O asteroide interestelar 1I/2017 U1 Oumuamua, nome que no idioma havaiano significa “mensageiro que chega de longe pela primeira vez”, foi uma das mais significativas descobertas da astronomia nos últimos anos. Os astrônomos havia muito suspeitavam que corpos do tamanho de asteroides, vindos de outros sistemas solares, poderiam nos visitar, e Oumuamua foi o primeiro desses objetos a ter sua existência confirmada. Alguns mistificadores, evidentemente, espalharam falsas notícias de que o asteroide seria na verdade uma nave alienígena, evocando o livro Encontro com Rama do mestre da ficção científica Arthur C. Clarke. Contudo, pesquisas apontaram que Oumuamua é de fato um objeto natural, exibindo uma cor escura, semelhante à de objetos situados no extremo exterior do Sistema Solar.
Oumuamua tem formato alongado, medindo cerca de 400 m de comprimento, e aproximadamente dez por cento disso em diâmetro. O objeto gira lentamente ao redor de seu eixo menor, e a nova pesquisa indica que esse movimento, baseando-se na mudança de brilho do objeto, é irregular, ao contrário da maioria dos pequenos corpos de nosso sistema. Conforme explica Wes Fraser, um dos pesquisadores que assina o artigo publicado no Nature Astronomy: “O movimento errático de Oumuamua deve ser resultado da colisão com outro asteroide, possivelmente o que expeliu o objeto para fora de seu sistema solar nativo, em direção ao Sol”. O artigo aponta que Oumuamua é possivelmente um planetesimal, vestígio da formação de seu sistema solar de origem, e colidiu com outro corpo semelhante antes de ganhar impulso e iniciar sua longa viagem pelo espaço interestelar.
Observações do objeto apontaram que ele possui variações de cores, sendo que a maior parte de sua superfície tem aparência de neve suja. Fraser e sua equipe descobriram que em um dos lados mais longos o asteroide possui uma grande região vermelha. Fraser comenta: “A maior parte da superfície reflete luz de forma neutra, mas em uma das faces existe essa região vermelha, mostrando uma composição muito variada, incomum para um corpo tão pequeno”. A equipe argumenta que isso também pode ser resultado do impacto, deixando em Oumuamua vestígios do corpo que o atingiu há bilhões de anos. Os cientistas ainda apontam que o asteroide interestelar deve ser composto na maior parte por gelo, coberto por uma grossa capa de rochas. Em outro estudo, cientistas da Universidade Harvard determinaram a taxa em que o Sistema Solar captura objetos vindos do espaço interestelar, e determinaram que a influência gravitacional combinada do Sol e de Júpiter pode fazer com que, a qualquer momento, existam milhares desses corpos dentro do Sistema Solar.
VIAJANTES INTERESTELARES PODEM SEMEAR A VIDA ATRAVÉS DA GALÁXIA
Os cientistas de Harvard aplicaram suas descobertas ao sistema Alpha Centauri, o mais próximo do nosso, e determinaram que nele até mesmo corpos do tamanho da Terra poderiam ser capturados, tendo um impacto fundamental na evolução daquele sistema. Os pesquisadores apontam a necessidade de buscar por evidências dos elementos essenciais à vida nos asteroides interestelares a serem descobertos no futuro. Os cientistas dizem que esses corpos podem ser capturados por sistemas planetários e cair em um mundo onde o desenvolvimento da vida seja possível, e afirmam que analisando sua composição à procura da presença de isótopos de oxigênio em quantidades diversas àquelas de nosso sistema pode ser uma técnica para identificar esses visitantes com mais eficiência. Abraham Loeb, um dos autores do estudo, acrescenta: “Após identificar um desses objetos interestelares, poderíamos enviar uma sonda até ele e pesquisar sua superfície, em busca de assinaturas de vida primitiva ou artefatos de uma civilização tecnológica”.
Leia o artigo sobre o movimento de Oumuamua
Confira o artigo da Universidade Harvard
Assista a um vídeo sobre Oumuamua
Cientistas descobrem um objeto interestelar dentro do Sistema Solar
Objeto interestelar em nosso Sistema Solar foi batizado como Oumuamua e tem formato insólito
Projeto Breakthrough Listen irá investigar se Oumuamua é um objeto artificial
Ainda não foram encontradas transmissões alienígenas vindas de Oumuamua
Exoplaneta mais próximo da Terra pode ter vizinhos
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
DVD: Planetas Alienígenas
A ciência tem comprovado, em um ritmo cada vez maior, que apenas em nossa galáxia existem bilhões de planetas com possibilidade de abrigar vida. Destes, é enorme a quantidade de mundos que podem conter vida inteligente em seus sistemas, sociedades que apenas esperam ser encontradas. Finamente acabado, com imagens belíssimas e importantes revelações, o DVD confirma que o cosmos está repleto de vida inteligente, fazendo ser apenas uma questão de tempo que nós, terrestres, conheçamos nossos semelhantes lá fora.