O mundo descobriu que recebeu seu primeiro visitante vindo de fora do Sistema Solar em outubro último. Esse objeto alienígena, designado 1I/2017 U1 Oumuamua, passou a 24 milhões de km da Terra em 14 de outubro de 2017, e está se dirigindo para fora de nosso sistema em alta velocidade. Foram até mesmo apresentadas propostas para alcançar Oumuamua dentro de menos de duas décadas a fim de estudá-lo, mas até o momento não parece que alguma delas será realizada. E talvez não seja necessário, pois foi anunciada a descoberta de outro visitante alienígena, que porém deve ter se tornado residente do Sistema Solar a bilhões de anos.
O asteroide, identificado como 2015 BZ509, foi descoberto, tal qual Oumuamua, pelo telescópio de Varredura Panorâmica e Sistema de Rápida Resposta (Pan- STARRS), localizado no Observatório Haleakala no Havaí. Ele logo chamou a atenção dos astrônomos, pois orbita o Sol em sentido retrógrado, na direção oposta de Júpiter, Terra e dos demais mundos de nossa vizinhança. O astrônomo Fathi Namouni, do Observatório da Côte d’Azur na França, afirma que a trajetória do objeto é um mistério: “Se o 2015 BZ509 é nativo de nosso sistema, então deveria ter a mesma direção dos outros asteroides e planetas”. Namouni e a coautora do estudo, a cientista brasileira Helena Morais, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) realizaram simulações de computador a fim de identificar os movimentos do asteroide ao longo do tempo.
Helena Morais explica: “Descobrimos que 2015 BZ509 tem órbita retrógrada próxima a Júpiter por toda a existência do Sistema Solar, desde 4,5 bilhões de anos atrás. Isso não é possível, então a única opção é que foi capturado e tornou-se um residente permanente”. O Sol nasceu em um aglomerado denso de estrelas, e todas se separaram ao longo do tempo. Durante a época de formação é muito possível que esses sóis tenham capturado objetos que estivessem em órbita dos irmãos e vice-versa. As simulações também apontam que o asteroide tem se mantido estável em sua trajetória praticamente desce o início, e os cientistas afirmam que essa órbita que não se alterou ao longo do tempo também sugere ser ele um objeto capturado. O 2015 BZ509 tem estimados 3 quilômetros de extensão, e completa uma órbita ao redor do Sol a cada 11,6 anos, aproximando-se da estrela até 3 AU (Unidades Astronômicas) e se afastando até 7 AU.
POSSIBILIDADES DE MISSÕES PARA ESTUDAR ASTEROIDE INTERESTELAR CAPTURADO
O 2015 BZ509 também divide a órbita com Júpiter, no que é chamado de ressonância co-orbital. A cada órbita que completam, o asteroide passa por dentro e então por fora da órbita do planeta. São conhecidos cerca de 80 asteroides com órbitas retrógradas, mas somente o 2015 BZ509 está em ressonância co-orbital com um planeta. Um dos detalhes mais interessantes a respeito desse visitante interestelar que se tornou residente é que ele pode ser visitado por uma nave. Nada menos que 9 missões foram enviadas a Júpiter e além, e portanto seria simples obter amostras, pela primeira vez, de um corpo interestelar neste caso. A órbita retrógrada do 2015 BZ509, porém, acrescenta complexidade à missão, mas já se fala de duas possibilidades, uma nave de sobrevoo ou um módulo de impacto. A NASA tem experiência também neste último, graças à missão Deep Impact de 2005, que foi bem sucedida em atingir o cometa Tempel 1 com um módulo de impacto. Enquanto isso Namouni e Morais afirmam que existem mais asteroides candidatos a serem revelados como objetos interestelares, e os estudos a respeito prosseguem.
Confira o artigo de Fathi Namouni e Helena Morais
Infográfico com as escalas do Sistema Solar
Oumuamua provavelmente sofreu violenta colisão há bilhões de anos
Ainda não foram encontradas transmissões alienígenas vindas de Oumuamua
Protótipos de nanonaves estelares já estão em órbita
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
DVD: Buscando Vida Fora da Terra
Enquanto cientistas de diversas áreas buscam respostas para a origem e o futuro da humanidade terrestre, a exobiologia vasculha vastas regiões do universo à procura de outras formas de vida. Com exuberantes imagens obtidas pela NASA e usando avançados recursos de computação gráfica, este documentário mostra como seriam as espécies que encontraremos no espaço e deixa claro que esta é apenas uma questão de tempo.