Montejo e Enrique de Vicente, concluímos que o caso era uma grande montagem que se criou inicialmente para alimentar as mentiras de cósmicas proporções perpetradas por Sesma, e depois para dar prosseguimento a uma gama de experiências que intentavam verificar até que ponto chega a credulidade humana”.